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UMinho comemorou 50 anos com pompa e circunstância

Foi há 50 anos que o Ministro da Educação Nacional, Veiga Simão, deu posse à Comissão Instaladora da Universidade do Minho (UMinho) e empossou o seu primeiro reitor, Carlos Lloyd Braga.  A data foi assinalada no passado dia 17 de fevereiro, exatamente no dia em que a academia minhota comemorou o seu cinquentenário, marcado por discursos unânimes sobre a relevância que a Instituição tem portado para o desenvolvimento das cidades que a acolhem, da região e do país na Europa.

A cerimónia do 50.º Aniversário começou com o tradicional cortejo académico, que este ano recreou o cortejo de 1974, o qual saiu do Arco da Porta Nova e seguiu até ao Largo do Paço, onde, no Salão Medieval decorreu a cerimónia solene que contou com as intervenções da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, da Presidente do Conselho Geral da UMinho, Joana Marques Vidal, do Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, do Presidente da Comissão Comemorativa dos 50 Anos da UMinho, João Cardoso Rosas e da Presidente da Associação Académica da UMinho, Margarida Isaías.

“Imaginam, certamente, a alegria e a emoção que hoje sinto por, nesta cerimónia, poder falar-vos em nome da Universidade do Minho, uma Instituição que, nas cinco décadas passadas, deu inestimáveis contributos para a reconfiguração dos sistemas de ensino superior e de ciência e para a transformação social, económica e cultural do nosso País”, começou por dizer o Reitor da UMinho.

Sobre a celebração dos 50 anos, Rui Vieira de Castro refere que à recordação do que foram estas cinco décadas, é preciso “juntamos um olhar crítico sobre o nosso presente, condição para projetarmos o futuro”. Assinalando que as tendências de hoje nos setores do ensino superior e da investigação e o seu reforço, “confronta-se, porém, com obstáculos importantes”, destacando o “financiamento” que “continua a ser insuficiente”, disse.

O responsável da UMinho defendeu que os “contratos de legislatura” que têm sido feitos com o Governo, são “uma prática que importa aprofundar no futuro”, realçando que “é imperativo resolver desequilíbrios no financiamento das instituições que as privam, e privam algumas mais do que outras, de condições para promoverem um planeamento e desenvolvimento estratégico adequados”. Reconhecendo o trabalho que tem sido feito por Elvira Fortunato, no sentido de tornar mais transparentes e justos os critérios de financiamento das universidades, afirmou, “esperamos que este processo prossiga no futuro, pondo cobro, num prazo curto, à situação de insuportável iniquidade de que a Universidade do Minho, por mais de uma década, foi vítima maior”.

Sobre as dificuldades que os estudantes enfrentam na frequência do ensino superior, o reitor apontou o “problema do alojamento estudantil e os impactos do aumento do custo de vida” como maiores “fragilidades” que continuam a afastar muitos jovens do ensino superior.

Como visão de futuro para a UMinho e falando da década presente, Rui Vieira de Castro assume que a Universidade “tem de assegurar a qualificação inicial e continuada da nossa população, aproximando as nossas comunidades dos níveis prevalecentes nos países europeus; tem que melhorar os seus indicadores de desempenho científico, aproximando-se das universidades europeias de referência; tem de intensificar os projetos desenvolvidos em redes colaborativas com entidades públicas e privadas; tem de incrementar a sua participação em redes internacionais de universidades; ser uma Universidade com elevada qualidade institucional; e uma Universidade dotada de formas de organização e funcionamento inovadoras”, afirmando que “conhecemos o que a sociedade espera de nós e queremos responder às expectativas que sobre nós são projetadas”.

Terminando, deixou a mensagem: “Alicerçado na nossa história e no nosso presente, o compromisso da Universidade do Minho, no momento em que celebra os seus 50 anos, é o de prosseguirmos o trabalho que vimos fazendo em prol do ensino superior e da ciência, das pessoas, da região e do País”.

Margarida Isaías começou por afirmar os estudantes e a Associação Académica como “parte ativa no desenvolvimento e crescimento desta Casa”, sublinhando que os 50 anos da UMinho, “começaram com os estudantes”.

