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Natural de Ucanha (conc. de Tarouca) onde nasceu em 7 de Julho de 1858, fez o curso de Medicina no Porto, mas desde muito novo se dedicou apaixonadamente ao conhecimento das raízes e tradições do povo português. O estudo da etnografia, da arqueologia, da filologia, da numismática, enfim, de muitas das disciplinas do campo das Humanidades preencheu os seus centros de interesse e norteou uma incessante investigação do património cultural deste país, que conheceu como poucos.
J. L. Vasconcelos foi conservador da Biblioteca Nacional, fundador (sob a égide de Bernardino Machado) e director do Museu Etnográfico Português (hoje Museu Nacional de Arqueologia) e professor da Faculdade de Letras de Lisboa, entre outras funções relevantes que desempenhou
Criou a revista ”O Archeologo Portuguez”, que dirigiu durante 30 anos e a ”Revista Lusitana”. Publicou as ”Religiões da Lusitânia” e ”Etnografia Portuguesa”, obras de referência constante duma bibliografia composta de 1200 títulos.
”De terra a terra” percorreu incessantemente o país, criando uma rede de cerca de 4000 colaboradores e correspondentes imprescindíveis para o enriquecimento das colecções do Museu, para a publicação de artigos e notícias nas suas revistas, para a circulação de informação e para a elaboração dos seus estudos.
Como é natural, Braga e o Minho mereceram-lhe uma atenção especial, tendo beneficiado desde muito novo do apoio e incentivo de F. Martins Sarmento e tido a colaboração de eruditos bracarenses como Pereira Caldas e Albano Belino, que lhe deram a conhecer informações preciosas sobre os vestígios de Bracara Augusta e de outros sítios arqueológicos da região.
Para evocar aspectos relevantes dessa relação e desse interesse, a Biblioteca Pública de Braga convidou 3 especialistas para abordarem alguns dos temas sobre os quais Leite de Vasconcelos escreveu artigos em revistas, livros e divulgou notícias na imprensa periódica.
Assim, o doutor Francisco Sande Lemos, arqueólogo ligado à Unidade de Arqueologia da U.M. falará acerca dos estudos pioneiros de J. L. Vasconcelos sobre a Fonte do Idolo; a drª Isabel Silva, directora do Museu D. Diogo de Sousa, debruçar-se-à sobre as tentativas de criação de um museu de arqueologia em Braga no início do séc. XX, projecto que ele apoiou; o doutor Miguel Bandeira, professor do Instituto de Ciências Sociais da UM e dirigente das ASPA reflectirá sobre a destruição da cidadela bracarense em 1905, polémica em que também participou aquele que é considerado um ”peregrino do saber”.
Aliás, a memória de José Leite de Vasconcelos vai ser recuperada e parte da sua obra reeditada através de diversas iniciativas de que o Museu Nacional de Arqueologia será um dos principais protagonistas.
A sessão organizada pela Biblioteca Pública de Braga realiza-se no Museu Nogueira da Silva, no próximo dia 8 de Julho (terça-feira), às 21.30 h., com entrada livre.