“
Como caracteriza a estrutura dos Serviços de
Acção Social da Universidade do Minho (SASUM)?
Os
Serviços de Acção Social da Universidade do Minho são uma unidade de Serviços
da Universidade do Minho, dotados de autonomia administrativa e financeira, nos
termos da Lei e dos Estatutos da Universidade de Minho, que têm por missão
proporcionar aos estudantes as melhores condições de frequência no ensino
superior, de integração e vivência social e académica, mediante a prestação de
serviços e a concessão de apoios. Tendo como lema “A tua família na
Universidade” o objetivo é proporcionar as mesmas condições que os alunos têm
em sua casa, de modo que estes consigam atingir a sua missão.
Os
SASUM são assim, uma estrutura Departamental, com uma organização segmentada em
áreas. Temos um departamento (gabinete do administrador) que se preocupa com a
gestão interna, onde temos os sectores de recursos humanos, informática e
manutenção.
Depois
temos os departamentos que dizem respeito às áreas de gestão dos serviços,
departamento de apoio social, onde estão as bolsas, alojamento, apoio clínico,
temos o departamento desportivo e cultural que compreende as atividades físicas
e desportivas e para finalizar o departamento alimentar que faz a gestão das
unidades alimentares, cantinas, bares e snacks. A Gestão dos SASUM é assim
feita por cinco Departamentos os quais compõem a sua estrutura.
Quais os objetivos/políticas dos Serviços e
que áreas abrange?
Os
objetivos dos SASUM traduzem-se em proporcionar aos estudantes melhores
condições de estudo e de integração académica, mediante a prestação de serviços
e a concessão de apoios, nomeadamente:
– Atribuir
bolsas de estudo;
– Conceder
auxílios de emergência;
– Promover
o acesso à alimentação em cantinas e bares;
– Promover
o acesso ao alojamento;
– Promover
e apoiar as atividades desportivas e culturais;
– Promover
a saúde e o bem-estar da comunidade universitária;
– Conceder
apoios específicos aos estudantes nos termos da lei e dos regulamentos da
UMinho;
– Desenvolver
outras atividades que, pela sua natureza, se enquadrem nos fins gerais de ação
social escolar.
Procuramos
portanto, apoiar todos os estudantes, na medida do possível, naquilo que são os
serviços transversais, e que todos os estudantes se sintam satisfeitos com os
serviços que são oferecidos pelos SASUM.
Sendo a sua missão o apoio social aos
estudantes. De que forma isto é feito?
O apoio
social é desenvolvido em todas as áreas dos SASUM (tal como numeramos na
questão anterior). Os serviços desenvolvem a sua atividade nas áreas em causa,
de modo a que os estudantes possam usufruir destas.
Com mais de uma década como Administrador dos
SASUM. Quais as diferenças que vê nos serviços que encontrou e nos atuais?
As
diferenças são bastantes, mas sem dúvida que a cultura de excelência que se
vive na, e pela organização, é o aspeto mais relevante nos dias de hoje.
Todas
as infraestruturas foram requalificadas e adaptadas às novas realidades e
enquadramento legislativo, bem como, adaptadas às necessidades dos nossos
estudantes. Nos dias de hoje, as pessoas procuram serviços de qualidade a baixo
preço e, em todas as vertentes, tentamos cumprir este requisito.
Do
ponto de vista da organização interna foram criados os sistemas de informação
necessários que nos permitiram responder e suportar toda a gestão de um modo
muito mais eficiente, com ênfase muito grande no seu controlo e monitorização,
que se reflete nas certificações dos SASUM de acordo com o referencial
normativo ISO 9001:2008 em todos os seus processos, bem como, a certificação de
acordo com o referencial normativo ISO 22000:2005 para o processo alimentar em
todas as suas unidades, o que garantiu que a UMinho mantenha uma posição de
destaque a nível Nacional e Europeu, possuindo os primeiros Serviços de Acção
Social do país certificados conjuntamente pelos referenciais ISO 22000:2005 e
ISO 9001:2008.