Colocando-se como pessoa que no lugar que ocupa, cabe-lhe “promover a reflexão e pedir ação”, patenteou um olhar crítico sobre a situação atual dos estudantes e do país, dizendo que, seja a nível local, académico e nacional, “tenho visto, de perto, os decisores, as fraudes, os interesses pessoais, as corrupções e os tráficos de influência em todos esses órgãos”, alertando que “a democracia e a liberdade estão em risco, e, por isso, também estão a Educação e as Universidades”, indicando que “a solução da crise democrática que vivemos não é a desistência da democracia, mas, pelo contrário, a educação”.

Para a líder dos estudantes da UMinho, “falta ouvir os estudantes e não apenas dar-lhes a palavra”. Evocando hoje outras lutas, como as propinas, o alojamento, os transportes, a ação social, o combate ao assédio, a luta pela igualdade de género, a saúde mental, os empregos dignos e o lugar dos estudantes na discussão e nas decisões, patenteou que a “liberdade” deverá estar “sempre como pano de fundo”.

Concluiu, deixando o repto a todos os presentes, para que “procurem (…) a promoção da educação, da democracia e da liberdade”.

No seu discurso, Joana Marques Vidal, indicou o papel da Universidade, do Ensino, da Investigação Científica, da Educação, e do Conhecimento como “imprescindível” nas sociedades de hoje, apontando a UMinho como “Uma Universidade completa” que se deve aprofundar “como uma Universidade de Futuro”.

Aproveitando a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, alertou para a “necessidade de pensar uma arquitetura da estrutura organizacional do sistema do Ensino Superior público que, sem deixar de definir os princípios definidores das grandes linhas estruturantes, permita uma liberdade e autonomia organizacionais, adequadas ao projeto e ao modelo adotado por cada uma”.

Relativamente ao modelo de governo das Instituições do Ensino Superior, a presidente do Conselho Geral da UMinho, afirmou que a participação de elementos externos “é, em si mesma, um forte fator de legitimação do governo das instituições”, realçando que “qualquer eventual alteração a introduzir no atual modelo de governo das instituições do Ensino Superior deverá necessariamente consagrar formas de participação de membros externos, sob pena de nos confrontarmos com um verdadeiro retrocesso”, patenteou.

Sobre a revisão dos Estatutos da UMinho, que estão atualmente em fase de consulta pública e que se prevê ir a votação em sessão plenária a ocorrer em março do presente ano, a Ex-procuradora-geral da República, realçou no projeto “a consagração de uma maior autonomia, designadamente financeira e orçamental, das Unidades Orgânicas face ao regime atualmente estabelecido”.

Elvira Fortunato, começou por reconhecer a UMinho como “determinante para a evolução do sistema académico e científico nacionais, bem como para a afirmação de Portugal em termos individuais, mas também no contexto europeu”, acrescentando que “se Portugal é hoje um país mais moderno e mais capaz”, também se deve à UMinho, “que desde 1973 soube afirmar-se como uma instituição pioneira em diversas vertentes, contribuindo dessa forma para o progresso académico e científico de Portugal”, concluiu.

Para João Cardoso Rosas, a data comemorativa “marca a maioridade de uma instituição universitária, o momento em que terminou a fase de maturação, mas tem o futuro à sua frente”. Assinalando a UMinho como uma das “universidades novas”, fortemente ligada ao processo de democratização política e social encetado a 25 de abril de 1974, destacou que esta, desde o seu início, se assumiu “como um motor de desenvolvimento regional”. No momento em que a UMinho comemora os seus 50 anos, aponta a instituição como “comprometida com a democracia, o desenvolvimento e o conhecimento”, indicando que o programa de comemorações visou abarcar “a história destes 50 anos e a sua projeção atual e futura”.

A cerimónia incluiu ainda a apresentação de vídeos institucionais e a entrega de diplomas, de prémios de mérito e do título de Professor Emérito a José Vieira, Manuel Rocha Armada, Manuela Martins e Paulo Pereira.

Os momentos musicais estiveram a cargo do Coro Académico da UMinho e a um Quarteto de Metais do Departamento de Música da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho, sob a direção do maestro Cosme Campinho.

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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