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Projecto “We Adapt” vence prémio Start 2008










 

Todos sabemos que o Mundo em que vivemos se esquece, muitas vezes, das pessoas com deficiência. A existência de escadas em tudo o que é sítio, muitas das vezes sem as devidas rampas para cadeiras de rodas, as portas de certos edifícios, as casas-de-banho de muitos estabelecimentos ou até as simples caixas multibanco não contemplam soluções viáveis para quem é portador de alguma deficiência. E a roupa? Já alguma vez pensou nisso?

 

Pelos vistos, alguém pensou. E deitou mãos à obra. Uma equipa de cinco docentes e investigadores da Universidade do Minho, com formações em áreas tão diversas como Design e a Engenharia Têxtil, Polímeros, Electrónica, Mecânica, Física e Psicologia, deu início ao projecto “We Adapt”, que tem como objectivo a criação de acessórios de vestuário adaptados a pessoas com deficiência. Este projecto tem contado com a importante colaboração da Delegação de Braga da Associação Portuguesa de Deficientes.

 

Muitas vezes, as pessoas que se deslocam em cadeira de rodas têm problemas com a roupa. As dificuldades podem ser de vária ordem, que vão da integridade física à estética. A sobreposição de tecidos, bem como algumas costuras e acessórios, criam zonas de pressão, onde a falta de oxigenação e de circulação sanguínea podem gerar úlceras de pressão.

 






 

A empresa apostará na criação de roupas que seguirão as tendências da moda, bem como roupa de um estilo mais clássico, propício até para cerimónias. A criação de roupa por medida não será excluída do campo de acção da “We Adapt”. A ergonomia dos artigos será uma das preocupações dos criadores, pois terá que contemplar não só a posição de sentado, mas também permitir a liberdade de movimentos dos utilizadores. Na gama de inovações estão incluídos também os acabamentos químicos funcionais, como hidratante, cicatrizante, amaciador, anti-odor e anti-bacteriano. A autonomia do utilizador não é esquecida, sendo a roupa pensada para ser fácil de vestir/despir. Os acabamentos são indetectáveis e as costuras são substituídas por colagem ou fusão das partes a unir.

 

Existe ainda um conjunto de acessórios que permite compensar a atrofia muscular que alguns utilizadores podem apresentar, permitindo que seja atingido um volume-padrão que não só altera a imagem como permite uma maior compatibilidade com os tamanhos.     

           

Se esta iniciativa já seria, por si só, claramente louvável, mais destaque obteve por intermédio da recente atribuição de uma distinção. O “prémio START”, promovido pela Universidade Nova de Lisboa, BPI e Optimus, que se destina a premiar o empreendedorismo, foi entregue, na sua edição de 2008, à “We Adapt”. Esta vitória garante-lhe um prémio monetário que atinge os 50000 Euros.

 






 

Outro dos importantes passos no reconhecimento da enorme valia deste projecto foi a inclusão no 1º Congresso Internacional Sobre Deficiência, que ocorreu, em Braga, nos passados dias 30 e 31 de Janeiro. Esse evento tinha como objectivo debater as desigualdades que a sociedade impõe às pessoas com deficiência, sendo, por isso, uma grande oportunidade para a “We Adapt” apresentar as roupas criadas, no palco do Auditório do Parque de Exposições de Braga.  

 

O grande objectivo da empresa passa agora por comercializar, no mercado nacional e internacional, os seus produtos, na área do vestuário, calçado e acessórios, que resultam das actividades de investigação em curso. A Internet será o meio privilegiado para a promoção e comercialização dos produtos criados pela “We Adapt”.

 

Texto: João Nogueira Dias

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