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“Guardo mais as amizades do que as medalhas e as vitórias”


 

O que te levou à UMinho e ao
curso de Engenharia Electrónica?

Além de ser uma área que sempre me interessou, foi a escolha que me
pareceu mais acertada tendo em conta aquilo que conhecia do panorama de
empregabilidade em Portugal e no estrangeiro.

 

De que forma é que a tua escolha
moldou o teu futuro profissional?

Na realidade nunca trabalhei em eletrónica mesmo, mas o curso deu-me
uma série de valências que me proporcionaram a possibilidade de seguir a área
de engenharia de software. Gostava de num futuro próximo conseguir enveredar
pela área de sistemas embebidos que será (na minha opinião), uma área de forte
crescimento num futuro próximo e que me permitiria juntar a eletrónica ao
desenvolvimento de software.

 

Como é que foram esses anos na
academia minhota?

Com a perspetiva que o tempo me permite ter, só posso dizer que foram
fantásticos e que deveriam ter sido melhores!

 

Como é que se deu a tua entrada
para o desporto na UMinho?

Quando entrei para a UM praticava Judo, voleibol e futebol. Tinha todos
os dias da semana ocupados e adorava! Quando entrei para a universidade não
quis perder “a embalagem” e continuei a fazer aquilo que mais gostava que era
Judo.

 

Que atividades desportivas
praticaste na UMinho?

Pratiquei Judo e Voleibol “a sério” e cheguei a experimentar escalada
durante algum tempo. Felizmente a UM tem uma oferta desportiva impressionante
que torna fácil a prática de qualquer desporto competitivo ou puramente por
lazer.

 

O que te levou a escolher o
Judo?

Como é que se escolhe o que se gosta? Experimentei Judo com 14 anos e
felizmente nunca mais parei. Inclusive continuo a praticar em Inglaterra no
clube de Judo mais antigo da Europa, o Budokwai.

 

Que recordações guardas do
desporto universitário, das atividades desenvolvidas na Universidade e pela
Universidade?

Não chegava o espaço do UMDicas para todas as memórias que o desporto
universitário me deu. O meu primeiro CNU de Judo, a participação da equipa de
Judo nos SELL Games na Estónia, o 1º Europeu de Voleibol Universitário na
Jugoslávia e acima de tudo as longas viagens que fazíamos em equipa, algumas
diretas antes das viagens e algumas saudáveis loucuras que só se fazem uma(s)
vez na vida.

 

Qual foi o momento mais marcante
que tiveste enquanto atleta da UMinho?

Não sei… Guardo mais as amizades do que as medalhas e as vitórias.
Existe um certo indivíduo cuja vida eu mudei para sempre e muito provavelmente
essa é a minha maior vitória.

 

Achas que foi importante (o
desporto) no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?

Sim, o desporto em geral e o Judo em particular. A maneira como as
relações humanas se desenvolvem no desporto, os conceitos de responsabilidade e
respeito, as hierarquias e liderança. Se a educação formal nos dá a preparação
científica que nos torna proficientes nas nossas profissões, o desporto
ajuda-nos na formação humana sem a qual nós não seriamos mais dos “máquinas” na
execução das nossas tarefas.

 

A entrada no mundo profissional,
como é que aconteceu?

Aconteceu com alguma naturalidade. Acabei a minha licenciatura e
estagiei no Dept. de Electrónica Industrial da UM sob orientação da Dr.ª Estela
Bicho a trabalhar num dirigível autónomo. Foi uma experiência muito
gratificante e da qual guardo muitas experiências e amizades que se mantêm até
este dia.

 

Foi difícil essa passagem do
mundo académico para a realidade do mundo do trabalho?

O facto de continuar a trabalhar na universidade tornou essa passagem
muito fácil e devo dizer que não me lembro de ter sentido dificuldades em me
adaptar a um horário de trabalho e a responsabilidades que iam além do meu
próprio futuro.

 

Em que área estás a trabalhar e quais
são as tuas funções?

Neste momento estou a trabalhar perto de Londres numa empresa chamada
Helvar que fabrica sistemas de iluminação e respetivos sistemas de controlo.
Estamos mais vocacionados para grandes instalações como hotéis, centros
comerciais, prédios de escritórios, etc..

 

Como é que surgiu a oportunidade
de trabalhar para Inglaterra?

Por acaso surgiu um pouco inesperadamente. Sempre me preocupei em manter
o meu perfil no LinkedIn atualizado e desde que me lembro que estou inscrito em
alguns sites de recrutamento. Durante este ano comecei a receber alguns
convites para me candidatar a empregos e decidi concorrer a esta posição. Um
mês depois da primeira entrevista telefónica ofereceram-me o emprego… O resto
é história.

