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“Grande parte dos Serviços de Ação Social em Portugal tem 80% do seu orçamento ‘oferecido’ pelo Estado”





 


Quais os objetivos estratégicos dos SASUM para 2012?


Os SASUM manterão as suas orientações estratégicas gerais, nomeadamente, trabalhar na melhoria contínua do seu sistema de qualidade, diversificando os serviços e promovendo a abrangência e equidade na distribuição de apoios, consolidar o processo de modernização administrativa incrementando a economia, eficácia e eficiência, e reforçar a sustentabilidade financeira, mesmo num cenário difícil que se prevê para 2012.


 


Um dos objetivos para 2011 era a redução dos custos com água, luz e gás. De que forma isso tem sido feito?


Depois de definidas as politicas em 2010, foi definido um conjunto de ações e intervenções no âmbito da ecoeficiência nas residências universitárias, unidades alimentares e instalações desportivas com o objetivo de poupar água, gás e eletricidade, sem que isso afete a qualidade de serviço. Este esforço de investimento realizado na melhoria de inúmeros equipamentos está a tornar-se uma mais-valia para os utentes em termos de serviço, e para os SASUM em termos financeiros. Vamos continuar a investir neste sentido, e de forma particular na educação dos colaboradores e utentes no sentido de todos nos tornarmos mais eficientes e amigos do ambiente.


 


Qual a poupança conseguida com a implementação destas alterações?


Este ano poupamos em relação ao ano anterior cerca de 30.000 euros, mas em 2010 a poupança foi de quase 100.000 euros. Com o aumento do iva estas poupanças são muito importante porque os valores destes itens (água, eletricidade e gás) rondam os 600.000 euros e têm impacto elevado no nosso orçamento de funcionamento.


 


A UMinho na recente dotação orçamental sofreu um corte de 8,6%. Qual será o corte dos SASUM?


Na vertente orçamental, destaca-se o facto do orçamento inicial do Ministério da Educação e Ciência (MEC) prever uma dotação de Orçamento de Estado (OE) de 2.076.332 euros (corte de 8,6% sobre o valor do ano anterior), que foi alterada para 1.773.549,00 euros, mediante as alterações do orçamento de estado. O total do corte na dotação de OE foi de 302.783 euros, o que em termos percentuais representa 14,58%. Este corte terá graves implicações na gestão e poderá implicar um aumento de preços nos serviços prestados.


 






Qual o orçamento dos SASUM para 2012?


O orçamento dos SASUM para 2012 será cerca de sete milhões e setecentos mil euros.


 


Com os cortes sofridos e face ao aumento de despesas, os SASUM ponderam o aumento dos preços dos serviços e produtos?


Alguns dos serviços e produtos poderão ser ajustados, já que, as matérias-primas e custos de produção, nomeadamente os energéticos, aumentaram significativamente, no entanto, os SASUM têm uma política social da qual nunca abdicarão, tentando de todas as formas minimizar ao máximo possíveis ajustes.


 


Quais as prioridades (em termos de projetos) dos SASUM para 2012?


Os SASUM continuarão a trabalhar no sentido de qualificar todas as suas áreas e como o ano não será fácil estaremos muito atentos ao funcionamento das unidades alimentares, residências universitárias, etc.  Para além desta atividade regular, teremos em 2012 três grandes eventos desportivos. Em abril receberemos os Campeonatos Nacionais Universitários (CNU’s) com a presença de mais de 2500 atletas de todo o país, em agosto teremos o Campeonato Mundial Universitário de Futsal em Braga e de Xadrez em Guimarães. Ainda neste mês receberemos 400 idosos do Norte de Portugal e da Galiza num projeto designado “envelhecimento + ativo” organizado em cooperação com várias entidades de cariz social desta Euro-região.


 


Os SASUM têm uma grande capacidade de arrecadação de receitas próprias. O que representam estas no total do orçamento dos SASUM?


