Publicado em Deixe um comentário

“A cena do Ódio” de Almada Negreiros

Cabe agora a vez de José de Almada Negreiros (1893/1970) a oportunidade de ser dado a ouvir, através da(s) voze(s) dos trabalhadores da poesia.

 

A Cena do Ódio é o longo texto escolhido pelo Sindicato de Poesia, para dizer (para intervir, talvez seja mais correcto dizê-lo) neste momento preciso da vida portuguesa. Escrito a propósito de uma revolução que pretendia impor  uma ditadura militar (à qual o bracarense dr.Manuel Monteiro, então Presidente da Câmara dos Deputados, se opôs corajosamente), de que pouco ou quase nada a história fala (acontecida no distante ano de 1915) e durante os três dias e as três noites que durou essa revolução, é um Almada febril que, contaminado pela doença do ódio, o destila genialmente em tanta quantidade quanto pode, nas páginas que, noventa e um anos depois da sua redacção, o Sindicato de Poesia se propõe fazer reviver.

Que há de comum entre a realidade social de 1915 e a de 2007?

 

É por estes cotejos, olhando os cantos das nossas casas tantos anos volvidos, que percebemos melhor quem somos e o verdadeiro lugar que habitamos.

 

Sobre este poema maldito de Almada escreveu José Augusto Seabra, considerando-o “uma autêntica pedrada no charco da mediocricidade nacional (e nacionalista) pelo seu inconformismo libérrimo, vazado em versos acerados, com uma gama de registos que a tornam uma performance de linguagens, onde o dialogismo paródico atinge momentos de grande criatividade linguística. A arte como «estratagema» para a poesia”.

 

O recital baseado em “A Cena do Ódio” é dirigido por António Durães e tem como interpretes Ana Gabriela Macedo, Gaspar Machado, Inês Fontes, João Figueiredo, Manuela Martinez, Marta Catarino e Paulo Pereira.

 

O espectáculo tem o apoio da Delegação do Norte da Secretaria de Estado da Cultura e da Junta da Freguesia da Sé, onde já foi apresentado.

 

O poema “A cena do Ódio” dedicado a Álvaro de Campos destinava-se a ser publicado no nº 3  da revista “Orpheu”, que não saiu, dela restando apenas as provas tipográficas.

 

Veio depois a ser parcialmente publicado no nº 7 da revista “Contemporânea” em 1923, só surgindo impresso pela primeira vez na íntegra na terceira série das “Líricas portuguesas” organizada por Jorge de Sena e editada pela Portugália em 1958. Posteriormente voltou a aparecer no volume “Poesia” das obras completas de J. Almada de Negreiros, que a  Estampa editou em 1971, conforme a mostra bibliográfica que a Biblioteca Pública de Braga vai apresentar no local.

 

A Cena do Ódio será apresentada pelo Sindicato de Poesia no Salão Medieval (Largo do Paço, Braga) na próxima quinta-feira, dia 22 de Fevereiro, às 22 horas, com entrada livre.
    “

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *