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“O curso em Gestão abre as portas para um grande número de oportunidades de emprego”




Qual a sua formação e trajeto académico?

Licenciado em Gestão
de Empresas, em 1995, pela Universidade da Beira Interior; Mestrado em Métodos
Quantitativos em Gestão, em 2002, pela Escola de Gestão do Porto, da Universidade
do Porto; Doutorado em Engenharia Industrial e Gestão, em 2009, pela Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto. Entrada na UM como Assistente
estagiário, desde 1998. Professor Auxiliar desde 2009.

 

Como caracteriza a sua função de diretor de
curso?

A
função de diretor da Licenciatura em Gestão é extremamente importante porque se
trata de um curso frequentado por um número elevado de estudantes e com uma
importante ligação ao tecido empresarial da região. O diretor de curso assegura
o correto funcionamento da licenciatura, o que passa, por exemplo, por definir
horários e calendários de avaliação e analisar processos de equivalência. Para
além disso, tem um papel fundamental na congregação e operacionalização de
contributos para o desenvolvimento estratégico do curso, cujo impacto pode ser
visualizado, por exemplo, ao nível das restruturações de curso e da definição
das condições de acesso. É ainda muito importante a auscultação das opiniões dos estudantes, de forma a perceber as suas
necessidades e a obter feedback sobre
o curso, e o desenvolvimento de relações com entidades exteriores à
Universidade.

 

O
que o motivou a aceitar “comandar” este curso?

Quando
fui convidado para dirigir o curso, este atravessava um processo de
reestruturação e, ao mesmo tempo, iria entrar a breve prazo em processo de
acreditação pela A3ES. Como já fazia parte da Comissão Diretiva do curso e,
portanto, estava familiarizado com estes processos e com as funções a
desempenhar, quis garantir a continuidade do trabalho que estava a ser
desenvolvido.

 

As experiencias
anteriores têm-no ajudado no cumprimento da sua função de diretor de curso?

Sim,
sem dúvida. O facto de já pertencer à Comissão Diretiva do curso como vogal permitiu-me
conhecer algumas das tarefas inerentes ao cargo. Para além disso, tendo eu
próprio uma licenciatura na área da Gestão e sendo docente deste curso há vários
anos, tenho um conhecimento aprofundado das características dos estudantes do
curso e das suas necessidades e uma elevada compreensão sobre a estrutura
curricular do curso e sobre as várias unidades curriculares que o compõem.



 

Quais são as maiores dificuldades no
cumprimento da sua função?

A maior dificuldade
relaciona-se com a elevada carga de trabalho burocrático – por exemplo, processos
de equivalência, autorizações, relatórios de autoavaliação, etc. – que a função
envolve. O tempo dedicado a estas tarefas inibe uma maior dedicação a tarefas
que, no meu entender, permitiriam melhorar o curso, nomeadamente, a realização
de contactos com alunos, ex-alunos e empregadores, de forma a aprofundar a
relação entre o curso e as empresas.

Na EEG, optamos por
ter um relacionamento aberto, tendo todos os estudantes um acesso bastante facilitado
e flexível ao diretor de curso e aos coordenadores das UCs. A partir do momento
em que se opta por este modelo, o tempo despendido a atender estudantes aumenta
consideravelmente. No entanto, julgamos que esta política de proximidade é
importante, porque consideramos que o curso só tem a ganhar com estudantes
participativos e satisfeitos.

Outra dificuldade
prende-se com o esforço de coordenação necessário quando no plano de estudos
incluímos UCs de 5 departamentos – Gestão, Economia, Sistemas de Informação,
Matemática e Direito – originários de várias Escolas.

Por fim, o número
elevado de estudantes amplifica todas estas dificuldades.


No seu entender, porque é que um futuro
universitário deve concorrer ao curso da Licenciatura em Gestão
?

A Licenciatura
em Gestão é uma graduação multidisciplinar, que tem como objetivo desenvolver
capacidades de gestão nas diversas áreas centrais da organização, capazes de
gerir num ambiente dinâmico. Tal favorece, as saídas profissionais do curso.


A opção
por um curso como Gestão acrescenta uma importante dimensão de flexibilidade à
formação de um estudante, o que é essencial num período económico com o risco e
a imprevisibilidade deste que vivemos, uma vez que, sendo a formação de base
muito alargada, permite orientar os percursos profissionais em muitas e
diversas direções.


Por
outro lado, o aluno mais empreendedor pode usar os seus conhecimentos em gestão
para criar a sua própria empresa.

 

Quais são na sua opinião os pontos fortes
deste curso? E os pontos fracos?

Pontos
fortes:

·      O
plano de estudos diversificado e
articulado foi concebido de forma a adequar a formação ministrada às
necessidades dos empregadores, de onde destaco: uma unidade curricular, o Caso
de Gestão, onde os estudantes descrevem/ analisam/ resolvem um problema da área
de gestão em empresas parceiras e o programa de desenvolvimento de competências
transversais – EEGenerating Skills, que engloba, entre outros, a realização do “Business Day” ou as CEO Talks.


·        
O
corpo docente da EEG, que se
caracteriza pela sua elevada competência, dedicação e disponibilidade, e abarca
uma grande diversidade em termos de formações académicas, sendo muitos dos
nossos docentes reconhecidos internacionalmente pela qualidade da sua
investigação (dos 8 centros de investigação desta área do conhecimento que a
nível nacional tiverem a classificação de excelência, 3 são da EEG).


·        
As
metodologias de ensino e aprendizagem
adotados contêm um forte incentivo à participação individual e em grupo,
através de estudos de caso e da resolução de problemas de gestão.

Pontos fracos:

·        
O
afastamento geográfico, ainda visível, para com os centros de tomada de
decisão.

