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“Sinto que este desafio me fez crescer muito como pessoa e como profissional.”


Quem é Filipa
Godinho?

É
uma jovem estudante, que teve a oportunidade de liderar um grande projeto à
frente do desporto universitário português. Hoje, tenho a certeza que sou uma
pessoa com mais valências, mais conhecimento, mais capacidade de trabalho. Sinto
que este desafio me fez crescer muito como pessoa e como profissional. 
Neste
momento é uma pessoa com o desejo de que possa ter mais oportunidades de se desafiar
e desafiar as suas capacidades.

O que te levou a
assumir a presidência da FADU?

A
experiência que tinha adquirido no mandato anterior foi sem dúvida o que me deu
segurança para agarrar o desafio. Para além disso, o “amor à camisola”,
torna-se essencial para olhar para o desporto universitário com a ambição de querer
mais e de nos dedicarmos diariamente. Claro que, também o apoio daqueles que
nos rodeiam, se torna essencial para ganhar forças para a tarefa.

O que significa para ti ser
presidente da FADU?

Significa
pensar diferente, significa estar constantemente a encontrar soluções e querer
elevar a causa para a qual estamos dedicados. Significa ter a confiança daqueles
que trabalham na nossa equipa e buscar muito pela ponderação e pela
convergência de objetivos. O Presidente acaba por ser o principal responsável
por fazer passar as mensagens que o universo do desporto universitário quer
passar e prestigiá-lo.

Que diferença notaste na tua
passagem de Vice-Presidente para Presidente?

São
papéis bastante diferentes, na posição de Vice-Presidente foquei-me sobretudo
na área para a qual estava responsável, como Presidente é preciso ver a FADU
como um todo e conseguir dedicar-me a todas as partes. Pensar a instituição
interna e externamente.

Quais foram as
grandes metas desta direção?

Sobretudo,
as metas foram aumentar o número de estudantes-atletas no ensino superior,
tornar o desporto universitário mais atrativo e com um acesso mais fácil. Esse
é um trabalho que tem vindo a ser feito com as várias Instituições de Ensino
Superior (IES) e com as Associações Académicas e de Estudantes e Estruturas
Estudantis (AAEE). 
O
estatuto estudante-atleta foi desde início uma prioridade para esta direção.
Tentar encontrar soluções para que cada vez mais IES sejam sensíveis à
existência de enquadramento regulamentar para os estudantes que passam grande
parte do seu tempo dedicados, não apenas ao estudo, mas também a uma prática
desportiva. É importante não esquecer que também neste papel o estudante adquire
valências que completam e complementam a sua formação como individuo e
profissional, afinal é uma das grandes tarefas da passagem pelo ensino superior,
criar cidadãos ativos.

Após quase dois anos à frente dos
destinos da FADU, que balanço fazes desta experiencia?

Para
mim pessoalmente, posso dizer que ainda bem que agarrei esta oportunidade e que
a estou a aproveitar da melhor forma. Para o desporto universitário e para a
FADU, penso que estou a ajudar a que esta grande estrutura possa continuar a
crescer e a ganhar cada vez mais o seu espaço. Acredito que contribuí para o
seu crescimento e deixo muitos mais desafios em cima da mesa para serem
continuados, um legado de crescimento e melhoria.

As tuas expectativas têm sido
correspondidas?

Penso
que é sempre difícil corresponder totalmente a todas as expetativas.
Idealizamos as coisas de uma forma e ao longo do “percurso” percebemos que
temos de fazer vários “desvios” para chegar ao “destino”final que poderá nessa
altura já nem ser o mesmo. Por isso, posso dizer que de uma ou outra maneira
tenho conseguido alcançar algumas das minhas expectativas. Podem ficar algumas
por cumprir porque, apesar de inicialmente parecer que dois anos de mandato é
muito tempo, a verdade é que passa tão rápido que parece que não dá tempo para
fazer tudo, mas ainda assim posso dizer que em equipa conseguimos chegar a bom
porto.


