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Vítor Espírito Santo, de 26 anos e natural de Braga, é investigador do Grupo 3B’s (Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos) da UMinho e está a concluir o doutoramento em Engenharia de Tecidos e Células Estaminais, em colaboração com a Universidade de Quioto. Os avanços científicos vão permitir, por exemplo, a total regeneração de defeitos ósseos e de cartilagem incapazes de se auto-regenerar e, a longo prazo, deverão ser uma alternativa/complemento às próteses metálicas, que têm uma duração limitada e em certos casos são incompatíveis.
O investigador foca o doutoramento no design de sistemas de libertação controlada de fármacos à escala nanométrica, com posterior desenvolvimento progressivo de biomateriais organizados na forma de sistemas hierárquicos. O principal objectivo é a simulação da estrutura e morfologia dos tecidos naturais, osso e cartilagem, sobre os quais se pretende actuar. Esta estratégia biomimética vem na linha de investigação desenvolvida no Grupo 3B’s e os materiais poliméricos usados têm essencialmente origem natural.
Concentrados de plaquetas são agente bioactivo
Vítor Espírito Santo está a testar concentrados de plaquetas do sangue enquanto agente bioactivo para incluir nos biomateriais desenvolvidos, de modo a promover a estimulação da proliferação e diferenciação das células estaminais. ”É uma fonte de proteínas muito rica e pode ser isolada facilmente a partir do próprio paciente, evitando o uso de agentes sintéticos ou recombinantes. Além das vantagens ao nível da compatibilidade e resposta imunológica, é também favorável numa perspectiva financeira”, refere.
A parceria com a Universidade de Quioto na equipa do professor Yasuhiko Tabata, um dos maiores nomes mundiais na área, permitiu ao aluno da UMinho atingir uma nova etapa, especialmente no teste dos materiais em modelos animais, como os ratos. O estudo prosseguirá em modelos animais de maior porte até, eventualmente em caso de sucesso, se chegar a estudos clínicos com humanos.
Para Vítor Espírito Santo, a mobilidade científica é imperativa para um investigador. ”No Grupo 3B’s tenho tecnologia de ponta e condições excelentes para a prática científica. No Japão não tive tantas condições mas conheci novos raciocínios, novas técnicas experimentais e novas abordagens”, sublinha. ”Nesta colaboração ficam todos a ganhar e é mais um reconhecimento do Grupo 3B’s, que tem tradição em trabalhar com os melhores grupos de investigação mundiais e está na vanguarda em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa”.
O doutorando decidiu há um ano experimentar o outro lado do mundo sem dominar a língua e a cultura nipónicas. Hoje valoriza o espírito de trabalho, o respeito pelos mais velhos, a calma, a hospitalidade e as artes no país do sol nascente. ”Ir sozinho foi um grande desafio, mas, mesmo parecendo cliché, posso afirmar que cresci muito como pessoa e aprendi imenso”. Vítor Espírito Santo fez parte da primeira fornada de licenciados em Engenharia Biomédica da UMinho. Já publicou oito artigos e fez 28 palestras/posters, desde a Coreia do Sul ao Brasil.
O Grupo 3B’s (www.3bs.uminho.pt) situa-se no AvePark, em Caldas das Taipas, Guimarães, e é considerado o maior grupo europeu nesta área de investigação. É também a sede do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, recebendo 125 cientistas de todo o mundo. As duas entidades são lideradas por Rui L. Reis, professor catedrático da UMinho e o segundo no mundo com mais publicações neste domínio.
Redacção
(Pub. Jul/2011)
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