Os
nossos ciclos de gestão são planeados para períodos de 4 anos, e no presente
ano estamos a rever o nosso plano estratégico para submeter aos órgãos, que
passará de uma forma muito breve, por dar continuidade aos trabalhos da
melhoria contínua do seu sistema de qualidade, diversificar serviços e promover
a abrangência e equidade na distribuição de apoios, consolidar o processo de
modernização administrativa incrementando a economia, eficácia e eficiência e
reforçar a sustentabilidade financeira. Em cada ciclo de quatro anos tentamos
cumprir os objetivos que foram definidos no plano estratégico, mas nem todas as
variáveis são controláveis, principalmente as externas.
Grande
parte do plano estratégico está concretizado, e neste sentido, sinto e todos
sentimos o dever de missão cumprida, mas como tudo na vida, e em todos os
projetos achamos que podemos fazer melhor, ou seja, este projeto como todos os
projetos estará sempre inacabado. Na presente data estamos a preparar a revisão
do plano para apresentar aos órgãos de governo da Universidade.
Quais os desafios inerentes ao cargo que
exerce?
Os
desafios são a base da sustentação dos níveis de motivação, se não temos
desafios o nosso trabalho torna-se uma rotina sem grande rumo. O objetivo de
cumprir ou realizar algo que queremos ver concretizado motiva-nos diariamente.
O
desafio maior de um Administrador é conseguir que toda a estrutura em uníssono
responda aos desafios que são lançados por todos. Manter uma estrutura que tem
um nível de desempenho elevado não é fácil. Para que o trabalho não se torne
monótono, implementamos pequenas mudanças, que visam a melhoria contínua e
inovações, e envolvemos as pessoas nos processos, procurando que as
dificuldades sejam rapidamente superadas. Torna-se assim mais fácil conseguir
que toda a estrutura atue de forma sistematizada, que todos os departamentos
respondam a este tipo de desafios. Isto obriga a uma relação próxima das
pessoas, e seja qual for o processo todas as pessoas são envolvidas.
Sistematicamente temos reuniões de trabalho, encaramos o nosso dia-a-dia com
profissionalismo, e a forma mais fácil é resolvermos os problemas, é
envolvermos todos na procura da resolução ou melhoria.
Quando
um responsável tem um problema, costumamos dizer que o resolvemos em conjunto,
todos discutimos o problema e todos tentamos encontrar uma solução. Desta
forma, todos os níveis de responsabilidade sabem o que se passa na estrutura,
aqui a comunicação é uma questão crucial.
Aqui
todos sabem o que está a ser feito nos Serviços, seja qual for a área. Isto
acaba por ser interessante, pois temos 230 pessoas, mas toda a gente sabe o que
se passa. Sem dúvida o trabalho mais motivante é envolver as pessoas, levá-las
a que todos cumpram os objetivos, ajuda-los a resolver os problemas,
motiva-los.
Ser Administrador dos SASUM continua a ser
estimulante?
Sim, a
função obriga-nos ao trabalho de equipa que é dos aspetos mais estimulantes, em
equipa “projetamos” o planeamento, traçamos objetivos, e estamos em constante
interação com todas as áreas, nunca temos dias iguais. A relação dinâmica que
existe, em que as ideias, a opiniões, os contributos de todos e de todas as
áreas são importantes, não deixa que exista monotonia, e isto acaba por estimular
o nosso dia-a-dia.
Enquanto
Administrador, e falando como trabalhador dos SASUM, o principal estímulo é
sobretudo porque o que fazemos, fazemos por alguém, neste caso pelos nossos
estudantes. Seja na alimentação, no alojamento, no desporto ou na área social,
o nosso dia-a-dia é tentar melhorar as condições de trabalho, o bem-estar dos
nossos estudantes. Acho que são estes os aspetos mais estimulantes, pois trabalhamos
sempre com o objetivo de ajudar alguém e melhor estímulo que este não é
possível!
Os estímulos continuam os mesmos de há dez
anos?
São
obrigatoriamente diferentes. Nós tentamos na nossa vida, seja no trabalho ou na
vida pessoal encontrar estímulos, projetos que nos motivem no dia-a-dia, e
logicamente que o que há 10 anos era um estímulo, a evolução, o crescimento faz
com que hoje deixem de o ser, ou passem a ser outros.
