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“…para um licenciado em engenharia informática o mercado de emprego é global …”



 

Qual a sua
formação e trajeto académico?


Sou licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática,
pela Universidade do Minho. A minha formação completa-se com um Mestrado e um
Doutoramento em Informática, também na UMinho. Após acabar a licenciatura
concorri a um lugar no Departamento de Informática e desde então sou docente e
investigador do mesmo.

 

Como caracteriza a sua função de
diretor de curso?


Como é sabido o curso de Licenciatura em Engenharia Informática (LEI) é
dos cursos com mais alunos da Universidade do Minho e daí que a função do diretor
de curso é afectada (na maioria das vezes de forma positiva) por este factor de
escala. Muitos alunos significam muitas situações diferentes, necessidade de
coordenação das diversas atividades e criação e dinamização de momentos de interação
com todos os envolvidos.

O diretor de curso de LEI esforça-se por assegurar a organização do ano
lectivo e apoiado, quer pelos estudantes quer pelos docentes, promover a
articulação das atividades letivas com outras atividades formativas.

 

O que
o motivou a aceitar “comandar” este curso?


O facto de ser um aluno deste curso, logo tendo
um apreço muito especial pelo mesmo, e a convicção que podia ajudar a melhorar
a qualidade do mesmo e promover iniciativas extracurriculares que aumentem a
visibilidade exterior da Engenharia Informática da UMinho
.

 

As experiencias anteriores têm-na ajudado no cumprimento da sua
função de diretor de curso?


Sim, sem dúvida. O facto de já
pertencer à comissão de curso e de ter participado em várias iniciativas dos alunos,
permitiram-me ter as condições que julgo adequadas para desempenhar este papel.

 

Quais são as maiores
dificuldades no cumprimento da sua função?


Como referi anteriormente a dimensão do curso no que concerne ao número
de alunos. Ter uma direção de curso com 700 alunos obriga a práticas de
comunicação e de gestão diferentes das que necessitaria se estivéssemos num
cenário de um curso mais pequeno. No entanto, não diria que este factor é uma
dificuldade, mas sim um factor aliciante, até porque os alunos de LEI são muito
participativos, interventivos e com um espírito de corpo muito evidente e saudável.

 

No seu entender, porque é que um futuro universitário deve concorrer ao
curso da Licenciatura em Engenharia Informática
?


Em primeiro lugar deve
concorrer a LEI se tiver uma apetência pela informática, pela engenharia e
muito principalmente pela matemática e rigor.

Em segundo lugar
porque a procura de licenciados em engenharia informática continua a ser muito
elevada, não só em Portugal mas também a nível 
global. O papel abrangente que a digitalização da informação tem atualmente
e a desmaterialização dos diferentes processos que regulam o nosso dia-a-dia,
fazem com que o papel dos engenheiros informáticos seja muito valorizado e
existe mercado para estes licenciados.

Por último, porque, na
minha opinião, a formação de um licenciado em engenharia informática vai-lhe
permitir ao longo do seu percurso profissional estar envolvido em diversos
projetos, de áreas muito diversificadas, o que o é um factor muito importante
de valorização nos dias de hoje.

Quais são na sua opinião os pontos fortes deste curso? E os pontos
fracos?

Como pontos fortes
destaco o plano de estudos, completo e muito focado, e a forma como esse plano
é direcionado por forma a incutir nos nossos alunos as melhores práticas que
permitem conjugar os conhecimentos de tecnologia, das ciências da computação e
da engenharia. Com esta mistura de conhecimentos os licenciados da LEI são engenheiros
capazes de aplicar os princípios fundamentais das ciências da computação ao
desenvolvimento de soluções de software eficazes, robustas e escaláveis.

Ainda como ponto forte
julgo importante destacar a capacidade que o curso tem de olhar para a
envolvente e recolher, de forma positiva, os inputs que o tecido empresarial de
tecnologias de informação pode aportar. Isto é verdade no caso da LEI, mas
muito principalmente no curso de continuidade em informática, que é o Mestrado
em Engenharia Informática.

Em relação a pontos de
melhoria, diria que os tentamos identificar e adaptar o plano de estudo e as
práticas, por forma a manter a imagem de qualidade que nos tem caracterizado.

O que caracteriza este curso da UMinho relativamente aos cursos de Licenciatura
em Engenharia Informática de outras universidades?

A resposta a essa
pergunta radica no percurso do próprio Departamento de Informática e da forma
como sempre equacionou o que é ser um Engenheiro Informático. O posicionamento
da engenharia informática da UMinho assenta numa abordagem rigorosa, assente em
metodologias formais de construção e teste de software e numa prática de incentivo
das disciplinas de projeto como mecanismo primordial para a consolidação dos
conhecimentos. 

