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Judo da UMinho despe-se de preconceitos para o Fundo Social de Emergência



O Judo, arte marcial e desporto olímpico,
assenta sobre fortes valores morais, que aliados à sua prática desportiva e
marcial, procura desenvolver indivíduos capazes e que sejam uma mais-valia para
a sociedade. A UNICEF recomenda o Judo como um dos desportos a ser praticado
por crianças, jovens e adultos.

Na UMinho, o Judo funciona de forma regular
desde 1996 e conta neste momento com mais de 30 atletas inscritos e com prática
regular. Composto na sua maioria por alunos universitários e antigos alunos, este
grupo vive e sente de muito perto os problemas que atual crise que atravessamos
trouxe a muitos dos seus colegas e ex-colegas.

Com isso em mente, decidiram “despir-se de
preconceitos” e elaborar um calendário na qual as vendas do mesmo reverterão em
exclusivo para o Fundo Social de Emergência (FSE).

O FSE é uma prestação pecuniária atribuída a
fundo perdido, isenta de quaisquer taxas, que se destina a colmatar situações
pontuais decorrentes de contingências ou dificuldades económico-sociais, com
impacto negativo no normal aproveitamento escolar do estudante, e que não
possam ser convenientemente resolvidas no âmbito dos apoios previstos pelo
sistema de Acção Social para o Ensino Superior.

No ano letivo de 2013/2014 foram apresentadas
86 candidaturas, e destas, 51 foram despachadas favoravelmente, tendo sido
atribuídos apoios no montante total de 56.434,50 euros. No corrente ano letivo,
e até ao momento, foram apresentadas 14 candidaturas completas, sendo que
destas, cinco já tiveram decisão final, uma com decisão de indeferimento e
quatro deferidas, tendo sido atribuídos apoios no montante total de 
3.432,53 euros.

Convém relembrar ainda que a UMinho é a Instituição
de Ensino Superior com maior número de bolseiros em termos absolutos. Em
2013/2014 foram atribuídas 5286 bolsas e em 2014/2015 este número já vai nas
4911.

Para Ricardo Macedo, aluno do Mestrado em
Marketing e Estratégia, “O despertar de consciências toma proporções cada vez
maiores. Existem muitas causas que necessitam de ajuda e da cooperação entre
pessoas, empresas e outros movimentos associativos. Poder fazer a diferença foi
a minha principal motivação. Saber que contribuo para a construção da educação
dos elementos que, como eu, serão o futuro da sociedade contemporânea.”

Ricardo, conjuntamente com Marta Coelho,
foram os responsáveis pela elaboração gráfica deste projeto e dois dos modelos.
Para a arquiteta, o mais difícil não foi tirar a roupa, mas sim aguentar o
frio:

“O Judo deu-me a confiança para tirar a roupa
– há dois anos atrás não seria capaz.
O judoca aprende imenso sobre si e os outros,
a respeitar e a reconhecer; existe uma grande noção de equipa e entreajuda,
porque apesar de ser um desporto individual é impossível treinar sozinho.
Rapidamente me senti em casa, fiz boas amizades, e a vontade de treinar cresceu
com isso – nunca senti que tinha de ir aos treinos por algum tipo de obrigação com
alguém, gosto genuinamente de treinar e custa-me quando alguma obrigação me
impede de o fazer. Também há um grande fortalecimento físico e mental, que
nascem da repetição com que cada técnica é executada, na busca pela execução
perfeita – o momento em que o esforço é mínimo e a eficiência é máxima.”

Quando questionados acerca de
como viam a questão dos alunos carenciados no ensino superior, ambos foram
perentórios e mostraram-se alinhados nas palavras:

“O ensino deve ser universal e acessível a toda
a comunidade, não apenas o ‘ensino fundamental’. A construção do cidadão não
pode estagnar aos 18 anos porque a vida não lhe abriu portas a nível financeiro
para continuar o seu percurso educativo. O investimento do Governo na educação
é pilar para a construção de uma sociedade culta e pró-ativa. Devem ser criados
mecanismo de suporte financeiro para quem mostra interesse empenho, que tenha
valor e que queira construir valor para os outros. Estou a falar de facilidades
no acesso ao crédito para educação, canalização dos fundos comunitários para
programas de apoio ao estudantes do ensino técnico e superior e um maior
despertar de consciências de outras entidades no apoio a causas que visam o
investimento no capital humano. O Fundo Social é uma delas.”

Fundamental para o
nascimento deste projeto foi o apoio da AAUM, e do seu presidente, Carlos
Videira. Nas suas palavras, estas iniciativas “
mostram
como a irreverência e ousadia estudantil podem ser colocadas ao serviço de
causas nobres, ao serviço daqueles que mais precisam. É também a prova de como
o desporto desperta em nós valores coletivos de entreajuda e
solidariedade.”

O representante máximo dos estudantes
minhotos relembrou ainda que ao longo destes últimos dois anos, o FSE apoiou
mais de cem estudantes que de outra forma não poderiam ter prosseguido com os
seus estudos.

“Acima de tudo é um investimento no capital
humano existente na nossa academia”, concluiu.

O calendário vai estar à venda a partir do
final do mês de janeiro nas sedes da AAUM, nas reprografias dos campi,
gabinetes de apoio ao aluno e pavilhões desportivos. O preço por unidade vai
ser 5 euros.

Conferência de Imprensa

A apresentação do calendário está marcada
para a próxima quarta-feira, dia 11 de fevereiro, pelas 16h00 no Pavilhão
Desportivo da UMinho em Braga. Vai marcar presença o Presidente da AAUM, Carlos
Videira, o treinador de Judo da UMinho, Nuno Gonçalves e os dois judocas e “modelos”, Marta Coelho e Ricardo Macedo.

Texto e
Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Fev/2015)

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