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Entrevista a Engª. Maria Helena Campos








 

Qual a função da Engª. Maria Helena Campos na unidade orgânica dos ST?

Directora de Serviços

 

Em que consiste essa função?

Nos termos da definição constante no regulamento orgânico dos Serviços Técnicos, aprovado pela Resolução SU-74/2003, do Senado  Universitário, compete ao Director de Serviços assegurar o funcionamento e a dinamização dos ST e o cumprimento dos planos e orientações traçadas pelos órgãos competentes da Universidade.

 

Compete, em especial, ao Director de Serviços:

 

a) dirigir as actividades dos ST, definindo os objectivos de actuação de acordo com a política geral da Universidade;

b) elaborar os planos de actividades e o projecto de orçamento anual dos ST;

c) controlar o cumprimento dos planos de actividades, os resultados obtidos e a eficiência dos serviços dependentes;

d) assegurar e dirigir a elaboração do relatório de actividades e de contas anuais, a submeter à apreciação do Reitor;

e) assegurar a administração e a gestão dos recursos humanos e materiais afectos aos ST, promovendo o melhor aproveitamento e desenvolvimento dos mesmos, tendo em conta os objectivos e as actividades dos ST;

f) promover, em articulação com a Direcção de Recursos Humanos da Universidade, a formação e a actualização profissional dos funcionários que integram os ST;

g) assegurar e supervisionar as actividades, os procedimentos técnicos e operacionais das divisões de serviço e das secções administrativas, tendo em atenção o cumprimento dos objectivos de actuação definidos;

h) assegurar a coordenação e articulação entre as actividades dos ST e as restantes unidades orgânicas da Universidade.

 

Há quanto tempo está à frente desta unidade?

Estou nos Serviços Técnicos, como Directora de Serviços, desde 17 de Janeiro de 2003.

 

O que mais a motiva nesta função?

Tenho uma formação académica na área da engenharia civil e conclui entretanto o mestrado, com a apresentação de tese sobre a construtibilidade em projectos de edifícios do ensino superior, sendo os aspectos da gestão dos projectos de construção um tema a que dou muito interesse e no âmbito do qual estou também a preparar tese de doutoramento. As funções desenvolvidas numa unidade como os Serviços Técnicos são interessantes para o entendimento, e o conhecimento prático de como se desenvolve, ao nível do ensino superior, a gestão dos projectos de construção ao longo de todo o ciclo de vida destes. O mais frequente é que os técnicos desta área conheçam com detalhe os procedimentos numa determinada fase do ciclo de vida dos projectos, seja ela o planeamento, a construção ou outra. O trabalho que se desenvolve nos Serviços Técnicos permite conhecer a grande maioria dos procedimentos ao longo de todo o ciclo de vida dos projectos, desde o planeamento até à demolição, caso ela exista, o que não é muito frequente em Portugal, mas pelo menos, até à fase de utilização e durante esta.

 






 

Como poderá definir os ST e qual o seu papel na Universidade?

A definição constante no regulamento orgânico dos Serviços Técnicos, refere que os ST exercem as suas competências nos domínios do planeamento e gestão dos projectos de construção da Universidade, bem como na manutenção, conservação, reabilitação e requalificação dos edifícios, equipamentos e espaços exteriores da Universidade. Cabe ainda aos Serviços Técnicos a gestão dos espaços pedagógicos da Universidade, no âmbito da sua utilização normal e também da sua cedência para eventos, nos termos do Despacho RT-55/2003, para além de outras competências em matéria de gestão dos autocarros da Universidade.

 

Esta é a definição. O papel de uma unidade deste tipo numa Universidade, penso que deve ser o de apoiar a Reitoria na definição e implementação das melhores e mais eficientes estratégias para o planeamento e a utilização das suas infra-estruturas e das suas instalações.

 

Quais têm sido as principais intervenções dos ST na UM e em que áreas?

Os Serviços Técnicos tiveram e continuam a ter uma área de intervenção dominante e altamente consumidora dos recursos humanos do serviço, na área do planeamento e da construção dos novos projectos. Nesta área os serviços asseguram a grande maioria de todos os procedimentos que decorrem entre o momento em que se decide a necessidade de um novo edifício e o momento em que este entra em funcionamento. Actualmente estão em curso duas empreitadas, com contratos da ordem dos 17 milhões de euros, e ao mesmo tempo temos dois edifícios, um em funcionamento há menos de um ano e outro que irá abrir ao público a curto prazo.

 

Penso que as tarefas que temos prestado com maior relevância para a Universidade se relacionam com este trabalho. Que aliás tem sido assegurado desde os primórdios da Instituição, em grande parte pelos actuais colaboradores dos Serviços Técnicos, que antes faziam parte do Gabinete das Instalações Definitivas.

 

Sabemos que foi feito um estudo sobre os encargos com a exploração dos edifícios da UM ? Boas Práticas para a melhoria da eficiência da gestão. Qual foi o objectivo e o porquê deste estudo?

Este estudo surge num determinado momento também porque as limitações orçamentais vieram criar caminho para o seu entendimento.

