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É Administrador dos Serviços de Ação Social
da Universidade do Minho (SASUM) há quase 12 anos. Que balanço faz deste
trajeto?
Faço necessariamente um balanço positivo. O
aspeto essencial é a mudança cultural que os Serviços sofreram durante estes
anos. Atualmente é um Serviço onde se cultiva uma filosofia de excelência, uma
estrutura que é praticamente a mesma no número trabalhadores, baseado num
planeamento sólido e objetivo, alavancado pelos seus recursos humanos, onde a
formação/qualificação e a aposta na motivação dos recursos humanos foi, e
continua a ser, um vetor vital importante para a mudança de paradigma.
Foi um percurso com muita aprendizagem,
construído no princípio do trabalho em equipa. Esta aposta levou a que aprendêssemos
a conhecer melhor os pontos fortes e menos fortes da organização e dos
processos; a conhecer e a motivar as pessoas a abraçar o projeto; e, em
conjunto, levou a uma profunda melhoria da eficácia e eficiência da nossa
organização.
Outro aspeto crucial teve a ver com a
requalificação/qualidade das infraestruturas, seja na área do alojamento,
alimentação ou desportiva, alicerçado atualmente em processos de manutenção
contínua. São estes os aspetos mais fortes da instituição neste trajeto de 12
anos.
Atualmente como caracteriza os SASUM enquanto
serviço de apoio aos estudantes?
Os SASUM têm como missão, proporcionar aos
estudantes as melhores condições de frequência do ensino superior e de
integração e vivência social e académica. Os objetivos dos SASUM traduzem-se em
proporcionar aos estudantes melhores condições de estudo e de integração
académica, mediante a prestação de serviços nas suas áreas de atuação,
nomeadamente: atribuição de bolsas de estudo e apoios de emergência aos
estudantes de 1º e 2º clico, serviços de alimentação, com serviços
diferenciados de apoio social entre outros, serviços desportivos (recreação e
competição), serviços de alojamento, em 10 blocos residenciais, serviços de
apoio clínico para estudantes que se encontrem deslocados das suas famílias e
serviço de apoio psicológico, são estes os serviços que caracterizam a
atividade fundamental dos nossos Serviços.
Os SASUM disponibilizam 10 bolcos
residenciais para os seus estudantes (Braga e Guimaraes). Como caracteriza a
qualidade, o preço, a disponibilidade e a resposta aos alunos que solicitam
alojamento?
O alojamento é uma área fundamental, porque é
um serviço de baixo custo para a maior parte dos estudantes, em que a relação
de oferta/preço é uma relação muito boa.
As residências possuem ainda, salas de estudo,
cozinha para aquecerem as suas refeições, dispõem de uma estrutura wireless
integrada com a rede da Universidade, grande parte dos espaços têm televisão
por cabo nos seus quartos, serviço de lavandaria, algumas têm serviços de bar
(Stª Tecla e Azurém), e em S. Tecla existe ainda uma infraestrutura desportiva.
Ou seja, temos as residências preparadas para o que é fundamental na vivência
de um estudante na universidade, quando comparados estes preços com os do
mercado exterior, estes são muitos bons, para atestar isso podemos dizer que as
residências têm cerca de 800 alunos bolseiros e 600 que não o são, ou seja, estes
procuram as Residência porque estas oferecem um conjunto de serviços importante
para o estudante, a baixo custo e com uma boa qualidade.
Os SASUM disponibilizam benefícios na área do
apoio clínico, clínica geral, psicologia e enfermagem. De que forma se
processam estes apoios?
São serviços que têm uma procura
interessante, há estudantes que têm alguns problemas de saúde e estando
deslocados da sua família, procuram na nossa oferta de medicina preventiva e
apoio clinico, a resposta para os seus problemas. Temos consultas, por marcação
prévia, uma vez por semana, em Braga e Guimarães, e no caso do apoio
psicológico temos praticamente consultas diárias, pois a procura é mais
elevada.
Também temos um protocolo com a Escola de
Psicologia que ajuda a dar resposta à procura de apoio psicológico aqui na Universidade.
Grande parte dos nossos serviços não tem custos para os estudantes carenciados,
o que é um dos aspetos fundamentais na nossa atividade social. Quando são
alunos que têm outro estatuto financeiro/social acabam por pagar um custo que é
apenas de comparticipação da consulta, pois o serviço tem um custo superior para
a instituição.
Quantas candidaturas a bolsas de estudo
receberam no ano passado? Como tem sido a evolução dos apoios pedidos e
concedidos nos últimos anos?