Por
exemplo, enquanto há 10 anos estávamos focados na organização do serviço, em
ter uma organização que caminhasse para a excelência, com trabalhadores que
fossem qualificados, etc., hoje os referenciais não são os mesmos, queremos de
igual modo que os trabalhadores tenham acesso à informação, ao conhecimento,
que partilhem o dia-a-dia da organização, mas com base no conhecimento anterior
que não repitam os erros do passado, queremos que haja um processo de
aprendizagem contínuo.
É claro
que os estímulos são diferentes porque a realidade agora é diferente, hoje
temos excelentes condições de trabalho (a nível de infraestruturas,
equipamentos, relações interpessoais), hoje não temos os problemas de há 10
anos. Embora os estímulos sejam diferentes, nos dias de hoje a sua intensidade
é a mesma ou maior do que era há dez anos atrás.
Qual a área que mais o atrai?
Não
tenho nenhuma área de preferência, todas as áreas dos SASUM são áreas de
excelência que estão num patamar muito elevado. Eu tenho um timming definido
para aquilo que é o meu objetivo de missão face à minha função, que é limitado
no tempo. Não é uma função de vida, não é uma função para a vida, é uma função
que tem objetivos, que tem espaços temporais bem definidos. Por isso tenho
encontrado fora da minha atividade profissional, outras áreas que me atraem e
tento projetar o futuro que se avizinha.
Tenho
objetivos pessoais que gostava de realizar nos próximos anos e tenho feito esse
caminho para que necessariamente daqui a três anos esteja preocupado com outra
situação. Quero ter novas qualificações académicas, tenho o objetivo claro de
fazer um doutoramento que tem a ver com objetivos pessoais e não com o mudar de
carreira, pois quero continuar a trabalhar na Universidade, e de preferência em
alguma missão que possa ajudar as pessoas na organização.
Quais as principais inquietações de um Administrador
no seu dia-a-dia?
No
dia-a-dia, na ação social há poucas coisas que me inquietam. Porque no meu
dia-a-dia, naquilo que são os nossos planos de curto prazo, há um aspeto
essencial que tem a ver com a monitorização de todo o sistema de gestão e
qualidade ? Exatamente por ter esta proximidade global à estrutura, de perceber
o que está bem ou menos bem, consigo de forma rápida atuar na resolução do
problema. Quando algo acontece numa ou noutra área, eu sou mais um elemento da
equipa e ajudo a que o problema seja resolvido o mais rápido possível. Seja na
criação de novos serviços, seja na resolução de problemas mais pontuais que
acontecem nas unidades, ou seja, sou um elemento ativo também na área mais
operacional, não por interferência, simplesmente para ajudar.
Não
tenho aquela preocupação de a estrutura não funcionar ou estar mal organizada,
como aconteceu no passado… os nossos problemas, são cada vez mais, problemas
menores. São problemas mais ligados ao que é o equilíbrio da vida pessoal das
pessoas e os próprios serviços. Portanto, nesse aspeto tenho poucas coisas que
me inquietam.
É conhecido por ser uma pessoa exigente
consigo e com os outros. No contexto de mudança que atravessamos na sociedade,
na sua opinião qual deverá ser a atitude dos trabalhadores perante uma
sociedade cada vez mais exigente?
A
exigência tem a ver com o nível de satisfação, portanto neste caso, o facto de
ser exigente tem a ver com o patamar onde nós estamos colocados. Quando estamos
num patamar de excelência temos de desenvolver a atividade com base neste
parâmetro, temos de ser exigentes, quer connosco, quer com os outros. Hoje em
dia ser exigente é um parâmetro natural dos serviços, todas as pessoas são
exigentes uns com os outros, toda a gente quer cumprir mais rápido o seu
objetivo e o melhor possível, de forma global, interagindo com os outros dentro
da estrutura. Isto faz com o nível de exigência entre todos seja elevado.
Cometer
erros é natural, repeti-los já não é?!
A
sociedade é cada vez mais uma sociedade da informação, e uma população
informada é uma população cada vez mais exigente, que reclama se o nível de
qualidade ou de serviço não equivale ao que esperavam e pelo qual pagaram. No
nosso caso, as pessoas conhecem a organização, como funciona e acabam por ser
cada vez mais exigentes, pois querem “aquele” serviço com “aquela”qualidade,
por isso se ele for abaixo dos seus parâmetros as pessoas sabem.
