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“Acredito que os estudantes podem e devem dar mais de si à instituição, afinal nós somos Universidade do Minho”



Quem é Hélder
Castro e qual a tua ligação ao Minho?

Hélder Castro é um habitante de Caldas das
Taipas que estuda desde 2007 na Universidade do Minho. Com raízes na região
sempre dedicou parte do seu tempo ao associativismo, procurando sempre ajudar
os outros apoiando-se e sendo fiel aos valores que assume. Desde jovem que reconhece
que a Universidade do Minho é uma instituição com um enorme destaque no
panorama do Ensino Superior e por isso foi uma escolha simples a opção pelo
Mestrado Integrado em Arquitectura. Acredita sobretudo nas pessoas e em
projectos que possam contar com o envolvimento das mesmas, só assim poderemos
encontrar soluções que melhor respondam às necessidades do nosso quotidiano.
Numa aldeia cada vez mais global a interculturalidade é uma realidade e por
isso temos que aprender a viver com este aspecto de opiniões diversificadas, na
qual o respeito têm que ser a palavra-chave para um desenvolvimento sustentado.

Qual o
teu percurso académico e desde quando estás ligado à AAUM?

O meu percurso académico acaba por ficar
muito marcado pela AAUM devido à minha proximidade desde cedo à mesma. Entrei
na direcção da AAUM no mandato de 2009 tendo colaborado em 2008 em algumas
actividades. Estive interessado em complementar a minha formação superior com o
associativismo e acabei por descobrir que desenvolvera muitas competências que
me permitiram ser um melhor estudante e certamente no futuro, um melhor
profissional. O dia-a-dia de uma Associação apresenta-nos muitos problemas,
para os quais temos que encontrar soluções em tempo útil. Acaba por ser um
treino muito útil quando nos deparamos com as dificuldades que se apresentam
aos jovens de hoje.

Qual foi para ti o
momento mais marcante neste trajeto pela AAUM?

O
momento da tomada de posse acaba por arrecadar este título, pois sentimos pela
primeira vez verdadeiramente o peso institucional de representar os Estudantes
Minhotos. Ao discursarmos perante uma sala repleta de estudantes e instituições
entendemos a dimensão da nossa responsabilidade, será um momento que guardarei
para sempre. A par deste, acredito que os momentos em que é possível ajudar um
estudante acabam por ganhar um peso muito similar, pois sentimos que o nosso
apoio foi crucial para o percurso de alguém. Uma sensação de realização
preenche-nos pois corrigiu algo que não estava correcto e combatemos a favor do
sucesso Estudantil.

Quais as tuas
motivações para presidir a AAUM?

Principalmente
estas assentam em defender intransigentemente os direitos dos estudantes bem
como garantir oportunidades para que estes possam crescer dentro da instituição
Universidade do Minho. É uma batalha que nem sempre corre bem para o lado dos
estudantes, mas estaremos sempre na linha da frente na insaciável defesa dos
mesmos. Acredito que os estudantes podem e devem dar mais de si à instituição,
afinal nós somos Universidade do Minho.

Após um ano como
presidente da Associação Académica, que
balanço fazes do teu mandato até à data?

Têm sido um
mandato marcado pela consciência das condições de vida dos Estudantes que se
têm degradado dia após dia. Estou certo de que enfrentamos um dos piores
cenários de sempre na Acção Social Escolar, em que a mesma não consegue fazer
face às crescentes despesas que se apresentam sem qualquer sensibilidade pelos
estudantes que acabam sempre por pagar a factura. Estou certo que para muitos
esta é a forma mais fácil de fazer face às despesas que diariamente se
apresentam, mas podem estar cientes que em lugar nenhum no mundo uma
Universidade funcionou sem Estudantes bem como um país cresceu sem Educação e
Investigação. Parece-me irresponsáveis as posições tomadas que em nada irão
garantir o futuro que tanto procuramos, nem as metas com que nos comprometemos.


Uma das bandeiras do teu mandato era a ligação aos
estudantes e uma política de proximidade aos núcleos. Consideras que isso se
tem concretizado?

Acredito que a política de proximidade
ajuda a tomarmos conhecimento da realidade. Esta tem-se intensificado nos
diferentes fóruns que temos realizado. Acredito que os núcleos podem contar com
a AAUM e que esta estará sempre que possível ao seu lado conhecendo as suas
realidades e dificuldades que por sua vez reflectem as opiniões dos estudantes
que representam. Já tive a oportunidade de dizer que os núcleos fazem um
trabalho meritório pois têm sido ambiciosos e cumpridores dos objectivos a que
se propõem.

Após a organização este ano de dois mundiais (futsal e xadrez) e os CNU´s, o desporto é uma aposta ganha?

