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“Vivemos uma era de competitividade extrema, com cada vez mais indivíduos especializados, pelo que para ter sucesso há que ser agressivo e mais esforçado do que nunca.”


 

O
que te levou à UMinho e ao curso de Comunicação Social?

A
escolha foi óbvia e imediata. A reputação que a Instituição detém, o excelente
ranking do curso de Ciências da Comunicação, a qualidade do corpo de docentes e
a validação por alunos, amigos mais velhos, que muito respeitava, tornaram a
decisão fácil. A proximidade geográfica e baixo custo de vida da cidade foram
um bónus.

 

De
que forma é que a tua escolha moldou o teu futuro profissional?

É fácil afirmar que frequentar Yale, Harvard ou
Oxford certamente tem um impacto imediato e forte no percurso profissional que virá
á posteriori. Em Portugal, a diferença entre as boas Universidades não será tão
evidente. Mas não tenho dúvidas, no entanto, que a escolha do Curso e
Universidade, o ambiente em que evoluí do ponto de visto académico e pessoal
terá impactado positivamente a minha carreira. O aconselhamento que recebi e
oportunidades que a UMinho me proporcionou terão seguramente me colocado em
vantagem em relação a outros candidatos.

 

Como
é que foram esses anos na academia minhota?

Foram memoráveis. Deixam muita saudade. O stress dos
exames, a euforia das baladas. A aprendizagem diurna, as distrações noturnas.
Os trabalhos de grupo, o grupo a meter-se em trabalhos. Os livros, os
workshops, os mentores. A praxe, os julgamentos e os doutores. O Rugby, as
amizades para a vida, as muitas alegrias vividas no plural.

 

Como
é que se deu a tua entrada para o desporto na UMinho?

Sempre pratiquei desporto de forma competitiva. Nos
primeiros anos de faculdade jogava andebol profissionalmente e consegui
compatibilizar. Em paralelo jogava futebol de forma mais amistosa, incluindo
torneios universitários. Entretanto, a paixão exacerbada que sinto pelo
desporto em geral compeliu-me a experimentar uma modalidade nova e diferente.
Depois de na “Gata na praia I” ter conhecido um grupo impecável de amigos que
jogava rugby pela Universidade decidi experimentar. Adorei e nunca mais larguei
a modalidade – Forte abraço para os companheiros da S.C.R.U.M. Quando fui
trabalhar para Lisboa integrei o Clube de Rugby do Técnico onde atuei no principal
escalão nacional. Em Londres continuei a competir federado. Nos Estados Unidos
encontrei agora uma equipa onde irei começar este mês em paralelo com o MMA.
Uma paixão mais recente.

 

Que
recordações guardas do desporto universitário, das atividades desenvolvidas na
Universidade e pela Universidade?

Recordo
termos o maior número de atletas ativos de entre todas as Universidades.
Recordo sermos os verdadeiros adeptos de uma mente sã num corpo são. Recordo os
troféus do Reitor. Recordo as competições da FADU. Os CNU’s e os Europeus
Universitários. Recordo uma Universidade que sempre se distinguiu pela
organização e execução exemplar de competições universitárias que perduram na
memória, e no apoio e amor ao desporto que vai muito além dos valorosos títulos
que temos conquistado ao longo dos anos.

 

Achas
que foi importante (o desporto) no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?
 

Absolutamente. Desde miúdo que o desporto vem
fortalecendo e contribuindo positivamente a minha personalidade, carácter,
atitude e competências. Desde logo a valorização do colectivo, a importância do
sucesso do grupo, o trabalho de equipa como receita para o êxito. Algo que
quando se transpõe para a vida em sociedade é extremamente benéfico. (Algumas
figuras políticas denotam clara falta de prática desportiva… risos…). A
nível pessoal, a capacidade de luta, dedicação, esforço, liderança, ambição, a
mentalidade que nunca te deixa desistir perante adversidades, são todos
elementos que o desporto despertou e fortaleceu.

 

A
entrada no mundo profissional, como é que aconteceu?
 

Uma
das razões pelas quais escolhi o curso de Ciências da Comunicação na UMinho foi
o facto de o nosso Instituto apoiar os alunos a encontrarem estágios
curriculares em empresas de topo na área dos Media. No meu caso, com o
aconselhamento de alguns dos meus docentes – Luís Santos, Felisbela Lopes, Teresa
Ruão, Sandra Marinho, entre outros – e com o suporte do Instituto, consegui
fechar um estágio na Sic em Carnaxide pelo período de 6 meses. Inquestionável o
valor que um programa destes tem para um jovem licenciado à procura da primeira
oportunidade para colocar em prática o seu “know-how” ao serviço de uma
organização de escala nacional.

