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“A AAUM tem que ser sempre vista como um aliado, um parceiro, alguém disponível”



Após
um ano à frente dos destinos da AAUM, que balanço fazes desta experiencia?

O
balanço tem que ser feito a dois níveis. A nível pessoal foi um ano de
enriquecimento muito grande por aquilo que tive a oportunidade de conviver com
a minha direção, pela possibilidade que tive de crescer enquanto pessoa, pela experiência
tão intensa que é estar à frente de uma estrutura tão grande como é a AAUM e
que é uma escola para todas as pessoas que por aqui passam, portanto sinto-me
hoje uma pessoa muito mais enriquecida por aquilo que foi este primeiro mandato
à frente dos destinos da AAUM. No que diz respeito ao balanço institucional,
por aquilo que foi feito é também um balanço positivo porque apesar dos dias
com que estamos confrontados não serem os mais fáceis acredito que os
estudantes da UMinho têm hoje melhores condições de estudo e de frequência na
sua Academia, isto muito graças ao papel que tem sido desenvolvido pela AAUM, na
pressão que resultou na abertura de salas de estudo abertas 24 horas por dia, na
criação do Fundo Social de Emergência, na alteração ao Regulamento de
Atribuição de Bolsas, na diminuição do preço de senha da cantina e na
diminuição do preço de senhas de transporte entre Braga e Guimarães, na
melhoria constante dos serviços prestados pela Associação Académica… saber que a
vida dos estudantes é melhor do que há um ano atrás faz com que o balanço seja
extremamente positivo.

 

As
tuas expectativas têm sido correspondidas?

Sim,
de certa forma. Há sempre coisas por fazer, há que corrigir algumas que não
estiveram tão bem, mas outras também correram melhor do que esperávamos. Por
exemplo, a questão do cartão de sócio foi um projeto que se desenvolveu mais
depressa e foi implementado de uma forma que não esperávamos que corresse tão
bem. Outros não avançaram tão bem como gostaríamos, tal como o projeto da
Fundação da Associação Académica da Universidade do Minho, mas globalmente acho
que as expectativas foram cumpridas, foi um mandato muito gratificante e
acredito que este também o vai ser.

 

O
que é para ti ser o presidente dos estudantes minhotos?

É
uma grande responsabilidade e um grande orgulho estar à frente da estrutura representativa
dos 19000 estudantes da UMinho, mas acima de tudo um desafio. Sou uma pessoa
que gosta de desafios e este é um desafio ao qual se exige muita
responsabilidade, exige-se um trabalho muito intenso, mas também se colhe na
medida do que se cultiva, por isso acredito que quanto mais procurarmos fazer,
mais levamos em termos pessoais, tudo isto na defesa dos interesses dos
estudantes da UMinho que é aquilo que nos move e do qual não nos podemos
esquecer nenhum dia do nosso mandato.

 

Quando
deixares a AAUM, quais serão as maiores aprendizagens que levas na bagagem?

Se
hoje deixasse a Associação Académica, com certeza que levo daqui muitas
aprendizagens, ao nível daquilo que é o trabalho em equipa, a capacidade de
sacrifício, a resiliência, a capacidade de trabalhar por objetivos e a
capacidade de os atingir e mesmo que não os consigamos atingir da melhor forma aprendemos
a reinventarmo-nos, a reerguermo-nos após algumas frustrações e algumas
derrotas. Mas também aprendemos a ter capacidade de liderança, concretização de
projetos, de comunicação, capacidades nas quais reside a nossa capacidade de
mobilização das pessoas e das vontades. Aprendizagens que acredito que me vão
ser muito úteis na minha vida pessoal e profissional.

 

Foste
eleito para um segundo mandato com 81% dos votos. Estavas à espera deste
resultado?

Aquilo
que eu disse durante a campanha eleitoral e que era meu objetivo e objetivo da
minha equipa era reforçar em percentagem aquilo que tinha sido a votação para o
primeiro mandato que tinha rondado os 61%. Entendíamos que se houvesse um
reforço da votação haveria uma nova legitimação daquilo que tinha sido o
trabalho desenvolvido por esta direção. Aquilo que me motivou na recandidatura
foi o facto de termos novos projetos e entendia que a experiência era
importante, por isso estaria melhor preparado do que no ano passado para além
de que achei que devia submeter-me ao veredito dos estudantes pelo mandato realizado
em 2013. Os estudantes julgaram em sede própria, nas urnas, e acabaram por
eleger esta direção com mais 20% (81% dos votos). Era algo que estava dentro
dos nossos objetivos e que nos deixa muito satisfeitos e confortáveis com esta
confiança que os estudantes nos deram.