O facto
de as pessoas nos conhecerem é algo que nós cultivamos, faz parte dos nossos objetivos
dar a conhecer às pessoas o que fazemos. É importante quando as pessoas estão
perante um serviço nosso, que saibam como funciona, que percebam, que saibam
quem lá está, e quando a pessoa não lhe dá a resposta que necessitam, as
pessoas certamente vão reclamar, pois esperam do serviço um nível de qualidade
elevado. Mas isto é bom, porque quanto mais as pessoas exigirem mais nos
obrigam a que sejamos melhores.
Os SASUM têm conseguido ao longo destes
últimos anos grandes conquistas. Quais as que mais destaca?
A conquista
do nível de excelência da nossa organização é sem dúvida a que mais se destaca.
A forma como os nossos trabalhadores evoluíram, a forma como esta cultura foi
transposta para dentro da organização fez com que os projetos e os objetivos
fossem facilmente concretizados. Isso tem a ver com aquilo que foram as
alavancas do nosso plano estratégico. Somos uma organização que em regra tem
pouco orçamento de estado, o nosso OE só representa 22% do nosso orçamento
global, ou seja, nós temos de produzir e aumentar a receita de modo a
perspetivar a melhoria dos diferentes serviços. Temos de fazer receita para
pagar os salários dos trabalhadores, para criarmos novas infraestruturas, para
melhorar as infraestruturas existentes, portanto, neste paradigma desde que
consigamos melhorar o nível de qualificação dos nossos trabalhadores, a relação
entre as equipas, criar mecanismos de modo a que as pessoas funcionem em
equipa, tudo o resto é algo que é natural, porque quando as equipas entram
neste ciclo de vida conseguir bons resultados é fácil.
Desde
que as condições foram criadas para que as pessoas pudessem estar neste
patamar, como a criação de novas infraestruturas na área desportiva e alimentar,
a requalificação dos espaços de alimentação e de todas as Residências
Universitárias, bem como a mudança de paradigma na organização e gestão interna
com vista à certificação foram os grandes objetivos do passado. Os SASUM praticamente
duplicaram a receita em 10 anos, isto fez com que nós conseguíssemos cumprir praticamente
todos os objetivos materiais.
Mas
acho que a grande conquista que tivemos na organização, que tem a ver com o
reconhecimento da excelência, tem a ver o facto de termos toda a estrutura
orientada no sentido de missão. Independentemente dos aspetos materiais, quando
toda a gente trabalha com um objetivo único (e sentimos isso na forma como as
pessoas se expressam), este sentido de missão é das coisas mais importantes.
Uma
estrutura que tem mais de 200 trabalhadores tem de se colocar toda alinhada a
trabalhar para um mesmo objetivo, deverá funcionar como um relógio suíço ou
quase, se algo deixa de estar alinhado nota-se logo, se uma área não está bem
reflete-se logo na outra pois estão todas interligadas.
Embora
as pessoas fora da organização não tenham conhecimento, nós cruzamos muitas
áreas, há áreas importantíssimas, a área dos recursos humanos de manter os
recursos humanos informados está alinhada com todos os departamentos, interage
com todos os departamentos, depois é o caso dos setores internos como a
manutenção, o setor de informática que cruzam também com todos os
departamentos, é importante que esta dinâmica funcione porque se há uma peça
que não funciona nota-se logo, e há outras que claramente desorganizam todo o
sistema.
Os SASUM venceram o Prémio de Excelência no
Trabalho 2013, posicionando-se no 1º lugar, na categoria das grandes empresas
do Sector Público. O que significou isto para esta equipa?
É
claramente o reconhecimento do exterior, da sociedade em relação às nossas
metodologias e condições de trabalho. Para nós é muito importante vir alguém de
fora e dizer, vocês são uma unidade de excelência, vocês em Portugal são uma
referência na administração pública. É do maior relevo, para qualquer
trabalhador saber que contribuiu para isto (e todos sentem e todos sentiram
este reconhecimento) e perceber que na administração pública, aquilo que eles
fazem é uma referência para os outros.