Ao longo dos últimos tem havido uma variação,
quer no número de pedidos, seja no número final de bolseiros. Esta variação
está intimamente ligada às alterações do regulamento de atribuição de bolsas de
estudo que definido e aprovado pelo Secretário de Estado do Ensino Superior,
sendo que estas alterações têm forte influência nos resultados, ou seja,
dependendo dos anos e do regulamento em vigor, o número de bolseiros sobe ou desce,
o que acaba por causar algum desequilíbrio na atribuição de bolsas aos estudantes
No entanto, na Universidade do Minho, nos
últimos anos o número tem vindo a subir, quer no número de bolseiros, quer no
número de candidatos. No ano anterior tivemos 5261 bolseiros em 6556
candidatos, ou seja, há aqui uma relação de cerca de 80% entre bolseiros/candidatos.
No passado este número já foi superior, para termos uma ideia, em 2010/2011 o
número de candidatos chegou perto dos 7300, sendo que o maior número de
bolseiros foi em 2009/2010 onde atingimos os 5513. No entanto estas variações
dependem das alterações ao regulamento.
Este ano espera-se que o número de candidatos
aumente, bem como o número de bolseiros, sendo que o valor da bolsa média deve
rondar os 200 euros como se tem vindo a verificar nos últimos anos, e que é
também a média de bolsa do País.
Em relação a esta vertente de apoio social,
temos também o fundo de apoio social que foi criado na UMinho, que é o Fundo
Social de Emergência que apoia estudantes em situações de emergência. Este ano,
este apoio teve uma procura particularmente elevada, foram mais de 150
processos e em que grande parte dos alunos foram apoiados com bolsas que pagam
a propina ao estudante.
Os Serviços dispõem ainda de cerca de 22
unidades alimentares, entre cantinas, restaurante e vários bares. No que diz
respeito a serviços de alimentação, come-se bem, com qualidade e a bom preço na
UMinho?
Pelos valores dos níveis de satisfação dos
nossos clientes e em particular pelos nossos estudantes, podemos dizer que o
nível de satisfação é elevado, com mais de 80% de satisfação nestas estruturas,
o que para nós é um indicador muito interessante. Ou seja, as pessoas valorizam
os serviços que são prestados na área alimentar, seja nas cantinas ou noutras
unidades. É algo que tem vindo a merecer a nossa atenção, no sentido de uma
melhoria continua e que tem vindo a crescer nos últimos anos. Neste momento servimos
mais de 550.000 refeições subsidiadas, sendo uma área que tem vindo a crescer
nos últimos anos e mais de 100.000 refeições servidas nas outras unidades,
mesmo o atendimento nos bares tem-se mantido estável, num ano fazemos mais de 1.400.000
atendimentos, o que para nós é muito importante. A nível de satisfação global
no Departamento alimentar, ronda os 85%, o que traduz a qualidade que é
oferecida nos nossos serviços alimentares, onde tentamos sempre incluir
melhorias, serviços novos, novas unidades, etc.
O desporto é uma das áreas de maior
visibilidade. Que tipo de serviços dispõe e quem pode aceder a ele?
Todas as pessoas da comunidade académica
podem aceder aos nossos serviços, a preços diferenciados. No desporto passa-se
exatamente a mesma coisa, temos áreas de serviço para todos os segmentos, em
que estão englobadas as salas de musculação e cardio fitness, bem como
atividades dirigidas a toda a comunidade, inclusive à comunidade externa.
Oferecemos atividades desportivas mais direcionadas para estudantes, quer na vertente
da recreação quer na competição. Para termos uma ideia, mais de 7.000 pessoas,
numa comunidade de mais de 10.000 utentes dos serviços desportivos são
estudantes da UMinho, entre estes existem aqueles que são selecionados para
representar a academia, através do nosso Clube que é a Associação Académica da
Universidade do Minho nas competições nacionais da Federação Académica de
Desporto Universitário.
Os Serviços de Acção Social oferecem serviços
para todos, temos cerca de 70 atividades, na área do Fitness, atividades
aquáticas, desportos individuais, treino funcional, desportos coletivos, artes
marciais e de combate, as quais vão de encontro ao gosto e à procura dos nossos
utentes, de modo a conseguirmos a satisfação de quem nos procura.
No último ano, ao nível do serviço desportivo
tivemos uma ligeira quebra, mas também já está sinalizada, refletindo-se
principalmente a nível dos clientes externos, motivada pela criação de uma
serie de infraestruturas nesta área e na cidade de Braga, o que acaba por levar
pessoas que praticavam desporto na Universidade, para fora. Mas isto também é
importante pois estamos a criar um produto para a própria sociedade, estamos a
levar as pessoas a praticar desporto de forma regular e quando acabam a
Universidade continuam a prática desportiva nas instalações da cidade, o que é
bom, pois somos uma alavanca para a criação de hábitos desportivos e logo
saudáveis.
Sendo os SASUM financiados em grande parte
pelas suas próprias receitas. Quais as áreas que mais tem sofrido com a crise?