 

Quais
são as principais novidades desta nova Direção?

É
uma direção de continuidade e portanto muitos dos projetos do ano passado são
para continuar num processo de melhoria contínua. Isso verificar-se-á ao nível
do desporto, da intervenção cultural, ao nível do reforço do cartão jovem
académico AAUM, do reforço das atividades ao nível do empreendedorismo, da
empregabilidade, através do LIFTOFF e do Gabinete de Inserção Profissional, mas
também teremos outros projetos muito importantes que também já foram iniciados
no anterior mandato, como a aproximação aos estudantes de Guimarães
concretizado na intervenção nos acessos entre as residências e o Campus de
Azurém, na deslocalização pontual do LIFTOFF e do GIP e na realização dos Campeonatos
Nacionais Universitários Individuais Concentrados. Queremos reforçar ainda mais
essa ligação com a realização do Campeonato Mundial Universitário de Andebol
2014 em Agosto. Para além disso pretendemos uma dinamização muito forte da sede
da AAUM em Guimarães. Estamos neste momento num processo de reabertura do Bar
Académico que está a sofrer uma intervenção de fundo, com um novo
concessionário. Temos ainda a intenção de ter na sede da Associação um estúdio
da RUM, um espaço para incubação de empresas de estudantes da UMinho e a
implementação de um centro de explicações, conferir portanto uma nova
vivacidade ao espaço. Temos também como intenção estabelecer definitivamente a
reprografia da Escola de Arquitetura que é um projeto já antigo e que está
preso por pormenores. A nível social continuaremos com as reivindicações do ano
passado, tendo uma intervenção muito ativa no processo de decisão e atribuição
do Fundo Social de Emergência, realizar iniciativas solidárias que alertem a
consciência social dos estudantes e da própria comunidade académica para aquilo
que são as dificuldades pelas quais os estudantes estão a passar neste momento.
A esse nível uma das principais novidades que gostaríamos de implementar é o
passe social nos transportes entre Braga e Guimaraes, acompanhando o processo
de reforço da tecnologia RFID do cartão jovem académico. Temos também outros
projetos a nível do Campus de Gualtar como a criação de um espaço de
atendimento da ESN Minho, a criação de uma reprografia na Escola de Ciências da
Saúde, não desistindo daquele que é um projeto muito importante para a AAUM que
é o processo de reativação da Fundação Associação Académica da UMinho que
gostaríamos de ver em plena atividade ainda durante este ano de 2014.

 

Qual
é a principal preocupação do presidente da AAUM?

A
preocupação tem que ser dividida em três níveis. A primeira é garantir que não haja
estudantes nesta fase difícil de crise a abandonar os estudos por falta de
condições financeiras. Cumprido este desígnio é assegurar as melhores condições
de frequência nos campi, seja ao nível das condições pedagógicas, sendo urgente
que o Regulamento Académico da Universidade do Minho esteja publicado o mais
depressa possível no sentido que os estudantes tenham um documento regulamentar
que proteja os seus interesses e os seus direitos. Um último vetor é dar um enfâse
especial ao nível da empregabilidade e do empreendedorismo, procurando dar um
apoio personalizado a todos os alunos para que saiam o melhor preparado
possível para o mercado de trabalho para que fujam às elevadas taxas de
desemprego jovem e desemprego qualificado.

 

Quais
foram as grandes opções da AAUM em 2013 e quais serão as de 2014?

