Publicado em Deixe um comentário

“Importa acreditar nas capacidades da instituição e nas para construirmos o nosso futuro”






 

Do seu curriculum consta já uma ampla carreira académica e científica, um vasto leque de projectos e acções. Ser reitor é o maior desafio que impôs a si próprio?

Ser reitor de uma grande Universidade é um desafio para qualquer pessoa. Encaro-o com espírito de missão, mas com um grande prazer pessoal.

 

Estará à frente dos destinos da UMinho de 2009-2013. Quais vão ser as suas prioridades durante este período?

Aprofundar a internacionalização da Universidade, a partir de três ideias-força: consolidar a investigação, respondendo aos desafios do conhecimento; valorizar a oferta educativa e a educação integral; e aprofundar a interacção com a sociedade.

 

Quais pensa serem as maiores dificuldades com que se irá deparar?

Mobilizar a comunidade académica será o maior desafio. Se a comunidade estiver fortemente mobilizada em torno de objectivos estratégicos, todas as dificuldades de contexto serão ultrapassadas.

 

A UM voltou a ter um administrador. O que esteve por detrás desta decisão?

Esta figura é uma imposição legal. No entanto, a sua existência também corresponde ao modelo de gestão subjacente à minha candidatura.

 

Qual a contribuição que espera deste novo cargo na melhoria da administração da UMinho?

A modernização e a agilização dos Serviços Administrativo-financeiros da Universidade e o estabelecimento de práticas mais robustas ao nível de prestação pública de contas.

 


 

Referiu em alguns meios de comunicação que a UMinho tem algumas fragilidades. Quais são para si essas fragilidades e como espera minimiza-las?

Há, de facto, fragilidades. Por exemplo, o tempo de resposta e o profissionalismo de alguns serviços têm de ser melhorados. Poder-se-á também falar da atractividade internacional, que deverá ser generalizada e não estar limitada a algumas áreas.

 

O reforço da interacção com a sociedade é uma das suas linhas estratégicas. O que está ou será feito neste sentido?

Estamos a estabelecer bases mais sólidas no relacionamento com as autarquias envolventes. Vamos reforçar a participação em programas com grande impacto nacional e internacional. Iremos lançar iniciativas a diversos níveis, nomeadamente cultural e científico-técnológico com impacto nos tecidos sociais e económico-produtivo.

 

O que pensa sobre a oferta educativa existente actualmente na UMinho? É objectivo da reitoria diversificar essa oferta, no sentido de uma maior adaptação ao mercado?

A oferta educativa aumentará significativamente ao nível da pós-graduação, nomeadamente em áreas multidisciplinares e em horários pós-laborais.

 

Em que áreas e graus será importante incrementar a ampliação/adaptação dessa oferta educativa.

A UMinho já sente o problema da falta de alunos? O que pensam fazer para ?chamar? novos públicos à UMinho?

A Universidade deverá servir um leque alargado de públicos. A sua vocação de Universidade de investigação e o seu consequente objectivo de afirmação internacional requerem selectividade.

 

O alargamento dos horários de funcionamento das aulas, e a abertura da Universidade à noite será uma realidade na UMinho, para quando?

Em Setembro de 2010.

 

Qual será o objectivo desta medida, apenas aumentar o nº de alunos?

Não será esse o nosso principal propósito. Aquilo que nos motiva é servir novos públicos, proporcionando formação universitária a um leque muito mais alargado de pessoas. O país e a região em particular necessitam de pessoas com uma formação mais alargada e adequada às actuais necessidades do mercado. A Universidade não pode esquecer que pode ter, a este nível, um papel importantíssimo.

 


 

Neste âmbito teria que haver também uma adaptação de vários serviços, como bibliotecas, serviços administrativos, alimentação, etc. Como seria equacionado tudo isso?

As estruturas da Universidade envolvidas – Unidades Orgânicas e Serviços – terão de interpretar a respectiva missão neste contexto, fazendo as necessárias adaptações.

 

Continuar na melhoria das tarefas de ensino, investigação e extensão é um objectivo desta reitoria?

Certamente que sim. Nos dois primeiros casos, o já referido reforço da internacionalização é essencial para o fortalecimento da afirmação da Universidade como instituição de referência nesses domínios.