Temos tido cortes ao nível do Orçamento de
Estado (OE) que tentamos colmatar com as receitas que são geradas pela atividade
do Serviço. À medida que vamos perdendo OE vamos ajustando a nossa atividade de
modo a que não haja uma perda na qualidade do serviço, ou seja, não é pelo
facto de termos menos dinheiro que vamos servir com menos qualidade ou ter
produtos de menor qualidade. A gestão tem que ser feita de forma a que não
condicione os resultados, ou seja, se temos menos dinheiro vamos cortar em
áreas que não tenham implicação direta com o serviço que estamos a prestar.
Só para termos uma ideia, o nosso orçamento
chegou a rondar os 2,5 milhões de euros, ao nível do OE, e atualmente varia
entre 1.900.000 e 2.000.000 de euros, ou seja, 400.000 por ano ao longo dos
últimos anos é muito dinheiro, verba que era aplicada a maioria em melhoria da
qualidade de infraestruturas para os estudantes.
Portanto, quando planeamos uma nova infraestrutura,
temos de o fazer em mais tempo, ou seja, planeamos o investimento ao longo do
tempo de modo a conseguir responder aquilo que é a nossa procura e nunca cortar
em áreas que são fundamentais. Essa tem sido a nossa estratégia face à perda de
orçamento.
Pontualmente perdemos receita em relação a
alguns serviços, pois as pessoas não têm a capacidade de compra que tinham no
passado, e por isso o que temos feito é, ajustar o preço dos nossos serviços,
há preços que não são aumentados há 10 anos! Aquilo que nós consideramos um
pequeno-almoço ou lanche típico, nunca aumentou, pois temos que dar capacidade
aos nossos estudantes para fazerem estas refeições a preços que são realmente
muito bons. Esta tem sido a estratégia, pois é este o nosso papel social e que
temos vindo a cumprir ao longo dos últimos anos.
Tendo em conta o atual contexto económico e
social, no seu entender, a função dos Serviços de Ação Social é cada vez mais
importante?
O papel da Ação Social é importante em todas
as universidades deste país, a Ação Social tem de ser inclusiva, é um mecanismo
criado para ajudar o estudante na sua vivencia na universidade, ou seja, temos
de ter serviços de baixo custo e de qualidade elevada, seja na área alimentar,
na área desportiva, no alojamento, na área clinica, de forma a que o estudante
consiga na universidade usufruir de serviços de qualidade, ter todas as
condições para ter sucesso académico. Se o estudante não tiver condições,
vão-lhe ser criados obstáculos que certamente vão por em causa o seu sucesso
académico.
Portanto, a Ação Social é dos mecanismos mais
importantes das universidades, pois é uma das estruturas que cria as condições
básicas para que os estudantes possam ter sucesso académico.
A área da Ação Social tem sido uma área
estratégica das universidades porque as que oferecem melhores serviços acabam
por ter melhores resultados. Por exemplo, na área desportiva, a competição é
usada de forma assumida para divulgar a imagem da Universidade do Minho e do
clube, que neste caso é a Associação Académica.
Também nesta área o papel da Ação Social é
importante para que os alunos do alto rendimento possam conciliar a sua
atividade académica com o desporto de competição. Se não existissem estas estruturas
nas Universidade seria muito difícil um estudante conseguir conciliar as atividades.
Na UMinho fomos mais longe e temos um programa dirigido para os
estudantes/atletas de alto rendimento, de forma a que consigam fazer as duas
coisas, estudar e praticar desporto ao mais alto nível, isto só é conseguido
quando esta visão está integrada na Universidade e na Ação Social.
Para além das bolsas, que outros mecanismos
dispõem a Universidade e os Serviços de Ação Social para ajudar os alunos em
dificuldades?
Temos vários mecanismos de apoio social
direto para além da bolsa de estudo que está enquadrada no regulamento de atribuição
de bolsas de estudo do ensino superior, tais como:
Um dos sistemas de apoio direto é o Fundo
Social de Emergência que tem nos últimos anos um plafond anual de 150.000.00 ou
superior. De salientar que este fundo tem tido um apoio muito grande da sociedade,
a título de exemplo, os Lions Clube de Braga é uma instituição que tem ajudado
a Universidade a cumprir esta missão, os Lions têm dado aos alunos bolseiros
50.000 euros por ano, apoiando 50 estudantes por ano em situação de emergência
e por isso é de louvar o esforço da sociedade nesta matéria.
Outro sistema de apoio é concretizado através
da colaboração de estudantes nas atividades da Universidade do Minho, em quase
todas as suas estruturas, serviços académicos, bibliotecas, serviços
informáticos, atividades desportivas, na área da alimentação, alojamento, nas
Escolas, Departamentos e laboratórios. Também existem programas específicos em
algumas Escolas de apoio a estudantes carenciados.