Em
2013 posso vincar aquele que foi um trabalho muito forte ao nível da vertente
social, este foi um papel em que a AAUM marcou a agenda social e solidária na
vida da Academia, o processo de dinamização do cartão de socio da Associação
Académica também me parece que foi um marco importante, bem como a aproximação
ao Campus de Azurém e tudo o que englobou. Em 2014 os principais projetos
poderão passar por aquilo que é a implementação do passe social da Associação
Académica nos transportes entre Braga e Guimarães, poderá passar pela
reativação definitiva da Fundação da Associação Académica, por uma maior
ligação às cidades de Braga e Guimarães e por uma maior ligação às autarquias,
num momento em que elas estão com novas lideranças e em que há uma abertura
diferente para que os estudantes da UMinho possam interagir com as cidades.
Depois será manter aquilo que tem sido feito ao nível social, cultural, de
proximidade aos estudantes, conferindo aqui uma importância maior aos núcleos
de curso e núcleos de estudantes, conferindo uma centralidade diferente aquilo
que são as Assembleias de Núcleos de forma a reforçar aquilo que é participação
juvenil na UMinho.

 

A
crise económica obrigou a AAUM a repensar as suas atividades anuais?

Sim,
sem dúvida. Acho que não obrigou só a AAUM, obrigou a Universidade, as estruturas
que giram à volta da AAUM como parceiros, fornecedores ou patrocinadores. Hoje
em dia há um processo muito forte de redinamização das estruturas que existem
na nossa sociedade, fruto daquilo que é uma economia que abrandou fortemente ou
até mesmo estagnou e por isso os recursos financeiros cada vez mais escasseiam.
A AAUM teve que refazer o caminho, reduzir despesas que se calhar não eram tão
essenciais como isso, procurar fontes alternativas de financiamento, abdicando
de uma ou outra atividade que estava mais desfasada daquilo que eram as prioridades
da AAUM. Há aqui, portanto, um processo muito grande de racionalização de
recursos e na eficiência dos mesmos no sentido de garantir que os recursos que
temos são canalizados para as áreas que são prioritárias e que vão ao encontro daquilo
que são os principais anseios dos estudantes.

 


algum patamar onde gostasses de ver a AAUM?

Eu
acho que no associativismo nacional não deve haver papel de lideranças porque
as estruturas são todas elas independentes e autónomas e devem fazer o seu
trabalho dependendo daquilo que é o seu contexto e a sua realidade, mas acredito
que hoje a AAUM está no pelotão da frente das Associações Académicas mais ativas
a nível nacional. Com um papel muito transversal que passa pelo nível da política
educativa, da ação social, do desporto, da cultura, das saídas profissionais, do
apoio à empregabilidade e empreendedorismo. A AAUM é reconhecida pela reitoria
e pelas diferentes estruturas da Universidade como uma estrutura forte e
representativa de uma comunidade sem a qual a Universidade não pode existir que
é a comunidade estudantil e que se tem afirmado nas cidades de Braga e Guimarães
como um parceiro importante e muito ativo. Certamente que gostaríamos de
continuar este caminho e de o reforçar mas acredito que hoje a AAUM está num
patamar muito elevado e é um ator imprescindível quer na vida da Universidade,
quer no associativismo nacional, quer na vida das cidades que a acolhem.

 

No
teu entender como deve ser vista a AAUM pelos estudantes?

A
AAUM tem que ser sempre vista como um aliado, como um parceiro, alguém
disponível para ajudar nos problemas que surjam e para criar soluções e
oportunidades que contribuam para uma melhor vivência dos estudantes na Universidade.
Gostaria que os estudantes vissem na AAUM um apoio na sua representação, na
defesa dos seus interesses e estivessem em contacto com ela permanentemente na
procura de soluções quer para a defesa dos seus interesses, quer para a
afirmação do seu papel na Universidade e na construção de uma sociedade futura
que todos desejamos que seja diferente. Acredito que a imagem que a Associação
goza juntos dos estudantes, e os resultados eleitorais provam isso, é uma
imagem de grande confiança e credibilidade porque de facto reconhecem a AAUM
como alguém que está disposta e presente para ajudar a resolver os problemas
que surgem no seu dia-a-dia. 

 

A
AAUM, como todos nós também tem sentido a crise. Quais os resultados
financeiros de 2013?

Neste
momento ainda estão a ser apurados os resultados de 2013, deverão ser
apresentados em reunião geral de alunos até ao final de março. Mas são
resultados estáveis, não tao positivos como foram em anos de maior desafogo,
mas a AAUM soube encontrar o seu caminho numa altura de grande recessão e são
resultados que espelham o equilíbrio possível nos dias que atravessamos.

