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“…estamos a falar de aproximadamente 5 dezenas de edifícios, que representam aproximadamente 250 000 m2 de área bruta.”


É Pró-Reitor para a Infraestrutura. Qual é a essência desta pasta? 
Esta pasta tem como objetivo o planeamento e gestão dos projetos de construção da Universidade, bem como na manutenção, conservação, reabilitação e requalificação dos edifícios, equipamentos, serviços e espaços exteriores da Universidade. 
Os sistemas e serviços associados a esta missão, como é o caso serviços dos sistemas de abastecimento de energia, fluídos, os sistemas de climatização, a segurança, o combate a incêndios, e as rede de voz e dados, entre outros, são assegurados através dos Serviços Técnicos e dos Serviços de Comunicações. 
É minha convicção que geralmente não é reconhecida a verdadeira importância destas infraestruturas e dos serviços que as gerem, sem os quais não seria possível o cumprimento da nossa missão.
Quais são os principais objetivos do pelouro que lidera até 2013?
Em termos de edifícios é de destacar a construção dos dois edifícios do instituto de Ciência e Inovação para a Bio-Sustentabilidade (IB-S), em Guimarães e Braga, financiado pelos fundos do QREN, e que representam um investimento de 7milhões de euros.   
Vamos ainda concluir a empreitada da entrada sul do Campos de Gualtar com a construção do edifício da portaria, que passará a ser a entrada principal do Campus. Em Azurém vamos concluir o projeto de uma nova entrada do campus, pelo lado Nascente, junto às residências universitárias e ao Pavilhão. O arruamento que serve estas infraestruturas também será objeto de intervenção. 
Prevê-se a conclusão do projeto do Complexo do Largo do Paço, que compreende a transferência do Arquivo Distrital de Braga para o edifício da rua Abade Loureira, a reconversão da Biblioteca Pública de Braga a requalificação do Corpo Central.
Do ponto de vista imaterial, estamos a trabalhar num sistema de informações geográfica que vai permitir, de forma integrada, e em menor tempo, ter informação fundamental para a gestão operacional das infraestruturas. Este serviços vai ainda permitir localizar geograficamente os serviços essenciais como os WC, os bares, as reprografias, etc.
A dotação do OE 2012 apresenta uma redução efetiva de 8,6% face a 2011, acrescida de uma redução na massa salarial efetiva, em resultado das medidas aprovadas em sede do OE, na ordem dos 14,4,% face ao ano de 2011. Em resultado desta conjuntura que projetos estavam previstos que tiveram de ser “esquecidos”? 
A atual conjuntura não é  a mais favorável, e levou à implementação de medidas rápidas para o controlo do défice público. Depois desta vaga inicial penso que vai haver a oportunidade para pensar neste assunto com mais maturidade e, nessa fase, há factos objectivos que vão levar a que haja um aumento do financiamento das universidades.
Senão vejamos. A diferença que existia há alguns anos entre as universidades mais prestigiadas da Europa e América e as principais universidades portuguesas tem sido claramente esbatida. Nos últimos anos, ao nível do ensino e da investigação, passamos a trabalhar numa plataforma verdadeiramente global, comparável com o que há de melhor. Os prémios e o reconhecimento internacional de muitos dos nossos colegas é uma prova deste facto.
Sobre este assunto lembro-me de o Prof. Sobrinho Simões há alguns anos dizer que em Portugal não temos muitos centros de excelência mas, se a análise tivesse em conta as condições e recursos existentes, aí já teríamos muitos. Partilho desta opinião. 
Esta melhoria deveu-se a um esforço enorme das universidades e que, apesar de estarem a formar mais alunos, e fazerem mais e melhor investigação, tem tido como prémio a redução continuada do seu financiamento. É importante realçar que as universidades não promovem o défice público, mas antes promovem a qualificação de pessoas e promovem as condições para a criação de riqueza.
Por tudo isto, penso que haverá brevemente uma inversão na redução do financiamento das universidades, o que resultará verdadeiramente no cumprimento de projetos sustentáveis, como são os nossos.
O Plano e o Orçamento 2012 elegem como objetivos estratégicos, consolidar projetos infraestruturais estratégicos, nomeadamente: Campurbis, IB-S e Largo do Paço. Em que situação se encontram estes projetos?
O novo campus da UM na zona de Couros, no centro histórico da cidade de Guimarães, já é uma realidade. O Instituto de Design está concluído e o Centro de formação Pós-Graduação estará finalizado a tempo do início do próximo ano letivo. Seria injusto falar destes edifício e não referir a profícua colaboração que tem existido entre a UM e a Câmara Municipal de Guimarães.
Espera-se que a construção dos dois edifícios do IB-S, em Braga e Guimarães, possa começar já em Julho e, o projeto do Complexo do Largo do Paço, que está em curso, atendendo à importância histórica e simbólica dos edifícios envolvidos, continuará durante o ano de 2013.
A mudança do regime jurídico da Universidade era importante para a realização de alguns projetos em termos infraestruturais? 
