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Após 6 anos, a UMinho volta a atribuir Doutoramentos Honoris Causa






A UMinho, com um trajecto de vida de 37 anos apenas atribuiu doze doutoramentos honoris causa, incluindo estes, patenteando a importância destas distinções. A primeira vez que este título foi entregue foi em 1990, nessa altura outorgaram-se quatro.


Joseph Gonnella é Professor de Medicina em Dean Emeritus do Jefferson Medical College, da Universidade de Thomas Jefferson (EUA) e recebeu esta distinção pela quarta vez; Marcel de Botton é Presidente do Conselho de Administração da empresa Logoplaste e Presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), tendo sido a UMinho a primeira Universidade a atribuir-lhe este título; Michel Maffesoli é Professor da Universidade de Paris Descartes – Sorbonne (França), e este foi o seu terceiro título Honoris Causa.


As três propostas para atribuição destes títulos (Joseph Gonnella – proposto pela Escola de Ciências da Saúde), Marcel de Botton – por indicação da Escola de Engenharia) e Michel Maffesoli indicado pela Escola de Ciências Sociais) obtiveram o parecer positivo do Senado Académico e foram aprovadas tendo em conta o percurso e currículo destas personalidades bem como as suas ligações à Universidade do Minho.


 

A cerimónia teve lugar no Salão Medieval da Reitoria da UMinho, no Largo do Paço, em Braga e foi presidida pelo Reitor da UMinho, Professor Doutor António Cunha que os nomeou e abençoou com a mais alta distinção académica – o título Honoris Causa. Esta foi uma cerimónia cheia de simbolismo, um reconhecimento da UMinho a personalidades que de algum modo, ou de diversas formas têm influenciado positivamente a Academia Minhota. 


Para o Reitor, estas são ”três personalidades eminentes”, sendo esta atribuição o resultando do seu trabalho e da sua acção ”pela qualidade da sua intervenção cívica e profissional e pela exemplaridade dos seus percursos de vida. Percursos que se cruzam com o da nossa Universidade, em diversas circunstâncias, ajudando a construí-la e a consolidá-la”, afirma. Para António Cunha estas personalidades ”merecem ser reconhecidas”, subscrevendo as propostas apresentadas.


Os laureados tiveram, como é tradição os seus padrinhos. O Prof. Carlos Bernardo foi o padrinho do Comendador Marcel de Botton, ao qual coube a tarefa de lhe proferir o elogio. Fazendo referência aos heróis de Portugal, o Prof. referiu que o nosso país sempre teve dificuldade em ”celebrar aqueles que se destacaram por inovarem na área dos negócios, criarem riqueza e contribuírem para o desenvolvimento do país” mas isso tem mudado, pois actualmente homens como Marcel de Botton são ”os verdadeiros heróis de Portugal” e a UMinho soube reconhecer isso. O empresário mantém desde há longos anos, um relacionamento estreito com o Departamento de Engenharia de Polímeros (DEP) da UMinho, e foi um dos proponentes e propulsionadores do PIEP- Inovação em Engenharia de Polímeros, uma interface entre a Universidade e a indústria que foi criada em Abril de 2001.


Agradecendo, o empresário referiu sentir-se ”confuso” com esta atribuição pois apenas tem vindo a fazer o seu trabalho e a gerir a sua empresa, reconhecendo sim, que todo o sucesso que tem conseguido se deve a muito trabalho, dedicação e sacrifícios, e que em tempos teve até de se demitir da empresa do pai onde trabalhava porque o pai lhe disse ”Meu filho o plástico não tem futuro!”. O empresário optou pela sua empresa do plástico pois tal como disse ”Será possível qualquer um de nós aqui presente nesta sala imaginar o nosso dia-a-dia sem plásticos”. A resposta é por demais óbvia: impossível, o plástico é um material omnipresente” afirmou. Um dos conceitos que Marcel de Botton mais destacou foi ”inovação” pois segundo este ”inovação é a palavra na qual vejo muito ou todo o futuro pelo qual terá de passar Portugal, lembro que esta Universidade é o seu exemplo mais vivo pela forma de estar e progredir” afirma.


Michel Maffesoli teve como padrinho deste seu doutoramento, o Prof. Moisés Martins, o qual proferiu o elogio ao sociólogo. Para ele, ”um dos mais influentes sociólogos europeus da contemporaneidade. E seguramente um dos mais sábios” afirma. Para Moisés Martins, a UMinho ao conceder este título ”faz valer a largueza do espírito que a habita, acolhendo e prestando tributo a um dos grandes pensamentos da actualidade”.




 

Em forma de agradecimento, Michel Maffesoli referiu que recebe este doutoramento ”com orgulho e humildade, como um empréstimo que vou transmitir, na longa cadeia da tradição universitária, àqueles que me vão suceder…”.


O laureo a Joseph Gonnella adveio da proposta da Escola de Ciências da Saúde, o qual teve como padrinho o Prof. Sérgio Machado dos Santos que teve a seu cargo a apresentação do galardoado à Academia. O médico foi condecorado com este título pela quarta vez, o que se justifica pela ”vida extremamente rica em realizações pessoais, académicas e profissionais” como afirma Sérgio Machado dos Santos.





Joseph Gonnella é uma referência internacional no domínio da Educação Médica e da Avaliação de Cuidados de Saúde. Salientando-se a vertente cientifica do seu trabalho, a qual é para si ”não só a base para toda a actuação de um académico, nas suas diferentes vertentes, mas também condição imprescindível para as cada vez mais desejadas e promissoras abordagens interdisciplinares”.


A UMinho tem contado com a colaboração de Joseph Gonnella, principalmente através da ”sua prestigiosa e empenhada colaboração” com a Escola de Ciências da Saúde ”quer a título pessoal, quer abrindo portas através do seu vasto relacionamento…” afirma Sérgio Machado dos Santos.


Elogiando a UMinho, o seu ensino, e em particular a ECS, Gonnella refere estar convencido que ”a Universidade do Minho constituirá um exemplo relevante tanto em Portugal como internacionalmente”. Apesar da fase má, da crise económica e financeira que Portugal atravessa, o laureado afirma ”antevejo um futuro brilhante se forem capazes de utilizar os recursos para fazer as coisas em que o país é mais competente. Monitorizar os programas educacionais em medicina, e porque não noutras áreas, é um serviço que sugeriria que Portugal providenciasse para o resto do mundo”.


 


Texto: Ana Marques 

Fotografia: Nuno Gonçalves



(Pub. Abr/2011)

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