 

O
que pensas sobre o atual Regulamento de Bolsas de Estudo?

É
um regulamento que acaba por não consagrar aquilo que é o seu principal
objetivo que é assegurar que nenhum estudante deixe o ensino superior por falta
de condições financeiras, portanto não cumpre aquilo que é o seu principal
desígnio que é ser um regulamento que garanta de forma eficaz uma igualdade de
oportunidades entre estudantes. Prova disso é o facto de grande parte das universidades
de todo o país ter sentido a necessidade de criar fundos de apoio social a
nível local para colmatar aquilo que eram realidades muito concretas e difíceis
pelas quais os estudantes passam e que não são enquadráveis no sistema nacional
de atribuição de bolsas. De facto, hoje em dia para se ter bolsa de estudo é
preciso cumprir critérios de elegibilidade muito apertados, é preciso ter um
rendimento per capita muito baixo e aquilo que vemos é que há muitos estudantes
que por uma diferença muito pequena de euros na sua capitação ficam de fora do
sistema de ação social e acabam por ter muitas dificuldades em manter-se no
ensino superior. Portanto é preciso aumentar esse limiar de elegibilidade,
aumentar o limite do rendimento per capita fazendo com que mais alunos possam
receber bolsa de estudo. Também em relação ao aproveitamento achamos que as
percentagens devem estar num patamar de 50%, ou seja, no mínimo exigível para
que o estudante transite de ano para ter apoio social. Achamos que ainda existe
um longo caminho a percorrer para garantir que a ação social nacional chegue a
todos os estudantes que precisam.

 

Foi
publicado recentemente o despacho que revoga o indeferimento da bolsa de estudo
por dívidas tributárias e contributivas do agregado, sendo apenas são
consideradas para indeferimento as dívidas, caso existam, do estudante [candidato].
Como vês esta alteração ao regulamente?

Foi
um passo muito positivo, até porque penso que era a norma mais injusta que
estava no regulamento, pois enquanto todas as outras normas têm a ver com o
próprio estudante, esta era uma norma que nada dizia respeito ao estudante, ou
seja, o estudante estava a ser responsabilizado por uma irregularidade que não
tinha cometido! É uma alteração positiva, apenas peca por tardia, mas veio com
um aspeto positivo, pois muitos estudantes já não se candidataram por saber da existência
desta norma e o despacho veio dizer que os estudantes têm 30 dias para que se
possam candidatar e receber a bolsa com efeitos retroativos a partir do mês de
setembro.

 

Na
tua opinião a ação social escolar tem melhorado nos últimos anos ou a crise tem
resultado num retrocesso?

Na
minha opinião, a ação social escolar teve um retrocesso enorme aquando do
decreto de Lei 70/2010. Desde a retirada das bolsas de estudo do decreto de lei
70/2010 tem-se vindo a trilhar um caminho de melhoria do sistema de atribuição
de bolsas nacional, ainda que entendo que essa melhoria tem sido demasiado
tímida. Tem havido a introdução de normas que são positivas, a norma de
revogação das dividas é uma delas, o facto do estudante se poder candidatar em
qualquer altura do ano é outra, o facto dos prazos de candidatura serem mais
alargados, a questão dos auxílios de emergência e dos apoios aos estudantes com
necessidades educativas especiais são de salutar, agora tem sido um caminho
feito de forma muito lenta e por isso exige-se que seja feito de uma forma mais
assertiva.

 

Perante
a conjuntura atual, o que podem esperar os estudantes do ensino superior?

Hoje
em dia há um discurso muito perigoso que tem vindo a fazer caminho junto da
comunicação social e da opinião pública de que já não vale a pena estudar no
ensino superior e infelizmente é uma mensagem que tem passado. Basta olhar para
o concurso nacional de acesso ao ensino superior para verificar que cerca de
8000 vagas ficaram por preencher num país que continua a ter baixos níveis de
qualificação da sua população. Vemos isso com muita preocupação porque apesar
das coisas não estarem bem não há que ter duvidas que o ensino superior e a
qualificação superior continua a ser o melhor meio de mobilidade social.
Portugal continua a ser dos países onde a diferença salarial das pessoas que
têm qualificação superior é maior relativamente a quem não tem, as pessoas com
formação superior têm muito menor tendência a cair em situações de desemprego e
desemprego prolongado. Portanto apesar de a conjuntura ser difícil, os
estudantes e as pessoas não podem descrer da importância de ter uma formação
superior, porque de facto o nível de qualificação ainda faz diferença naquilo
que é ou será o seu futuro.

