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Portugal promove igualdade de género na educação



Para
Ana Paula Marques, “a educação é quase um paraíso na igualdade de género
em Portugal, ainda que permeado de sinais subtis de discriminação”. O
aperfeiçoamento, diz, passa pela sensibilização, monitorização e capacidade de
procurar soluções e alternativas. “A UE tem alguma dificuldade em legislar
neste domínio, pois interfere na soberania, identidade e cultura de cada
Estado”, refere a investigadora do Centro de Investigação em Ciências
Sociais da UMinho. “Na UE há um esforço significativo para crescer a
participação feminina nos ramos das engenharias, tecnologias, ciências,
economia e, até, nas oportunidades de negócio e de empreendedorismo feminino na
inovação, I&D e criatividade. Ainda assim, é difícil marcar esta agenda se,
a montante, o percurso é marcado pela segmentação científica, com elas ligadas
a áreas ‘frágeis’ e subordinadas em termos sociais, políticos e
económicos”, salienta.
 

Escolha
“segregada” da profissão

O trabalho “Study on sex discrimination in acess to education: Evaluation of
the need for and effectiveness of current measures in the Member States”
teve também análise qualitativa, incluindo em Portugal entrevistas aos responsáveis
da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), Comissão para a Cidadania e
Igualdade de Género (CIG), Confederação Nacional das Associações de Pais
(CONFAP), Confederação do Desporto de Portugal e União de Mulheres Alternativa
e Resposta (UMAR), entre outros. O objetivo de Ana Paula Marques e da então
doutoranda Eva Temudo foi detetar práticas, contextos e pedagogias informais ou
camuflados. Há duas grandes conclusões a tirar no estudo nacional. Primeira: a
lei rejeita a discriminação por género, como o nº 13 da Constituição e a Lei de
Bases do Sistema Educativo. Além disso, em quase 40 anos de democracia a IGEC
disse não ter qualquer queixa por ações escolares discriminatórias. Todos os
entrevistados realçaram ainda a inclusão no ensino “como prática e
enquadramento de referência internacional”, realça a docente do Departamento de
Sociologia.

A
segunda conclusão incide em aspetos subjetivos de casos concretos. Nos manuais
escolares “nem sempre se respeita a linguagem neutra e persiste o modelo
de ciência androcêntrico (o Homem), que pode limitar os paradigmas da
investigação e do pensamento”. Na sala de aula, “às vezes é difícil
contrariar dinâmicas de grupos que valorizam o porta-voz masculino”. A CIG
referiu a “discriminação não intencional” dos Cursos de
Especialização Tecnológica (CET) no secundário, ao dividir o número de alunos
pela oferta: eles preferiram tecnologias e matemáticas, elas dominaram as áreas
sociais e da saúde. Encontrou-se também profissionais de orientação vocacional
no secundário “por vezes não sensibilizados e treinados” para
eliminar os seus pré-conceitos. “De forma não intencional ou inconsciente dão
conselhos desadequados a jovens indecisos sobre que área seguir, o que pode ter
profundos impactos no seu futuro e no mercado de trabalho”, explica Ana
Paula Marques, insistindo que esta “escolha segregada” dos jovens é,
também, fruto dos estereótipos e papéis sociais que familiares, colegas,
organizações e média promovem.

 

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(Pub. Mar/2013)

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