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É Pró-Reitor para a área da Investigação. Qual é a essência desta pasta?
A investigação científica é uma actividade central da Universidade, crucial para a sua afirmação internacional, como factor decisivo na diferenciação da oferta educativa e na procura de novas formas de efectiva interacção com a sociedade. Ao pelouro da investigação cabe a coordenação de toda a actividade de I&D da UMinho em colaboração próxima com o Reitor e Vice-Reitor Professor Rui Vieira de Castro, e também em interacção com as UOEI e Centros de Investigação (CI).
A actividade desta ?pasta? baseia-se num conjunto significativo de desafios estratégicos, dos quais alguns se interligam com outros pelouros da Reitoria. Este pelouro é responsável pelo apoio a candidaturas e desenvolvimento de projectos de investigação e de formação pós-graduada, promover a actividade de I&D em domínios de interesse estratégico para o desenvolvimento da economia nacional; promoção de iniciativas de valorização do conhecimento; aprofundar a colaboração com o INL com base na partilha de recursos humanos e de equipamentos.
Quais são os principais objectivos do pelouro que lidera até 2013, final deste mandato?
A actividade centra-se num dos vectores estratégicos do Programa de Acção para o quadriénio 2009/2013, apresentado pelo Reitor ao Conselho Geral, que corresponde a Consolidar a Investigação, respondendo aos Desafios do Conhecimento. Alguns dos principais objectivos são efectuar o mapeamento estratégico, diagnóstico e prospectivo dos CI, portefólio de competências científicas, informação sobre projectos de investigação, criação do Fórum dos CI, promoção de parcerias internacionais, consolidação da parceria estratégica com o INL, reforço da mobilidade de investigadores e estudantes de pós-graduação no espaço europeu, apoio a candidaturas a projectos de I&D e a promoção de projectos multidisciplinares mobilizadores.
Na sua opinião pessoal como classifica a investigação científica da Universidade do Minho?
A UMinho tem vindo a afirmar a centralidade da investigação como referencial da sua acção e a qualidade do seu desempenho é claramente expresso em indicadores que resultam de processos de diagnóstico e avaliação externos. Os resultados da avaliação internacional dos CI, divulgados em 2009, reforçam a posição da Universidade neste domínio. Contamos com 9 CI com a classificação de Excelente em diversas áreas científicas ? das Humanidades, das Ciências da Comunicação, da Economia e Gestão, da Física, da Engenharia Biológica, da Engenharia de Polímeros e das Ciências da Saúde.
O reconhecimento da investigação de excelência da UMinho também conduziu a que alguns dos nossos CI participassem em 3 Laboratórios Associados, nas áreas das nanoestruturas, nanomodelação e nanofabricação, dos biomateriais e medicina, e da biotecnologia e bioengenharia.
Os resultados da investigação de qualidade e o desenvolvimento de atitudes e de competências empreendedoras na UMinho traduzem-se num registo considerável de patentes e na criação de empresas de base tecnológica.
Como perspectiva o seu futuro? Quais os desafios da Investigação no futuro?
Vamos continuar a apostar fortemente na investigação científica e na inovação tecnológica como áreas centrais na nossa estratégia de investimento em I&DT da UMinho. Apostar no reforço da internacionalização da investigação e continuar a criar condições óptimas para a atracção e fixação de talento na região do Minho. Um dos desafios será estreitar maiores laços de cooperação com o tecido sócio-económico para assim fortalecer a base científica e tecnológica da nossa indústria e promover a sua competitividade no plano internacional. Nesse sentido e no âmbito da nossa política de valorização do conhecimento, a reitoria continuará a incentivar a constituição de empresas Spin-offs.
Quantos centros de investigação existem na UMinho e como estão classificados?
A UMinho conta com 31 CI reconhecidos e financiados pela FCT. O desempenho destes centros é avaliado periodicamente e na última avaliação externa internacional em 2009 tivemos 9 centros com a classificação de Excelente e ainda 8 com Muito Bom, o que, em termos relativos, e tendo em conta o número de investigadores doutorados da UMinho, nos coloca numa posição de destaque a nível nacional.
Existe alguma parceria com o INL dado o posicionamento geográfico privilegiado da UMinho?
Sim, temos um protocolo formal que foi assinado pelo Reitor e pelo Director-Geral do INL (International Iberian Nanotechnology Laboratory) aquando do 36º aniversário da UMinho em 17 de Fevereiro de 2010. A UMinho foi a primeira universidade a assinar um protocolo de colaboração com o INL não só por razões de posicionamento geográfico mas sobretudo pelas competências científicas que a UMinho apresenta em Nanotecnologia.
Este protocolo é muito importante e tem como finalidade o estabelecimento de acções de colaboração científica e tecnológica nas áreas relevantes das Nanociências e Nanotecnologias, no âmbito das actividades de I&DT desenvolvidas pelo INL e pela UMinho, como elementos integrantes de uma estratégia global do desenvolvimento científico e tecnológico.
O protocolo enquadra a realização de várias acções nos seguintes domínios: Estabelecimento da figura de investigador associado; Condições de acesso aos recursos existentes e às instalações do INL e UMinho; Ofertas de cursos de pós-graduação no domínio da nanotecnologia; Orientação conjunta de projectos de alunos do 2º e 3º ciclos; Promoção de actividade económica nas áreas da nanotecnologia.
A área das nanotecnologias é uma aposta estratégica da UMinho? Porquê?