 

Qual
a posição da AAUM relativamente à tutela atual do Ensino Superior?

Relativamente
ao atual secretário de estado do ensino superior a relação tem sido positiva,
tem reunido com a nossa associação e com as outras associações mensalmente,
houve esta revogação da norma das dívidas do regulamento de atribuição de
bolsas, está a ser desenvolvido o Programa Retomar de apoio a estudantes que
tenham deixado o ensino superior e que agora queiram regressar em condições
mais atrativas e com maior apoio de forma a concluir os seus cursos que não
conseguiram por dificuldades financeiras ou outras. É um passo importante
naquilo que tem sido a luta contra o abandono escolar, mas exige-se mais
certamente. Foram dados alguns sinais positivos mas é importante que estes
sinais sejam materializados com medidas concretas e que possam estar em vigor o
mais rapidamente possível.

 

Foi
criado o ano passado o Fundo Social de Emergência da UMinho. Como tem corrido o
projeto?

Foi
um projeto e um processo novo para todos os agentes, seja para a reitoria, para
os SASUM, para a AAUM e para o Provedor do Estudante, nunca tínhamos tido na
UMinho uma experiencia deste género. Portanto da experiencia piloto retiramos
muitas aprendizagens. Podemos considerar que foi uma experiencia positiva na
qual foram apoiados 50 estudantes que poderiam ter abandonado o ensino superior
caso não tivessem tido este apoio, mas percebemos que há normas do próprio
processo de atribuição do fundo que têm de ser alteradas, no sentido de
garantir maior justiça, maior eficácia, de forma a servir os fins para o qual
foi criado. Uma das exigências é que esteja operacional durante todo o ano
letivo e não apenas no segundo semestre, como foi no ano transato e como vai
ser este ano, que um estudante se possa candidatar mais que uma vez ao fundo ao
longo do seu ciclo de estudos, pois nada nos diz que um estudante ao longo do
seu percurso académico não caia mais que uma vez numa situação de emergência, e
também pretendemos o alargamento do valor máximo do fundo, que este ano era apenas
o valor da propina máxima, o qual foi concedido a casos muitos diferentes entre
si e é preciso que esse valor seja alargado para que comparticipe não só o
valor da propina como o valor da residência e outras despesas inerentes à sua
frequência no ensino superior.

 

De
que formas a AAUM tem contribuído para este Fundo Social e quais são as ideias
para 2014?

O
presidente da AAUM e o presidente adjunto fazem parte da comissão juntamente
com o reitor, o administrador dos SASUM e o Provedor do Estudante e analisam
cada um dos casos que chegam ao Fundo Social de Emergência. Por isso tem havido
da parte da AAUM uma participação muito ativa na avaliação destes casos, na
definição do seu regulamento, temos propostas para que o regulamento seja mais
justo e por isso esperamos que aceitem e coloquem estas alterações na
reformulação do regulamento para este ano letivo. Para além disso, temos
procurado fazer uma divulgação junto dos estudantes e também realizar algumas
iniciativas solidárias que permitam que a verba deste fundo aumente e é esse
trabalho que queremos continuar em 2014.

 

O
desporto é uma das áreas de maior visibilidade da AAUM. Esta é uma aposta ganha?

Sem
dúvida. É uma aposta ganha quando podemos dizer que passamos de 64 medalhas em
2011 para 125 em 2013, quando passamos do 3º lugar do ranking da EUSA em 2010
para o 1º em 2013, só podemos dizer que é uma aposta ganha não só para a AAUM
como para a Universidade do Minho. Este é um projeto que é indissociável das
duas instituições, a AAUM não teria estes resultados sem o forte apoio da
Reitoria e sem a competência dos técnicos do Departamento de Desporto e Cultura
dos SASUM, mas não seria possível se não houvesse um compromisso e trabalho da
parte do seu clube, a AAUM. Por isso, vemos com tristeza alguns agentes a
menorizar o papel da AAUM no que a esta realidade diz respeito, porque pelo
contrário a AAUM sempre achou que o projeto desportivo da Associação era
indissociável do da própria Universidade.

 

Esta
aposta é para continuar?

Gostávamos
que sim. Os resultados dizem-nos que devemos continuar, a importância que o
desporto tem na vida dos estudantes é algo que não podemos descurar e que
acreditamos que é uma mais-valia para o seu futuro. Estamos infelizmente num
quadro de restrições orçamentais, o investimento tem sido cada vez maior da
parte da AAUM no que respeita a esta realidade diz respeito, de referir que os
resultados positivos de 2010 para 2013 (duplicação de medalhas e 1º lugar do
ranking da EUSA) se fez com o mesmo nível de apoios no contrato programa celebrado
com a Universidade em 2010, portanto tudo isto foi feito muito à custa do
investimento cada vez mais forte da AAUM, à custa de projetos que deixamos para
trás porque achamos que o desporto merecia esse investimento, mas estamos a
chegar a uma situação limite em que de facto não é possível continuarmos nesta
senda e portanto dizemos que este caminho só é possível continuar se a AAUM
tiver mais apoio das estruturas que colaboram com ela a este nível.

 

A
AAUM será coorganizadora, juntamente com a FADU e a UMinho do Mundial
Universitário de Andebol 2014 que decorrerá em agosto. Como está a preparação e
o que esperas deste?


tivemos algumas reuniões do comité organizador do campeonato, tivemos no final
de novembro a visita técnica da FISU cujos representantes se mostraram bastante
agradados com as condições que vamos dar, seja a nível de instalações desportivas,
alojamento, alimentação ou programa cultural e social e deixaram-nos aqui um
voto de confiança. Eu, como presidente do Comité Organizador, recebi uma medalha
representativa daquilo que tem sido o papel da AAUM, da FADU e da Universidade
no que diz respeito às organizações desportivas, teremos agora que intensificar
os trabalhos, reunir com uma maior regularidade para que possamos organizar o
melhor campeonato mundial de andebol de sempre, e com a secreta esperança que
em 2014 a seleção nacional universitária de andebol, a jogar em casa, alcance
finalmente o titulo de campeã mundial universitária.

 

A
UMinho em conjunto com a AAUM foi eleita a melhor da Europa em desporto
universitário. De que forma viste este reconhecimento?

Era
um sonho antigo e foi o concretizar desse sonho. De ressalvar que, apesar de
ser a primeira vez que a UMinho/AAUM está em 1º lugar neste ranking, é a quarta
vez consecutiva que Portugal lidera este ranking o que é certamente muito
positivo. Durante 2014 podemos desfrutar deste reconhecimento que será
oficializado em abril na Turquia aquando da Assembleia Geral da EUSA e portanto
é o concretizar de anos e anos de uma aposta conjunta da AAUM e da UMinho.

 

Quais
são as ideias/projetos para conseguir manter o nosso desporto no topo?

Acima
de tudo é preciso manter o trabalho que tem vindo a ser realizado, mas há
certamente muito trabalho a fazer, nomeadamente a nível da ligação desporto
escolar, na ligação ao clubes da região, nas sinergias que tem sido alcançadas
a nível do desporto federado, com a criação de instrumentos que acabam por
incentivar os estudantes a praticar desporto, nomeadamente os prémios de mérito
desportivo, o programa TUTORUM, incentivos importantes para que os estudantes
venham para a UMinho, pratiquem desporto na UMinho e consigam conciliar o
necessário sucesso desportivo com as exigências de sucesso académico e escolar.

 

Enterro
da Gata. Como vai ser em 2014?

Será
de 9 a 17 maio, decorrerá no Estádio Municipal de Braga e tudo está a ser
preparado. Contamos lançar o cartaz com bastante antecedência, tudo está a ser
preparado num quadro de sustentabilidade, necessária face aquilo que são os
constrangimentos que existem, mas também num quadro de segurança que faça com
que as pessoas que estejam nestas festividades estejam à vontade e se possam
divertir. Mas brevemente surgirão novidades, quer acerca do tema, quer o cartaz
do Enterro.

