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A MUM está a comemorar 15 anos e disponibiliza em catálogo cerca de 800 estirpes de fungos filamentosos (seres vivos pluricelulares e complexos, como os bolores e mofos), dentro do seu acervo que possui mais de 50.000 espécies.
“Esta certificação afirma a MUM enquanto modelo de excelência, consolida-a como importante parceiro mundial e prepara-a para os desafios do novo paradigma da bioeconomia”, define o director do projecto, Nelson Lima, elogiando a dedicada equipa e os colaboradores. A certificação atribuída pela APCER IQNet reforça o sistema de gestão da qualidade da MUM ao nível do depósito, preservação e fornecimento de estirpes de fungos filamentosos.
Pesquisa acentua-se na segurança alimentar
A economia baseada na indústria petroquímica, face ao esgotamento natural dos recursos fósseis, será substituída pela bioindústria baseada em bioprocessos e recursos/energias renováveis. Saber o potencial dos microrganismos e sua capacidade para fornecer novos produtos é uma prioridade europeia. A OCDE defende uma rede de colecções de culturas microbianas, na qual a MUM é membro inicial e Nelson Lima já representou o país em vários grupos de trabalho. A MUM está ligada aos projectos Microbial Resource Research Infrastructure (MIRRI), Global Biological Resource Centre Network (GBRCN) e European Consortium of Microbial Resources Centres (EMbaRC).
Alguns deles têm apoio da própria Comissão Europeia, do Governo da Alemanha e aliam, além de nações europeias, países tão díspares como China, Japão, Quénia, Uganda e Brasil. A Federação Mundial de Colecções de Culturas contabiliza 590 colecções de 68 países. Por ano descrevem-se cerca de 800 espécies, logo a pesquisa na micologia é ainda limitada, pois só são conhecidas cerca de 8 por cento das espécies estimadas do planeta. Esta área tem tido um interesse acrescido, uma vez que a ONU decretou a Década da Biodiversidade para o período 2011-2020.
Várias espécies descobertas para a ciência
A Micoteca da UMinho está sediada no Centro de Engenharia Biológica, em Braga, e é uma fonte de material biológico com qualidade garantida para a indústria, o diagnóstico, a investigação e o ensino. A entidade já descreveu cinco novas espécies para a ciência, estando na fase final de adicionar mais três espécies de Aspergillus. O seu arquivo biológico, em contínuo crescimento, surge também como catálogo online. “O material está estudado, acondicionado e acessível a qualquer investigador do mundo, que assim evita recorrer à natureza para o encontrar”, diz o professor catedrático Nelson Lima. A biblioteca da MUM tem quase um milhar de obras, inclusive fac similes com um século, dos primórdios da microbiologia.
O trabalho inclui ainda projectos de investigação e de pós-graduação, relações transnacionais regulares, organização de congressos, cursos para técnicos e profissionais, publicação de livros e serviços à comunidade. Os pedidos da indústria centram-se na segurança/conservação alimentar e no controlo da qualidade. Por exemplo, saber como preservar a autenticidade do material biológico (os bolores nunca se comportam do mesmo modo), como degradar e biorremediar a poluição orgânica, como reduzir fungos nas câmaras de cura do queijo ou como controlar a qualidade das castanhas, da amêndoa, das águas de torneira e engarrafadas ou do vinho, desde as uvas à vinificação. Na área clínica, o actual foco está em identificar rapidamente por análise espectral fungos infecciosos com elevado nível de sensibilidade e especificidade.
Mais informações
Prof. Nelson Lima –
(Pub.Mai/2011)