Estou certo que o desporto foi a aposta que
mais ganhou este ano, não apenas pelas organizações nacionais e internacionais,
como pelos recordes a todos os níveis que alcançamos. Posso agora dizer que foi
um enorme investimento, mas também devo dizer que este reflectiu da melhor
forma possível ao mesmo, organizando os Campeonatos Nacionais Universitários e
os mundiais Universitários de uma forma exemplar, bem como alcançando o novo
recorde nacional de medalhas da UMinho com 79 colocando-nos no 2º lugar a nível
nacional. Os resultados internacionais acabaram por consolidar estes números
arrecadando uma medalha de prata e uma de bronze a nível Europeu. Devemos estar
muito orgulhosos dos atletas que defenderam as cores da nossa camisola, bem
como agradecer às pessoas envolvidas em todos estes momentos, podemos todos
dizer que fizemos história.

No empreendedorismo, a AAUM tem dado alguns passos arrojados, o que ainda
há a explorar nesta área e quais são os projetos da AAUM?

Acima
de tudo temos que entender a importância dos passos que já foram dados no
panorama do desenvolvimento do conceito de empreendedorismo dentro da
Universidade do Minho para conseguirmos prever o futuro do mesmo. Neste caso
refiro-me ao Gabinete do Empreendedor que firmou um ponto na história da
Universidade ao introduzir este vocábulo no dicionário da mesma. Este deixou de
ser um assunto tabu passando a ser uma das caras desta instituição. Acredito
que a partir daqui conseguiu-se analisar as necessidades dos estudantes e
preparar um projecto que correspondesse aos seus desejos, nomeadamente um apoio
constante que complementasse a sua formação. Ao longo deste ano vários têm sido
os momentos em que podemos contactar com este conceito, ora dentro, ora fora da
Universidade do Minho, a certeza é que o empreendedorismo veio para ficar. 

Quanto às políticas de responsabilidade social. Qual o balanço das
ações realizadas este ano pela AAUM?

Tem
sido feito um esforço para colocarmos em todas as nossas acções um caracter
social que consiga corresponder às crescentes dificuldades que se apresentam
não apenas aos estudantes mas também à sociedade em geral. Deste modo, tentamos
não apenas sensibilizar toda a comunidade neste sentido, como levar a cabo
acções como a recolha de alimentos ou as dádivas de sangue que conferem
directamente um apoio a quem mais precisa. Acredito que temos mais pessoas
preocupadas com esta realidade e que esta onda de sensibilização levará mais
gente a ajudar quem precisa. Temos que ter sempre presente que não vivemos
sozinhos e que ajudar é um dever moral.


Que balanço fazes das
festas académicas que organizaste?

O
balanço é muito positivo. Conseguimos criar momentos e proporcionar
experiências a todos os estudantes que participaram nestas festividades.
Acredito que não apenas respeitamos as tradições académicas como as renovamos.
Fizemos os possíveis para que mesmo em tempos de crise garantíssemos que o
máximo de estudantes possível participasse nestes momentos pois entendemos que
também eles fazem parte da vida académica de um Estudante. Apesar deste
esforço, os números de adesão foram menores, mas a qualidade do evento superou
as espectativas.

Quais
eram os teus projetos mais importantes e quais aqueles que gostarias ver
concretizados na AAUM?

Dos projectos mais importantes ressalto a
Fundação AAUM e o gabinete do voluntariado, realçando sobretudo a preocupação
social latente no ano de 2012. Relativamente à Fundação AAUM, esta apresenta-se
como um passo importante na perspectiva de desenvolver e investir numa postura
Social e Cultural capaz de se preocupar interna e externamente com a sociedade.
Gostaríamos de garantir que a mesma serve de ferramenta para activar algumas
engrenagens garantindo alguns serviços à comunidade. Quanto ao gabinete do
voluntariado, acreditamos que será uma plataforma intermediária entre Jovens e
Entidades que promovem programas de voluntariado. Terá como objectivo aproximar
os jovens de oportunidades, em que estes por sua vez possam desenvolver
competências bem como prestar algum tipo de apoio à sociedade. Terá também como
objectivo a acreditação dos programas, bem como o acompanhamento e avaliação
dos mesmos. Estes são os dois projectos que contamos lançar até ao final do
mandato, destacando mais uma vez a nossa preocupação social.

A crise
económica obrigou a AAUM a repensar as suas atividades anuais?

A crise económica veio obrigar a que haja um
maior esforço sobretudo no que diz respeito aos gastos existentes. Tentamos afincadamente
não prejudicar as actividades utilizando o conceito de ?fazer mais com menos?.
Acreditamos que temos que ser mais inteligentes de forma a optimizar os
recursos e mais eficientes na eliminação de desperdícios. Acredito que até agora
conseguimos responder uma forma responsável a este desafio, iremos continuar a
ter a mesma postura.

