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Qual a razão que o
levou a candidatar-se à presidência da AAEUM?
Sempre
tive a preocupação de construir e manter as amizades e o networking que a Universidade
me proporcionou, Para tal, como sabe, fundei, vai para cinco anos, a rede
social Pioneiros da UMinho, que hoje se mantem ativa e agrega mais de 4880
ex-estudantes. Talvez por esse facto, foi-me endereçado um convite para formar
a Direção da AAEUM que obviamente aceitei, já que o projeto Pioneiros, tem tudo
a ver com a Associação.
Tanto anos após ter
deixado a UMinho, ainda se sente como parte desta?
Isso
é óbvio. Julgo que ninguém que tenha passado pela UM se sinta como “tendo
deixado a UMinho”, mas sim como “ainda pertencendo” a ela.
Como define, no geral
o antigo aluno da UMinho?
A
UM tem cada vez mais prestigio e o antigo estudante sente obviamente muito
orgulho nela, é na sua generalidade uma pessoa que publicita e fala bem da
Universidade como uma coisa “SUA”, que guarda memorias inesquecíveis do tempo
em que lá andou. Sem dúvida que o antigo aluno é o melhor embaixador da UM.
Temos ex-estudantes identificados em 80 países, e estes que estão longe, na
diáspora são os que mais orgulho tem na UM, muitos são altos quadros em
empresas e contratam preferencialmente pessoas formadas aqui. Os resultados
desportivos que a UM atinge são replicados e partilhados por eles nas redes
sociais, os feitos científicos e prémios também. Há que valorizar e incrementar
isto.
Está à frente da
AAEUM desde o início de 2013.O que está a achar da experiência?
Concretamente
desde fevereiro de 2013, portanto há muito pouco tempo. Não consideraria uma
experiência, mas sim um desafio. Trouxe no programa de candidatura 20 pontos
para cumprir no primeiro mandato, e apesar do pouco tempo ainda decorrido, já
risquei, como cumpridos, alguns desses pontos da lista. Obviamente que há
dificuldades, mas como deve imaginar as coisas feitas sem dificuldade não têm
piada nenhuma. (sempre tive essa perspetiva, talvez por defeito do desporto que
pratico J )
É uma função à qual
pensa ficar ligado até quando?
Talvez
dois mandatos. Acho que quatro anos é o tempo ideal para se fazer alguma coisa
significativa.
Quais foram os
objetivos e projetos da sua candidatura e o que foi feito até agora?
Como
lhe disse, vinte pontos, onde um dos mais importantes é pôr a AAEUM e os
ex-estudantes no “mapa”. Para já, está feita a integração dos Pioneiros na
AAEUM, tarefa que agradeço ao nosso Vice João Coutinhas. A Integração das bases
de dados, que juntas tem mais de 40.000 fichas também já é uma realidade e em
breve teremos o portal pronto, inovador, potentíssimo, que permitirá networking
e ferramentas de monitorização e seguimento dos Alumni e das suas empresas, que
ouso dizer, nenhuma universidade tem. Fizemos também com que a AAEUM ficasse agente
direto da Seguradora Generalli, estando assim em condições de proporcionar não
só as melhores e mais económicas soluções de seguros para todos; e quando digo
todos, é mesmo todos (sócios, funcionários da UM, professores, a própria UM,
empresas e familiares de sócios etc..). Por outro lado a formação foi
incrementada, responsabilidade da vice Magda Pinheiro que lhe incutiu um ritmo
alucinante, com mais de 25 cursos ministrados e mais de 300 horas dadas a 282
formandos dos quais 81 ainda estudantes e sócios da AAEUM. Fecho de protocolos
importantíssimos, nomeadamente com a Reitoria e outros que em breve serão
anunciados, entre outras pequenas coisas, contudo, nem tudo são rosas, tivemos
de adiar a realização da nossa 3ª gala Pioneiros/AAEUM, facto que assumo toda a
responsabilidade, e ainda não conseguimos a ansiada Sede condigna, apesar do
processo estar a andar a bom ritmo.
Como caracteriza a
AAEUM?
Até
agora caracterizo-a como uma normal associação de ex-estudantes que tem feito o
seu papel e que fez sempre bem o seu trabalho, a partir de agora quero
caracterizá-la como um “Player” importante para a vida da universidade e do
meio onde se insere (Braga e Guimarães)
A AAEUM fez o seu 23º
aniversário. Que balanço se pode fazer destes 23 anos de existência?