Quais foram as
grandes mudanças/alterações implementadas na FADU durante a tua direção?

Não
sou da opinião que grandes mudanças sejam benéficas para as estruturas e por
isso não sou da opinião que tenham havido grandes mudanças, até porque os
tempos passam e os desafios vão sendo diferentes, logo, podem haver adaptações
quando as tarefas também são diferentes. A nível nacional temos sido mais
exigentes com as organizações, que é imprescindível para que queiramos
credibilizar a participação e a competição. Temos, deste modo, trabalhado com
as federações das modalidades no sentido de articular pequenas coisas que podem
ser fundamentais no sucesso destas modalidades, pelo know-how que nos podem transmitir, tornando as adaptações mais
eficazes quando existe esta sinergia. A procura de novas soluções e tendências
é também essencial para motivar mais pessoas a envolverem-se no desporto
universitário e temos procurado isso. A nível internacional penso que estamos a “viver”muitos bons momentos. Tanto a FADU como os seus clubes têm tido um
enorme sucesso a nível internacional, tanto na participação como na organização,
neste campo penso mesmo que temos também conseguido participações
internacionais bem enquadradas. Nos tempos que correm fazer isto tudo só tem
impacto se for bem comunicado e também nessa área temos tentado crescer com
suportes que tornem a informação mais fluida e mais atrativa.

Com este mandato a terminar em outubro,
pensas continuar ou o ciclo Filipa Godinho na
FADU termina no fim deste mandato?

Acho
que a FADU é uma grande oportunidade para aqueles que têm a ousadia de a
agarrar, parece-me que esta experiência deve ser vivida por um maior número de
estudantes possível e só quem passa por ela, percebe como é viver esta
experiência, acho que por isso está na hora de dar lugar a outros estudantes
que possam continuar este trabalho.

Quando deixares a FADU, quais serão
as maiores aprendizagens que levas na bagagem?

Certamente
sairá alguém mais completa, mais confiante e mais capaz. Aprendi muito ao longo
da minha passagem pela FADU, com as direções, com os elementos da FADU, mas
também com todo o universo FADU. É, sem dúvida, o período da minha vida que
mais me formou, abriu os horizontes e que me deu a oportunidade de saber o que
é gerir “uma casa” com um quarto de século de vida. Tenho a certeza que num
percurso normal de estudante e posteriormente profissional, seria impossível
ter uma experiência destas tão cedo. Sei o que é liderar uma equipa, mas ao
mesmo tempo saber trabalhar em equipa. São oportunidades únicas e eu sinto que
soube aproveitá-la.

Como gostarias de ser lembrada
enquanto presidente da FADU?

Tenho
a sorte de comemorar no meu mandato os 25 anos da FADU e penso que esta é uma
marca importante para a estrutura pela qual serei lembrada. Nesta comemoração
acabamos por recordar todos os que por aqui passaram, presidentes, membros dos
órgãos sociais e pessoas que mesmo sem passarem na FADU, com o seu papel,
contribuíram à sua maneira para que a FADU seja aquilo que é hoje, sinto que no
fundo somos uma família e gostaria de ser recordada assim mesmo, que fiz parte
desta família e que tive a capacidade de também contribuir para a engradecer.

Quais devem ser para ti as grandes
opções da FADU para os próximos anos?

