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Seminários CICS 2007/2008
ICS – UM
dia 17 de Janeiro, às 14.00 na sala de seminários, piso 0 do edifício do ICS.
TODOS SÃO BEM-VINDOS!
Resumo:
”Esta apresentação visa contribuir para o debate em torno das complexidades e heterogeneidades das intersecções estabelecidas entre a tecnologia, a medicina e os corpos individuais a partir da análise dos discursos de mulheres e homens envolvidos em técnicas de reprodução medicamente assistida em torno dos significados atribuídos às experiências de indução da ovulação.
Em termos sintéticos, pretende-se mostrar como as intervenções técnicas e médicas no âmbito dos protocolos de indução da ovulação são reconstruídas por referência às relações sociais existentes em três dimensões fundamentais: crença no progresso científico e tecnológico; eleição das mulheres como objecto preferencial das práticas da tecno-medicina; e relações sociais de género.
A resposta ”inadequada” ou ”fraca” (dos ovários) das mulheres à estimulação hormonal afigura-se como o principal factor de limitação da eficácia da medicina num contexto dominado pelas imagens sociais predominantemente positivas da medicina e da técnica. A possibilidade de visualizar, monitorizar e manipular os corpos medicalizados e os gâmetas femininos através das tecnologias médicas como quaisquer outros objectos materiais contribui quer para a reconfiguração do estatuto epistemológico dos objectos científicos, quer para o desenvolvimento de uma consciência aguda do corpo pela sua hiperobjectivação, mas um corpo que parece escapar ao controlo individual. Os limites e as fronteiras do corpo feminino tornam-se incertos, envolvidos por mandatos tecnológicos e culturais.
O acto ”técnico-científico” de administração subcutânea das injecções na mulher nos contextos quotidianos de utilização é simbolicamente traduzido e re-inventado como um ”acto de amor” em que a ”colaboração” e ”protecção” dos homens parecem ser fundamentais. As alterações que este procedimento pode implicar quer ao nível das rotinas quotidianas (sobretudo pela obrigatoriedade de cumprimento de horários), quer na forma e no funcionamento dos corpos das mulheres (cuja percepção pode ser visível por todos) são perspectivadas como uma consequência ”normal” das técnicas de reprodução medicamente assistida.
Mais, a assumpção cultural de que é dever ”natural” das mulheres submeterem-se a diversos tipos de intervenção biomédica no âmbito da maternidade reflecte-se na reprodução do clima de aceitação positiva da dor, da incerteza e do risco associados à estimulação hormonal.”
Nota biográfica:
Susana Silva é licenciada e mestre em Sociologia pela Universidade do Minho (1998 e 2001) e actualmente bolseira de doutoramento da FCT com o projecto ”Médicos, juristas e ‘leigos’: um estudo das representações sociais sobre a reprodução medicamente assistida?. É investigadora associada do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e membro associado do Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho. Desenvolve investigação na área dos estudos sociais da ciência, da tecnologia e do direito, privilegiando os respectivos campos de articulação com o género. Recebeu uma Menção Honrosa no Prémio Mulher Investigação 2001, com a dissertação de mestrado.
Para qualquer informação adicional ou manifestações de interesse em participar nos Seminários do CICS queiram, por favor, contactar Eugénia Rodrigues (eugenia@ics.uminho.pt)
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