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“A pressão e a ansiedade são partes integrantes do jogo”


Com que idade iniciaste a prática competitiva do Taekwondo e onde?  
Iniciei a prática do Taekwondo com 7 anos num ginásio chamado Koryo.
Achas que o taekwondo ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?
Sim, sem dúvida que a prática do Taekwondo me ajudou no meu desenvolvimento, pois são nos incutidos valores desde pequenos, como o respeito, espirito de equipa, amizade, responsabilidade, que são fundamentais para o desenvolvimento enquanto individuo.  
Qual foi o papel da tua família no teu percurso enquanto atleta de alta competição?
Foi graças a minha família que me tornei no atleta que sou. Entrei para o Taekwondo muito por causa do meu pai, que queria que eu realizasse um desporto diferente, que conhecia de vista. Foram eles (os meus pais) que me transportaram todos os dias à noite para os treinos, durante muitos anos, assim como o suportaram os custos inerentes.
 
Quantas vezes treinas por semana, e quanto tempo?
Actualmente treino 6 vezes por semana, aproximadamente 2 horas por dia. No entanto dependendo da época e prova em questão, o tipo de preparação varia, podendo chegar a treinar duas vezes por dia,  
Algumas pessoas associam as artes marciais a comportamentos violentos. O que tens a dizer a essas pessoas?
Digo, que esse pensamento está a meu ver errado. Pela experiência que tenho, denoto que os praticantes tendem a evitar comportamentos violentos, pois estão cientes das consequências.
 
A maneira como tu lidas com a pressão e a ansiedade antes dos combates é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras no tatami?
A pressão e a ansiedade são partes integrantes do jogo, e muitas vezes são decisivas para o desfecho do combate. Sendo parte integrante do jogo é algo que é treinado e desenvolvido com ajuda do psicólogo de equipa. 
Qual foi para ti o combate mais difícil que tiveste até hoje?
O combate mais difícil para mim foi no Open da Inglaterra em 2011 contra o Inglês Aaron Cook, que é o Campeão Europeu em título e é actualmente o nº3 do ranking mundial na categoria de -80kg.
 
És atualmente Campeão Nacional Sénior e Vice-Campeão Europeu Universitário. Qual é para ti a grande diferença entre a competição federada e a competição universitária?
Para mim a única diferença entre estas competições é somente o nome, tudo o resto é exactamente igual: eu versus um adversário.
 
Neste último Europeu Universitário, que foi organizado pela UMinho, conseguiste a medalha de prata. Foi difícil? Qual é a sensação de logo no primeiro ano de universidade conquistar algo tão importante?
Este europeu estava bem presente nos meus objectivos, apesar de ser estreante. Preparei-me bem para esta prova e realizei três combates com bons atletas. Não foi fácil alcançar a prata, mas estava confiante e motivado para tal. A sensação no fim foi acima de tudo de enorme satisfação e de “missão cumprida”.
   
Em 2010 participaste no Mundial de Juniores e conquistaste o titulo de Vice-Campeão Mundial. Ainda te recordas de como foi esse dia e o que significou para ti?
Sim, recordo-me bastante bem desse dia, pois foi o dia mais importante para mim nestes anos todos de prática de Taekwondo. Ser Vice-Campeão Mundial é algo inexplicável, algo impossível de expressar por palavras. A isto acresce-se que esta foi a primeira e única conquistada no escalão em 35 anos de Taekwondo em Portugal, o que fez com que este título tivesse ainda muito mais significado para mim pois faço parte da história do Taekwondo Português.
 
Qual é o teu segredo para tantos sucessos desportivos?
O segredo é sempre o mesmo, treinar, treinar e treinar mais. O sucesso aparecerá se isto for cumprido e desfrutado.
Os Jogos Olímpicos de 2016 são um sonho ou algo mais?
Os Jogos Olímpicos são “O Sonho”. É o meu grande objectivo desportivo, é aquilo que me motiva para treinar. Obvio que há muito trabalho até lá chegar, mas com tempo e muito treino acontecerá.
O facto de competires e pelo teu atual clube condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porque?
Não, de forma alguma. Sempre me senti bem em Braga, e sempre manifestei vontade de cá continuar a estudar, daí a escolha.
  
Para muitos atletas de alta competição torna-se difícil conciliar os estudos com a prática desportiva. Como é que tu consegues gerir esta nem sempre fácil “relação”?
Não é fácil, porque há sempre muita coisa a acontecer. Mas com alguns sacrifícios de saídas, jantares, etc e planificações de estudo, consegue-se conciliar os dois. 
A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?
É sem dúvida uma iniciativa muito interessante e que demonstra que a Uminho se preocupa com todos os seus estudantes. Graças a este programa a conciliação do estudo com o desporto acaba por ser mais fácil, porque podemos contar com as ajudas dos professores e temos maior flexibilidade em termos de prazos.
Já recebeste apoio através do TUTORUM? Se sim, em que áreas?
 Não, ainda não. 
Os teus objetivos pessoais passam por uma carreira profissional no taekwondo ou os estudos vêm em primeiro lugar?
Sem dúvida que o Taekwondo é a minha paixão, e que gostava de fazer dele uma carreira profissional, contudo ainda não é possível em Portugal, devido á falta de conhecimento e de apoios institucionais. Por estas razões os estudos são extremamente importantes para a construção de um futuro sólido. 
Descreve-me um dia na vida do Michel.
Um dia na vida do Michel difere pouco do de uma pessoa normal. Passa por acordar, ir para a universidade, estudar, namorar, treinar, e voltar para o lar para recuperar energias, porque no dia seguinte há mais.
Texto: Nuno Gonçalves
(Pub. Abr/2012)


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