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MELSLE é o único em Portugal da sua especialidade!


Qual a sua formação e trajeto académico?

Formei-me
na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela e depois
continuei estudos na nossa universidade e na Universidade do Porto. Entre 2003
e 2008 fui leitor na Universidade do Minho, onde fiz o mestrado e acabei por
doutorar-me em Ciências da Cultura em 2013.

 

Como caracteriza a sua função de diretor do mestrado?

Na
verdade o meu trabalho enquanto director é mais de coordenação de uma equipa
que leva trabalhando nesta direção vários anos. O MELSLE supõe uma aposta da
Área de Estudos Espanhóis do Instituto de Letras e Ciências Humanas pela
inovação pedagógica tendo presente as necessidades formativas no contexto
universitário português. De resto, a coordenação do Mestrado, como se pode
imaginar, implica tarefas e responsabilidades várias, às quais é necessário
dedicar-lhe bastante tempo, tanto eu, como os meus colegas Prof. Pedro Dono e Profª.
Ana Cea, também envolvidos na direção do mesmo.

 

O que o motivou a aceitar “comandar” este
mestrado, ainda mais sendo o primeiro do género em Portugal?

O
projeto, como disse, entende-se e funciona numa lógica de trabalho de equipa,
até há pouco tempo liderada pelo Prof. Xaquín Núñez, que foi quem dirigiu o
Mestrado durante as duas primeiras edições. Assumir o curso como um projeto coletivo
facilita em grande medida a assunção de novas responsabilidades ao passo que
nos deixa mais confiantes, pois sei que sempre posso contar com os meus colegas
para planificar melhor ou resolver os problemas que vão surgindo. Por outro
lado, liderar um projeto educativo no âmbito das Humanidades em modalidade b-learning
é um desafio enormemente aliciante que contribui em certo sentido, a meu ver, para
contrariar uma imagem que tendencialmente desvincula as Humanidades de boas
práticas de investigação e formativas.

 

As experiencias anteriores têm-no ajudado no
cumprimento da sua função de diretor do mestrado?

Na
verdade, esta é a primeira oportunidade que tenho de estar à frente de um curso
da nossa Universidade. Antes de assumir a direção do MELSLE, no entanto, já
havia apoiado o anterior diretor, enquanto diretor adjunto, o que me permitiu
familiarizar-me com as responsabilidades e tarefas próprias.

 

Quais são as maiores dificuldades no
cumprimento da sua função?

Coordenar
um mestrado com docentes de vários departamentos, de duas escolas e também
externos e, sobretudo, em modalidade semipresencial implica sempre prestar uma
atenção especial à coesão e coerência do curso. O facto de optarmos desde o
início pelo b-learning implica maior exigência de coordenação pois nem todos os
docentes têm a mesma experiência nesta modalidade de ensino, nem os próprios
alunos. Ademais, temos que planificar as propostas pedagógicas em função das
potencialidades da plataforma Blackboard, o qual nem sempre é fácil.

 

No seu entender quais são as mais-valias
deste mestrado para quem está a pensar fazer uma pós-graduação na UMinho?

As
vantagens são, à priori, várias. Em primeiro lugar, o formato b-learning que
implica a concentração da parte presencial em três semanas, uma em janeiro e
duas em julho, permite aos alunos, sem perda na qualidade de ensino, compaginar
facilmente os estudos com outras atividades. Destaco igualmente o plano de
estudos, elaborado seguindo uns objetivos bem definidos que permitem aos alunos
obterem uma formação de alta qualidade no âmbito do ensino de espanhol como
língua estrangeira com uma dupla orientação: profissionalização e investigação.
Este plano de estudos é desenvolvido por um grupo com larga experiência docente
e de investigação no ensino de línguas estrangeiras, o que confere solidez à
nossa proposta.
Por
outro lado, em termos mais práticos, o MELSLE tem potencial para significar-se
também pelo preço, sensivelmente menor do que outras propostas no contexto universitário
da Península Ibérica.

 

O surgimento do Mestrado em Espanhol Língua
Segunda / Língua Estrangeira deveu-se há necessidade de uma pós-graduação
na área?

O
MELSLE é, por assim dizer, uma mutação de um curso anterior, o Curso de
Formação Especializada em Espanhol Língua Estrangeira, também b-learning, que
funcionou durante três edições desde 2010. Ao verificarmos a boa resposta deste
curso, que tinha surgido por sua vez de uma experiência anterior, é que começamos
a estudar a possibilidade de elaborar uma proposta de Mestrado, o MELSLE. Dito
rapidamente, este Mestrado surge a partir de uma aposta decidida da Área de
Estudos Espanhóis da UMinho no sentido de diferenciar e consolidar os estudos
espanhóis no quadro português. Como? Apostando numa formação que veio a
preencher um vazio no mapa universitário português em que os estudos de 2º
ciclo de espanhol como língua estrangeira estão centrados apenas no ensino
regrado e com uns perfis de acesso muito delimitados.

