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UMinho com uma “mão” cheia de atletas nas Universiadas




 





Em 2007, ano da Universíada de Banguecoque, e após reunião do Comité Executivo da FISU (Federação Internacional do Desporto Universitário), era divulgada a cidade que em 2011 iria acolher a próxima Universiada: Shenzen.


 


Nesse mesmo ano, e nessa mesma Universíada, a UMinho teve três atletas presentes em prova: Jéssica Augusto (Enfermagem), José Parente (Eng. Biomédica) e José Fernandes (Eng. Biomédica). Jéssica viria a ser o grande destaque da representação portuguesa ao vencer os 5000 metros, batendo inclusive o recorde mundial universitário.


 


José Parente teve uma discreta prestação na natação, enquanto que José Fernandes classificou-se em 9º lugar no Taekwondo (categoria de -68kg). Fernandes demonstrou então um enorme potencial que se viria a traduzir mais tarde numa medalha de ouro na Taça da EUSA (2008) e numa de bronze no primeiro Europeu Universitário da modalidade (2009).


 


Estas performances garantiram-lhe o feito de marcar presença em três Universiadas de forma consecutiva: Banguecoque (2007), Belgrado (2009) e Shenzen (2011).


 


Mas para o atleta minhoto esta edição teve algo especial: “em todas elas tive experiências fantásticas, mas estas de Shenzhen impressionaram-me pela dimensão que tiveram. Toda a cidade esteve envolvida com a competição, e o trabalho, a simpatia e a dedicação de todos os voluntários marcou-me muito e deixou-me encantado com o povo Chinês.”


 


Quem partilha da mesma opinião é Eduardo Rodrigues (Eng. Gestão Industrial), medalha de bronze no Europeu Universitário de 2009 e no Mundial Universitário de 2010. Para Eduardo, que esteve em Belgrado, a diferença de mentalidade e atitude do povo chinês, nomeadamente a sua extrema dedicação, hospitalidade e simpatia” foram notórias.


 


Para se ter uma real dimensão de como a cidade esteve envolvida, e da esmagadora dimensão deste evento, convém recordar que nesta edição onde estiveram presentes mais de 10000 atletas, oriundos de 150 países, a FISU contou com mais de um milhão de voluntários!


 


Esta herculeana força de trabalho foi o segredo para o sucesso de um evento que ombreia em termos logísticos com umas Olimpíadas. Mas não se pense que é apenas neste quesito que as Universiadas se aproximam das Olimpíadas. Muitos dos nomes que sobem aos pódios nesta competição universitária, são os mesmos que sobem aos pódios olímpicos, como foram os casos do Nuno Delgado, Naide Gomes ou Nélson Évora (e isto só para mencionar os portugueses).


 


O nível competitivo é extremamente elevado e o caminho que conduz à convocatória e aos mínimos é duro, como tão bem o sabe Filomena Costa (Enfermagem). Para a atleta minhota, esta época foi “muito intensa em termos competitivos e já estava a ficar muito longa, mas mesmo assim não afetou a minha preparação. Como queria estar muito bem nas Universíadas, foi um caminho duro, mas com motivação, coragem e apoio, tudo se tornou mais fácil. Como digo sempre, tudo tem que ter o seu grau de exigência. Quando se exige mais de nós, o trabalho torna-se mais duro, mas só assim se conseguem resultados.”


 


Prova do seu trabalho árduo e a dedicação foi o 9º lugar alcançado na meia maratona. Quem também ficou entre os 10 primeiros na sua primeira participação numa Universíada foi Nuno Costa (Taekwondo). Este futuro arquiteto, que é o atual Campeão Europeu de Sub21 na categoria de -63kg, conta já no seu currículo com duas medalhas de bronze em grandes competições universitárias internacionais: Europeu de 2009 e Mundial de 2010.


 


Apesar do 5º lugar conquistado, Nuno sentiu que poderia ter chegado mais longe e mostrou-se algo insatisfeito: “Estou consciente que um 5º lugar, num evento deste nível, é uma boa classificação, mas perder nos quartos de final (à porta das medalhas) nunca é uma boa sensação. Estive com uma vantagem de 3 pontos durante grande parte do combate e deixei-a fugir nos últimos segundos… não posso ficar satisfeito com o resultado.”


 


Quem também ficou à beira das medalhas, e também algo descontente como lhe correram os combates, foi o seu colega de treinos e atual Vice-Campeão Mundial Absoluto nos -58kg, Rui Bragança (Medicina). O 5º lugar alcançado soube a pouco e nem mesmo o facto de ter perdido para o atleta que venceu a categoria deixou o minhoto menos triste.


 


“Perdi por um pequeno erro com o atleta que acabou por vencer a prova, mas por um ponto se ganha, por um ponto se perde. O nível da competição era bastante elevado, já que era um evento que valia 40 pontos (quase tanto como um Campeonato Europeu Absoluto), mas queria ter chegado mais longe.”


 


Se Bragança e Costa se mostraram algo descontentes com os seus resultados, houve algo com o qual se mostraram extremamente satisfeitos: o programa social do evento. Paralelamente à competição desportiva, as Universíadas são também conhecidas por promoverem a partilha e o encontro de culturas.


 


A promoção dos valores associados a cada cultura e a interação entre indivíduos de diferentes credos e religiões são fatores que elevam esta prova a outro patamar. A um patamar onde quem lá está não compete apenas por um objetivo desportivo, mas também por um objetivo de crescimento pessoal e social.


 


E esta é uma das coisas mais belas que o desporto tem.


 


Texto: Nuno Gonçalves





(Pub. Out/2011)


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