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A Gata na Praia “transmite a noção de academia”


 

Divididos
por equipas mistas de quatro rapazes e quatro raparigas, os 560 participantes foram
desafiados diariamente a participar em competições desportivas tais como o
andebol de praia, o voleibol e o futebol, bem como jogos paralelos como as
corridas de sacos, os toques de cabeça e a tromba de elefante. A componente
desportiva tem ganho importância ao longo dos últimos anos e os membros
responsáveis pela coordenação do evento referem com frequência expressões como
a fomentação crescente de uma “cultura de participação e competição” por parte
dos participantes.

Este
ano foram introduzidas várias novidades na Gata na Praia. Desde a reestruturação
do modelo competitivo, ao reforço das modalidades de surf e bodyboard, até à introdução do corfebol como um sistema de
bonificações para equilibrar a tabela das pontuações. Os próprios jogos
paralelos sofreram alterações como foi o caso da corrida dos sacos que, este
ano, contava com competições entre duplas, em vez das competições individuais.


Ao
desafio desportivo junta-se o desafio recreativo. Todas as noites são
organizadas festas temáticas entre as quais a Flower Power, a Noite
Azeiteira, Sunglasses e
a Noite Branca.
Para Nuno Catarino, há uma continuidade do espírito da Gata na Praia que
começa no warm up coletivo, com a
animação de Joana Caldas, e que acaba precisamente à noite, nas festas
temáticas. “As músicas são escolhidas conforme os hits que fazem mais sucesso,
para também depois dar um fio condutor que passa também para o espírito da
noite.”

Este
ano, “os participantes ganharam a cultura da competição, da atividade
desportiva”, tal como afirma Nuno Catarino e assiduidade e o cumprimento dos
horários previstos têm sido aspetos realçados pela organização. O “espírito de
competição saudável”, como lhe chama Carlos Videira, Presidente da AAUM, tem
sido visível pelo modo de identificação das equipas. Umas optam por t-shirts
criadas originalmente para o evento, outras por mascotes e ainda há quem tenha
elaborado cartazes de equipa. Para Nuno Catarino, algumas “já trazem um nível
de competição elevado” concorrendo a tudo, desde o sistema de bonificação, à acreditação,
que sendo feita em primeiro lugar permite acrescentar pontos ao resultado final.


A
união entre as equipas é assim visível no próprio discurso dos participantes.
Uma das equipas que se tem mantido perto do topo dos resultados, a equipa
número um, considera-se, em tom de brincadeira, “a nata de Braga”. O objetivo
para eles é simples “ser feliz”. Posteriormente, conseguir o melhor resultado
possível quer em termos de atividades desportivas, quer em termos de
indumentária. Numa avaliação ao evento, realçam o “fantástico ambiente”, o “calor soviético” e o trabalho da organização a quem dão os parabéns por correr
tudo a “cem por cento”.

Apesar
de se manterem também no topo dos resultados, o objetivo passa sobretudo pela diversão.
É o caso da equipa número 56 que, embora ocupe os primeiros lugares da tabela
dos resultados, procura acima de tudo divertir-se. O grupo é composto por
alguns atletas de alta competição de taekwondo da UM e para eles a junção do
desporto e a diversão resulta num conceito “completamente diferente”, que “não
há em mais lado nenhum”. Realçam ainda a importância do plano de atividades desportivas
ao longo do dia como forma de aproveitar ao máximo o tempo, assim, “os dias são
muito maiores”, afirmam.  


Esta
é uma atividade que envolve um orçamento que ronda os 75 mil euros, valor previsto
no plano de atividades da Associação. Na opinião de Carlos Videira, é uma
atividade “equilibrada em termos de receita e despesa”. A sustentabilidade do
evento é garantida pelas inscrições dos participantes e também pelos
patrocínios, permitindo a estadia durante 5 noites, num Hotel com qualidade,
que inclui todas as atividades desportivas, o transporte necessário e o brunch diário.