 

Quais são na sua opinião os pontos fortes
deste mestrado? E os pontos fracos?

Para
além da aposta pelo ensino a distância, considero que a grande mais-valia do
MELSLE vem dada pela alta qualificação de cada um dos membros da equipa
docente, assim como pela vontade explícita dos membros mais diretamente
envolvidos na plafinicação e gestão do Mestrado de fazer sempre mais e melhor. Os
pontos fracos, como já apontei, relacionam-se com o formato b-learning: sem uma
experência prévia alargada dos docentes nesta direção, muitas das decisões de
diverso tipo têm de ser tomadas sobre a marcha, implicando, por vezes, opções
melhoráveis e a necessidade sempre de monotorizar o trabalho realizado. Acresce
a isto, o facto de a plataforma e-learning da UMinho apresentar algumas
limitações para um curso destas caraterísticas que, esperamos, se venham a
resolver pouco e pouco.

 

É o único em Portugal da sua especialidade.
Porquê a opção pelo b-learning?

O b-learning
foi uma opção meditada que esperávamos, e assim foi em larga medida, nos
permitisse ultrapassar o difuso caráter regional da UMinho no que diz respeito
à procedência da maioria dos seus alunos. O b-learning, como acontece noutras
universidades do âmbito peninsular, permite-nos atrair novos alunos, por
exemplo da Galiza, que muito dificilmente se interessariam pela oferta
académica da UMinho num formato totalmente presencial.

 

No seu entender, esta será cada vez mais “a
forma de ensinar e aprender”
?

O ensino
à distância veio, creio muito sinceramente, para ficar. A recente e feliz
aposta da UMinho nesta direção parece confirmá-lo. Ainda que já é um lugar comum,
convém lembrar que as tecnologias da informação hoje em dia permitem inúmeras
possibilidades de potencial aplicação no ensino. Ora, o ensino a distância
implica assumir novas práticas docentes e de gestão educativa. Na prática,
monotorizar a aprendizagem desde um computador pouco tem a ver com a lecionação
de aulas numa sala à frente dos alunos. Temos, tanto docentes como alunos, uma
vasta experiência acumulada no ensino presencial, uma cultura do presencial,
que facilita muito o nosso trabalho nesta modalidade e que falta no ensino à
distância. Por aqui temos muito trabalho a fazer. A UMinho, na minha humilde
opinião, tem pela frente um importante desafio que pode permitir-lhe, havendo
boas práticas e melhor coordenação, significar-se no contexto nacional e,
inclusive, do sul da Europa. Note-se, contudo, que já não somos os primeiros a
chegar, pelo que o nosso esforço terá de ser necessariamente intenso e
constante.

 

O que podem esperar os alunos deste mestrado quanto
ao mercado de trabalho?

Como
dizia, no âmbito do espanhol como língua estrangeira, o MELSLE prepara os
alunos numa dimensão prática para o exercício profissional desde várias
perspetivas. Os alunos acabam com capacidades relevantes no âmbito da docência,
da elaboração e edição de materiais didáticos, de gestão educativa e de
tecnologias aplicadas ao ensino de espanhol. Estas valências, junto com a
possibilidade de realizar um estágio num amplo leque de instituições nacionais
e internacionais, cremos que significam importantes oportunidades de trabalho
para os nossos alunos. O feedback que temos tido neste sentido é positivo.

 

Quais são as prioridades para o curso nos
próximos tempos?

A
prioridade mais imediata passa por dotarmo-nos de um protocolo de boas práticas
para o ensino a distância. Assim por exemplo, notamos que necessitamos fixar a
natureza e intensidade das interações via plataforma e-learning ou introduzir
um módulo inicial no plano de estudos para os alunos se familiarizarem com as
ferramentas e instrumentos da plataforma ou, em geral, com as lógicas do curso.

 

Quais os principais desafios deste mestrado?

Para
além de otimizar o plano de estudos, o desafio principal passa por consolidar o
Mestrado por via de parcerias com outras instituições nacionais e
internacionais. Desde o início, este projeto foi pensado para se constituir em
parceria com uma universidade espanhola, mas por motivos que nos escapam e
apesar das muitas dilegências feitas com este fim, tal não se verificou.
Estamos novamente em negociações com instituções extrangeiras para dotar o
curso, por exemplo de um programa de bolsas estável ou para melhorar a
divulgação, sem deixar de lado a possibilidade de vir a ter uma dupla titulação
com uma outra universidade. Acabamos de propor a criação de um curso à
distância na UMinho com base na oferta académica do Mestrado e estamos em fase
de reflexão relativamente à oferta de 3º ciclo, também numa lógica de parceria
interuniversitária. Os desafios e oportunidades, como se pode ver, são muitos.
Faz falta é tempo, apoio institucional e muito trabalho.

 

Texto:
Ana Coimbra

Fotografia:
Nuno Gonçalves

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