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“…a grande maioria dos alunos entram neste Curso porque querem, e não por não terem vaga noutros…”



 


 


Após a conclusão do seu curso, Joaquim Barbosa ingressou numa empresa Metalomecânica de Braga, onde começoui por exercer funções no Laboratório de Qualidade e acabou como Diretor Técnico. Em 1992 resolveu optar pela carreira académica, e mudou-se para a Universidade do Minho.


 


O que o motivou a aceitar “comandar” este curso?


 


A motivação resultou de dois fatores: por um lado, o convite endereçado pelo então Diretor do Departamento de Engenharia Mecânica, Professor Jaime Ferreira da Silva, pessoa que sempre muito admirei e considerei desde que foi meu professor na UM, e a oportunidade de trabalhar na sua equipa e, por outro lado, a vontade de poder implementar algumas ideias num projeto de ensino que acabara de ter início, assente num modelo de ensino totalmente diferente dos modelos tradicionais.


 


As experiencias anteriores têm-no ajudado no cumprimento da sua função de diretor de curso?


 


Sem dúvida, principalmente no que diz respeito às relações humanas. Nesse aspeto, a experiência industrial de gestão de pessoas teve um papel muito relevante e tornou mais fácil o desempenho de algumas funções inerentes à Direção de um Curso.


 


Quais são as maiores dificuldades que sente no cumprimento da sua função?


 


O excesso de trabalho administrativo/burocrático, a gestão de pequenos conflitos alunos/docentes (raros, felizmente) e a falta de recursos financeiros para implementar alguns modelos de ensino nas UCs Integradoras, nomeadamente o desenvolvimento de projetos com interesse para a Engenharia Mecânica, desde a sua identificação e caraterização até à finalização/obtenção de modelos físicos funcionais.


 


Se estivesse a concorrer à universidade pela primeira vez escolheria este curso?


 


Se a minha opção de vida passasse pela Engenharia, sem dúvida que a Engenharia Mecânica seria a minha escolha.


 


Quais são na sua opinião os pontos fortes deste curso? E os pontos fracos?


 


Em primeiro lugar as saídas profissionais. Nos últimos anos, inquéritos feitos por mim, telefonicamente, aos alunos que concluíram o curso no ano letivo anterior, revelaram que 4 meses após conclusão do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, 85% dos alunos estavam já a colocados no tecido industrial e, cerca de 90% desses, em áreas e empresas afins à Engenharia Mecânica.


 


Há outros aspetos positivos que devem ser salientados, e que muito contribuem para o atual sucesso do Curso: a qualidade profissional e vasta experiência nas suas áreas de especialização dos docentes envolvidos na lecionação das diferentes UCs, as condições de trabalho que a Instituição oferece aos alunos, nomeadamente a qualidade dos espaços de aulas, os laboratórios pedagógicos e os meios informáticos e a crescente integração dos alunos em projetos de investigação, que lhes confere novas competências, fundamentais para o desempenho da sua futura atividade profissional.


 


Relativamente a pontos fracos, consigo identificar a pouca ligação a empresas industriais, nomeadamente para realização da Dissertação em ambiente industrial.


 






O que caracteriza este curso da UMinho relativamente aos cursos de… de outras universidades?


 


Não é fácil responder a essa questão. Há, contudo, aspetos que poderão ser diferenciadores: o ensino por projetos, mais apelativo e eficiente, num número significativo de UCs; uma importante componente prática-laboratorial; a oferta de áreas de especialização atrativas e adequadas às atuais prioridades do país – Tecnologias de Manufatura, Energia e Ambiente e Conceção de Estruturas, neste caso com uma forte componente de tecnologias da madeira. Seja como for, o Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica da UM consegue hoje captar alunos com médias elevadas (próximas das notas de entrada do IST-Lisboa e apenas suplantado pelo curso da FEUP), o que facilita e permite a formação de futuros engenheiros dinâmicos e competentes. É ainda de salientar um aspeto relacionado com o perfil dos alunos que entram no curso: a percentagem de alunos que, no Concurso Nacional de Acesso, escolhem em primeira opção o Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica da UM, tem vindo a subir de ano para ano, e situa-se atualmente em cerca de 70%. Isto significa que a grande maioria dos alunos entram neste Curso porque querem, e não por não terem vaga noutros Cursos ou Universidades, o que atesta bem a sua boa imagem exterior.


