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“RepositóriUM ocupa o 12ª lugar em termos mundiais absolutos”






 

UMdicas: Decorreu nos passados dias 15 e 16 de Dezembro a 3ª Conferência Open Access na UMinho. Que conclusões se podem tirar do encontro?

 

Eloy Rodrigues: Que existe cada vez maior interesse e um maior número de iniciativas no domínio da acessibilidade aos resultados da investigação, nomeadamente a literatura científica, quer da parte das instituições que desenvolvem investigação (universidades e outros centros de investigação), quer dos organismos que a financiam (nomeadamente governos nacionais e a Comissão Europeia).

 

Do lado das universidades e outros centros de investigação tem vindo a assistir-se, especialmente nos dois últimos anos, ao estabelecimento de repositórios institucionais próprios e de políticas que encorajam ou exigem o depósito de publicações nesses repositórios (tal como foi recomendado este ano pela EUA ? European Universities Association).

 

Do lado dos organismos que financiam a ciência têm-se multiplicado as políticas que exigem que as publicações que resultem de projectos de investigação  por si financiados, fiquem disponíveis em repositórios de acesso livre. A este respeito, merece destaque o o projecto-piloto da Comissão Europeia para assegurar a máxima disseminação e visibilidade dos resultados da investigação financiada pelo 7.º Programa Quadro (50 biliões de Euros).

 

O projecto vai abarcar cerca de 20% do 7.º Programa Quadro (10 biliões de Euros) em disciplinas como ciências da saúde, energia, ambiente, ciências sociais e tecnologias de informação e comunicação. Quem receber financiamento para projectos nestas áreas do 7º Programa Quadro terá a obrigação de depositar as publicações que resultem desses projectos num repositório de Acesso Livre. Este projecto-piloto é encarado como um primeiro passo para um mandato generalizado da União Europeia que pode acontecer ainda no 7º Programa Quadro.

 

UMdicas: O que é o Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal?

E.R.:O Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) é uma iniciativa que visa aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da actividade académica e de investigação científica nacional e facilitar o acesso à informação sobre a produção científica nacional em regime de “open access”, bem como integrar Portugal num conjunto de iniciativas internacionais neste domínio.

 

Para além de outros serviços relacionados com a disseminação, formação e divulgação, o projecto RCAAP, tem dois componentes ou serviços essenciais:

 

·        O Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais, que se destina a ser utilizado por qualquer das instituições do sistema científico e do ensino superior para alojamento do seu repositório com individualização de identidade corporativa própria;

 

·        O portal RCAAP, que tem como objectivo a recolha, agregação e indexação dos conteúdos científicos em acesso aberto (ou acesso livre) existentes nos repositórios institucionais das entidades nacionais de ensino superior, e outras organizações de I&D, constituindo-se assim como um ponto único de pesquisa, descoberta, localização e acesso a milhares de documentos de carácter científico e académico, nomeadamente artigos de revistas científicas, comunicações a conferências, teses e dissertações, etc..

 


 

 

UMdicas: Como surgiu?

 

E.R.: A história é um pouco longa… A ideia surgiu originalmente na Universidade do Minho em meados de 2006. Depois de diversos “episódios”, a ideia acabou por ser concretizada em 2008, sob a égide da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP.

 

Esta iniciativa da UMIC foi concretizada pela Fundação para a Computação Científica Nacional em colaboração com a Universidade do Minho e com financiamento do Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento e da própria UMIC.

 

Assim, foi estabelecido entre a Universidade do Minho e a FCCN um protocolo de colaboração para o desenvolvimento do projecto RCAAP. Nos termos desse protocolo a Universidade do Minho ficou responsável pelas componentes técnicas e científicas do projecto, nomeadamente: a) desenvolvimento, gestão e operação do portal meta-repositório; b) desenvolvimento, gestão e operação do Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais (SARI); c) Tradução das Directivas DRIVER para repositórios; d) organização e realização da 3ª Conferência do Open Access.

 

UMdicas: Foi desenvolvido pela UMinho. Porque pela UMinho e não por outra instituição?

 

E.R.: Julgo que o convite à Universidade do Minho para desenvolver as componentes técnicas e científicas foi natural e quase inevitável. Não só porque a ideia tinha originalmente sido formulada aqui, mas sobretudo pela experiência e conhecimento que a UMinho acumulou. De facto, a Universidade do Minho tem já uma longa experiência no domínio dos repositórios e do Open Access, sendo uma instituição de referência nessas áreas, não apenas em termos nacionais, como também em termos internacionais.

 

De facto, nos últimos anos, os Serviços de Documentação têm recebido dezenas de visitas de trabalho, estágios e pedidos de informação e apoio de instituições portuguesas, de diversos países europeus, do Japão, do Brasil e de Moçambique. A Universidade de Minho foi ainda convidada a integrar o consórcio do projecto DRIVER II (Digital Repository Infrastructure Vision for European Research), que está trabalhar para a criação de uma federação europeia de repositórios, bem como nos consórcios de dois outros projectos europeus do 7º Programa Quadro (um deles já aprovado, e outro aguardando aprovação).

