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Licenciado em Gestão do Desporto no Instituto Superior da Maia – ISMAI, está ligado ao desporto há mais de 20 anos e à cerca de 11 anos ao desporto universitário em particular. Foi por diversas vezes Campeão Nacional Universitário, sendo que agora é o desafio da gestão que o chama para comandar os destinos da FADU.
O que te levou a assumir a presidência da FADU?
A FADU vinha a ser liderada à 3 anos pelo Carlos Santos, mas face a alguns problemas pessoais, este apresentou a sua demissão do cargo que ocupava. Perante as opções que se apresentavam, a Direcção optou por se reestruturar de modo a garantir a continuidade do trabalho evitando o espectro de eleições antecipadas e tudo que isso implicaria. A paragem da FADU, ainda que por um curto período, poderia limitar seriamente projectos que estão a ser conduzidos e cujo momento mais importante é o mês de Janeiro. Assim sendo, eu surgi como a escolha da Direcção para assumir os comandos.
Quais são para ti os maiores desafios deste teu mandato?
Sem dúvida o maior desafio vai ser a falta de tempo para poder fazer todas as alterações que penso serem necessárias na FADU. Mas nunca fui pessoa de virar a cara, muito menos a um bom desafio… [risos]
Tenho consciência que o factor financeiro vai ser determinante. Será por certo um desafio tentar preparar o futuro da FADU com a situação financeira actual. Espero é que estas dificuldades consigam fazer sair o melhor de nós todos para fazermos a Federação avançar.
Até quando estarás è frente deste organismo?
À partida será até final deste mandato, eventualmente até Dezembro case se rectifique o novo alinhamento dos mandatos aos anos civis. Depois disso, logo se vê.
Na tua opinião o que tem sido mal feito a nível organizativo, político e financeiro na FADU?
Como em tudo, muita coisa tem sido mal feita, ou melhor, tem sido menos bem feita. Contudo, eu ainda prefiro falar do que de bom tem sido conseguido como 5 campeonatos mundiais universitários, 4 campeonatos europeus universitários, 1 Fórum FISU, 1 Simpósio EUSA e continuidade da presença portuguesa nas Universíadas, isto tudo para não mencionar da competição nacional que nos últimos anos tem envolvido um interessante número de estudantes matriculados no Ensino Superior.
Mas não fujo à questão. Parece-me que tem existido algum distanciamento e marasmo em termos organizativos na FADU. Vejo a aproximação estreita e salutar às Associações Académicas, enquanto legítimas representantes dos estudantes, como um ponto-chave neste processo – é preciso saber que tipo de desporto querem os estudantes. Falta alguma inovação à FADU, não apenas em termos de quadro competitivo, mas acima de tudo no modo de funcionamento geral da estrutura e seus intervenientes. Penso que desta forma podemos inverter alguns males políticos e financeiros e definitivamente direccionar a FADU no caminho certo.
Quais deverão ser as linhas orientadores para que a FADU se torne um organismo mais credível?
Esse é um ponto crítico – a credibilidade. Apesar da FADU deter um estatuto excelente no exterior do país face à muito boa imagem que tem deixado nos eventos que tem organizado, bem como nas presenças das suas equipas e selecções em grandes palcos competitivos, continua a haver muito trabalho por fazer internamente.
Tem havido muito pouca visibilidade da FADU que gradualmente tem conduzido a um contínuo desinteresse e desacreditar dum estatuto que a Federação em tempos já deteve. Lamentavelmente isto tem resultado na perda de importantes patrocínios e apoios, bem como numa diminuição do campo de intervenção e na força de interpelação perante os diversos agentes desportivos. É necessária uma estratégia de intervenção urgente com vista à rápida inversão desta triste e preocupante realidade.
Achas que a FADU tem conseguido atingir os objectivos e actuar de acordo com o papel para que foi criada?
A FADU está a caminhar rapidamente para os 17 anos de existência. Claro que muito tem mudado no nosso país de modo que a envolvência actual é provavelmente em tudo diferente à existente quando a FADU nasceu. Creio que o percurso tem sido interessante e o papel de agente desportivo activo no seio do DES tem sido bem desempenhado. É claro que provavelmente poderíamos estar noutro patamar de desenvolvimento mas penso que a FADU tem actuado bem face às exigências. Ainda assim, terá que se adaptar a novas realidades e saber, por um lado, ser pró activa face ao meio que a rodeia e, por outro lado, saber guardar o seu espaço e continuar a trabalhar para a melhoria do DES.
A FADU já tem o seu espaço no desporto nacional ou ainda tem um longo caminho a percorrer?
A resposta é um duplo sim – já tem o seu espaço no desporto nacional mas também é verdade que ainda tem um longo caminho a percorrer. É uma questão de visão estratégica, algo que infelizmente tem estado afastado da FADU. É necessário haver reflexão sobre que futuro se quer, que caminho seguir e como se pretende seguir esse caminho.
Para mim pessoalmente, nunca podemos dar-nos por satisfeitos com o que temos, é sinal de duas coisas: ou falta de visão ou então que já estamos a mais no sistema, isto porque há sempre margem de progressão, sempre algo a melhorar…
O que tem sido mal feito a nível do desporto universitário para que este ainda não tenha a visibilidade e o reconhecimento pretendido?
A situação financeira da FADU parece-me ser a razão principal para a fraca visibilidade e reconhecimento. Sem querer pormenorizar como a FADU chegou ao ponto em que está, parece-me incontornável a presente necessidade de inverter rapidamente o curso das coisas. Tenho que destacar aqui publicamente o devido reconhecimento ao Tesoureiro André Costa (ISCAP) que tem desempenhado um papel fundamental na recuperação financeira actual e que visa o saldar das dívidas da FADU até final do mandato. Paralelamente, toda a Direcção nova está empenhada em desenvolver projectos de distintas áreas chave como por exemplo a imagem, a comunicação, o marketing, patrocínios ou as competições desportivas, visando desta forma dar uma nova vida à Federação e lançar bases sólidas para o futuro.
Qual é para ti o caminho a percorrer pelo desporto universitário a nível nacional e internacional?
Parece-me claro haver aqui dois grandes projectos: a nível nacional e também internacional. Primeiro, deve-se tentar cada vez mais abranger mais academias e estudantes e simultaneamente oferecer-lhes mais variedade e melhor qualidade no que toca aos serviços desportivos prestados. A nível internacional, creio que a FADU deve continuar o seu trajecto de país na linha da frente do DU no que concerne a organizações de eventos desportivos e às presenças e prestações das delegações portuguesas. Paralelamente, deve-se continuar a trabalhar a presença em órgãos e entidades nacionais e internacionais prestigiadas, devendo esta presença ser se possível aumentada de modo a colocar a FADU mais próxima das discussões e dos centros de decisão.
Que projectos tem para este tempo que vai estar à frente da FADU?
De um modo global são 4 as principais linhas de orientação: (1) a continuidade da recuperação financeira; (2) o projecto Universíadas; (3) a remodelação estatutária; e (4) a promoção de um momento de reflexão sobre o DES. Estes desafios tem todos uma importância significativa e em tudo semelhante à continuidade das competições dos Opens, TNUs, CNUs e Fases Finais da FADU.
Como presidente, qual é a tua grande pretensão?
Devo confessar que na FADU sempre sonhei muito alto, não termos pessoais mas institucionais. Acredito que, juntamente com os restantes colegas da Direcção e funcionários, aliado ao imprescindível apoio das Associações Académicas, vamos conseguir relançar a FADU no caminho que merece. Embora o tempo seja curto, penso ser possível deixar trabalho bem feito.
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves
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