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“O principal desafio está em continuar a melhorar mantendo-se no grupo das melhores.”


 

Qual a sua formação e trajeto académico?

Licenciei-me
em Economia, na Faculdade de Economia na Universidade do Porto em 1995. Um ano
depois fui contratada como assistente estagiária pelo Departamento de Economia
da UMinho. Fiz, aqui na UMinho, o Mestrado em Política Económica. Em 2006
doutorei-me em Economia pelo Tinbergen Institute/Vrije Universiteit Amsterdam,
na Holanda, sendo, desde essa altura, professora auxiliar. 

 

Como caracteriza a sua função de diretora de
curso?

A
licenciatura em Economia completa no final deste ano letivo 20 anos de funcionamento.
Ao longo destes anos foram dados importantes passos em termos de funcionamento
e organização dos trabalhos ao longo do ano letivo. Algumas das nossas
iniciativas têm inclusive servido de exemplo para outros cursos da escola e,
por isso, algumas tarefas de planeamento e organização são já coordenados pelo
Conselho Pedagógico da EEG. Isto torna possível libertar algum tempo para
refletir sobre o curso e fazer algumas propostas de melhoria.

Ainda
assim, sinto que há uma componente burocrática e outra de contacto com os
estudantes associadas à função do diretor de curso e que me obrigaram a
organizar o tempo de trabalho de forma diferente. Não é necessariamente a
quantidade de solicitações, mas mais o facto de nos aparecerem de forma
contínua, sem interrupção ao longo de todo o ano letivo.

 

O que a motivou a aceitar “comandar” este
curso?

Pareceu-me
natural aceitar. Quando cheguei à UMinho, em outubro de 2006, vim lecionar aos
alunos do 2º ano da Licenciatura em Economia, precisamente a primeira geração
de alunos do curso. Tenho sido regularmente professora do curso desde então,
tenho acompanhado de perto a sua evolução, a sua história. Para além disso, era
já membro da equipa que anteriormente dirigia a licenciatura.

 

As experiencias anteriores têm-na ajudado no
cumprimento da sua função de diretora de curso?

O facto
de ter estudado noutras escolas, mas sobretudo, o facto de ter feito uma parte
importante do meu percurso de formação académica fora de Portugal, tem impacto
na forma como penso na formação que um licenciado em Economia e tem tradução na
forma como dirijo o curso. E, claro, ter pertencido à comissão diretiva
anterior, deu-me um conhecimento de partida muito importante.

 

Quais são as maiores dificuldades no
cumprimento da sua função?

Como de
certo modo já disse, a maior dificuldade que encontrei foi a gestão do meu
tempo. A necessidade de dar resposta às solicitações burocráticas e de contacto
com os estudantes do curso em tempo útil, ao longo de todo o ano letivo sem
interrupção, obrigou-me a organizar os tempos dedicados ao ensino e à investigação
de forma diferente do que fazia anteriormente.

 

No seu entender, porque é que um futuro
universitário deve concorrer à Licenciatura em Economia?

As
sociedades são continuamente confrontadas com a necessidade de tirar o melhor
partido possível de um conjunto de recursos que são escassos. As necessidades
dos indivíduos são infinitas e os recursos limitados, o que obriga a que se
façam escolhas. Na verdade, todas as decisões económicas implicam que se
escolha entre alternativas concorrentes e a opção por uma dada alternativa
impõe a perda dos benefícios associados às alternativas sacrificadas, o chamado
custo de oportunidade. Escassez, escolha e custo de oportunidade são assim três
ideias centrais da Economia.

O curso
de Economia da UMinho foi pensado para dotar os estudantes de uma formação
sólida em teoria Económica (Microeconomia e Macroeconomia) e Métodos
Quantitativos. No último ano da formação, os estudantes podem diferenciar e
ajustar o seu plano de estudos individual aos seus objetivos e preferências,
através da escolha de oito unidades curriculares de opção, de uma vasta
carteira da qual fazem parte não apenas unidades curriculares de Economia, mas
também das restantes áreas científicas da EEG. Nas unidades curriculares da
área de Economia os estudantes são expostos a diversas áreas da Economia
Aplicada, procurando uma forte aproximação à realidade económica, beneficiando
do contacto com docentes que são investigadores ativos e reconhecidos em cada
uma das áreas.

 

Quais são na sua opinião os pontos fortes
deste curso? E os pontos fracos?

O corpo
docente qualificado do curso de Economia da UMinho é sem dúvida um ponto forte
do curso. São na sua maioria docentes que obtiveram o seu doutoramento em
prestigiadas universidades estrangeiras e que estão ativos em termos de
investigação, o que permite um elevado suporte da investigação ao ensino. São
também docentes com uma relação muito próxima com os estudantes. O processo de
ensino-aprendizagem é ainda facilitado pelo facto dos nossos estudantes terem
boas classificações de acesso.

Apesar
disso, o curso deve proporcionar mais oportunidades de desenvolvimento de
competências de comunicação oral, em geral, mas também numa língua estrangeira
como o inglês. Há já alguns passos dados relativamente à oferta de unidades
curriculares em inglês, mas há ainda trabalho a ser feito neste domínio.

 

O que caracteriza este curso da UMinho
relativamente aos cursos da Licenciatura em Economia de outras universidades?

Como já
referi, ao mesmo tempo que dá aos estudantes uma formação básica sólida, a
Licenciatura em Economia da UMinho dá aos estudantes muita flexibilidade para
ajustarem o plano de estudos aos seus interesses e objetivos de formação
permitindo-lhes um último ano quase totalmente composto por unidades
curriculares de opção.

O
inglês é cada vez mais reconhecido como um instrumento de trabalho importante.
Os nossos alunos fazem um teste de aferição de conhecimentos de inglês quando
cá chegam e sempre que o nível de proficiência não é o mínimo considerado
necessário é-lhes oferecido um curso de inglês. Esta foi uma das práticas
iniciadas pela licenciatura em Economia, que neste momento já se estendeu a
todas as licenciaturas da EEG. A Escola oferece ainda uma panóplia de
atividades que se destinam ao desenvolvimento de competências transversais,
inseridas no programa EEG Generating Skills, de que os alunos de Economia têm
vindo a beneficiar.

 

Existem hoje em dia excesso de profissionais
em determinadas áreas. O que podem esperar os alunos da Licenciatura em
Economia quanto ao mercado de trabalho?

Não
podemos negar o impacto negativo que a crise que vivemos tem tido na
empregabilidade dos diplomados do ensino superior, não constituindo a nossa
licenciatura em Economia uma exceção. Ainda assim, a maior parte dos nossos
diplomados tem conseguido emprego com facilidade, num mercado de trabalho cada
vez mais competitivo e onde cada um tem de encontrar uma forma de se
diferenciar.

 

Quais são os maiores desafios de um
recém-licenciado em Economia?

Os
licenciados em Economia, como aliás todos os recém-licenciados, vão
necessariamente enfrentar um mercado de trabalho muito competitivo, como disse,
para o qual devem preparar-se desde o início da sua formação.

 

Quais são as prioridades para o curso nos
próximos tempos?

Neste
momento, uma das prioridades estabelecidas para o curso é a consolidação da
oferta de unidades curriculares em inglês. O ensino em língua inglesa favorece
os nossos alunos por duas vias. Por um lado, prepara-os melhor para um mercado
de trabalho que hoje é global. Por outro lado, favorece a internacionalização
do curso que assim pode ser frequentado por mais alunos estrangeiros, com todos
os benefícios em termos de interação e de partilha de experiências e culturas
que daí advêm.

 

Quais os principais desafios desta
licenciatura?

A
Licenciatura em Economia da UMinho conseguiu ao longo destes 20 anos de
história afirmar-se no contexto nacional como uma das melhores formações do
país na área de Economia. O principal desafio está em continuar a melhorar mantendo-se
no grupo das melhores. 


Texto: Ana Coimbra

Fotografia: Nuno Gonçalves

(Pub. Jun/2015)

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