 


Existem hoje em dia excesso de profissionais em determinadas áreas. O que podem esperar os alunos de… quanto ao mercado de trabalho?


 


Tudo vai depender, obviamente, da conjuntura económica nacional e internacional nos próximos anos. Contudo, a tradicional versatilidade do Engenheiro Mecânico vai continuar a representar uma importante mais-valia na empregabilidade dos nossos alunos, que é sem dúvida maior do que a existente em áreas de engenharia mais específicas, para as quais estão direcionados muitos cursos de engenharia atualmente existentes em Portugal. Apesar da crise económica do país, todos os dias recebemos ofertas de emprego para alunos finalistas, que não conseguimos satisfazer. Não podemos, no entanto, esquecer que o mercado de trabalho do engenheiro português não se vai continuar a limitar ao território nacional, mas sim estender-se ao espaço europeu. Existe hoje uma forte procura de engenheiros mecânicos portugueses por países do norte da Europa, como a Alemanha, Dinamarca e Noruega, que não podemos ignorar mas sim saber aproveitar.


 


Acompanhou o período das reformas de Bolonha, marcado por uma profunda alteração do modelo de ensino. Como o avalia?


 


A transição para o novo modelo não foi fácil, bem pelo contrário, principalmente devido aos timings que foram impostos. A adaptação dos próprios docentes levou algum tempo, o que é perfeitamente natural. Durante os primeiros anos houve uma forte contestação por parte dos alunos, que nunca foram habituados a trabalhar com o grau de autonomia que o novo modelo exige. Relativamente ao modelo em si, penso que a mudança foi positiva e, a médio prazo, os alunos vão certamente reconhecer a sua importância. As metodologias de ensino atuais tendem a responsabilizar mais o aluno pela sua própria formação, fomentando a sua capacidade de iniciativa, tornando mais eficientes os métodos de estudo e de aprendizagem e a própria gestão do tempo. Para isso, os alunos precisam de perceber que o seu percurso académico não se pode limitar a estudar para fazer testes de avaliação, mas sim utilizar os meios que a Universidade lhes disponibiliza para criarem conhecimento, aprenderem e, sobretudo, compreenderem profundamente as matérias que lhes serão necessárias para adquirirem as competências exigidas ao Engenheiro Mecânico.


 


Quais são as suas prioridades para o curso nos próximos tempos?


 


Em primeiro lugar, a consolidação do modelo de ensino por projetos implementado nas UCs Integradoras, que possibilite aos alunos iniciar um projeto no primeiro ano e desenvolvê-lo ao longo do seu percurso académico de forma a concluí-lo no final do quarto ano. Esta metodologia permitiria o desenvolvimento de projetos mais ambiciosos, a captação de parceiros industriais para o seu financiamento e fomentaria em muitos alunos um forte espírito de empreendedorismo, que poderia culminar na criação das suas próprias atividades de negócio.


 


Uma segunda prioridade tem a ver com o aumento do número de Dissertações realizadas com ligações a empresas, ou mesmo em ambiente industrial, para facilitar a integração dos alunos no meio industrial e estabelecer ligações universidade-empresas mais profundas e eficientes.


 


Em terceiro lugar, aumentar o número de projetos extracurriculares, que são sem dúvida uma das melhores formas de ensino-aprendizagem que se podem adotar.


 


Quais são para si os principais desafios?


 


Atingir os objetivos definidos como principais prioridades para os próximos anos.


 


As escolhas de… Joaquim Barbosa




– Data de Nascimento? 3 de novembro de 1958


– Melhor momento de quando estudava na Universidade? O dia em que concluí o curso


– Melhor filme? Era uma vez na América, de Sergio Leone


– Melhor música?  Thick as a Brick (Jethro Tull)


– Clube do coração? Sporting Clube de Braga


– Livro que recomenda? 20000 Léguas Submarinas, a todos os que quiserem ser engenheiros.


– Viagem? Alasca


– Restaurante? O Hofbräuhaus, em Munique. Cá pelas nossas bandas, o Arcoense, em Braga


– Comida preferida? O bom Pica no Chão minhoto


– Sonho?  Escalar o K2


– Clube? Sporting Clube de Braga, sempre


– Desporto preferido? Automobilismo





Texto: Ana Coimbra


anac@sas.uminho.pt



Fotografia: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt 





(Pub. Nov/2011)

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