Como é o dia-a-dia do André Moreira?

Não é muito diferente do meu dia-a-dia em Portugal, com a diferença que aqui tenho mais tempo. O meu dia de trabalho começa às 8:00 e termina às 4:30 e isso dá-me tempo para fazer um pouco de desporto antes de fazer o jantar e relaxar a ver um pouco de televisão, ouvir música ou ler um pouco antes de me deitar. Nos fins-de-semana aproveito o facto de existir sempre algo para fazer em Londres (uma cidade com uma oferta cultural impressionante), ou aproveitar a paixão que os ingleses tem pela natureza e juntar-me a um dos inúmeros grupos de caminhadas que existem e conhecer Inglaterra de uma maneira diferente.

 

 

Na tua área de conhecimento,
como é que está o mercado de trabalho?

Muito, muito ativo… Fora de Portugal. Quer na área de engenharia eletrónica
como engenharia de software, a Europa está em “ebulição”. Existe uma procura
muito grande na Alemanha, Reino unido e Irlanda e países nórdicos. Felizmente
trabalho não falta!

 

Onde é que te vês daqui a 10
anos?

Não faço planos a tão longo prazo pois acredito que hoje em dia devemos
ser ágeis e aproveitar as oportunidades que nos surgem. A direção geral é
evoluir na minha carreia e atingir outro patamar profissional. Para isso
pretendo continuar a minha formação científica com uma pós-graduação.

 

Achas que Portugal está a
produzir mão-de-obra qualificada a mais ou os jovens licenciados estão apenas a
pagar a fatura de uma crise que levou muitas empresas à falência?

A realidade é que existe em Portugal uma oferta de cursos de ensino
superior que neste momento deviam ter as suas vagas reduzidas a um mínimo.
Parece-me um desperdício de recursos e uma desonestidade por parte das
Universidades e Institutos Politécnicos que existam cursos (por exemplo),
ligados ao ensino na proporção que existem em Portugal. Dito isto, não acredito
que haja “mão-de-obra qualificada a mais” pois sobre qualificação
nunca devera ser visto como um problema pois abre portas que de outra maneira
se manteriam fechadas.  No entanto existira sempre uma relação direta
entre a capacidade do tecido empresarial criar emprego e as oportunidades de
trabalho na área escolhida. Se juntarmos à crise atual a incapacidade de pensar
a longo prazo e orientar os alunos que estão no secundário para as áreas que o
pais precisa… 

 

Acreditas que o Empreendedorismo
é uma solução para alguns dos atuais problemas dos jovens licenciados?

A iniciativa própria é extremamente importante mas não é tudo. A ideia
é o centro de um novo negócio, mas infelizmente será 10% do que é necessário
para fazer essa ideia funcionar como um negócio. É por isso que incubadoras de
empresas são extremamente importantes para guiar os neo-empresários. Isto dito,
acho que Portugal precisa de sangue novo, novas ideias e uma maneira diferente
de ver as coisas.

 

É mais fácil ser reconhecido
pela nossa qualidade profissional cá dentro ou achas que ainda existe a
mentalidade de que quem vem de fora é melhor?

Acho que essa mentalidade ainda é muito forte em Portugal, o que não
deixa de ser estranho pois os profissionais portugueses espalhados por este
mundo fora são muito bem vistos. Além das nossas capacidades sociais inatas a
nossa educação superior é muito boa e não ficamos atrás de ninguém em
conhecimento científico.

 

Notas grandes diferenças nos
métodos e ritmos de trabalho entre Portugal e Inglaterra?

Em Portugal existe uma componente social muito importante nas relações
de trabalho. Existe também espaço para algum relaxamento devido aos horários de
trabalho que se esperam mais alargados. Na Inglaterra está-se no local de
trabalho e, mesmo sendo um ambiente agradável, todas as pessoas estão
concentradas no seu trabalho a 100%. O facto de a minha semana de trabalho ser
de 35 horas também obriga a um uso do tempo mais pensado e com menos
distrações.

 

Que conselho deixas aos milhares
de estudantes da UMinho que procuram um futuro mais risonho através de um curso
superior?

Trabalho e experiência de trabalho o mais rápido possível. Se possível
participem no programa Erasmus para vos abrir os horizontes e experimentarem
outras culturas e métodos de trabalho. Num mercado de trabalho global
experiências que mostrem uma boa capacidade de adaptação a novos ambientes são
extremamente valorizadas. O domínio de uma língua estrangeira é
importantíssimo. Façam a vossa tese de mestrado em Inglês e usem literatura da
vossa área que não esteja traduzida para português. Mas acima de tudo… gostem
do que estão a fazer, porque isso não há dinheiro que pague!

 

Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves

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