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“Estou confiante no sucesso organizativo e competitivo deste Mundial…”


O que motivou a candidatura, pela primeira
vez na história do desporto nacional universitário, a dois grandes eventos
internacionais, ainda por cima
em cidades diferentes
(Braga e Guimarães)?

A Associação Académica e a Universidade do
Minho têm, ao longo dos anos, assumido uma forte aposta no desporto, não só no
sentido de incutir boas práticas e hábitos de vida saudáveis no seio da
Academia e na sociedade em geral, mas também como uma forma de proporcionar um desenvolvimento
complementar extra curricular da formação académica dos estudantes.

Tudo isso tem motivado ambas as instituições
a procurarem universalizar a prática desportiva no seio da comunidade
académica. Certamente que a organização de grandes eventos nacionais – como é o
caso dos Campeonatos Nacionais Universitários, recentemente organizados na
UMinho – e internacionais – como o Mundial Universitário de Futsal e Xadrez –
acabam por mobilizar uma parte ainda mais alargada da comunidade. Claro que num
ano em que Braga e Guimarães são capitais europeias da juventude e da cultura,
respetivamente, existiu também uma motivação adicional para a AAUM e para a
UMinho apresentarem estas duas candidaturas. Queríamos assim, e também,
associarmo-nos ao prestígio daqueles dois eventos.
 

A resposta inicial por parte das autarquias e
dos responsáveis pelas capitais europeias da cultura e juventude foi positiva?
Como é tem decorrido o processo de colaboração entre todas as partes até ao
momento?

A resposta das autarquias e dos responsáveis
pelas capitais europeias da cultura e juventude foi, desde o primeiro momento,
muito positiva. Assim que foi assegurada a organização destes dois eventos,
ambos foram integrados nos programas oficiais das Capitais Europeias e, desde
aí, que a articulação tem sido próxima, no sentido de promover uma interação
efetiva entre os eventos, os seus participantes e as comunidades locais. Todos
os agentes têm estado empenhados no sucesso destes dois Mundiais e o seu apoio tem
sido fundamental nomeadamente no que diz respeito à cedência de infra-estruturas
e na resolução de questões logísticas incluindo a disponibilização de
transportes.

Naturalmente que existirão outras iniciativas
das Capitais Europeias a decorrer em simultâneo, mas todo o trabalho que tem
sido desenvolvido tem procurado concorrer para uma integração plena dos eventos
nas cidades, como será o caso das cerimónias de abertura e encerramento que se
irão realizar em locais públicos centrais e carismáticos de Braga e Guimarães,
pelo que esperamos uma adesão muito significativa de público, tanto nestes
momentos, como durante as competições.

A visita de inspeção por parte da FISU aos
preparativos para o Mundial de Futsal foi em Maio. Qual foi o feedback obtido
junto dos responsáveis desta visita?

As impressões dos delegados da FISU foram,
globalmente, muito positivas, embora existam sempre pormenores a melhorar.
Aliás, a finalidade destas visitas é exatamente sinalizar oportunidades de
melhoria tanto a nível organizativo como a nível técnico. Diria que o relatório
efetuado pela FISU deixa antever um grande evento.

A visita de inspeção ao Xadrez está marcada
para quando?

Não se irá realizar qualquer visita de
inspecção ao Mundial Universitário de Xadrez. Foram elaborados relatórios de
progresso e dada a confiança da Federação Internacional de Desporto
Universitário (FISU) na organização, entendeu-se que não existia essa
necessidade.


Inicialmente a Plataforma das Artes estava
apontada como o local aonde se iria realizar o Mundial de Xadrez. Já está
confirmado o local de realização do evento?

Infelizmente não foi possível enquadrar o
Mundial de Xadrez na programação deste magnífico espaço. Contudo, estamos
certos que o local alternativo, que já foi escolhido e que irá ser brevemente
anunciado, reúne também as melhores condições para a realização deste evento.

O futsal vai ter como palcos o Complexo
Desportivo da UMinho em Gualtar e o Parque de Exposições de Braga. Como estão
as obras de reabilitação do Parque de Exposições?

Sim, esses serão os dois palcos da
competição, sendo que o Pavilhão Desportivo de Lamaçães será o local de treino
das seleções. Neste momento, o Parque de Exposições é o único local que não
reúne ainda todas as condições desejáveis. No entanto, estamos confiantes que
as intervenções que estão a ser realizadas não só estarão concluídas
atempadamente, como habilitarão o espaço para acolher outros eventos
desportivos de excelência no futuro.

O primeiro grande evento desportivo
internacional organizado pela UMinho foi o Mundial Universitário de Futsal em
1998. O que é que levou a que se candidatassem a outro Mundial nesta modalidade
ao invés, de por exemplo, futebol?

