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Fundadores da democracia estiveram presentes nos “Encontros UM”






                                          Fotos disponiveis online na Galeria BIG



 

O debate foi apresentado pelo Reitor da UMinho, António M. Cunha,  e moderado pelo Vice-reitor Rui Vieira de Castro. Os “EncontrosUM” são promovidos pela Reitoria da UMinho e pretendem ser um espaço regular de debate plural, participado e aberto à sociedade, envolvendo os membros do painel temático com o público e procurando estimular a discussão de temas transversais – ciência, cultura, tecnologia, arte e educação – para os quais a UMinho se propõe dar um contributo.





Integrado nas comemorações do Centenário da República, o debate pretendeu ser uma reflexão sobre o que têm sido estes 100 anos sob o regime do republicanismo, mas, e como seria quase impossível não ter acontecido este direccionou-se e “girou” muito em volta da situação actual do país e da crise que atravessamos.








“República é um regime consolidado que está para durar”




Mário Soares começou por fazer um “remember” do passado e do regime político instituído em 5 de Outubro de 2010, fazendo a distinção entre a 1ª e a 2ª Repúblicas (a primeira que durou até 1974 e a 2ª após o 25 de Abril). Para o ex-Presidente da República este trajecto de 100 anos “teve coisas boas e coisas más, mas é um regime consolidado, que está para durar”. Se até ao 25 de Abril de 1974 o país passou por várias conjunturas de guerra, revoltas e momentos que marcaram o país muito negativamente, o trajecto feito desde então “prestigiou Portugal na cena internacional”, somos agora “considerados” por todo o mundo.




Sendo um dos responsáveis pela integração de Portugal na CEE a 1 de Janeiro de 1986, Mário Soares refere que “a República trouxe a Europa mas a crise exige maior integração”. A saída da crise é um caminho que tem de ser percorrido dentro da União Europeia, têm de encontrar um caminho comum e satisfatório para todos, e isso só se consegue com o aprofundar da integração.




É necessário um “novo paradigma”, a afirmação foi feita pelo ex-Presidente, principalmente a nível das finanças para que cresçam com regras éticas e dignas, mas também reformas políticas que reforcem a democracia.




Mário Soares e quando questionado sobre a vinda do FMI, referiu que a sua vinda não será uma desgraça, mas é melhor que não venha. Dizendo ainda que “PS e PSD têm de se entender”, algo necessário para resolver a situação em que o país se encontra.








“A República está emperrada”




A afirmação foi feita por Francisco Pinto Balsemão à margem dos “EncontrosUM”, para o ex-primeiro ministro há qualquer coisa que está a “emperrar” a República do pós-25 de Abril. Nunca estamos contentes, sabemos que queremos a Europa, mas é necessário “estarmos mais interligados na Europa”. Para Pinto Balsemão existem quatro reformas fundamentais que são necessárias fazer, e que têm vindo a ser adiadas. Segundo este são precisas “reformas conjunturais”, é preciso uma reforma da Justiça que não actua a tempo e horas, da infra-estrutura política, reformas estruturais (educação, aparelho do estado e administração pública) e enveredar por aquelas que são as nossas vocações. Enquanto não resolvermos estas questões continuaremos a ser “lamurientos” e a viver na “impunidade”.




Afirmando que a situação económica e financeira “é grave mas não insolúvel”, apelou a um consenso sobre o OE e sobre o futuro do país. Mostrando-se preocupado com a conjuntura actual, Balsemão diz sentir-se confuso pois o Governo diz que a situação está “controlada”, enquanto outros dizem que “não tem solução”. É urgente começar por resolver os problemas estruturais pois “com ou sem crise continuámos a marcar passo”. Reforçando as opiniões já anteriormente referidas pelos “colegas” de debate, o empresário diz ser necessário “um consenso dos partidos sobre o país”.








“É necessário resolver estes bloqueios”




Artur Santos Silva, presidente da comissão nacional para as comemorações do Centenário da República, falou da República como “um movimento cultural regenerador” para quem a educação é um factor de “desenvolvimento”.




Para o banqueiro, para se ultrapassar a difícil situação que o país vive actualmente “os partidos têm de dar as mãos para se conseguir ultrapassar estes bloqueios?. Santos Silva disse que espera que os políticos nacionais tomem as medidas que mostrem que somos capazes de resolver nós próprios os nossos problemas, “seria lamentável” que fosse necessário que o FMI viesse resolver os problemas nacionais”. Segundo este o segredo estará na “competitividade”, para a qual as “Universidades são fundamentais”.








“A participação cívica é o motor da mudança”




A afirmação foi feita por João Aguiar Campos, cónego e presidente do conselho de gerência do Grupo Renascença. Segundo este é necessário recuperar o sentido de participação cívica, questionando os modelos actuais, propôs um modelo que seja mais humano e solidário, mas também mais participativo e igualitário “uma igualdade centrada na dignidade da pessoa humana”.





Texto: Ana Marques


anac@sas.uminho.pt 



Fotografia: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt





(Pub. Set/2010)


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