 

Este trabalho tem um carácter preliminar mas em todo o caso resume algumas das nossas principais preocupações. Voltando um pouco atrás, as funções que desenvolvemos nos Serviços Técnicos permitem abarcar um leque de questões, associadas aos edifícios e à sua utilização, muito diverso e sobre cada uma delas conhecer o seu comportamento em vários momentos. Nós conhecemos como foi pensar um novo edifício, o que foi projectá-lo, construí-lo e usá-lo. No final, quando assistimos ao uso, ou se quiser, à utilização de um edifício ou de uma instalação, podemos avaliar até que ponto o investimento feito está adequado para a função/utilização desenvolvida. Sempre que existem desarticulações elas normalmente representam um aumento dos encargos de exploração e de manutenção das instalações.

 

O objectivo do estudo é caminhar para uma proposta de regulamento de utilização dos edifícios da Universidade que possa salvaguardar estes aspectos, sem comprometer a função principal dos espaços da Universidade quer nos aspectos pedagógicos quer de investigação.

 

Quais foram as áreas estudadas?

Este estudo procura fazer uma abordagem do consumo dos principais recursos: água, electricidade e gás.

 

Quem foram os responsáveis pelo estudo e como foi posto em prática?

Não deveremos falar talvez em responsáveis. O estudo é o resultado de um trabalho desenvolvido em equipa, juntando as pessoas de cada especialidade e coordenando a análise de forma cruzada entre especialidades, para que a eficiência da gestão que se procura, não se faça numa especialidade à custa do aumento de encargos em outra especialidade.

 






 

Quais são as principais conclusões que se podem retirar deste?

Do ponto de vista dos ST, entendemos, e julgo que isso transparece do resumo que fizemos, que os consumos gerais destes recursos, isto é, os consumos associados aos espaços de utilização geral, não incluindo áreas departamentais como laboratórios de investigação ou pedagógicos, já estão de algum modo sujeitos a metodologias e meios de gestão que permitem assegurar alguma eficiência.

 

Identificaram-se metodologias de actuação de curto e médio prazo que permitem obter melhorias e no caso das propostas de médio prazo, actualizações tecnológicas com recurso a energias alternativas, para as quais os ST dispõem já de alguns estudos.

 

Outra das conclusões que julgo resultar deste trabalho é a da necessidade de organizar de forma mais eficaz o uso das instalações.

 

Qual a necessidade e o benefício de uma maior eficiência na gestão destes recursos?

O benefício evidente é a redução dos encargos anuais de exploração dos edifícios. Mas existem muitos outros benefícios que se associam ao conceito dos chamados edifícios verdes ou sustentáveis. São conceitos que se devem acolher principalmente na construção de novos edifícios, mas que também podem, dentro de certos limites, ser adoptados em edifícios já construídos com vantagens reconhecidas para a saúde dos seus ocupantes para o conforto destes e para a melhoria da produtividade.

 

Relativamente às actuais despesas com estes recursos, e caso as recomendações referidas neste estudo sejam postas em prática, poderá quantificar em média qual seria a poupança anual?

As medidas relacionadas com os conceitos que referi anteriormente são apontadas em diversos estudos como geradoras de ganhos muito significativos quer ao nível do consumo de energia eléctrica (que é neste momento a principal preocupação) quer ao nível dos outros consumos.

 

Penso que relativamente às medidas de curto prazo que considerámos no estudo, na sua maioria isentas de encargos ou com investimentos iniciais muito reduzidos, a poupança pode significar uma redução entre 5% e 10% no consumo de energia eléctrica. A continuação desta estratégia e, em particular, a adopção de um regulamento de utilização das instalações pode conduzir a ganhos superiores. Convém referir que toda esta actuação se limita aos espaços de utilização comum dos edifícios e aos espaços exteriores. Para além destes há todo o universo de outros espaços de gabinetes, espaços administrativos e laboratoriais, que não foram, até ao momento, envolvidos no estudo realizado, sobretudo nas questões relacionadas com os consumos específicos associados à utilização destes espaços.

 

Este tipo de estudo consiste apenas em recomendações no papel ou um grande passo para a acção?

Como referi o estudo inclui e caracteriza diversas propostas de actuação. As medidas de curto prazo, algumas já estão implementadas e no conjunto será possível concluir a sua implementação no primeiro trimestre de 2007.

O estudo tem no capítulo das conclusões um carácter muito pragmático e caracteriza detalhadamente as tarefas a executar e como devem ser cumpridas. Assim, não se trata de um documento teórico mas, pelo contrário, muito realista e concreto.

 

Para a Eng. Helena quais seriam as medidas mais urgentes a serem colocadas em prática?

Sobretudo todas as que possam corrigir as ineficiências apontadas ao funcionamento de alguns sistemas ou mesmo de alguns edifícios.

 

É importante monitorizar os consumos, de forma mais detalhada. Actualmente isto já é possível para alguns consumos mas é preciso garantir que seja para todos, procurando chegar a uma análise por edifício ou até por quadro eléctrico, no caso da energia eléctrica.

 

Esta informação é muito importante para avaliar o desempenho dos sistemas e propor metodologias de actuação que permitam corrigir os desvios e assegurar a melhoria contínua.

 

Texto: Ana Comibra


 

Fotografia: Nuno Gonçalves


 

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