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“Inovação. A palavra-chave que caracteriza a ECS”



 


 


A Escola de Ciências da Saúde (ECS) comemorou no passado dia 8 de Outubro o seu 10º Aniversário. Qual tem sido a evolução da ECS no decorrer destes anos? O que na sua opinião mais a tem feito evoluir?


Decorridos estes dez anos, a ECS orgulha-se de ser uma realidade com história detentora de obra feita, pautada por critérios de qualidade internacionais, da qual destacaria os seguintes princípios e traves mestras: Inovação. A palavra-chave que caracteriza a ECS é, inquestionavelmente, a inovação que tem norteado toda a sua concepção e desenvolvimento. Num trabalho sempre vivido em grupo, alicerçado em boas práticas reconhecidas internacionalmente, a Escola foi continuamente construindo e desenvolvendo o ensino médico em moldes altamente inovadores, quer no plano curricular e nas metodologias de aprendizagem adoptadas, quer no suporte das actividades de investigação ao ensino e no relacionamento e articulação com os Serviços de Saúde num modelo multicêntrico, e ainda na organização da Escola e das respectivas infra-estruturas. Avaliação.



A Escola instituiu uma cultura permanente de avaliação e é princípio assente que todos os elementos da Escola e todas as actividades nela desenvolvidas estão sujeitos a uma avaliação sistemática, que incide tanto sobre procedimentos como sobre resultados. Esta avaliação passa por mecanismos internos de acompanhamento e de auto-avaliação, cumulativamente com a avaliação por equipas de peritos internacionais e avaliação anual pelos alunos. Esta avaliação é acompanhada por uma reflexão sistemática sobre a vida da Escola, para daí tirar as devidas conclusões e consequências, nomeadamente avaliar o impacto das medidas implementadas e as correcções a efectuar. O projecto educativo e o seu impacto no panorama nacional e internacional.

 

A ECS graduou em 2007 os primeiros graduados em Medicina, e no passado dia 8 de Outubro celebrou-se a 4ª graduação. Neste projecto educativo, e no seu impacto no panorama nacional e internacional, destaca-se: (i) a implementação do projecto longitudinal de acompanhamento dos alunos, com apoio da FCT, que está a ser desenvolvido sob a coordenação da Unidade de Educação Médica da Escola, em parceria com a Universidade Norte- Americana, Thomas Jefferson; (ii) a colaboração com o NBME, que nos possibilitou a participação num projecto de acreditação de qualidade na formação de competências médicas com significado internacional; (iii) a criação de um laboratório de aptidões clínicas, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que constitui um factor determinante para a aprendizagem e treino de inúmeras competências clínicas.

 

A investigação biomédica, a pós-graduação e a indissociabilidade entre o ensino e a investigação, são elementos de inovação que têm também constituído marca da Escola. Tem-se privilegiado a todo o custo e desde o início da Escola um cenário em que se investe numa Unidade de Investigação como parte integrante da Escola, que estimule a inovação e se coloque ao serviço de plataformas de conhecimento que sejam motores do desenvolvimento regional, sustentado numa economia do conhecimento, bem como numa pós-graduação de qualidade. As actividades de investigação desenvolvem-se no âmbito do ICVS, que é hoje uma unidade de investigação de excelência, como reconhecido pela avaliação internacional promovida pela FCT, pautada por uma produção científica ao nível dos centros de referência, nacionais e internacionais. Por seu lado, os programas anuais de pós-graduação e de formação avançada do ICVS, bem como os programas de mestrado e de doutoramento em Ciências da Saúde e em Medicina são já uma referência, nacional e internacional.