Convém talvez referir que a palavra Nanotecnologia já passou a ser um termo vulgar na região do Minho. O estudo da ciência e tecnologia à escala nanométrica é actualmente um campo de fronteira transdisciplinar conhecido como nanociência e nanotecnologia. A nanotecnologia tem vindo a emergir como o campo mais promissor e de maior expansão de I&D. Na UMinho existem mais de uma dezena de centros de investigação com competências científicas em nanotecnologia comprovadas internacionalmente, quer pelo número e qualidade das publicações científicas, projectos nacionais e europeus aprovados nos últimos anos, número de teses de mestrado e de doutoramento nestas áreas.
A área das nanotecnologias é uma das apostas estratégicas desta Reitoria e em particular do pelouro que coordeno. A nanotecnologia envolve uma série de domínios do conhecimento científico onde a UMinho detém muito know-how, tais como a física aplicada, a ciência de materiais, química e engenharia química e têxtil, engenharia de polímeros, engenharia biológica, biologia e medicina, engenharia electrónica, entre outras áreas.
As expectativas para que a nanotecnologia melhore a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos são muito elevadas e por outro lado apresenta um potencial enorme para novas soluções para problemas industriais através de técnicas de nanofabricação emergentes. Nesse sentido a UMinho procurará estar na vanguarda do conhecimento e contribuir efectivamente para os avanços da Nanotecnologia e para a sua valorização económica. Os resultados obtidos em projectos aplicados terão impactos positivos directos não só no tecido económico da região mas também outras empresas beneficiarão seja nas áreas da Energia, Saúde, Novos Materiais e Produtos, Processos Industriais, Biotecnologia e TICE.
Como está a ser potenciada pela UMinho esta área?
Como já referi a actual Reitoria elegeu esta área como estratégica. No domínio da Nanotecnologia decorrem actualmente várias dezenas de projectos de I&D com financiamento externo e envolvendo parceiros empresariais. Englobam áreas onde a UM detém competências científicas e tecnológicas em bionanotecnologia, nanomedicina, nanoelectrónica e nanomateriais (produção e caracterização).
Em conjunto com o GAP e com o GPPQ temos organizado várias sessões de divulgação de oportunidades de financiamento do 7PQ na área da nanotecnologia. Para duas destas sessões a Reitoria conseguiu trazer a Portugal e à UMinho um dos 3 responsáveis máximos do NMP e o director para o ICT. Também temos promovido reuniões de trabalho entre CI da UMinho com outras instituições para potenciar o aparecimento de novos projectos de colaboração.
O protocolo que foi estabelecido com o INL permitirá oferecer melhores condições aos investigadores para desenvolver investigação de topo em nanotecnologia. Também coordenei um grupo de trabalho para a elaboração de um relatório sobre as competências em I&D em micro e nanotecnologias existentes na UM e que será apresentado publicamente em Junho.
Uma das acções do programa para o quadriénio é intensificar a mobilidade de investigadores e de estudantes de pós-graduação no Espaço Europeu de Investigação. Qual a realidade actual?
A internacionalização da Universidade, um vector estratégico do seu desenvolvimento, tem, ao nível da investigação, tradução nos protocolos de colaboração celebrados com diversas universidades europeias, da consolidação das redes de universidades e CI e de projectos europeus do 7PQ. A UMinho tem um número muito considerável de investigadores e de estudantes de pós-graduação que participam em projectos e programas de mobilidade no EEI. Temos acordos bilaterais celebrados com mais de 380 instituições parceiras, de 27 países europeus. A Universidade também participa em vários programas de cooperação bilateral entre Portugal e outros países da Europa e de países terceiros, geridos pela FCT, visando o desenvolvimento de projectos de investigação conjuntos através do financiamento da mobilidade de investigadores.
Tem havido um esforço da parte da Reitoria no apoio aos projectos de investigação. Quais têm sido as medidas mais relevantes?
Este apoio é garantido, sob coordenação superior da Reitoria, pelo GAP-Gabinete de Apoio a Projectos que exerce as suas atribuições no domínio específico do apoio às actividades de I&D. São elas: i)Desenvolver uma actividade de prospecção de oportunidades de participação dos CI em candidaturas a projectos de investigação, recolhendo e divulgando informação sobre programas financiadores de I&D nacionais, europeus ou outros internacionais; ii)Apoiar tecnicamente os investigadores e os CI na preparação e submissão de candidaturas a projectos de I&D; iii)Recolher e tratar a informação relativa à actividade científica dos CI; iv)Assegurar a formação especializada dos recursos humanos e dos gestores de C&T das unidades de investigação envolvidos na promoção, acompanhamento e avaliação de projectos de I&D;
Como está a ser consumado o objectivo de encontrar parcerias institucionais e seleccionar parceiros adequados para o alargamento das actividades de investigação e de ensino?
A Reitoria assim como as UOEI e os seus CI procuram apoiar todas as parcerias que se revelem estratégicas para a UMinho. A parceria com o INL é um desses exemplos, onde novos projectos de investigação se concretizam assim como cursos de pós-graduação na área da nanotecnologia. A UMinho está envolvida num conjunto de projectos europeus (no 6PQ teve 50 projectos financiados e no 7PQ já vai em cerca de duas dezenas). Um grande número destes projectos é desenvolvido em interacção com equipas investigação de outras instituições nacionais e estrangeiras, testemunho de uma efectiva inserção em redes de conhecimento alargadas, COST, Marie-Curie, INTERREG, entre outras. A reitoria, em particular e no âmbito do Fórum do CI, procurará definir futuras parcerias estratégicas em outras áreas do conhecimento.
Texto: Ana Coimbra
anac@sas.uminho.pt
Fotografia: Nuno Gonçalves
nunog@sas.uminho.pt
(Pub. Jun/2011)
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