É
importante que alguém de fora reconheça o nosso trabalho, já que não nos podem
dar melhor salário, já que não nos deixam dar melhor salário, já que não nos
deixam dar prémios de mérito aos trabalhadores, pelo menos somos reconhecidos desta
forma, o que acaba por ser muito importante.
O
reconhecimento não é a palmadinha nas costas, o reconhecimento é alguém que
olha para uma organização, para o conjunto da organização e diz “vocês são um
ponto referência na administração pública”, pois como eu digo, se não podemos
ter umas coisas pelo menos temos outras. Nesta instituição não há uma pessoa
importante, todos são relevantes, o meu trabalho é importante como a pessoa que
mantém o complexo desportivo em excelentes condições de higiene, têm é relevâncias
diferentes.
Falando em sucessos, a UMinho/AAUM alcançou
em 2013 o primeiro lugar no ranking da EUSA e a liderança do desporto europeu.
Esta aposta é para continuar?
Nós
tínhamos um objetivo em 2004 que faz parte da missão substancial do DDC, que
era sermos conhecidos a nível europeu. Tínhamos 10 anos para marcar esse
patamar, conseguimos em menos tempo, mas não é fácil mantermo-nos no topo,
sabemos isso. Estar no topo é complexo, sermos sempre os melhores é difícil
quando as variáveis não dependem necessariamente de nós, pois neste caso
dependem dos nossos alunos, dependem dos nossos técnicos, depende das
organizações, depende dos orçamentos, tudo isto não é fácil equilibrar. Temos
tido nos últimos anos sempre uma posição de relevo em termos de resultados,
logicamente tentamos encontrar sempre, em cada ano as melhores condições. Temos
cada vez um nível competitivo mais exigente, pois se nós estamos cada vez
melhores os outros também querem ser os melhores, há aqui claramente um
espírito competitivo que não é fácil manter, senão os melhores eram sempre os
mesmos!
O
desafio de se manter no topo não é fácil, mas é para manter em termos de
objetivo. Portanto vamos em cada ano que passa tentar sermos os melhores em
Portugal e sermos os melhores na Europa. É importante mantermos este objetivo,
transmitir às equipas, aos técnicos, aos atletas, temos que manter estes níveis
de motivação para que as pessoas consigam atingi-lo. Há anos que não será
fácil, mas vamos sempre tentar atingir o topo.
Faz
parte da nossa estratégia, ao nível do desporto e da Universidade termos um
evento internacional por ano, todos os anos. Em Portugal somos a única
Universidade que tem um evento, mundial ou europeu todos os anos, trabalhamos
com esse objetivo. Fazemos candidaturas a três, quatro, cinco anos, para que se
consiga manter este nível, porque isto também cria envolvimento, camaradagem,
espírito de equipa, porque estas organizações são importantes a todos os
níveis, quer na interação com os estudantes, mas é também é importante para
projetar este futuro. Neste momento temos realizações até 2016 e vamos
continuar a fazer candidaturas, porque isto contribui para a imagem da
Universidade, no país, na Europa e no mundo, faz parte do objetivo de cativar
estudantes para cá. Quando saímos da nossa “porta” somos todos UMinho e trabalhamos
com esse objetivo, e isto é para continuar.
Nos
últimos 18 anos, a academia minhota tem sido palco de centenas de eventos
desportivos universitários nacionais e de mais de uma dezena de grandes eventos
internacionais. O primeiro grande evento internacional que a UMinho e AAUM organizaram
foi o Mundial Universitário de Futsal em 1998, tendo sido então elogiado e
referenciado pela FISU como uma das melhores organizações de sempre de um
evento deste género.
Em
2004, foi organizado o Europeu de Voleibol Universitário, e até chegarmos a
2016, a UMinho e AAUM, já organizaram, e vão organizar, os seguintes eventos
internacionais: Europeu de Basquetebol 2006, Mundial de Badmínton 2008, Europeu
de Taekwondo 2009, Europeu de Taekwondo 2011, Mundial de Xadrez 2012, Mundial
Futsal 2012, Mundial de Andebol 2014, Europeu de Andebol 2015 e Mundial de
Karaté 2016.