O
facto das atividades desportivas serem realizadas na praia exigiu a existência
de dois planos que se pudessem adequar às condições climatéricas. Os dias 24 e
25 decorreram dentro da normalidade, embora a maré alta tenha atrasado a
montagem dos campos no areal. No dia 26, a meio da tarde começou a chover e as
atividades tiverem de ser canceladas uma vez que já não seria possível iniciar
outras modalidades fora da praia.

 

Entrevista
a Carlos Videira

A Universidade do Minho patrocina a Gata na Praia?

A Universidade do
Minho não patrocina. Tem um contrato de programa com a Associação Académica
para uma série de iniciativas que não estão descriminadas. Portanto, a
Universidade do Minho não faz um apoio direto a nenhuma atividade em geral.

Como surgiu o conceito e esta atividade da Gata na Praia?

Esta é a décima
segunda edição, portanto a Gata na Praia surgiu em 2002, numa altura em que a
Associação Académica estava num processo de reestruturação muito forte. Desde
2001, após o primeiro mandato do Vasco Leão, iniciou-se um trabalho muito
marcante ao nível das atividades da Associação Académica e foram inseridas,
aqui, algumas atividades que marcaram o futuro da Associação. Uma dessas
atividades foi as férias desportivas sob a designação de Gata na Praia. Foi
pegar naquilo que é um elemento muito próprio da Associação, que é a Gata, que
está envolvida em tudo o que é momento simbólico.

A parceria com o Departamento Desportivo e Cultural
existe desde quando? Como funciona?

Não sei precisar se é
desde a primeira edição, mas já é desde há muitas edições. A Associação
Académica tem aqui todo o trabalho de organização logística. Temos aqui este
apoio do DDC, de profissionais do departamento, que nos asseguram que a prática
desportiva é feita com rigor, com disciplina, com organização. São pessoas
experientes neste tipo de trabalho, são pessoas dinâmicas que entram no
espírito dos estudantes que conseguem uma “química”, se quisermos assim chamar,
muito interessante.

Qual é a parte mais difícil da organização da Gata na
Praia?

Gerir as expectativas
de seiscentas pessoas. Este ano, temos um grupo experiente, muitas pessoas já
participaram, que também têm revelado um espírito de entreajuda muito grande no
sentido de auxiliar os colegas que vêm pela primeira vez. Mas a gestão de um
grupo de seiscentas pessoas, com todas as questões logísticas que isso acarreta
é, de facto, complicado.

As condições de lotação do Hotel, o facto de estar
praticamente cheio, eram do conhecimento da Associação?

Sim. Nós sabíamos que
este é um hotel muito grande e portanto não teríamos o hotel por nossa conta.
Sabíamos isso do início e confiámos na maturidade dos estudantes, que teriam de
respeitar os restantes hóspedes que estão aqui, ainda mais, numa altura de
férias da Páscoa. Nesse sentido, nós sensibilizamos os estudantes. Há um outro
excesso derivado do ambiente de euforia que se vai vivendo, mas as pessoas são
chamadas à razão. O feedback do espaço
tem sido positivo. Da parte do hotel também fomos recebidos de braços abertos.

Daqui de cima, com vista para o espaço onde estão a ocorrer
as atividades, o que te apetece dizer?

Apetece dizer que é
sem dúvida um grande orgulho conseguir deslocar seiscentos estudantes para aqui
e vê-los a participar. Este ano notámos inclusive um aumento da competição
saudável entre os participantes na parte desportiva. Os horários estão a ser
cumpridos, as equipas estão motivadas, estão a aderir imenso a uma ideia nova,
que é o Corfebol, que serve para dar pontos extras. Vive-se um ambiente de
competição saudável. É um orgulho muito grande verificar a satisfação e a
alegria destas pessoas.

 

Texto: Amália Carvalho

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Abr/2013)

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