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O desenho assume-se como meio base deste projecto. Ele é o gerador do imaginário que caracteriza as pinturas e gravuras de Mário Vitória, um imaginário que pertence à ordem do metafísico que se deixa contaminar pelas narrativas infantis e contos populares – na referência constante à tradição, usos e costumes – da sátira político-social ou mesmo da caricatura (…) o significado dos gestos ou a expressividade dos olhares, levam o observador ao universo da fábula, das metáforas e das alegorias (…) A vitória da debilidade sobre a força, da benevolência sobre a esperteza, o eterno confronto entre o bem e o mal, tudo dissimulado por uma subtil hipocrisia violenta, presunção ou mesquinhez, que transformam estas figuras de estilo num profundo drama de ironias. Várias noções são aqui analisadas. O homem, as coisas, os animais são anti-teses das suas próprias propriedades (…) os vários protagonistas são inseridos na composição, que funciona como uma espécie de proscénio, obedecendo a uma “ordem” meta-narrativa. O bestiário humano espelha simultaneamente complacência e crueldade. É nesse espaço fragmentado que tudo se manifesta: desconfiança, ambiguidade, perplexidade, a verdade da realidade e a da ficção. (…) São narrativas onde não domina qualquer sequência linear, pelo contrário, a sensação de que o autor faz permanentes avanços e recuos, conduz-nos do fim para o princípio e deste para o final da história num movimento permanente e nunca consequente. Em sentido figurado as notas de rodapé, os complementos directos e indirectos fazem parte de um discurso que se pretende plural. |
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