Quais os projetos mais importantes dos SASUM
para o futuro, a curto/medio prazo?
Os
projetos mais importantes são aqueles que podem ajudar a consolidar a vertente
financeira dos SASUM, ou seja, são sempre projetos que visam a criação de novas
infraestruturas que vão permitir aumentar a oferta de serviços na UMinho. Temos
necessidade, a nível da alimentação, de uma infraestrutura ao nível do
restaurante panorâmico em Guimarães. Na vertente desportiva temos necessidade
de um Complexo Aquático no Campus de Gualtar, que nos permita dar um salto
qualitativo e quantitativo na vertente desportiva.
Assim,
para 2015, aquilo que irá incluir o nosso plano de atividades (e vamos ter que
fazer a revisão do plano estratégico e definir as metas para os próximos 4 anos
para os quais temos ainda alguns objetivos a incluir a nível de criação de
infraestruturas) será a criação da infraestrutura de alimentação em Guimarães e
melhoria das infraestruturas desportivas. Principalmente, o restaurante
panorâmico em Guimarães será um dos objetivos de 2015, fazer algo do nível do
que temos aqui em Braga, o qual gostava de ver concretizado. Costumo dizer,
ainda não tenho a vertente financeira realizada mas isso não importa, é um
pormenor, vamos ter de encontrar na nossa gestão a folga financeira suficiente
para criar esta infraestrutura, no curto prazo, vai ser difícil, mas não me
parece impossível.
Não vai
ser fácil pois estamos a falar de valores muito elevados, mas já temos
projetado este ano em termos de valores, temos a projeção para 2015 e o
restante para 2016. Quando fazemos um planeamento com este tempo e com este
enquadramento é possível realizar infraestruturas que nós sabemos que têm um
impacto financeiro elevado no nosso orçamento.
Esta
será a nossa referência para 2015, haverá outras, como fizemos este ano em
termos de ampliações e melhoramentos na parte desportiva, em que duplicamos
praticamente um conjunto de atividades em Guimarães e também estamos a criar
novas valências em Braga para que as pessoas possam utilizar as nossas
infraestruturas de forma diferente. Portanto, isto tem a ver com a imaginação,
tem a ver com a capacidade de inovar com as infraestruturas que temos. Ou seja,
com pouco impacto financeiro criamos condições para que as pessoas possam
desenvolver múltiplas atividades a baixo custo.
Para
além disso, vamos criar um conjunto e um pacote para os trabalhadores, porque
sabemos que com o aumento do horário de trabalho para as 8 horas é quase
impossível durante este período as pessoas desenvolverem atividade física.
Estamos a tentar encontrar um pacote que nos permita, quer em Braga, quer em
Guimarães desenvolver um conjunto de atividades em horários que possam ser
compatibilizados, ou no início da manhã ou na hora de almoço. Queremos que as
pessoas tenham capacidade para encontrar meia hora para fazer desporto, é
importante no desenvolvimento da sua função mental, no seu trabalho, e por isso
vamos tentar fazer com que o possam fazer a baixo custo.
No
Complexo Desportivo de Gualtar estamos a finalizar uma nova valência que é um
circuito de treino funcional com um cartão “ultra low cost”, que terá um custo
mensal entre 3 a 5 euros (alunos; restante comunidade académica), para corrida
em pista de 200m com equipamentos de treinos funcional, entre as 8h e 14h, para
dar mais dinâmica ao uso livre das nossas instalações.
Na sua opinião o direito à educação para
todos continua a ser uma realidade?
O
direito à educação é um direito constitucional e de alguma forma os sucessivos
governos têm vindo a introduzir medidas que permitem que as pessoas tenham
acesso integral à educação, estou a falar desde o ensino primário até ao
universitário, embora sejam realidades diferentes. Sinto como pai, que o ensino
até ao 12º ano é mais apoiado ao nível das famílias mais carenciadas, porque
neste caso, as autarquias, as escolas, o governo, acabam por criar condições
para que os estudantes possam ter acesso e consigam manter-se nesse ensino,
desde o fornecimento de livros, pagamento da alimentação, transporte, ou seja,
acabam por criar as condições de forma natural para que os estudantes possam
estudar, e digo, possam todos, mesmo aquelas famílias que são carenciadas.