Sem
dúvida que estamos num momento em que é necessário crescer e alargar horizontes,
é preciso encontrar novas soluções para envolver cada vez mais estudantes nas
várias possibilidades que o desporto pode proporcionar. Num momento em que
falamos frequentemente da saúde e dos hábitos de vida saudável, infelizmente
falamos também das taxas de obesidade infantil e nos jovens, a crescerem muito
rapidamente. Temos de conseguir dar resposta e estimular os estudantes a
praticarem algum tipo de atividade física. Apesar do estatuto estudante-atleta
ter vindo a dar grandes passos, falta a parte da sensibilização, mostrando aos
professores universitários as vantagens do desporto ao contrário da ideia que
possa estar criada de que o desporto não deve retirar as atenções do estudo. A
verdade é que é um complemento que pode ser muito importante para a formação do
estudante e deve ser encarado dessa forma. Se queremos dar acesso a mais
estudantes temos de lhes dar as condições para conciliarem ambas as tarefas, de
estudar e de praticar algum desporto ou qualquer outra atividade que o
complete. Claro que os níveis de envolvimento são diferentes e também isso deve
ser refletido e adaptado, mas é possível e com boa vontade chegaremos
certamente longe.

No teu entender o
desporto universitário já tem a visibilidade e o reconhecimento pretendido?

No
meu entender pode ter mais visibilidade e mais reconhecimento quando
conseguirmos equilibrar as desigualdades entre IES de todo o país e quando o
sistema desportivo em geral perceber os benefícios de trabalhar lado a lado com
o desporto universitário e com o desporto escolar. Hoje em dia, a formação
académica de qualquer atleta é essencial e tem de haver um trabalho conjunto
entre as federações das modalidades desportivas e o ensino para que a prática
desportiva, que exige muitas horas de treino e competição, seja compatível com
os estudos. No final da carreira desportiva de um atleta ele terá de entrar no
mercado de trabalho e com a exigência profissional dos dias de hoje, isso só é
possível com formação superior. Já várias federações perceberam e têm vindo a
enquadrar os seus atletas e dar-lhes apoio neste campo, mas ainda há um grande caminho
a percorrer.


As Universíadas são
sempre um dos momentos em que mais se fala da FADU nos media, mas também é um
dos momentos, sobretudo na preparação, que costuma ser mais complicado para
vocês. Quais são as maiores dificuldades em termos organizativos e financeiros?

Para
uma federação que não trabalha numa lógica de seleções permanentes e que é
multidesportiva, o grande desafio é trabalhar com as federações de cada uma das
modalidades para a seleção dos estudantes-atletas e para a sua preparação. Para
além disso, habitualmente as datas são também coincidentes com épocas de exames
o que exige uma grande articulação com as IES para que os estudantes possam
repor este período mais tarde. Para além disso, é um enquadramento financeiro
fora do normal, com gastos bastante elevados e que têm de ser controlados ao
milímetro para que tudo corra dentro do normal.
Depois
de todo este trabalho institucional e burocrático, o importante é proporcionar
as melhores condições aos estudantes-atletas para que representem o país e o
desporto universitário português ao mais alto nível e apesar de continuar a ser
um grande desafio é o que dá mais gosto.

Em
que sentidos a crise económica tem afetado a atividades da FADU?

A
redução no financiamento de qualquer estrutura mexe sempre com o seu
funcionamento, visto que, temos um determinado valor enquadrado para os gastos
necessários e quando isto acontece temos de readapta-lo. No entanto, e com um
empenho forte de todos, procuramos novas soluções para que a qualidade dos
nossos eventos não fosse comprometida. Ainda assim sente-se que, num momento de
crescimento e com novas ideias e projetos a surgirem, por vezes temos de fazer
opções, visto que a falta de mais investimento condiciona essas opções.

Há algum patamar onde gostasses de
ver a FADU?

A
FADU e o desporto universitário têm de ser um grande alicerce e apoio ao
sistema desportivo. É um momento essencial de formação do indivíduo e uma fase
de transição do estudante e do atleta. Através do local onde esse indivíduo estuda
é possível oferecer-lhe soluções mais compatíveis com o dia-a-dia dele. Quando o
Ensino Superior estiver totalmente preparado para dar respostas a estas
necessidades e o sistema desportivo perceber que estas sinergias são um apoio
fundamental para o desenvolvimento do atleta e que permitem que ele tenha um
futuro para além da carreira desportiva, a FADU e o desporto universitário
terão o reconhecimento, que na minha opinião merecem.