Ouvimos muitas vezes falar da diminuição do investimento público no ensino superior, que é de facto muito preocupante. Menos falado, mas não menos importante, é na forma “espartilhada” em que é permitido gerir os poucos recursos existentes, e que resulta numa dificuldade de contratação de pessoas e recursos materiais, mesmo em condições de emergência. Sou adepto de uma maior liberdade na gestão do orçamento das universidades, com a inerente responsabilização da mesmas.
Se nada mudar, poderemos vir a responder perante a comunidade académica pela forma como nos é imposta a gestão das verbas insuficientes que nos são atribuídas. Na minha opinião a mudança do regime jurídico, nos moldes em que foi discutido, cria uma flexibilização que permite uma maior eficácia na gestão, o que permitirá materializar projetos que na situação atual não seria possível.
O que falta ser concretizado para que a UMinho passe a Fundação, e que mais-valias trará em termos de aquisição ou gestão das infraestruturas da UMinho?
Nos termos do regime jurídico em vigor, e depois de um período de análise e debate do assunto na academia, a proposta de alteração do regime jurídico foi aprovada pelo Conselho Geral da UM. Segue-se uma fase de análise conjunta da UM e do Governo, que está em curso.
O processo ainda não está concluído mas tenho a convicção que a mudança do regime jurídico virá trazer uma maior agilidade nas decisões e contratações, à qual está associada uma maior responsabilidade, mas claramente maior eficácia na gestão.
Quais os investimentos infraestruturais mais importantes em termos de equipamentos de utilização geral e específicos de UOEI e Serviços?
Antes de falar dos investimentos estruturais acho que se justifica falar um pouco sobre o que é hoje a UM em termos de infraestruturas. Na cidade de Guimarães temos os campi de Azurém e de Couros e, na Cidade de Braga temos o Campus em Gualtar, o Complexo do Largo do Paço, o Edifício dos Congregados e mais alguns edifícios no centro da cidade.
Ao todo, estamos a falar de aproximadamente 5 dezenas de edifícios, que representam aproximadamente 250 000 m2 de área bruta. Em termos de terreno, temos aproximadamente 70 hectares, dos quais mais de 600 00 m2 são arranjos exteriores.
Agora os investimentos. No ano passado foram efectuados sete concursos públicos para execução de empreitadas e fornecimento de serviços, representando mais de 3 milhões de euros. Foram ainda efectuados aproximadamente quatro dezenas de outros procedimentos de contratação, com um valor de mais de 1,5 milhões de euros. 
Nestes procedimentos, praticamente todas as Escolas e Institutos foram objeto de intervenção. Pelo valor de obra, destaco a instalação de sistemas de sombreamento de fachadas; a reabilitação das coberturas de edifícios em Azurém (1ª fase); a reabilitação das infraestruturas de iluminação interior e exterior nos Campi de Azurém e Gualtar; a reabilitação do edifício da Biblioteca Central da UM, em Braga; a modelação de terreno na zona poente do campus de Gualtar; a reformulação dos sistemas de climatização da Escola de Ciências da Saúde da U.M e, as salas de aulas em Azurém e Gualtar foram também objeto de melhoria, muitas delas com a aquisição e instalação de videoprojectores. 
Foi ainda efetuada a reabilitação e reinstalação de serviços através da mudança para novas instalações do Gabinete de Apoio ao Ensino (GAE), do Serviço de Relações Internacionais (SRI) e do Gabinete de Apoio a Projetos (GAP), as instalações da Reitoria em Guimarães e as novas instalações de apoio ao funcionamento dos júris de provas académicas e de concursos, conectadas com os auditórios do CPII.

A UMinho tem como um dos seus vetores estratégicos, assumir opções e práticas sustentáveis. O que tem sido feito relativamente à racionalização de consumo de energia? 
A UMinho tem a responsabilidade de assumir este problema de forma exemplar, de modo a ser um exemplo para a sociedade, mas também pela importância do valor da energia que utiliza, que no ano de 2010 foi de aproximadamente 1,8 M Euros.
Durante o ano de 2011 foram substituídas lâmpadas e luminárias antigas e com baixa eficiência energética, foram instalados equipamentos para redução da potência reativa e, efetuadas alterações aos circuitos de iluminação, por forma a melhor gerir alguns circuitos, como é o caso das luzes de presença.
Foram ainda instalados bancos de gelo, o que permite gerar a carga térmica necessária, numa altura em que a energia tem menor custo.   
De quanto tem sido a poupança da fatura energética com as medidas já implementadas
A fatura energética em 2011 apresentou, relativamente ao que se pagou em 2010, uma poupança de aproximadamente 140 000 euros, o que representa uma diminuição de aproximadamente 8%.
É de realçar que muitas das medidas foram implementadas ao longo do ano de 2011, pelo que este ano as medidas que foram implementadas vão ter uma maior período de abrangência, pelo que é de esperar que seja consumido ainda menos energia. No entanto, vamos ter o efeito do aumento do IVA, o que vai onerar ainda mais a energia consumida.
Para quando o sistema de informação ambiental da UMinho?