 

Por isso a Uminho era instituição melhor posicionada para conduzir o projecto.

 

 UMdicas: Como decorreu todo o processo?

 

E.R.: O projecto decorreu muito bem, apesar da sua curta duração ter obrigado a um grande esforço por parte de todos os intervenientes (UMinho e FCCN).

 

Tendo-se iniciado em Julho de 2008, foi definido que o projecto RCCAP deveria apresentar os principais resultados em Dezembro de 2008, no decorrer da 3ª Conferência Open Access.

 

Tendo em conta os objectivos e os prazos definidos, foi desenvolvida uma intensa actividade pela equipa coordenada pelos Serviços de Documentação da Universidade do Minho, o que permitiu atingir e ultrapassar as metas inicialmente estabelecidas.

 

Assim, de Julho a Dezembro, a equipa da Universidade do Minho desenvolveu com sucesso a plataforma de alojamento de repositórios institucionais, que em Dezembro de 2008 alojava já cinco repositórios institucionais (Hospitais da Universidade de Coimbra, Universidade Aberta, Universidade dos Açores, Universidade do Algarve, Universidade Técnica de Lisboa). Foi desenvolvido também o portal RCAAP (acessível em http://www.rcaap.pt/), que neste momento referencia mais de 13.500 documentos de 12 repositórios portugueses.

 


 

UMdicas: Será uma plataforma de acesso livre, como se efectuará todo o processo?

 

E.R.:O portal RCAAP é uma plataforma de acesso livre, que recolhe os documentos que estão disponíveis nos repositórios portugueses. Qualquer utilizador, em qualquer parte do mundo, e sem necessidade de qualquer tipo de registo, poderá usar o RCAAP para pesquisar documentos e a partir daí consultá-los nos repositórios onde eles se encontram.

 

Quanto ao serviço de alojamento de repositórios institucionais, para além das 5 universidades que neste momento o utilizam prevê-se que em 2009 venha a ser disponibilizado a um número mais alargado e diversificado de instituições nacionais (outras universidades, institutos politécnicos, laboratórios do estado e laboratórios associados etc.).

 

UMdicas: Qual será a mais-valia deste serviço?

 

E.R.:A principal mais-valia do projecto e do portal RCAAP é dotar as instituições de investigação, e os investigadores individuais, de novas ferramentas que promovem a visibilidade e a acessibilidade dos resultados da sua actividade.

 

Por outro lado, constitui-se também um ponto único que facilita a pesquisa de documentos que estão distribuídos por dezenas de instituições e sistemas de informação.

 

O RCAAP impusionará e facilitará ainda a integração entre os repositórios e o portal RCAAP com outros sistemas de informação cientifica e académica como o sistema de gestão de currículos DeGóis, o Depósito de Teses e Dissertações Digitais da Biblioteca Nacional e o portal B-on.

 

UMdicas: A UMinho foi pioneira no movimento de repositórios. Segundo informações o repositóriUM, é o segundo mais acedido no mundo. Qual a veracidade destas informações?

 

E.R.: O RepositóriUM tem tido de facto um elevado nível de utilização (mais de um milhão de downloads em 2008), mas como não há dados comparativos generalizados da utilização dos repositórios, não sabemos que posição se encontra o RepositóriUM nesse aspecto.

 

O que conhecemos é a posição do RepositóriUM no Top 300  (de 600 analisados) dos repositórios mundiais, no Ranking Web of World’s Repositories (um ranking produzido no quadro do  Webometrics Ranking of World Universities). Nesse ranking o RepositóriUM ocupa o 12ª lugar em termos mundiais absolutos.

 

Contudo, considerando apenas os repositórios institucionais, ou seja excluindo os repositórios temáticos e os colectivos, que ocupam os primeiros lugares por congregarem as publicações de milhares de autores de múltiplas instituições, o RepositóriUM ocupa o 6º lugar em termos mundiais, o 5º em termos europeus e o 1º a nível nacional

 

UMdicas: Que significado tem isto para a UMinho?

 

E.R.: O posicionamento e a visibilidade do RepositóriUM e das publicações dos membros da UMinho que nele estão depositadas, contribuem significativamente para a visibilidade e o prestígio da Universidade do Minho.

 

No Webometrics Ranking of World Universities a Universidade do Minho ocupa o segundo lugar entre as universidades portugueses, uma posição que é mais elevada do que a que seria ?natural?, tendo em conta o número de docentes e investigadores. Uma parte para a explicação deste excelente posicionamento é a visibilidade da Universidade no Google Scholar (um dos critérios do ranking), que é um motor de busca de literatura académica e científica, que recolhe informação de múltiplas fontes, nomeadamente de repositórios.

 

No critério Google Scholar, a Universidade está em primeiro lugar, destacada, entre as universidades portuguesas, e num impressionante 70º lugar em termos mundiais. O RepositóriUM contribui decisivamente para isso.

 

Texto: Ana Coimbra

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