 

Estava
previsto o lançamento do projeto da sede da AAUM, em que situação se encontra?

O
projecto, infelizmente, está parado à espera que os diversos agentes que devem
interagir com a AAUM o assumam definitivamente como uma prioridade, o que não
tem acontecido nos últimos tempos. Houve a aprovação de um acordo tripartido
entre a Universidade, um construtor privado e a Câmara Municipal de Braga no
passado mês de julho em sede de executivo municipal, um acordo que caiu no esquecimento,
do qual não há perspetivas de concretização e é algo que não podemos aceitar.
Hoje temos consciência que foi um acordo que apenas serviu interesses
eleitoralistas do momento e que de facto o projeto da nova sede nunca foi uma
prioridade para os vários agentes em questão. É triste que assim seja, porque
de facto uma nova sede para a Associação é uma necessidade dos estudantes, é
uma necessidade da AAUM para desenvolver a sua missão de uma forma plena. Tive
a oportunidade de dizer, aquando da tomada de posse do reitor, que se é verdade
que a Universidade é uma das 400 melhores do mundo, se é verdade que a
Universidade está no topo dos rankings nacionais e internacionais, só está
porque teve a capacidade de crescer, fruto das infra-estruturas que também
foram criadas para o efeito ao longo dos anos. A AAUM está na rua D. Pedro VI há
cerca de 20 anos, quando a UMinho tinha cerca de 8500 estudantes, hoje em dia a
UMinho tem cerca de 19000 estudantes e a concretizarem-se as metas do plano
estratégico para 2020 estará nessa altura num patamar de 25000 estudantes, e
portanto os agentes têm que decidir se querem uma Associação forte, que cumpra
a sua missão e os serviços que presta à comunidade da melhor forma, ou se de
facto querem esquecer aquilo que é uma reivindicação tão antiga dos estudantes e
tão importante. Se o fizerem terão de assumir no futuro o custo dessa opção.

Aquilo
que gostaríamos que acontecesse é que nos sentássemos com a Câmara Municipal de
Braga, com a reitoria da Universidade e fossem assumidos compromissos
definitivamente e simultaneamente com estes agentes dos quais dependemos para o
projeto andar para a frente, seja em termos de localização do projeto,
dimensão, necessidade de concorrer a fundos comunitários para financiar um
investimento desta enver
gadura e é desse momento que
estamos à espera agora que há uma nova direção da AAUM eleita, um reitor a
começar um segundo mandato e que tem esse projeto sinalizado em todos os
documentos oficiais de candidatura, e um poder autárquico que tomou posse há
pouco tempo e que assumiu a ligação à Universidade como uma prioridade e que
terá de provar nestes quatro anos aquilo que foram as intenções com que se
candidatou às eleições autárquicas.

 

Uma
mensagem à Academia e aos estudantes?

Quero
aqui dizer aos estudantes que a participação na vida da Academia é uma
exigência. Passamos por tempos muito difíceis, mas devemos ter consciência que
o privilégio de entrar numa Universidade deve fazer com que o vivamos
intensamente, pela obtenção de um grau académico que devemos ter sempre como
prioridade, mas há uma panóplia muito grande de atividades que os estudantes
têm ao seu dispor. Sem participar nelas, a sua vivência na Universidade será
certamente incompleta. Falo da prática desportiva, da prática cultural, da
experiência associativa, que são projetos que em muito contribuem para o seu
crescimento enquanto cidadãos, importantes para diferenciação do seu curriculum
no dia em que tiverem de sair para o mercado de trabalho e pela afirmação daquilo
que é o seu papel dos estudantes na vida da Academia e daquilo que é a sua
capacidade de criar e transformar coisas. Sempre que os estudantes se
mobilizaram ao longo dos tempos mais recentes provaram que conseguem conquistar
muitas coisas juntos e só assim poderão continuar a fazê-lo. Vivam estes anos
na UMinho da forma mais plena possível, participando, mobilizando-se, assumindo
causa e projetos, vivenciando aquilo que é a sua capacidade transformadora. 


Texto: Ana Coimbra

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Jan/2014)

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