O
ensino superior já não é bem assim, porque a definição de carenciado no nível
superior não é a mesma definição de carenciado do resto dos ciclos de ensino.
Os patamares a partir dos quais consideramos um estudante carenciado no ensino
superior são mais elevados do que os outros. A realidade no ensino superior é
ligeiramente diferente, existem apoios em varias áreas,
mas não existe noutras que seriam igualmente importantes. Para além disso, até
2008/09 tínhamos um sistema onde a definição de estudante carenciado era mais
correta do que aquela que temos hoje, porque a partir do momento em que
definimos um sistema que tem como referencial os valores ilíquidos dos salários
das famílias deturpa completamente a realidade. As famílias vivem com o salário
líquido, é aquele que têm disponível e não o bruto, e no caso do regulamento de
bolsas, ao terem em conta o bruto deturpam completamente todo o sistema.
O
facto de se considerar o rendimento bruto para cálculo das bolsas, deturpa
neste caso o direito à educação, porque sabemos que há famílias que não são
consideradas carenciadas mas não têm capacidade de manter um ou dois filhos no
ensino superior porque o salário dessa família não lhe permite. E o que o
governo fez ao longo destes anos foi subir os patamares, portanto o direito é
algo que é relativo. Se é uma família carenciada de base, com rendimentos muito
baixos, não tenho dúvidas que se o aluno vier para o ensino superior, se ele
estudar, se ele conseguir ter sucesso académico todos os anos, vai fazer a sua
formação completamente paga pelo sistema de ação social.
Se o
aluno não faz parte daquele leque de estudantes, e estamos a falar de muitos em
Portugal cujo referencial está próximo desta realidade, há muitas famílias que
não vão ter a capacidade de ter os filhos a estudar no ensino superior, o
sistema de ação social não cobre integralmente o direito a este sistema de
educação. Se o regulamento atual levasse em conta os rendimentos líquidos das
famílias e não os brutos, eu diria que seria o regulamento mais justo dos
últimos 30 anos, mas neste aspeto continua a haver referenciais padrão que
deixam muito a desejar.
O que
tem acontecido nos últimos anos é que as universidades têm vindo a criar
mecanismos de apoio ao estudante. A UMinho, como outras em Portugal criaram
fundos de apoio de emergência ao estudante, exatamente para pessoas que ficavam
neste patamar e todos os anos tem vindo a aumentar o número de estudantes que
são apoiados por esta via, o que no meu ponto de vista não faz sentido pois as
universidades estão a substituir o sistema de ação social. As universidades
deviam exigir que o sistema de ação social cubra estas situações e isto não tem
acontecido. Por isso acho que em termos de direito, duvido que o objetivo
esteja a ser cumprido.
Gostaria de deixar alguma mensagem para os
novos estudantes e restante comunidade académica?
Aproveitem
a oportunidade para fazer e usufruir de tudo que poderem na UMinho, nas vertentes
da ação social. Venham às cantinas, venham aos pavilhões desportivos, fiquem
nas nossas residências, aproveitem as nossas vivências, sejam felizes e cumpram
o vosso objetivo o mais rápido possível. Durante o tempo que cá estiverem
aproveitem ao máximo. Usem e abusem dos nossos Serviços!
O
percurso na universidade é algo que marca, quanto mais fizerem na universidade,
não é só o facto de ser bom aluno e tirar boas notas, quanto mais participarem,
quanto mais interagirem, seja numa atividade lúdica, numa atividade social,
seja no desporto ou em atividades culturais, quanto mais proveito tirarem desta
realidade, mais conhecimento terão. O percurso na universidade é um percurso
que marca para o resto das vossas vidas, não façam disto apenas um local para
ir às aulas? A obtenção do conhecimento é importante, mas tudo o resto também o
é. Tudo o que contribua para a formação integral do estudante é importante para
os seus objetivos de vida. Quando mais aprenderem, quando mais experiencias
tiverem, seja a nível académico, de interação com os colegas, espírito de
grupo, quanto mais levarem, mais felizes serão.
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Out/2014)
“