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Jorge Castro, o homem do leme










 

 

Com que idade iniciaste a prática competitiva da canoagem e onde?

A praticar canoagem comecei com 10 anos nos Açores. Depois a um nível competitivo, foi aos 13 anos a nível nacional e aos 15 anos a nível internacional

 

O facto de teres nascido nos Açores foi importante no teu trajecto na canoagem?

O facto de ter nascido nos Açores influenciou positivamente e negativamente o meu trajecto na canoagem. Negativamente pois não criei uma base sólida de resistência enquanto mais novo e tive de me ausentar cedo do meu ambiente familiar. Positivamente pois agora consigo dar mais valor às condições de treino que disponho e assim aplicar-me com mais motivação.

 

Achas que a canoagem ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?

Não por ser a canoagem em si mas sim o desporto, ajudou-me no meu desenvolvimento na medida em que valores, como amizade e cumplicidade tornam-se elementos fulcrais num atleta. Também no que toca a um maior autocontrolo e a um “saber estar” perante várias situações de stress e tenção, o desporto serve de grande professor.

 






 

Qual foi o papel da tua família no teu percurso enquanto atleta de alta competição?

Desde a minha iniciação como atleta tive um grande apoio familiar. Enquanto residia nos Açores os meus pais iam comigo para as lagoas das Sete Cidades (que ficavam a 30km de nossa casa) acompanhar o treino. Também apoiaram-me incondicionalmente aquando a minha mudança para o continente com apenas 17 anos. Sem a minha estrutura familiar nunca poderia pensar eventualmente ser atleta de alta competição. Eles tornaram isso uma realidade.

 

Quantas vezes treinas por semana, e quanto tempo?

Normalmente faço 6 sessões de canoagem rondando os 90min (por sessão), 3 a 4 sessões de ginásio rondando os 100min (por sessão), 3 sessões de corrida rondando os 40min (por sessão) e por fim 3 sessões de natação rondando os 50min (por sessão).

 

A maneira como tu lidas com a pressão e a ansiedade antes das provas é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras na água?

Durante muitos anos era algo que apenas lidava no momento, todavia ultimamente com a ajuda do psicólogo desportivo Jorge Silvério tenho vindo a trabalhar no sentido de encontrar a meu coeficiente de stress e ansiedade óptimo.

           

O facto de competires pelo teu actual clube condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porque?

Claro, pois conciliar estudos e treinos sempre foi algo que tento cumprir.

 






 

Para muitos atletas de alta competição torna-se difícil conciliar os estudos com a prática desportiva. Como é que tu consegues gerir esta nem sempre fácil “relação”?

Para ser sincero é uma “relação” que me tem sido relativamente fácil, mas atenção, fácil no sentido que passo de ano com uma média razoável para as condições que disponho. Não acredito que algum atleta de nível de pódio internacional tenha uma média muito elevada. Mas isso já nos leva para outro problema, há atletas de alta competição e há “atletas” de alta competição.

 

Os Jogos Olímpicos de 2012 são uma meta ou um sonho?

São uma meta, na medida em que no querer fala a força e no desejo/sonho fala a fraqueza.

 

A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?

Os atletas de alta competição têm necessariamente de obter ajuda no âmbito universitário, é de louvar que a UMinho tenha tido a capacidade de se aperceber das dificuldades deste grupo restrito e tenha avançado com um programa que ajuda e acolhe os atletas no ambiente académico.

 

Em áreas já recebeste apoio através do TUTORUM?

O meu tutor do programa TUTORUM é o psicólogo Jorge Silvério, este tem-me ajudado a melhorar a minha performance desportiva, como também tem-me dado preciosas dicas sobre como estudar e formular objectivos tanto académicos como desportivos.

 

Os teus objectivos pessoais passam por uma carreira profissional na canoagem ou os estudos vêm em primeiro lugar?

Como objectivo a curto e médio prazo tenho, a minha carreira desportiva, pelo menos até 2012. Após esse período os restantes estudos e carreira profissional tomam a dianteira da minha vida.

 

 

Texto: Nuno Gonçalves

 

 

(Pub. Fev/2010)

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