Nesta fase estamos a finalizar o sistema de informação de base, que vai suportar entre outros a informação ambiental. Assim que este “motor” esteja operacional, segue-se a definição dos locais e dos dados relevantes a apresentar.
Depois de concluído, qualquer membro da comunidade poderá ter informação relevante, muita dela em tempo real, através deste portal. 
Que outras formas de despesas/custos estão a ser estudados de forma a poupar/racionalizar?
Já falamos da expectativa da redução dos consumos de energia elétrica e de gás. Acabou de ser revisto a operativa associada à segurança na UM. Este concurso será brevemente colocado no mercado e, estamos confiantes que o resultado será um sistema mais eficiente e, com uma redução dos custos associados. Até 2013 esperamos concluir ainda redefinir os serviços de limpeza.
Tem ainda sido conseguido uma redução dos custos associados às redes de dados entre os campi e os restantes complexos funcionais da UMinho. Os Serviços Técnicos e o Gabinete de Apoio ao Ensino têm trabalhado em estreita colaboração de modo a concentrar a atividade letiva, em horário extraordinário, em menos edifícios. Durante este ano já vamos ter indicadores que permitirão aferir a redução de custos associada.
A difícil situação que o país atravessa trás inevitáveis reflexos na vida da Universidade. A UMinho vai conseguir o financiamento necessário para que se possam executar os investimentos nas infraestruturas considerados como prioritários?
Como temos pouca capacidade de mudar a conjuntura nacional e internacional, que tem tido os efeitos que conhecemos, toda a energia que gastarmos em lamentações, não estará a ser canalisada para a melhoria da situação atual.
Assim, vamos continuar a seguir o nosso plano e vamos concluir todos os projetos prioritários, independentemente de existir ou não forma de financiamento. Depois, usaremos todos os recursos e mecanismos disponíveis para procurar o financiamento necessário, com a prova de que sabemos exatamente o que queremos, e temos todas as condições reunidas para a sua execução imediata.
Paralelamente, estamos ainda a trabalhar na optimização dos processos de gestão do nosso património. Qualquer euro poupado fica imediatamente disponível para melhorar a gestão da infraestrutura existente.
Para quando a publicação do relatório de sustentabilidade da UMinho? 
Cada vez mais instituições tem sentido a necessidade de divulgar o seu compromisso com as práticas de sustentabilidade. Muitas instituições de ensino superior de referência já iniciaram este processo. A UM está também comprometida com este principio.
Existe na UMinho um grupo de trabalho que tem analisado de uma forma multidisciplinar os indicadores económicos, sociais e ambientais associados a instituições de ensino superior. Para além da análise da metodologia, muitos dos indicadores foram já objeto de avaliação específica para o caso da UM. Trata-se de um avanço muito importante, porque para além de apresentar estes dados à sociedade, paralelamente, é um forma de análise e diagnóstico daquilo que somos e um ponto de partida para a melhoria dos processos existente. 
Com base no trabalho já desenvolvido e, como o apoio desta equipa, a Reitoria está a trabalhar no seu relatório de sustentabilidade, referente ao ano de 2010, seguindo a metodologia preconizada pela Global Reporting Iniciative. Assim sendo, seremos a primeira Universidade em Portugal a fazê-lo, o que demonstra o nosso empenho neste tema.   
        
Sobre a gestão inteligente dos edifícios nos campi. O que está a ser feito?
Esta em curso a implantação de um sistema de gestão centralizado, o que permite a monitorização e intervenção remota. Como disse, temos aproximadamente 5 dezenas de edifícios, espalhados por vários campus e complexos. A simples programação e verificação dos equipamentos instalados consome muito tempo se for efetuada localmente. Este sistema vai permitir uma maior facilidade de diagnóstico e gestão deste equipamento. É o caso de detecção de avarias ou de perdas de desempenho dos equipamentos.
A Agência UM para a Energia e o Ambiente (AUMEA) foi criada em 2007. Quais os desenvolvimentos desta?
Como o nome indica trata-se de uma agência que visa debater e analisar os assuntos relacionadas com o ambiente e a energia.
A AUMEA tem participado de forma ativa nas decisões estratégicas relativas à eficácia e eficiência energética. Para além das intervenções que já falei antes, é de destacar uma campanha liderada pelo Prof. Renato Morgado, que em conjunto com a associação de estudantes, tem levado a cabo uma campanha de sensibilização sobre a eficiência e racionalidade energética. 
De fato, a questão comportamental é de uma grande importância, especialmente numa instituição de ensino superior. Penso que se trata de mais um exemplo onde estamos a liderar. A recetividade dos UOEI, dos serviços e dos estudantes foi muito boa e parte destas economias registadas no ano passado são também devido a esta adesão.
Numa segunda fase vamos desafiar as UOEI e os serviços a colaborar numa campanha de identificação e melhoria dos sistemas existentes, quer por alteração de tecnologias, quer por alteração comportamentais, mantendo ou se possível melhorando o conforto existente.
Texto: Ana Coimbra
anac@sas.uminho.pt



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