Não
faço balanços, tem sido um caminho percorrido, andando, uma evolução normal, e
só agradeço em nome de todos, o trabalho dos meus antecessores e principalmente
ao seu fundador, o Dr. Joaquim Guimarães que infelizmente já não se encontra
entre nós.
Muito ainda há a
fazer pela Associação e sua dinamização. Quais são para si os projetos/ideias
mais importantes e a implementar a curto/medio prazo?
Prioritariamente
o nosso portal “Alumni UMinho” com vertentes de job board, employment,
monotorização de carreiras, lobbying etc.., depois a afirmação do networking, a
implementação de ações de fundraising. Numa universidade moderna os
ex-estudantes tem um papel vital; felizmente o nosso Reitor sabe dessa crescente
importância e está muito atento a este particular, claro que os ex-estudantes
poderão sentir mais orgulho, começar a apoiar e contribuir para a sua
universidade, aproximarem-se mais, colocarem aqui os seus filhos a estudarem,
estudarem também eles ao longo da vida, publicitarem a UM, oferecerem empregos
aos seus formandos, organizarem eventos etc, se a própria universidade lhes der
também importância e visibilidade. Isto é fundamental, noto que a Universidade
através do seu Reitor, vai colocar máxima importância nisto, afinal somos muitos,
com muitas empresas, muitos quadros, muitos políticos, profissionais liberais,
professores, etc… O ex-estudante terá no futuro de fazer parte ativa da UM e aqui
dou-lhe um exemplo, (vamos em breve propor para que se mude): Porque é que nos
membros externos do Conselho Geral, só existe 1 ex-estudante da UM, (o colega
António Murta). E porque não no mínimo três ex-estudantes… Pelo menos sempre
participariam e teriam a satisfação e honra de comparecer à eleição e à
cerimónia de tomada de posse do Reitor, (coisa que não acontece com um certo
membro, cuja escolha foi certamente um erro de casting! Temos tantos colegas
com perfil e prestigio para ocupar estas cadeiras! E que tal também a nossa
associação começar a ser ouvida
nestas escolhas/nomeações?
Têm tentado
chamar/aproximar os antigos estudantes, sendo um dos meios através da rede
social ?Pioneiros da UM?. Na sua opinião os objetivos têm sido atingidos?
Sim,
em parte, só este ano já se inscreveram centenas na rede e obtivemos mais de 750
novos sócios pagantes (ou seja com direito a usufruir dos descontos e
protocolos, por exemplo o ginásio dos SASUM a preço de estudante).
Em que situação se
encontra a rede?
Ativa,
um pouco menos pujante que no início, mas ativa, e muito útil no que toca por
exemplo na oferta de emprego e na organização de atividades (montanhismo
etc..).
A AAEUM quer criar uma biblioteca com obras de antigos estudantes desta academia. Qual o objetivo deste projeto?
É uma ideia nova, que não estava no meu programa, mas que achamos interessante. Tem dois objetivos importantes: 1- o de criar uma biblioteca, ficando a AAEUM nas suas futuras e condignas instalações com uma boa sala de leitura, construindo desde o início um espólio exclusivo dos seus escritores 2- divulgar, apoiar os nossos escritores (as), que são muitos e bons. Estamos a pensar abrir a ideia a outras formas de criação artística, pintura, escultura, design e música. Estamos a estudar como…
O que gostaria de ver
mudar na AAEUM no seu mandato?
Em
primeiro lugar uma parceria a 100% com a Universidade e vice-versa. E ter uma
AAEUM com dimensão, visibilidade, estatuto e prestígio, como os seus sócios
merecem; lembro que sócios somos já mais de 50.000; Não sei se existe esta
perceção mas a AAEUM é atualmente, e de longe, o maior clube/associação do
Minho e talvez a única com garantia de crescer todos os anos em número de
associados.
A AAEUM já pensou em
colaborar de forma ativa com a U.Minho em termos de aumentar o financiamento
desta? Como fazem algumas universidades, nomeadamente as de influência
anglo-saxónica?