 

Foi
difícil essa passagem do mundo académico para a realidade do mundo do trabalho?
   

É certamente um choque, mas
felizmente o programa académico a que fomos submetidos durante cinco anos
aliado à minha atitude de querer, de fazer, trouxe os seus frutos.

 

Em
que área estás a trabalhar e quais são as tuas funções?
 

Trabalho
em Marketing nos Headquarters Mundiais da Nike. Sou o Digital Brand Manager, um
dos responsáveis pela estratégia digital da Nike Football a nível global.

 

Como
é que surgiu a oportunidade de trabalhares para a MTV?

A
duas semanas de terminar o estágio na SIC, sabendo da minha disponibilidade,
fui convidado por um dos contactos que fiz durante este período para uma
entrevista de trabalho na MTV Portugal, em Lisboa. Após três rounds de entrevistas com diversos “stakeholders” consegui o tão desejado trabalho. Não tive pausas desde que terminei o curso.

 

E como foi a passagem para a
Nike?

Oito
anos de experiencia na área (agora 10), o “background” em desporto e a atitude
certa, foram o meu bilhete de entrada para a Nike. Recrutado por um “headhunter” e ultrapassando com sucesso várias entrevistas na Nike.

 

Na
tua área de conhecimento, como é que está o mercado de trabalho?

Vivemos uma era de competitividade extrema, com cada
vez mais indivíduos especializados, pelo que para ter sucesso há que ser
agressivo e mais esforçado do que nunca. A indústria digital está, no entanto,
forte. Dado o contexto atual, com a mudança de comportamento dos consumidores
que hoje procuram informação e fazem compras desde o conforto de suas casas ou
em qualquer lugar diretamente nos seus telemóveis, as empresas começam a
colocar o digital em primeiro lugar na sua estratégia e a orçamentar para essa
área em alinhamento.

 

Onde
é que te vês daqui a 10 anos?

Vou estar em Portugal a ajudar uma ou mais marcas
nacionais a tomarem escala global. Projetos interessante liderado por pessoas motivadas
na expansão internacional.

 

É
mais fácil ser reconhecido pela nossa qualidade profissional cá dentro ou achas
que ainda existe a mentalidade de que quem vem de fora é melhor?

A questão é ligeiramente diferente. Quem é amigo, é
melhor. Parece-me que ainda há muito essa mentalidade em Portugal. Acho que os
bons profissionais são mais facilmente reconhecidos lá fora, isso sim. É essa
mudança de comportamento que tem de ocorrer. Acredito que esteja a ocorrer. Venham
os bons profissionais sejam eles de fora ou talentos criados em Portugal. 
Quanto a investirmos e valorizarmos no retorno
Portugueses que têm feito um bom percurso lá fora, com provas dadas, e que
podem ajudar na inovação de processos e dinamização das empresas, parece-me um “no brainer”.

 

Notas
grandes diferenças nos métodos e ritmos de trabalho entre Portugal e
Inglaterra?

Em
Inglaterra existe mais processo, organização, estrutura, responsabilidades bem
definidas. Um ritmo forte mas com eficiências que evitam desperdício de
recursos e horas.

 

Qual
é a tua visão do estado atual de Portugal?

Portugal atravessa um momento de profunda crise
económica e que, inclusive, parece ter abalado um tanto ou quanto a nossa
identidade. Mas parece-me que o Pais reconheceu e chegou agora a termos com a
sua situação. Basta de lamentar, está na altura de reverter a situação. Está na
altura de experimentar novas ideias, criar novos projetos e de forma geral
apresentar uma atitude mais pró-ativa, especialmente por parte da camada jovem.
Gosto de acreditar que depois da
tempestade
vem a bonança e  é também da responsabilidade da nossa geração fazer por
isso.

 

Que
conselho deixas aos milhares de estudantes da UMinho que procuram um futuro
mais risonho através de um curso superior?

Um curso superior é fundamental, mas
insuficiente. Não sejam apenas mais um. Procurem enriquecer o vosso perfil com
formações, workshops, cursos, estágios (remunerados ou não), voluntariado, todo
o tipo de extras que vos possa distinguir dos demais candidatos no mercado de trabalho.
Não esperem para acabar o curso superior, acumulem atividades em paralelo.
Ganhem vantagem desde logo. Se tiverem oportunidade de adquirir experiencia
internacional, coloquem o receio de lado e vão em frente. 
E acima de tudo lutem sempre por aquilo em
que acreditam, persigam os vossos sonhos, procurem fazer o que gostam.
É quando se trabalha com paixão e gosto que os
melhores resultados surgem.

 

Texto: Nuno Gonçalves

(Pub. Mar/2014)

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