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Monitorização das alterações climáticas não depende da ONU, mas de cooperação policêntrica



Um grupo
de investigadores das universidades do Minho, Lisboa e Técnica sugere que a
luta contra as alterações climáticas é mais eficaz com múltiplas instituições
de fiscalização de pequena dimensão. Tal permite a cooperação estável, o
respeito pela maioria dos acordos e um risco de fracasso médio-baixo, refere o
estudo português publicado ontem na conceituada revista “Nature Climate
Change”. Os cientistas propõem claramente a rápida revisão da monitorização
baseada numa só instituição – como a Organização das Nações Unidas – para
enfrentar um problema tão complexo.

“O lema ‘Pense globalmente, aja localmente’ é totalmente apropriado. Uma abordagem
‘bottom-up’ (de baixo para cima), policêntrica, envolvendo diversas
instituições, é a configuração mais eficiente para a cooperação global. Ou
seja, se a maioria das causas das alterações climáticas resulta da ação
combinada de todos os habitantes, indiciando uma tentativa de resolução global,
as soluções podem ser mais facilmente conseguidas a uma escala muito menor”,
diz Jorge Pacheco, professor catedrático da Escola de Ciências da UMinho, que
coordenou o estudo e teve a parceria de Vítor Vasconcelos e Francisco Santos,
também ligados ao ATP_group, ligado às três universidades.

No
artigo “A bottom-up institutional approach to cooperation in the governance of
risky commons”, os autores analisaram diferentes tipos de instituições criadas
para lidar com aqueles que não contribuem (ou deixam de contribuir) para
prevenir as alterações climáticas potencialmente catastróficas e mostraram qual
o impacto de diversos tipos de instituições na criação e sustentabilidade de um
futuro consenso. Com base em modelos matemáticos e computacionais baseados em
teoria de jogos, o grupo definiu o problema como um dilema de bens públicos, no
qual a perceção do risco de perdas futuras é tipicamente baixa, em especial
para os elementos que ocupam posições chave na decisão, e estudou o efeito da
criação de instituições de supervisão locais, numa arquitetura policêntrica, em
comparação com o estabelecimento de uma única instituição global (como a ONU).

O modelo
teve em conta as interações que os países podem ter uns com os outros em grupos
de vários tamanhos e também a criação de instituições menores financiadas por
grupos mais pequenos. “Nas cimeiras mundiais, desde Kyoto a Durban, pouco se
tem evoluído no controlo dos efeitos humanos no clima. Uma das razões apontadas
é a falta de instituições para monitorizar os acordos e punir os países não
cumpridores. Cremos que com, este estudo, fizemos avanços claros neste âmbito”,
sublinha Jorge Pacheco, que na UMinho é docente do Departamento de Matemática e
Aplicações e investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental. O
ATP_group também investigou recentemente que, sobre as cimeiras mundiais do
ambiente, é mais eficaz haver pequenos grupos para resolver objetivos parciais
do que uma reunião com todos os agentes para se tentar chegar a um acordo
global.

Link
para o artigo
http://www.nature.com/nclimate/journal/vaop/ncurrent/full/nclimate1927.html

Fonte: ECUM

(Pub. Jul/2013)


 

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