·        
A
dimensão das turmas, que é elevada, atendendo à natureza teorico-prática das
UCs.

·        
A
ainda limitada dinamização das redes de antigos alunos.



 

O que caracteriza este curso da UMinho
relativamente aos cursos de Licenciatura em Gestão de outras universidades?

A Licenciatura em Gestão é reconhecida tanto a nível
nacional como dentro da Universidade do Minho, apresentando uma procura
bastante superior à oferta e sendo capaz de captar estudantes de qualidade
atendendo às suas classificações de ingresso. A coerência das áreas científicas
no plano de estudos permite ter uma aprendizagem equilibrada dos principais
conteúdos das funções de gestão, o que nem sempre acontece (por vezes, o curso
de gestão está inserido em faculdades onde as várias áreas funcionais da gestão
têm pesos significativamente distintos). Ao mesmo tempo, o uso de UCs de opção
(cinco) permite ao estudante criar o seu próprio perfil de conteúdos. A
existência de um programa de competências transversais (a comunicação, o
trabalho em equipa, a resolução de problemas, o pensamento crítico e ético e a
criatividade, entre outras) constituiu um elemento importante de diferenciação no
mercado de trabalho, na medida em que potencia o talento e a empregabilidade de
quem as possui.

 

Existem
hoje em dia excesso de profissionais em determinadas áreas.
O que podem esperar os alunos da Licenciatura em Gestão quanto
ao mercado de trabalho?

Em termos de empregabilidade, de acordo com o estudo
dos Serviços para a Garantia da Qualidade da UM, o desemprego total e o
desemprego de curta duração dos licenciados do curso é ligeiramente inferior à
média nacional e, quando comparados com as demais licenciaturas em gestão, é
idêntico.

O curso em gestão abre as portas para um grande número de oportunidades
de emprego. Os estudantes que assim o entendam possuem um conjunto de
conhecimentos que lhes permite perseguir o seu próprio negócio. Ainda assim, como
a economia portuguesa está a internacionalizar-se, os estudantes poderão obter
ofertas de emprego no estrangeiro, pelo que é importante complementarem a sua
formação com a aprendizagem de línguas estrangeiras.

Deve ainda salientar-se que a Licenciatura em Gestão tem subjacente a
preocupação de abrir perspetivas ao licenciado para prosseguir os seus estudos
ao nível dos 2º e 3º ciclos, em domínios especializados da Gestão ou noutras
áreas do conhecimento.


Acompanhou o período
das reformas de Bolonha, marcado por uma profunda alteração do modelo de
ensino. Como o avalia?

A estrutura do curso, periodicamente revista, está de acordo com o
espírito da Declaração de Bolonha, uma vez que permite aos estudantes
escolherem, através de um relativamente elevado número de opções, o seu perfil
de formação.

Com Bolonha, a qualidade pedagógica sofreu melhorias consideráveis, uma
vez que foram adotadas novas metodologias de ensino e aprendizagem e houve uma
multiplicação de momentos e formas de avaliação, no sentido de promover o
estudo continuado e criar hábitos de trabalho autónomo nos estudantes.

A adequação a Bolonha veio garantir a comparabilidade da licenciatura com
cursos de outros países europeus e a mobilidade internacional dos seus
estudantes.



Quais
são as suas prioridades para o curso nos próximos tempos?

As minhas prioridades direcionam-se para três âmbitos
diferentes. Em primeiro lugar, acompanhar e monitorizar a implementação da
recente reestruturação do plano de estudos do curso. Com o novo plano de estudos,
procurámos acabar com os planos de transição que nos vêm atormentando desde as
últimas reformas, o que implica tratar caso a caso os estudantes mais antigos,
o que é uma tarefa exaustiva.


A minha segunda prioridade será aprofundar e alargar
a relação entre o curso e as empresas. Apesar de já termos celebrado alguns
protocolos com empresas, ao nível de estágios extracurriculares e da partilha
de conhecimento, é importante aprofundar esta relação com o tecido empresarial.


E, por último, desenvolver a cultura do curso, que,
no meu entender, ainda é deficitária. Gostava que os estudantes se sentissem
mais motivados a participar ou dar opinião em muitos dos processos de decisão e
eventos existentes na Universidade e que fossem mais proactivos. Gostaria, por
exemplo, de assistir a mais eventos pensados e organizados pelos estudantes de
Gestão.

 

Quais
são para si os principais desafios?

O principal desafio é incentivar a participação
ativa de todos, mantendo os elevados níveis de disponibilidade e motivação
existentes, para continuar a impulsionar o Curso no seu progresso para a
excelência.


Outro desafio é
criar uma cultura envolvente que promova e prestigie o curso, a integração dos
novos alunos e a partilha de informações entre todos (docentes, alunos e
ex-alunos). Os estudantes, na sua generalidade, não sentem necessidade de um
espaço (físico ou virtual) de discussão/debate entre si e é necessário inverter
esta situação. Gostaria de incentivar a ADEGE-Associação de Estudantes de
Gestão da Universidade do Minho, a dinamizar uma rede de comunicação que
envolva atuais e ex-estudantes e a ampliar as suas funções, assumindo um papel
mais ativo na UM e no meio envolvente à Universidade.


Por último, e dados
os níveis de desemprego alarmantes de licenciados
, gostaria
de realçar a importância de consciencializar os nossos estudantes para a
importância de desenvolverem os seus próprios projetos empresariais, criando os
seus próprios empregos, e/ou adquirirem competências diferenciadoras, críticas
para as empresas, de forma a assegurar a sua empregabilidade.


Texto: Ana Coimbra


Fotografia: Nuno Gonçalves



(Pub. Nov/2012)

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