Esta é a modalidade que tem beneficiado de um
crescimento maior no nosso país. São cada vez mais os simpatizantes de futsal e
é já hoje a modalidade de pavilhão mais popular. Se considerarmos o futebol
como o desporto rei, também não estaremos errados se olharmos para o futsal
como a modalidade rainha do desporto universitário. O seu desenvolvimento tem
sido notável e a nível interno são vários os motivos que nos devem motivar a
reforçar esta aposta na modalidade, como sejam a conquista do campeonato
nacional universitário pelo terceiro ano consecutivo, e as conquistas de duas
medalhas de prata (2010 e 2012) e uma de bronze (2011) nas últimas três edições
do Campeonato Europeu Universitário, pela equipa da Associação Académica. A
nível federado, a equipa do Sporting de Braga/AAUM alcançou o 9º lugar do
Campeonato Nacional da 1ª Divisão, após ter regressado ao escalão principal na
última época e dois dos seus atletas (Amílcar Gomes e Luís Costa) integram a
pré convocatória da Seleção Nacional neste Mundial.

De que forma pensas que estes eventos vão ter
impacto, posteriormente, no desenvolvimento das modalidades na universidade e
na própria região?

Acredito que a organização destes eventos só
faz sentido quando quem as promove procura alavancar o crescimento das
modalidades, seja através do aumento do número de atletas e simpatizantes, seja
através da introdução de inovações tecnológicas e até competitivas nas mesmas.
Foi exatamente nesse sentido que nos propusemos realizar um conjunto de
projetos de legado no Mundial Universitário de Futsal e que foram decisivos
aquando da atribuição da organização à UMinho em detrimento de duas outras
candidaturas, de Espanha e França.


Esta organização vai ficar marcada pelos “Projetos
de Legado”. Podes-nos falar um pouco mais acerca destes projetos e explicar em
que é que eles consistem?

Desde o processo de candidatura a este
mundial de futsal que a organização sempre pretendeu que este evento deixasse
marcas na Universidade, na região, no país, mas também na FISU. Neste contexto,
surgiu a ideia de propor a realização de alguns projetos de legado que
abrangessem as mais diversas áreas, desde a desportiva até à solidariedade
social.

Este é um projeto ambicioso que se desdobra em
15 subprojectos que têm vindo a ser empreendidos ao longo de todo este processo
e que se pretende tenha continuidade para além do evento, nomeadamente a sua
integração em futuras iniciativas do Desporto Universitário organizadas pela
FISU.

A assinatura de um protocolo de cooperação
entre a Associação de Futebol de Braga e a Universidade do Minho, para a
realização de uma ação de formação em arbitragem para os mais jovens, a
realização de um curso de arbitragem com a chancela da Federação Portuguesa de
Futebol, a concepção e criação de um processo de acreditação de participantes em
eventos que não necessita da utilização de papel (totalmente eletrónico), a
realização de um jogo de “estrelas” que culminará com a entrega de um donativo
à APPACDM, constituem exemplos de projetos de legado transversais pensados no
âmbito do Mundial de futsal UMinho2012.

Como Presidente do Comité Organizador (CO),
quais são as tuas expectativas para este Mundial?

Enquanto Presidente do CO e de grande
admirador da modalidade estou confiante no sucesso organizativo e competitivo
deste Mundial. Sinto que existe um grande entusiasmo e empenho entre todos os
que há já muitos meses trabalham neste projecto. E que já anseiam pelo seu
início. Tenho a certeza que iremos assistir a grandes espetáculos de futsal. Porque
a qualidade dos participantes é inegável.

Quais são, basicamente, as tuas
responsabilidades e funções enquanto Presidente do CO? 
Após dois mandatos à frente da AAUMinho,
achas que tens a tarefa mais facilitada graças ao que aprendeste nessa jornada?

Um Presidente de um CO é essencialmente um coordenador
geral de todas as atividades associadas à organização e gestão de um qualquer
evento. Para além desta responsabilidade última, acumulo funções nas áreas do
marketing e naturalmente das relações Institucionais. Ser-se Presidente da AAUM
significa principalmente saber gerir recursos -materiais e humanos. Competência
que julgo ter adquirido e que agora me tem guiado na Presidência do CO deste
Mundial. O facto de ter tido oportunidade de trabalhar nessa ocasião com a
maioria das pessoas que integram o presente CO tem também facilitado o trabalho
do Comité.
 

Evidentemente que cada evento, (modalidade
neste caso) tem especificidades muito próprias. O facto de acompanhar a
modalidade na Universidade e de conhecer o seu modus operandi tem sido igualmente importante. Estamos preparados e
confiantes.   

Em 2014 a UMinho vai voltar a organizar mais
um Mundial Universitário, desta feita o de Andebol. Podes-nos adiantar alguma
coisa relativamente a este evento?

Certamente que será mais um grande momento
para a afirmação do desporto universitário em Portugal e na UMinho em
particular. O trabalho já começou a ser desenvolvido pela Federação Académica
de Desporto Universitário que proporcionou a deslocação da Seleção Nacional
Universitária ao Mundial no Brasil no passado mês de Junho onde se sagrou
vice-campeã mundial.