Nunca teremos um nível de fundraising igual a
universidades de topo americanas, com esporádicas dotações super-milionárias, a
cultura é diferente, mas podemos ser uma fonte, um meio e um bom veículo de
angariação e canalização de fundos para a UM a um nível mais de base, isto é, angariação
de milhares de apoios de baixo valor. Por exemplo, uma grande percentagem das
comissões de mediação de seguros reverterá para bolsas ou fundo de emergência
de apoio a alunos e isto sem encarecer os prémios de seguro, mas sim fruto da
parceria com a Generalli.
Quais têm sido as
maiores dificuldades nesta sua nova experiencia?
Algumas,
por exemplo, não é fácil fazermo-nos ouvir, por isso agradeço e muito esta
entrevista, e ainda há uma grande maioria de ex-estudantes que não liga nada a
estas coisas, claro que a esses temos de fazer ver que só têm a perder, se não
fizerem nada pelo prestígio da instituição que os fez, terão também
dificuldades em usufruir desse mesmo prestígio ou de fatores positivos de
distinção. Isto funciona em espiral, quanto maior o prestigio do sujeito formado
pela UM maior o prestigio da UM, e quanto maior o prestigio da UM maior o
prestigio do seu formado. Tão simples não é?
Perante a conjuntura atual,
que futuro adivinha para o ensino
superior em Portugal?
Em
Portugal não é fácil, e todos deveremos admirar o esforço, dedicação e coragem
desta equipa reitoral e de todos os professores e funcionários, e de tudo o que
têm feito pela UM. Note apesar destas políticas sem tino dos últimos 10 anos de
governos, que lamentavelmente tem políticos básicos que nada percebem do que
fazem, a UM tem crescido. Mas não deve limitar geograficamente a pergunta com
um “…em Portugal”; hoje vivemos no mundo, teremos de pensar em termos
globais, e aí não vejo nenhum problema, os melhores ganharão, obviamente a UM
ganhará. Aqueles que conseguirem pelo seu prestígio e qualidade atrair mais
alunos portugueses e estrangeiros, aqueles que adequarem melhor os seus cursos
à procura e os que trabalharem melhor esta vertente nunca deixarão de crescer,
temos Africa inteira, Angola, Moçambique, Brasil, Asia etc… mercados
emergentes ávidos de bons técnicos, engenheiros, médicos, professores. Claro
que internamente terá de haver uma reestruturação da oferta e da rede, e
fundamentalmente uma definição do “ensino politécnico”, que como o nome indica
deveria ser de nível médio e não “superior” (repare se o ensino politécnico é “ensino
superior”, então o que é o ensino universitário?) o politécnico deve ser um
ensino vocacionado para tal, com cursos com um máximo de um ou dois anos, de
nível técnico e bem direcionados, (ao nível do antigo bacharelato) onde nem
sequer fosse preciso o 12º ano para entrar. Claro que a Universidade não deve
fazer concorrência aqui, a universidade tem outros objetivos
É um empreendedor.
Como vê a questão do empreendedorismo em Portugal e em específico dos alunos
formados na UMinho?
É
um campo onde a UM tem posto atenção e que está a ser drasticamente melhorado,
através do Vice José Mendes. A impressão que tenho é, que os alunos não têm
qualquer vocação nem treino ou formação para serem empreendedores, nem qualquer
apoio ao risco. Há no entanto algumas spinoff’s, umas ideias de topo, uns quantos
projetos… Poucos empresários apostam em apoiar projetos com jovens e as
mentalidades neste particular ainda não mudaram, poucos arriscam, todos querem,
mas na hora de arriscar ninguém o faz. A AAEUM pode ter também um papel
importante a desempenhar neste campo, aproximando empresas e alunos,
comunicando ideias e projetos e formando empresários. Não há empreendedorismo
por falta de ideias, existem milhares, só que os portugueses em geral não foram
educados para o risco. Dou-lhe um exemplo, a Hysee, uma das minhas empresas,
tem anunciado nas redes sociais e em cartazes a oferta de sociedade a dois
jovens engenheiros informáticos, temos este programa há meses publicitado, enviamos
e-mails para professores, afixamos cartazes na UM, facebook etc… sabe quantos
jovens enviaram os seus curricula… pois eu digo-lhe, nenhum!!! Se fosse um
anúncio para funcionário público, concorreriam milhares, não?
Que mensagem gostaria
de deixar à Academia nesta altura?
União
e coragem… e obrigado. Agradeço com orgulho ter aqui estudado.
Texto:
Ana Coimbra
Fotografia:
Nuno Gonçalves
(Pub.
Dez/2013)
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