Os SASUM conseguem gerar quase 80% do seu orçamento em receitas próprias. É uma situação que nos satisfaz por um lado já que mostra um desempenho acima da média em termos de obtenção de receita, mas por outro lado sentimo-nos por vezes tristes porque não nos sentimos beneficiados por este excelente desempenho em termos de gestão. Grande parte dos Serviços de Ação Social em Portugal têm 80% do seu orçamento “oferecido” pelo Estado


 


De que forma tem sido potenciada a captação de receitas próprias pelos SASUM?


A captação de receitas tem sido fundamentalmente realizada pela aposta que foi feita na qualidade dos serviços que disponibilizamos ao nosso público, a qual está certificada por duas normas ISO, e pela diversificação da oferta em todos os Departamentos dos SASUM.






 


Quais serão no seu entender as maiores dificuldades dos SASUM para 2012?


As maiores dificuldades para os SASUM prendem-se com o facto de estar instalada uma crise económica muito complexa, a qual criará muitas dificuldades a muitas famílias para conseguir manter os seus filhos a estudar na Universidade, uma vez que os apoios sociais muitas vezes não existirem ou não chegam para muitos estudantes se manterem no sistema.


 


O novo regulamento de atribuição de bolsas de estudo tem causado grande polémica desde que foi publicado. Qual o grande problema deste regulamento?


Existem vários problemas no regulamento, mas para mim os mais preocupantes são os da equidade e que tem a ver com o facto de estudantes provenientes de famílias ricas, com rendimentos de sociedades, terem bolsas de estudo muito elevadas. Outro dos aspetos preocupantes é o facto de ser atribuída ao estudante a responsabilidade de ter de gerir a situação fiscal da família, porque se alguém no seu agregado tiver dívidas fiscais ou à segurança social o estudante é responsável por isso e não pode receber bolsa.


 


Este novo regulamento veio alterar aspetos importantes e que tiveram impacto no número de candidaturas a nível nacional, porque os prazos definidos no regulamento não são coadunáveis com o ciclo de estudo dos estudantes, porque não é compreensível que a candidatura seja remetida para uma data em que os estudantes estão a realizar exames, ou no caso dos alunos de 1º ano tenha de ser feita em conjunto com a candidatura ao ensino superior, o que não ajuda pois não conseguem o apoio “local” dos Serviços de Ação Social e que é vital para o sucesso da candidatura a bolsa.


 


Na UMinho as bolsas já começaram a ser pagas. Em relação às outras universidades a situação também já está normalizada?


Penso que não, porque a bolsa de dezembro que foi enviada para a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) no 1º dia do mês de dezembro ainda não foi paga aos estudantes… o que é muito preocupante. Estas situações vão levar a que milhares de estudantes abandonem o Ensino Superior em Portugal.






 


Em relação ao ano transato, quantos alunos ficaram sem bolsa, resultante do novo regulamento?


Em novembro, das cerca de 60.000 candidaturas a bolsa de estudo, a nível nacional, apenas  6000 bolsas  de  estudo  tinham  sido  pagas. Este número de candidaturas, pelo contacto direto que vamos tendo com os estudantes, é um número inferior ao do ano transato (cerca 90.000), não porque os estudantes precisem menos, mas porque os prazos de candidatura não permitiram a muitos alunos candidatarem-se, não só por causa das alterações tardias e pela falta de acesso a informação, mas também porque o processo de renovação de bolsas coincidiu, pela primeira vez, com o período de exames, tendo chegado essa informação aos estudantes após o início dos referidos exames. Estes são números preocupantes e que em muito têm prejudicado estudantes e suas famílias.


Na Universidade do Minho, temos 63% dos estudantes candidatos com bolsa de estudo, o que é particularmente baixo quando comparado os últimos anos.




Saiu na comunicação social que mais de 40% dos alunos do 1º ano não conseguiram fazer/terminar a sua candidatura a bolsa. Como está a situação desses alunos?