Como é que decorreu o processo de inscrição
das equipas/atletas nos Mundiais?

Tendo por base o projeto de legado de
realização do processo de acreditação das equipas ?sem papel? e com o suporte
da nova plataforma de inscrição da FISU, o processo de acreditação foi
efectivado pelas Federações Nacionais Universitárias que realizaram todos os
procedimentos online, quer de intenção e posterior formalização da inscrição,
quer de identificação e inscrição dos participantes.

A inscrição para o Mundial de Futsal terminou
a 18 de Maio, dia que antecedeu o sorteio do evento, enquanto a inscrição para
o Mundial de Xadrez, por se tratar de um evento individual, terminou no passado
dia 18 de Julho.

Quantos atletas/países é que vão estar em
prova, respetivamente, em cada mundial?

O Mundial Universitário de Futsal contará com
a presença de 21 equipas oriundas de 16 países, correspondendo a mais de 400
participantes. 
O Mundial Universitário de Xadrez contará com
a presença de 18 países e aproximadamente 100 participantes.

No futsal feminino apenas vão participar apenas
cinco países. O que julgas ser a causa de um número tão reduzido de
participantes?

O Futsal feminino está em desenvolvimento em
todos os continentes. No entanto, e porque são poucos os países que possuem ligas
nacionais, o que significa que não existem seleções nacionais absolutas, o
desporto universitário acaba por ser o reflexo desta situação. Contudo, as
seleções presentes vêm de países onde o futsal feminino é muito forte e onde
estão as melhores praticantes mundiais.

Esta prova, na tua opinião, pode potenciar a
modalidade na vertente feminina? De que forma?

Claro, porque será uma promoção fantástica no
sentido em que estes eventos constituem uma montra do que de melhor existe na
prática das modalidades e nas vertentes em causa. Mesmo para o nosso país que
está a crescer na vertente feminina. A divulgação de uma vertente que pouco se
conhece e com este nível competitivo será uma motivação acrescida para muitas
jovens que queiram começar a praticar Futsal.

Em 2008 o Mundial Universitário de Badmínton
foi considerado um sucesso, tendo sido referenciado pela FISU como uma
organização exemplar. A fasquia em termos organizativos nestes Mundiais vai
subir?

Depois das várias organizações desportivas
promovidas pela AAUM e UM desde 1998, com o Mundial de Futsal, o Europeu de
Voleibol em 2004, o Europeu de Basquetebol em 2006, o Mundial de Badminton em
2008 e os Europeus de Taekwondo em 2009 e 2011, a fasquia tem que estar
naturalmente elevada. Representa uma responsabilidade e exigência acrescidas a
organização destes dois Mundiais em simultâneo, mas acreditamos que vamos
elevá-la ainda mais.

Vamos ter controlo anti-dopping? Até no
Xadrez?

Sim, até no Xadrez. Os regulamentos assim o
impõem.

Como é que está o processo de recrutamento de
voluntários?

Tem decorrido de forma bastante satisfatória.
Sabíamos que teríamos que antecipar este processo de recrutamento, uma vez que
os Mundiais decorrerão em período de férias escolares, e para nós sempre foi
uma prioridade constituir a base desta equipa de voluntários com estudantes da
Universidade do Minho. A nossa expetativa é chegar aos eventos com cerca de 150
voluntários, preferencialmente constituídos por alunos dos cursos de Línguas da
UMinho e que, como tal, terão uma maior facilidade de comunicação com os vários
países participantes, mas também com alguns elementos de outras Universidades
que contam com alguma experiência acumulada neste tipo de organizações.

Quais são as áreas em que há mais
necessidades?

São várias as áreas de recrutamento. Na parte
técnica, apoio às instalações, guias de equipa, acolhimento, comunicação, etc.
O histórico destes eventos tem revelado que a comunidade dos estudantes da
UMinho responde sempre de forma muito positiva, sendo a AAUM um interface
indispensável nesta comunicação e recrutamento. Depois são efetuadas sessões de
formação para todos os grupos. Este ano será ainda mais fácil uma vez que
existe um apoio da Capital Europeia da Juventude no recrutamento e
disponibilização de uma bolsa de voluntários já com uma preparação e
conhecimento adequados para estas iniciativas.

Muita gente afirma que os guias das equipas
são peças fundamentais para o sucesso destes eventos. Eles são assim tão
importantes?

Sem dúvida. Os guias das equipas são a
interface privilegiada entre a organização e as equipas. Deste modo, traduzem e
transpõem os objectivos da organização, contribuem para o desempenho
organizativo do evento, difundem a cultura e os hábitos locais, e ajudam a
construir a imagem que perdurará na memória dos participantes.


Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Ago/2012)

 

 

 

 

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