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Pedro Póvoa, o Sr. Olímpico do Taekwondo nacional




 

 

Com que idade é que iniciaste a prática competitiva do taekwondo e onde?

Iniciei a prática do Taekwondo com 9 anos de idade na Associação Crista da Mocidade (ACM) no Porto com o instrutor Jorge Félix.

 

Como é que se deu essa entrada para a taekwondo? Quais foram as motivações?

Iniciei a prática do taekwondo por vários factores um deles por requisito médico, por ser demasiado hiperactivo, outro motivo, foi devido ao meu pai, querer desviar-me das influências da rua e de zonas problemáticas do Porto e um outro motivo, não menos importante, o meu fascínio pelas artes marciais.

 

Achas que o taekwondo ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?

 Sim, sem dúvida alguma o Taekwondo ajudou-me na minha formação. O Taekwondo a par do desporto também é regido por uma filosofia marcial oriental transmitindo valores que te guiam por toda a vida. Temos um exemplo claro como o Juramento e as cinco máximas do Taekwondo, que nos inculcam desde criança, e temos que dizer no princípio de cada aula, que são:

 

– Cortesia

– Integridade

– Perseverança

– Autodomínio

– Espírito Indomável

 

A maneira como lidas com a pressão e a ansiedade antes dos combates é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras no tatami?

Com o tempo e a experiencia vais conseguindo lidar com a pressão e ansiedade mas sem a ajuda de um psicólogo desportivo seria muito mais difícil lidar com tudo isto.

 

É claro que na vida quotidiana também necessitas de lidar com a pressão e um exemplo claro, que vivo este ano na universidade, é quando vou fazer um exame. Neste momento tenho o Psicólogo Desportivo da Universidade do Minho o Prof. Jorge Silvério, que me acompanhou no ano olímpico, e me ajudou a lidar com tudo isto. 

 

 

Os Jogos Olímpicos são o sonho de qualquer atleta. O que simbolizou para ti a participação em Pequim2008, naquele que é o maior evento desportivo do mundo?

 Foi um momento de grande emoção mas de tremenda responsabilidade pois queria fazer o melhor possível e não desapontar o meu país. Tive um grande apoio da família, dos amigos, do Treinador Hugo Serrão, que me acompanhou nos treinos diários, e é claro, o seleccionador nacional Mestre Joaquim Peixoto que me acompanhou em Pequim.

 


 

O que mais te impressionou durante o decorrer destes Jogos Olímpicos de Pequim?

A dimensão do evento foi algo que me impressionou muito e a maneira como tudo estava organizado. Só para terem uma noção o restaurante principal tinha a dimensão de quatro campos de futebol. Era uma cidade só para desportistas e não se pagava nada lá dentro. Querias lavar a roupa, ir a internet, jogar máquinas para te distraíres, ir ao cinema, cortar o cabelo, tudo estava dentro da aldeia.

 

 

Que balanço fazes da tua primeira “aventura olímpica”?

Acho que foi muito positiva visto que dei o melhor que podia e consegui chegar ao 7ºlugar que significa o diploma olímpico.

Na nossa modalidade só se qualificam 15 atletas de todo o mundo e só o facto de ter ido ao Jogos foi por si só muito positivo para a minha carreira desportiva.

 

O que te levou a escolher o curso de psicologia?

A psicologia desportiva é algo que quero aprofundar por achar que grande parte dos meus resultados desportivos se deve a ela. Desde que fui para Espanha em 2003 tenho feito trabalhos de relaxação, sugestão e de visualização para a melhoria do rendimento desportivo. Acho que posso melhorar a minha performance com a ajuda da Psicologia Desportiva.

 

Entraste este ano para a UMinho. Como correu em termos escolares o teu primeiro semestre?

  Foi positivo só deixei uma para a época especial devido a uma concentração em Espanha. Com a compreensão dos professores e responsáveis da Universidade do Minho é me possível conciliar os estudos com o desporto pois passamos muito tempo fora do país quando nos encontramos em período competitivo.

 

Os teus colegas têm-te ajudado? O que é que eles dizem de terem um colega que é atleta olímpico e mediático como tu?

No início falava-se disso mas agora já é algo normal. Os meus colegas no 1 semestre ajudaram me muito pois não conhecia nada do ambiente académico e quando tinha dúvidas nas aulas eles ajudavam me na matéria.

 

Quais tem sido as tuas maiores dificuldades nesta nova fase (estudante/atleta de alta competição) da tua vida?

 No 1 semestre as minhas maiores dificuldades foram a nível de organização e de tempo visto que tinha de ir as aulas, estudar para os exames e treinar. No 2 semestre acho que vai ser mais difícil pois vai começar a época competitiva e os estágios da selecção dentro e fora do país.

 

O facto de viveres e treinares na zona de Braga condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porque?

Sim pois na minha opinião os melhores atletas de Taekwondo do país vivem em Braga. Para dar um exemplo, dos sete atletas de alta competição de TKD do país seis vivem em Braga e quatro treinam na Universidade do Minho com o Treinador Hugo Serrão e dois igualmente em Braga com o Mestre Joaquim Peixoto.

 

Quantas vezes treinas por semana, e quanto tempo?

Normalmente treino duas vezes por dia. Cada treino vai de hora e meia a duas horas.

 

Como é um típico dia na vida de Pedro Póvoa (descreve um dia)?

De manha tenho aulas na Universidade e mal acabo as aulas vou fazer o treino físico pela manha. A tarde tenho o treino técnico-táctico com o Mestre Hugo Serrão.

 


A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?

Também foi um factor que me fez vir para esta Universidade. Durante muito tempo tive que abdicar dos estudos por não conseguir conciliar os estudos com os treinos e na Universidade do Minho sempre nos apoiam nas duas partes da nossa formação. Sei que no final da minha carreira posso estar mais seguro para o mundo do trabalho.

 

Já tiveste ajuda por parte do teu tutor e dos responsáveis pelo programa? Se sim, que tipo de ajuda?

Tenho a sorte do meu tutor ser o meu Psicólogo e sempre que tenho algum problema, mais serio, ele tenta resolver no que for preciso. Tento estar concentrado nos meus treinos e nos estudos e tentar que nada interfira na minha prestação.

 

Para 2012, o grande objectivo é a medalha ou o curso?

O meu objectivo é conseguir outra vez a qualificação olímpico e conseguir uma melhor qualificação em Londres do que em Pequim. O curso é algo muito importante que quero levar ao mesmo tempo que o Taekwondo, para que no futuro, quando termine a minha carreira de desportista, possa trabalhar em prol do taekwondo.

 

Texto: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt

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