O que acontece nas
praxes é preocupação da AAUM?

Se
diz respeito aos estudantes tem que ser uma preocupação nossa. Acredito que
todos os mecanismos de integração que respeitem a integridade humana bem como
os princípios da instituição Universidade do Minho serão sempre bem-vindos.
Para podermos falar de praxe devemos conhecer alguns princípios, para não
cairmos em interpretações menos correctas. Acredito que como em tudo, na praxe
também há excessos que devem ser punidos pois revelam por vezes alguma
irresponsabilidade, no entanto acredito que esta ganha o seu lugar no percurso
académico.


A AAUM está
preocupada com os casos de alunos da UMinho que anularam as matrículas devido a
dificuldades económicas?

Temos estado atentos aos dados que nos chegam
relativamente aos abandonos e sobretudo às razões por detrás dos mesmos. Apesar
de os dados serem semelhantes em número geral aos do ano anterior, estamos certos
que o número que anulou por dificuldades económicas é muito maior e continuará
a aumentar no próximo ano. É preciso activar os auxílios de emergência para
impedir que isto aconteça bem como apresentar estes dados aos decisores
políticos que criam um sistema que não corresponde ao ensino tendencialmente
gratuito e acessível a todos. Há mecanismos que podem e devem ser activados
pelas instituições e aconselho todos os estudantes a pedirem informações antes
de abandonarem a Instituição. A AAUM estará ao dispor para tratar deste assunto,
bem como para o manter o mais sigiloso possível se esse for o interesse do
estudante envolvido.

Geralmente
olha-se para o cargo de presidente da associação académica como um pequeno
trampolim para um futuro cargo político. Pensas nessa possibilidade?

Neste momento não faz parte dos meus planos para o
futuro. Estarei como sempre disponível para ajudar e por isso se algum dia eu
entender que passa por um cargo político esta ajuda então poderei pensar nisso.
Tenho alguns projectos pensados para o meu futuro e gostaria muito de os
realizar, um cargo político, como já referi, não faz agora parte dos mesmos.
 

Como
é que a AAUM olha para o futuro do ensino superior em Portugal?

Se continuarmos a presenciar um desinvestimento no
Ensino Superior, certamente que o futuro não será de todo promissor. No entanto
acredito que o Ensino em Portugal é exigente e está a sentir-se o resultado
disso na internacionalização que vivemos neste momento. Os estudantes
portugueses revelam-se quase sempre excelentes profissionais. O mesmo poderá
melhorar se houver um maior investimento que se aplicará na investigação e na
formação contínua, bem como num contacto com o mundo empresarial mais próximo,
podendo adequar constantemente a oferta formativa às necessidades do país.
Apenas assim cresceremos de uma forma sustentável, garantindo uma formação
adequada e completa.

Quando deixares a
AAUM, quais serão as maiores aprendizagens levas na bagagem?

Acima
de tudo o contacto com pessoas. Aprendemos a lidar com e como seres humanos,
defendendo causas e testando os nossos princípios e valores. Aprendemos a saber
decidir sustentando a nossa decisão com os melhores argumentos. Aprendemos a
agir e a reagir consoante os momentos. Aprendemos sobretudo a viver intensamente
os momentos. Guardo certamente para a vida, algumas amizades e momentos que
aqui vivi.

Estás a consideras uma possível recandidatura à AAUM em
dezembro?

Neste
momento não tenciono recandidatar-me à presidência da AAUM. Este é o meu quarto
mandato na direcção da AAUM e acredito que este projecto merece conhecer novas
caras que lhe possam impingir novas dinâmicas. É uma experiência marcante na
minha vida académica, mas sempre aceitei que esta, tal como o hino da
Universidade nos transmite, “é uma passagem”. Novos horizontes se apresentam,
mas ficará o meu testemunho que dei o meu melhor para defender os Estudantes da
Universidade do Minho e este é ainda o meu maior desafio.

Quase com um ano de
mandato, que mensagem gostarias de deixar aos estudantes da UM?

Gostaria
de dizer que temos que ser cada vez mais audazes nesta passagem pela
Universidade. Não podemos ter medo de experimentar e devemos fidelidade à nossa
consciência. Devemos acreditar nos nossos sonhos e trabalhar para que se
concretizem. Afinal o país espera por nós, uma geração que vai conseguir, apesar
de todas as dificuldades, solucionar esta crise que atravessamos e estou certo
que seremos imbatíveis no nosso futuro. Representamos a Universidade do Minho e
devemos levar este orgulho connosco para sempre. Esta é a nossa casa, aqui
crescemos, aqui vivemos, aqui preparamos o nosso futuro. Vamos continuar a
provar que somos a melhor academia do país.


Texto: Ana Coimbra

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Nov/2012)

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