Durante o curso os alunos frequentam diversas unidades
curriculares em que as componentes teóricas são complementadas por projetos em que
é possível colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Os engenheiros de
software da LEI apresentam as competências necessárias para aplicarem os
princípios das ciências da computação e de matemática para conceberem e
desenvolverem sistemas software ?cost-effective?, em todas as vertentes, desde
os sistemas operativos, as linguagens de programação, passando pelas redes de
computadores, a interface com o utilizador, entre outras.Nessa medida, a
formação dos licenciados de LEI é também influenciada por uma forte componente
de sistemas, na medida em que um engenheiro informático  deve conseguir criar soluções com respeito
pela calendarização, orçamentação e conseguir ter a melhor solução com os
recursos que tem à sua disposição.

 

A formação que os nossos licenciados recebem faz com
que eles possuam as características necessárias para conseguirem seguir uma
abordagem rigorosa,  disciplinada e
quantificável na concepção, desenvolvimento e manutenção de sistemas software.
Esta mistura de competências, que me parecem ser uma marca distintiva da oferta
de informática da UMinho, faz com que os licenciados em LEI se distingam
favoravelmente no plano nacional dos licenciados na área.

 

Existem hoje em dia
excesso de profissionais em determinadas áreas.
O que podem esperar os alunos da Licenciatura em Engenharia Informática
quanto ao mercado de trabalho?

Como referi anteriormente na área das tecnologias de
informação, nomeadamente no que concerne aos engenheiros de software, o mercado
ainda está com falta de recursos. Isso faz com que os alunos da LEI e do MEI
(Mestrado em Engenharia Informática) consigam, apesar do panorama recessivo a
nível nacional, encontrar colocação com alguma facilidade.

Importa também a este respeito dizer que para um
licenciado em engenharia informática o mercado de emprego é global,  não se restringindo ao panorama nacional. Na
LEI preparamos engenheiros que podem, com sucesso, exercer a sua profissão em
qualquer país do mundo, na medida em que a tecnologia e as metodologias de
concepção de software não são afectadas pelo espartilhos das fronteiras. Temos
inúmeros casos de alunos nossos que desempenham as suas atividades fora de
Portugal e temos casos de recrutamento direto por parte de empresas
estrangeiras, em parte influenciadas pelas boas experiências que tiveram com
esses alunos.

Findo o seu percurso académico, são vários os
domínios profissionais em que os licenciados da LEI decidem enquadrar e
desenvolver as suas atividades profissionais. Grande parte dos licenciados
escolhe prosseguir a sua carreira em empresas vocacionadas exclusivamente para
o desenvolvimento e comercialização de produtos e soluções informáticas, mas, em
alternativa, muitos optam por integrar equipas informáticas de empresas ou
instituições de outros sectores da indústria, comércio ou serviços, tais como
instituições públicas ou privadas de saúde, empresas da área da distribuição e
retalho, bancos, seguradoras, ou operadores de telecomunicações, entre muitas
outras.

Uma fatia importante dos alunos de LEI (e
anteriormente da LESI) optou pelo caminho do empreendedorismo e são a génese do
tecido empresarial de tecnologias de informação que se desenvolveu nas duas
últimas décadas em Braga.

Acompanhou o período das reformas de Bolonha,
marcado por uma profunda alteração do modelo de ensino. Como o avalia?

O processo de
Bolonha foi marcado por uma alteração nos planos dos cursos para incrementar as
componentes de projeto. Procurou-se incrementar as componentes de projeto e dar
uma importância acrescida à avaliação continuada.

No caso da
informática na UMinho, e genericamente no caso das engenharias, esta primazia
da componente prática e laboratorial sempre esteve presente, o que permitiu que
a nossa experiência da passagem para Bolonha tenha tido menos impacto que
noutros cursos e escolas.

Creio que
genericamente estas mudanças são positivas para os alunos, que podem escolher
de forma mais evidente o seu percurso académico de acordo com as suas
prioridades e interesses.

Quais são as suas prioridades para o curso nos
próximos tempos?

Continuaremos
a estar atentos por forma a adequar o nosso plano de estudos às necessidades do
mercado e aquilo que nós consideramos ser o currículo adequado para as pessoas
que formamos. Estamos cada vez mais interessados em atrair os melhores alunos,
com hábitos de estudo bem cimentados, como mecanismo primordial para ter massa
crítica para formar melhores profissionais. Dessa forma instituímos este anoum
prémio que se dedica a premiar os melhores alunos do secundário que se
candidatam à LEI.

Quais são para si os principais desafios?

Como diretor de curso, continuar
a afirmar uma imagem de qualidade e incentivar alunos e docentes a manterem-se
animados em continuar a promover e assegurar um dos produtos bandeira da
UMinho. Mesmo nestes tempos mais conturbados…

Texto: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt

(Pub. Jul/2012)

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