 

Um dos desafios estruturais do seu programa é “melhorar a qualidade de vida nos campi?. Ter um serviço médico para a comunidade é uma dessas medidas” Quais serão as outras?

Ter um serviço médico ou alargar a oferta para práticas desportivas são bons exemplos. Há outros: favorecer a utilização de meios de transporte não poluentes, implementar práticas de reciclagem e de geração de energias a partir de fontes renováveis ou aumentar a oferta alimentar em períodos nocturnos ou de férias lectivas.

 

Uma das fontes de receita das instituições são as propinas. Qual a sua opinião sobre a aposta por parte do último Governo na acção social escolar?

O reforço da acção social escolar é sempre de aplaudir. Num contexto de crise social, é ainda mais importante garantir que nenhum aluno com aproveitamento é forçado a abandonar a Universidade por questões de sustentabilidade económica.

 

Referiu que “É importante e é de elementar justiça social que não haja nenhum estudante com aproveitamento que tenha de deixar os seus estudos”. De que formas é que a Universidade poderá complementar estes apoios sociais?

Fazendo um acompanhamento mais próximo de situações problemáticas, apostando em projectos de formação sobre princípios elementares de economia pessoal, proporcionando oportunidades de trabalho em part-time a estudantes no âmbito de actividades ou projectos internos (sublinho que o enquadramento legal é bastante restritivo para esta possibilidade).

 


 

O abandono escolar é uma realidade que a conjuntura actual tem agravado. No seu entender, o que deveria ser feito da parte da tutela e das universidades para combater este flagelo?

Na grande maioria dos casos, estas situações resultam de problemas externos à Universidade. No entanto, será possível melhorar os sistemas de monitorização de modo a sermos capazes de antecipar situações problemáticas e agir em conformidade. A este respeito, importa referir que cada caso é um caso.

 

Os cortes orçamentais às universidades têm sido muitos e consequentemente agravadas as suas dificuldades de gestão. Como pensa fazer face a esta situação?

As receitas são conhecidas, mas muito difíceis de implementar no contexto actual. Passam pela diminuição de despesas (com práticas de gestão mais eficazes) e pelo aumento da captação de receitas (por exemplo, pelo aumento do número de alunos e por novos projectos e contratos com entidades de diversos tipos). A maioria das universidades públicas têm feito esforços notáveis neste sentido, por isso é legítima a sua reivindicação de haver um reforço do financiamento do Estado ao sector.

 

O desporto é uma das áreas com forte desenvolvimento na UMinho nos últimos anos, sendo uma das academias com mais praticantes no seio da sua comunidade. Como vê esta reitoria o desporto e qual o seu papel no desenvolvimento e formação do aluno?

A prática desportiva é uma dimensão da formação académica que deve ser acarinhada. A Universidade do Minho tem razões para se orgulhar do seu percurso neste domínio, mas deve ser capaz de assumir objectivos mais ambiciosos.

 

Foram entregues recentemente os Prémios de Mérito Desportivo, o que pensa desta iniciativa?

É uma iniciativa muito positiva, que evidencia a possibilidade de compatibilizar desempenho académico com prestação desportiva.

 

A imagem de excelência da UMinho é muitas vezes passada através do desporto. A área desportiva e o desporto de competição em particular continuarão a ter o apoio da reitoria?

Certamente que sim. Neste momento, não é possível antever o nível do apoio material a disponibilizar em 2010.

 

As competições e eventos desportivos organizados pela UMinho têm sido muitos, destacando-se quase sempre pela qualidade organizativa e desportiva. Na sua opinião isto tem contribuído para aumentar a importância das regiões onde a Universidade está inserida (Braga e Guimarães)?

Esses eventos são importantes a vários níveis. A Universidade e a região têm condições para se afirmarem como um local de acolhimento regular de competições desportivas universitárias internacionais.

 

Que mensagem gostaria de deixar à Academia nesta altura?

Importa acreditar nas capacidades da instituição e nas nossas capacidades pessoais para construirmos o nosso futuro.

 

Texto: Ana Coimbra

anac@sas.uminho.pt    

 

Fotografia: Nuno Gonçalves


 

 

(Pub. Jan/2010)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *