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Enterro da Gata 2005 – E tudo a música levou…ao Gatódromo

 

Sábado,07

 

MESA

Era meia-noite e quinze quando os MESA subiram ao palco para dar um concerto consistente, que começou com ”Telechuva” tema que fará parte do próximo álbum, ”Vitamina”, a sair em Setembro. Mónica Ferraz contagiou com a sua energia, não houve tempos mortos e a música saiu com uma cadência electrizante.

 

Em entrevista depois do concerto, Mónica confidenciou que o próximo álbum será um pouco mais introspectivo que ”Esquecimento”. Que foi fantástico ler o eco das canções nos lábios do público de Braga. E que quando entra em palco cria como que uma curta-metragem objectiva, directa e irreverente. ”Sou uma rapariga de extremos, sou assim”!  

 

GNR

Foi uma boa noite para os GNR, a ”casa” estava cheia e o entusiasmo abundava. Reininho, que já não tem o vigor dos anos 90, foi profissional e não desiludiu, incorporando sobriamente as personagens que canta. Enfim, são uma máquina bem afinada estes GNR.

           

 

Domingo, 8

 

BOITEZULEIKA

Apesar da relativa pouca experiência em grandes palcos ao ar livre, os Boitezuleika preencheram bem o espaço e não se constiparam, não deixando no entanto de contagiar os presentes com a sua música feita de muita influência Bossa Nova.

 

 

REAMONN

O Gatódromo quase encheu para ”ouver” os Reamonn. O concerto foi repleto de interactividade, com um Garvey muito comunicativo com o público, que era maioritariamente feminino. O alinhamento teve como base o álbum ”Beautiful Sky” e ”Raise your hands” foi a frase comando que a audiência fez questão de cumprir.

 

No fim da actuação, ao contrário do esperado, não houve contacto com a imprensa. Cansaço ou vedetismo?

 

 

Segunda, 9

 

LULLA BYE

É verdade que os espectadores atraídos pela sua música, no início do concerto, não abundavam. E para ”juntar à festa”, a intempérie que se abateu sobre Braga levou a que só um nicho de resistentes assistisse à parte final do concerto.

 

De todos os modos é devido aos Lulla Bye algum reconhecimento pela infrutífera luta contra as condições climatéricas e pela fuga em palco à conotação pop que lhes é dada.

 

 

BANDA EVA

A Banda Eva, cujo nome vem da estrada onde o trio eléctrico da banda passava, a Estrada Velha do Aeroporto, tem origem no início dos anos noventa na Bahia. É um dos mais famosos grupos de música axé, com uma forte conotação dançante.

           

Terça, 10

 

DEALEMA

Boa prestação dos Dealema, que estiveram bastante interactivos com o público e continuamente incentivaram a participação deste no espectáculo.

 

Fuse, Mundo e companhia transportaram para um grande palco a actuação que já os vi dar em espaços fechados e mais pequenos. Sendo certo que tal alinhamento tem como objectivo estabelecer uma maior proximidade com o público é verdade também que não resulta inteiramente em espaços como o gatódromo.

           

 

DA WEASEL

Foi sem duvida o mais concorrido e explosivo concerto deste Enterro. Pac e Virgul são os pilotos desta máquina bem afinada que entra velozmente no ouvido, provoca arrepios nas ”lentas” e emoções descontroladas nos temas mais rock.

 

O concerto decorreu como era esperado e para encanto de um recinto a rebentar pelas costuras. Os Da Weasel executaram um alinhamento muito bem estruturado que levou a audiência ao rubro.

 

Nos ”tempos mortos” entre temas exploraram sonoridades desde o Reggae à Bob Marley (I hope you like Da Weasel too) até ao Rock psicadélico dos White Stripes, suscitando sempre a colaboração do público, fazendo assim do espectáculo um acto contínuo, do qual não se desprende a atenção.

 

Após o concerto, Virgul confidenciou que gostou do público, que não existe nenhum trabalho novo na calha e que regressarão brevemente à zona de Braga, provavelmente em princípios de Agosto.

 

Quinta, 12

 

RED BEATING TOYS

Foi a banda que abriu o palco na última noite do Enterro da Gata. Para desilusão dos elementos desta, a chuva fez questão de estar presente. Contudo apesar do dilúvio conseguiram cativar com o seu rock fluido cerca de cento e cinquenta entusiastas.

 

PLAZA

Nascem em pleno processo criativo dos ex”Turbo Junkie”, os irmãos Praça, que inicialmente não concordam muito com o rumo definido por Quico Serrano. Chegam à conclusão que já não são ”Junkies” e chamam PLAZA ao novo grupo, na realidade os Plaza nada se assemelham aos Turbo Junkie.

 

Escolhem ”Meeting Point” para nome do primeiro trabalho, onde se podem encontrar influências ”retro” do pop dos 70 e 80 envoltas em roupagens Drum&Bass e por vezes house. Electro pop de aplicação directa nas discotecas, psicadélico. É um trabalho muito ecléctico, com sabor a muitos ingredientes, que sendo consumido rapidamente corre o risco de ser mal digerido.

 

 

THE GIFT

Aparecem em 1994 como projecto paralelo dos Dead Souls. Depressa se dá o salto de um projecto para o outro na ânsia de experimentar outras sonoridades. Já com a carruagem em andamento surge Sónia Tavares, que de forma tímida se foi impondo. Alguns concertos acontecem, até que em Maio de noventa e sete nasce ”Digital Atmosphere”, sem edição comercial, com o intuito de se mostrarem aos média e às editoras, o que acaba por não acontecer, pelo menos como esperavam.

 

Em Novembro de 1998 dão à luz o filho tão desejado ”Vinyl” e finalmente alcançam o reconhecimento tantas vezes esguio e fugidio. Depois surge ”Film”, álbum que denota uma crescente maturidade e onde Sónia explana com carisma e sensatez a sua avassaladora voz.

 

”AM-FM”, o último álbum, transporta uma boa dose de intensidade romântica, sendo a voz de Sónia uma vez mais o elemento central na tela sonora, electrónica e sofisticadamente composta por John e Nuno Gonçalves.

 

Recinto quase cheio numa noite muito chuvosa, o que prova que os Gift são uma banda consolidada da nossa praça. Foi um concerto intenso, onde Sónia numa postura muito ”na boa”, por vezes cruamente romântica, comunicou com o público fazendo reflectir o seu entusiasmo na participação deste.

 


Comentário aos Concertos / Entrevistas

Por Vasco Enes Domingues

 

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