Portugal venceu no ano passado o
Mundial Universitário de Andebol. O que significou para ti esta vitória
enquanto líder do desporto universitário em Portugal?

Apesar
de a prioridade da FADU ser a de envolver o maior número de estudantes na
prática da atividade física e do desporto, bem como criar as condições para que
isso seja possível, como sabemos as medalhas são muito importantes, são o
significado de um bom trabalho e envolvem mais pessoas à volta de uma vontade.
Penso que não só para todos os que tiveram envolvidos neste projeto e que viram
o seu esforço reconhecido, como também para muitos dos estudantes que gostam de
andebol ou que praticam, veem nestes acontecimentos uma maior motivação para
continuarem a fazer os possíveis para conciliar a carreira académica com a
desportiva. Sem dúvida que estes são exemplo do que é possível quando há
dedicação e empenho.

A FADU será
coorganizadora, juntamente com a AAUM e a UMinho do Europeu Universitário de
Andebol 2015 que decorrerá em agosto. Como está a preparação e o que esperas
deste?

Esta
é uma organização com uma vasta experiência, por todos os eventos
universitários que já têm vindo a ser organizados por estas entidades. Temos
sempre muito bons feedbacks das pessoas, tanto dentro como fora do país. Tenho
acompanhado a evolução da organização e tenho a certeza que uma vez mais vão “brilhar” e surpreender, pelo legado que têm nesta área, incluindo o Mundial
Universitário desta mesma modalidade há apenas um ano. O desporto universitário
português tem ganho muito com esta dedicação e qualidade que os clubes da FADU
colocam naquilo que fazem, só assim, em conjunto é que iremos conseguir
alcançar objetivos mais altos, isso tem sido visível e parece-me que temos
muito boas condições para assim continuar.

A UMinho em conjunto
com a AAUM foi eleita a melhor da Europa em desporto universitário em 2013. De
que forma viste este reconhecimento?

É
fruto desta dedicação e trabalho e de procurarem encontrar as melhores soluções
para os seus estudantes-atletas. Há um empenho grande na competição nacional e
posteriormente isso reflete-se nas participações europeias. Este tipo de
prémios que têm sido atribuídos são, na minha opinião importantes, porque se há
mérito e boas práticas, há que reconhecer.

A FADU já foi eleita por
duas vezes a Federação Europeia mais ativa no desporto universitário. Como
viste esta eleição, já que estiveste em ambas?

É
o resultado do trabalho que tem vindo a ser realizado, não só pela FADU, mas
também pelos seus clubes, colocando todos os esforços nas organizações que
recebemos e nas participações internacionais que se concretizam. Eu vejo como
um reconhecimento merecido e que só pode servir para querermos ambicionar mais
e fazer cada vez melhor.

Como estão os
preparativos para os EUSA Games de 2018 que se vão realizar em Coimbra?

Desde
o momento em que a candidatura é ganha até receber os Jogos o trabalho é
continuo, tem havido um contato regular da Comissão Organizadora local e da
FADU com a EUSA, para que se consiga realizar um evento à imagem daquilo que é
pretendido, ao mesmo tempo que se prepara a cidade para a dimensão do evento e,
parece-me, que o trabalho está bem encaminhado. Apesar do trabalho neste momento
ser sobretudo de “bastidores” e estrutural, estou certa de que mais próximo do
evento será necessário o envolvimento de todo o universo do desporto
universitário, dadas as dimensões do evento.

Que mensagem
gostarias de deixar aos universitários?

Para
aqueles que já contataram com o desporto universitário que o continuem a fazer
e que exijam cada vez mais de nós, para também nós podermos exigir mais de
vocês. Para aqueles que ainda não tiveram essa oportunidade, mas gostavam, há desafios
à vossa espera, independentemente da forma que for, como atleta, como
voluntário, como dirigente ou treinador. São todos muito bem-vindos!


Texto: Ana Coimbra

(Pub. Jul/2015)

 

 

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