Destaca-se a criação discreta, mas eficiente, do programa MD/PhD, em colaboração com as Escolas Médicas de Thomas Jefferson e de Columbia, dos Estados Unidos da América, com o apoio da FLAD e da FCT. Este programa, absolutamente inovador no panorama nacional e europeu, iniciado em 2007, integra a formação inicial com estudos de doutoramento, tendo como objectivo formar uma nova geração de médicos-cientistas que contribuirá para o desenvolvimento da investigação biomédica e clínica em Portugal. Realce-se, ainda, a interacção entre as actividades de aprendizagem dos estudantes de medicina e as actividades de investigação, com reflexos directos no número crescente de prémios científicos internacionais e no número de publicações do ICVS em que estes surgem como co-autores. Acreditamos que o grande impacto da interacção ICVS/ECS se reflectirá na qualidade dos médicos aqui formados, o que o futuro se encarregará de confirmar.






 


O que a caracteriza relativamente às outras escolas/institutos do país? Estes elementos diferenciadores serão motivos suficientes para que os alunos escolham a ECS da UMinho?


Em vez das características que nos diferenciam das restantes escolas/institutos e cursos de Medicina, eu sublinharia antes aquelas que estiveram na génese da Escola, do seu Instituto de Investigação e do curso de Medicina, e que continuam a orientar o seu desenvolvimento. Somos uma Escola regida pelo princípio de que ?Não há Escola Médica sem investigação e não há investigação biomédica sem formação”. A ECS assume-se, assim, como uma comunidade científico-pedagógica cuja principal missão é a de criar um espaço onde se aprende e gera conhecimento para melhorar a saúde da comunidade. Procuramos, do primeiro ao último momento, cumprir com critério, com rigor e com exigência, aferidos por padrões de qualidade de natureza internacional, a missão de formar médicos competentes. Este espírito de Escola e um plano de estudos do curso de medicina altamente inovador, com características únicas estarão, com certeza, na base do seu reconhecimento e da opção dos alunos na escolha do curso de medicina desta Escola.


 


O que podem esperar os nossos estudantes da ECS, em termos de qualidade de ensino e inserção no mercado de trabalho?


Em cada partida de graduados desta Escola, renovamos a nossa convicção do dever cumprido e da certeza de que partem com a garantia de que estão habilitados para ser Médicos competentes, preparados porque cumpriram as várias etapas da aquisição de competências no domínio do saber, do saber fazer e do saber estar. Os ecos que nos chegam das instituições de saúde onde os médicos aqui formados desempenham as suas actividades são muito positivos e expressivos de que estamos no caminho certo. Também os resultados das primeiras experiências, em termos de acreditação científica internacional da qualidade na formação de competências médicas, o desempenho dos nossos graduados , quer em termos absolutos, quer em termos relativos, foi muitíssimo meritório. Ainda mais relevante, são os resultados com correlações significativas com a avaliação efectuada internamente na ECS e também em concordância com o desempenho dos nossos graduados no exame nacional de selecção (4% e 5% acima da média nacional). Acreditamos, assim, que os médicos aqui formados estarão entre os primeiros e apostados em serem ?Médicos capazes de prosseguir com êxito a sua formação profissional e empenhados em ser, por toda a vida, peritos em ciência, arte e consciência. Bons Médicos e Médicos bons?, como disse e escreveu o Professor Joaquim Pinto Machado, Mentor e Fundador do Curso de Medicina desta Escola.


 


Quais são na sua opinião os pontos fortes e fracos/fragilidades da ECS? Qual aquele que melhor projecta a ECS?


Como marcas indeléveis da Escola destacaria a sua capacidade de inovação e de avaliação do impacto das medidas implementadas, associada a uma forte determinação de gerar reflexão e vontade de renovar, na defesa inflexível da exigência e da procura permanente de competir internamente para tentar melhorar. Os frutos desta atitude permanente são hoje bem visíveis a vários níveis, dos quais destacaria: (i) os resultados nacionais dos nossos alunos, o projecto longitudinal e a acreditação científica internacional do projecto; (ii) a profunda interacção com o projecto pedagógico e o programa MD/PhD; (iii) A cultura de excelência e os resultados do ICVS; (iv) a centralidade da investigação básica/fundamental e de translação como suporte do projecto educativo e como alavanca de investigação clínica.