Esta situação deve-se ao facto de, este ano e pela primeira vez, a candidatura a bolsa de estudo ter sido realizada conjuntamente com o processo de candidatura ao Ensino Superior, coordenado pela Direção-Geral do Ensino Superior. Como é reconhecido, este processo de candidatura, embora cada vez mais desburocratizado ainda não é um processo simples. Se a isto adicionarmos o facto de muitos alunos não terem percebido que teriam de se candidatar no procedimento de candidatura ao ensino superior, encontramos um conjunto significativo de alunos que se apresentam nos nossos serviços com sérias dificuldades e que caso o Ministro da Educação e Ciência não autorize um novo prazo de candidaturas, tal como se comprometeu, poderão ter muitas dificuldades em manter-se no sistema, tendo, no limite, de abandonar os estudos. Sabemos que o Conselho de Reitores e as Associações de Estudantes estão atentas a este problema e continuamente em contato com o Ministério da Educação e Ciência tentando de todas as formas resolver o problema.

 


Como caracteriza a situação da ação social no ensino superior?


Numa única palavra, preocupante…






 


A área desportiva é uma das “grandes” imagens dos SASUM. O desporto é uma aposta ganha?


O Desporto é uma aposta ganha pelo número de pessoas envolvidas em atividade regular, mas sobretudo porque sentimos que é uma área que complementa a formação dos estudantes e um serviço que melhora a autoestima, saúde e cria nas pessoas um sentimento de pertença, de integração. Pensamos até que é mais um dos fatores que ajuda a combater o abandono escolar.


 


O Departamento Desportivo assume uma política de democratização do acesso à prática desportiva. Esse objetivo é uma realidade nos Campi?


Sim, a nossa orientação vai claramente no sentido do “Desporto para Todos”. A oferta de atividades é variada, responde a diferentes níveis e exigências de prática, e está desenhada para ambos os géneros. Uma das constatações que nos satisfaz é verificar que o número de homens e mulheres dos cerca de 10.000 utentes das instalações desportivas é praticamente o mesmo.


 


Em 2010/2011 a prática desportiva da população estudantil na UMinho atingiu 46,8%. Qual o segredo deste sucesso?


Não existe segredo. O mal do desporto é que a oferta desportiva tem sido decidida do lado da oferta e não do lado da procura. Os SASUM fazem todos os anos um inquérito aos novos estudantes para avaliar as práticas anteriores e motivações de prática, e o programa é desenhado em função das necessidades e preferências dos estudantes. Também respondemos sempre a quem nos faz sugestões e vamos fazendo as nossas experiências para ter cada vez mais gente a praticar desporto. Por outro lado a cooperação estratégica na organização do desporto na Universidade com a Associação Académica tem-se mostrado como o modelo ideal em termos de desenvolvimento desportivo.


 


Em termos desportivos, o que podemos esperar para 2012?


2011 foi um ano excelente em termos de atividades, prática e resultados desportivos. Queremos manter estes registos e realizar ainda com excelente qualidade e sucesso os dois eventos internacionais já mencionados, e ainda ajudar a Associação Académica a organizar em Braga e Guimarães no mês de abril os melhores Campeonatos Nacionais Universitários de sempre!


 


A passagem a fundação ainda espera discussão da parte do governo. Após alguns desenvolvimentos no último ano, algumas universidades já desistiram. No seu entender a UMinho deve prosseguir neste caminho?


Cabe neste momento ao governo fazer aprovar o diploma que irá reger as fundações, pelo que quando isso acontecer penso que caberá à Universidade do Minho, dentro do novo quadro legal, definir a sua estratégia de atuação.


 


Que mensagem gostaria de deixar à comunidade para 2012?


A mensagem que os SASUM desejam deixar à comunidade é uma palavra de esperança e de que estaremos preparados, como sempre, para ajudar e trabalhar no sentido de criar as melhores condições em termos de serviços prestados à comunidade académica, e  em termos de garantir o prosseguimento dos estudos aos estudantes. Embora se saiba que 2012 não será um ano particularmente fácil, os SASUM estarão sempre de portas abertas para ajudar quem nos procure! 


 



Texto: Ana Coimbra




Fotografia: Roque Teixeira





(Pub. Jan/2012) 


 


 

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