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Ana Rodrigues, aluna da Licenciatura em Engenharia Biológica, é mais umas das atletas TUTORUM que através de muito suor e algumas lágrimas, alcançou os pincaros na sua modalidade. Vice-Campeã da Europa em 2004, Ana foi também considerada a melhor jogadora do Torneio Internacional de Alverca, em representação da sua equipa na altura, o Patim Vigo (Espanha).
UMDicas – Com que idade é que iniciaste a prática competitiva do Hóquei e onde?
Ana Rodrigues – Iniciei a prática desportiva com 9 anos, no clube de hóquei de Valença do Minho, na altura chamava-se Escola de Patinagem Novo Mundo.
U – Achas que o Hóquei ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?
AR – Sim, sem dúvida. Ao lidar com toda a pressão, com os momentos bons e maus e com relações que se vão criando, ajuda, imenso no nosso desenvolvimento enquanto pessoa, torna-nos mais independentes, mais críticos e mais responsáveis.
U – Qual foi o papel da tua familia no teu percurso enquanto atleta de alta competição?
AR – A minha família sempre me apoiou, principalmente o meu pai (se calhar, porque nunca teve um rapaz). Apesar de ser um desporto bastante violento, e estar ausente durante muito tempo, devido aos estágios intensivos longe de casa, o apoio que me davam, tornava as coisas mais fáceis.
U – Quantas vezes treinam por semana, e quanto tempo?
AR – De momento não jogo em nenhuma equipa. Mas pondero, fazer parte da equipa da universidade. Mas neste momento, treino uma vez por semana, com antigos jogadores.
U – A forma como tu lidas com a pressão e a ansiedade antes das provas é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras em campo?
AR – De facto quando entrava em campo, a pressão e a ansiedade dificultavam o meu modo de jogar, ou seja, como me sentia bastante nervosa era preciso algum tempo, para me sentir bem dentro do campo. Mas com os anos, penso que é algo que já nos ultrapassa e conseguimos trabalhar e treinar, são técnicas que cada jogador adopta, de modo a combater qualquer incerteza.
U – Qual é para ti a grande diferença entre a competição federada e a competição universitária?
AR – Enquanto competição federada, penso que as responsabilidades eram maiores. De certo modo, porque estava em causa a nossa continuidade ou não na primeira divisão, dependendo dos nossos resultados.
U – O facto de jogares pelo Óquei Clube de Barcelos condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porquê?
AR – É importante referir que já não jogo, e o Óquei Clube de Barcelos foi o último clube onde pratiquei hóquei. No primeiro ano que fui jogar para Barcelos, já estudava no porto. Não era nada fácil conciliar estudos, treinos, viagens etc., os treinos eram muito tarde e estava condicionada com os transportes que o clube me proporcionava. È claro que tudo isso influenciou a minha escolha, no que diz respeito à Universidade do Minho, apesar de ter o curso que eu queria, a distância ajudou imenso.
U – Para muitos atletas de alta competição torna-se difícil conciliar os estudos com a prática desportiva. Como é que tu consegues gerir esta nem sempre fácil “relação”?
AR – Não foi nada fácil! Quando fiz parte da selecção Nacional de Hóquei em Patins Feminina, estava demasiado ocupada com os frequentes estágios, com as competições nacionais e internacionais, que não consegui gerir estudos com a prática desportiva. De facto, acabei por chumbar esse ano. Nessa altura ainda não existia o programa TUTORUM, com muita pena minha, porque tenho a certeza que seria diferente.
U – A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?
AR – Penso que é bastante importante, porque os atletas de alta competição devem ter todo o apoio necessário. Pois como foi referido anteriormente não é nada fácil conciliar estudos e prática desportiva.
U – Em áreas já recebeste apoio através do TUTORUM?
AR – Como já não pratico hóquei não tive necessidade de receber apoio através do Tutorum, embora houvesse sempre um acompanhamento. É claro, que me seria mais útil na altura em que me enquadrava no estatuto de alta competição.
U – Os teus objectivos pessoais passam por uma carreira profissional no hóquei ou os estudos vêm em primeiro lugar?
AR – De certa forma, o não praticar hóquei deve-se ao facto de os estudos virem em primeiro lugar. Se continuasse esta prática teria de, provavelmente, deslocar-me para bastante longe, o que iria prejudicar os meus estudos. Mas, também, tenho a certeza que se essa fosse a minha opção, o programa Tutorum me iria ajudar imenso, mas são opções, tanto que o hóquei feminino, a nível profissional, não oferece um grande futuro.
Nuno Gonçalves
Nunog@sas.uminho.pt
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