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Corrente arquitectónica do Porto é alvo de doutoramento







A ‘Escola do Porto’, uma das mais influentes correntes da arquitectura contemporânea em Portugal e com autores como Fernando Távora, Siza Vieira e Souto Moura, motivou uma das primeiras teses de doutoramento da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (UAUM).



Eduardo Fernandes, da UMinho, diz que a subsistência da ‘Escola do Porto’ implica respeitar a herança do seu modo de pensar, mas também a sua actualização


O trabalho “A Escolha do Porto: Contributos para a actualização de uma ideia de Escola”, da área de Cultura Arquitectónica, faz uma retrospectiva (1940-97) da Escola do Porto, cuja identidade une a pedagogia das faculdades de Belas Artes e de Arquitectura da Universidade do Porto (UP) com as ideias e prática dos seus professores e/ou antigos alunos. Eduardo Fernandes considera que a caracterização da Escola do Porto gera “elevado consenso” até à década de 70 do século passado, mas nos anos 80 e 90 “a subsistência desta identidade é frequentemente questionada”. “A Escola sofreu uma mudança de escala que atravessou transversalmente a generalidade dos seus vectores constituintes e despoletou uma crise de crescimento sensível em todas as vertentes”, refere o investigador, que procurou entender as alterações e inquirir sobre a consciência teórica de uma nova identidade, procurando reflexos das novas realidades na formação dos alunos da Faculdade de Arquitectura da UP e nas metodologias, obras e ideias dos arquitectos do Porto.


O professor da UMinho acredita, no entanto, que estas mudanças não implicam a morte da Escola; pelo contrário, defende que a metodologia cognitiva continua a fazer sentido. “Encontramos associados à ‘Escola do Porto’ dois fenómenos muito distintos: a mera reutilização acrítica de modelos formais, reproduzidos a partir de imagens publicadas e/ou obras visitadas, configura a permanência daquilo a que poderemos chamar ‘Estilo do Porto’; mas a efectiva transmissibilidade do método cognitivo da Escola implica a consideração dos valores teóricos de cada referência exterior e o seu uso intencional e consequente, face ao contexto e ao programa, mas também ao novo espírito da época”, contextualiza.


O movimento da Escola do Porto nasceu com Fernando Távora, entre a publicação d””O Problema da Casa Portuguesa” e a edificação do mercado de Vila da Feira. Távora foi pioneiro a usar as paisagens como dados culturais integrados no diálogo com a construção final. A sua acção tornou-se uma tendência colectiva aquando do “Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa” (1961). A identidade de Escola resistiu à crise pedagógica, social e política do fim do Estado Novo e, no pós-Revolução de 1974, reinventou-se pela defesa do “Direito à Arquitectura” e do “Direito à Cidade”, face à urgência e à dimensão das necessidades da população. O movimento globalizou-se com o interesse internacional pela obra de Siza Vieira.


 


Mais informações


Escola de Arquitectura da UMinho


Tel.: 253510503 /1, 918586186


(Pub.Fev/2011)

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