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“A Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» é uma herança transformada do Grupo Folclórico de Professores de Braga, tendo procedido a uma mudança estatutária de modo a incluir todas as pessoas de bem. A nova identidade agora assumida «Os Sinos da Sé» buscou essa pia baptismal, para ser por si própria fundadora de um sentido de missão mais generoso, e de dever mais lúcido.
Distraindo-se e concentrando-se em torno das cantigas e das poesias populares e mais daquelas criações que caem no âmbito da «cultura popular tradicional», esta Associação gasta o seu tempo com esse tipo de criações culturais cujo fascínio se colou aos corpos e à alma por serem simples, depuradas, contaminadoras de tudo quanto sabemos e dizemos, enfim, por serem aquele caldo que nos sustentou a educação aldeã ou rural, até urbana, que a cidade não foi por isso mais dada a outros gostos ou dinâmicas, e que se mantém ainda como um dos fios ilustradores e reveladores da nossa história local e até nacional.
«Os Sinos da Sé» deram-se agora ao trabalho de gravar um CD, um conjunto de 12 temas, para mostrar à cidade o que têm andado a mobilizar culturalmente no jeito de fazer alguma festa com as manifestações musicais e poéticas desta sociedade actual de farturas cosmopolitas.
Os seus membros têm-se na conta de colectores e praticam uma etnografia de inclusão, ainda que a não estejam a saber levar tão longe quanto gostariam. Os temas agora postos em CD áudio se ouvirão para se verem:
· Cantares polifónicos de uso rural, ouvidos no campo, ainda provados na infância de alguns de nós, companheiros dos ofícios agrícolas daqueles que mantêm terras de cultivo e lidam diariamente com jornaleiros e lavradores;
· Corais polifónicos de compositores bracarenses, Joaquim Santos e António da Costa Gomes, com letras de José Machado e Castro Gil, criados para a procissão do São João de Braga;
· Cantigas de romaria e de arraial, dançáveis, contagiadoras, irónicas e picarescas, motivadas pela noite sanjoanina, pelo desejo;
· Um romance do São João, de criação inédita, letra e música, aquela do Aurélio de Oliveira, esta de José Machado, numa ousadia que há-de ficar como vivência e estudo de muita literatura oral;
· Uma cantiga narrativa da autoria de José Machado, quase a cair no fado, mas sem ainda se assumir como tal, sobre o tema do amor perdido e achado, que é motivo sempre suficiente para correr as capelas e os territórios do amor.”
José Machado – responsável pela direcção técnica e artística da Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» – Braga.
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