 


A principal fragilidade, mas que assumimos como um grande desafio de futuro, é a sustentabilidade das boas práticas implementadas numa realidade bem diferente, sobretudo da dimensão actual da Escola. Contudo, partilho um grande optimismo, face à vontade inabalável e ao empenhamento sem limites das pessoas ligadas à Escola e ao apoio que recebemos de toda a Universidade.






 


A Escola, como a própria Universidade tem sofrido alterações a vários níveis nos últimos tempos. Qual a Estratégia da ECS e do ICVS para os próximos anos?


O futuro passa, sobretudo, pela aposta na consolidação do programa de formação de médicos, associada à preparação das infra-estruturas, instalações adequadas e equipamentos, apoiando e fomentando a dinâmica da escola, sempre pautada por princípios de inovação e de qualidade aferida por padrões internacionais de inovação e excelência. Importa continuar a investir numa pós-graduação de qualidade, com particular ênfase no programa MD/PhD e nos programas Doutorais e de Mestrado em curso. Ao nível da investigação, um dos desafios do ICVS é a consolidação da vertente clínica de investigação, nomeadamente no contexto do Centro Clínico Académico (CCA), lançado em parceria com o Hospital de Braga-Grupo Escala Braga e a Associação Profissional de Médicos, “Alumni Medicina” da UMinho, desenvolvendo investigação de translação e clínica num contexto de prestação de cuidados de saúde, nomeadamente com capacidade para acolher ensaios clínicos.



O ICVS, em articulação com outras Unidades de I&D da UM e da região, assim como com os serviços de saúde afiliados à ECS, oferece ainda um elevado potencial para gerar valor através de produtos e serviços altamente inovadores, particularmente nas áreas ligadas à Biomedicina, à Medicina Regenerativa, à Nanomedicina e à Clínica, com impacto, não só na rede nacional de I&D, mas também no tecido empresarial, e, sobretudo, constituindo uma mais-valia para a saúde e bem estar da comunidade.


 


Qual a dimensão actual da Escola em termos de docentes?


Temos um corpo académico de 70 docentes, com vínculo contratual. A este número acrescem cerca de duas centenas de médicos das unidades prestadoras de cuidados de saúde onde decorre a formação clínica dos alunos, ao abrigo de protocolos e regimes de articulação, os quais acompanham os alunos no âmbito das Residências Hospitalares e em Centros de Saúde.


 


Como caracteriza a função do Presidente de Escola? Esta é um desafio para si?


Estatutariamente, o Presidente da Escola é o órgão uninominal, de natureza executiva, que superiormente dirige e representa a Escola, a quem está cometido um vasto e diversificado leque de competências de representação, de direcção e de gestão da Escola no âmbito, nomeadamente das vertentes administrativa, financeira e das sub-unidades da Escola de ensino e de investigação.


 


Muito para além desta dimensão, ser Presidente da ECS da UMinho é, para mim, uma honra e um enorme privilégio. É um desafio permanente na procura da excelência através de uma governação colegial e colectiva, com face visível nos três Vice-Presidentes da ECS, que considero como indispensável e como estando na base de um novo paradigma de governação. Ser Presidente da ECS é, assim, para mim, algo que vai para além da sua dimensão estatutária. É estar com todos quantos trabalham na ECS: docentes, investigadores, funcionários não docentes e não investigadores, alunos e ex-alunos. É estar presente num trabalho continuamente desenvolvido em grupo, em que o sucesso individual é sempre vivido como o sucesso colectivo.



É percorrer uma fantástica caminhada, assente – mais do que em qualquer outro factor – no trabalho, dedicação, entusiasmo e empenho de todos na Escola e no apoio constante e incondicional da Universidade expresso pelos seus Reitores. É ter a convicção do enorme privilégio que é conduzir e participar na consecução dos objectivos traçados pelos Fundadores deste ambicioso projecto de construção da ECS que é já uma referência pelo ensino médico que ministra, pela investigação que promove e pelo nível de internacionalização.



Texto: Ana Coimbra

anac@sas.uminho.pt



Fotografia: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt



(Pub. Out/2010)

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