Apenas para termos ideia, são pagos quase meio
milhão de euros pela universidade e serviços só para o programa de colaboração,
estamos realmente a falar de muito dinheiro e de muitos estudantes que são
apoiados de forma direta através da instituição. São mecanismos de apoio social
que foram desenvolvidos na universidade e que acabam por ajudar os estudantes a
cumprir os seus objetivos que é ter sucesso académico. Este tem sido um dos
caminhos mais interessantes de ver concretizado na UMinho nos últimos anos.
Como vê a política de Ação Social Escolar em
Portugal e no seu entender para onde deveria evoluir?
A política de Ação Social tem de ser uma
política concretizada/desenvolvida na Universidade, desenvolvida com autonomia
administrativa e financeira, porque é única a forma de se executar rápido e de
as colocar muito rapidamente no terreno.
Em Portugal têm-se experimentado modelos
diferentes nas universidades, mas o modelo que tem os melhores resultados,
sendo o da maioria dos Serviços em Portugal, é o modelo de proximidade dos
Serviços de Ação Social à Universidade, desenvolvido sempre com autonomia, em
que os Serviços têm autonomia para concretizar as políticas definidas na
Universidade, pelo Reitor e pelo próprio Conselho Geral.
Nós temos de ser acima de tudo uma estrutura
de resposta direta ao estudante, ele chega-nos com o seu problema e muitas
vezes não pode sequer esperar pelo outro dia para o resolver, por isso tentamos
compreender o problema e tentámos dar resposta no imediato, e isto só se faz se
realmente os serviços tiverem capacidade de decisão.
Esta Universidade definiu um caminho que é
interessante para os Serviços de Acção Social, que foi o que seguiram a maior
parte das instituições de ensino superior, mas não tenho dúvida que na UMinho
conseguimos atingir um patamar elevado na concretização das políticas de ação
social, que deve ser continuado e melhorado, sempre que possível.
Como já referiu em anteriores entrevistas,
este foi o seu “maior desafio profissional”. Quais são os seus projetos e como
perspetiva o seu futuro?
Posso dizer que planeio o futuro mas vivo o
presente, é a minha filosofia de vida. Para mim é difícil dizer o que vou fazer
daqui a 2 ou 4 anos, logicamente sempre perspetivei o futuro, tenho algumas
metas que têm a ver o desenvolvimento pessoal e outras que têm a ver com a nossa
atividade aqui nos Serviços.
Costumo dizer que faço parte de uma equipa,
sou membro ativo dessa equipa, trabalho com pessoas, para as pessoas, para dar
as melhores condições de trabalho, quer sejam condições físicas, quer seja
formação essencial para o desenvolvimento das suas funções.
As pessoas para a nossa função são de escolha
do Reitor, fui escolhido com objetivos e metas claras e quando este ciclo
acabar continuarei a ser membro de uma equipa que ajudei a construir. Tenho
objetivos claros do que quero fazer dentro de alguns anos, uns passam pela
organização, outros não, mas realmente não estou muito preocupado com isso,
nunca estive (risos).
Na nossa função, “estamos Administradores”. É
uma função definida temporalmente, e o meu objetivo é fazer o melhor possível
dentro da organização. Sinto-me bem dentro da organização, foi algo que
construímos, é algo que conheço bem, tenho uma excelente equipa de pessoas a
todos os níveis, as pessoas vestem a camisola da organização e por isso o que
mais me motiva é estar dentro da organização.
Quais são as grandes linhas estratégias dos
SASUM para o futuro?
Uma das grandes linhas estratégicas passam
por reforçar a sustentabilidade financeira dos SASUM, e para isso temos que aumentar
as nossas receitas próprias, criando novos serviços/atividades, consolidando o
processo de modernização administrativa, incrementando a economia, a eficiência
e a eficácia. Estando no patamar que estamos, como vamos fazer isto?
Temos uma candidatura QREN que visa a
excelência, para os próximos 2 anos, para os SAS do Norte, onde estão a UPorto,
a UTAD e a UMinho, e onde queremos criar infraestruturas de gestão que sejam
transversais aos três Serviços, de modo a consolidar as melhores práticas, de
modo a que nos próximos anos sejamos serviços de referência em Portugal, em
todas as áreas.
A estratégia para os próximos anos passará
por aqui, usarmos as nossas estruturas de Ação Social de forma partilhada ao
nível das universidades do Norte e que o nível de funcionamento dos processos e
serviços sejam muito idênticos entre as três instituições.
A outra vertente estratégica tem a ver com o
desenvolvimento de novas infraestruturas na Universidade. Para o próximo ano
vamos concretizar o projeto do Restaurante Panorâmico em Azurém. Vamos passar
para a fase de concurso público, pois queremos que os dois campi tenham o mesmo
nível de oferta de serviços na área de alimentação, ou seja, visa colmatar a
assimetria na área alimentar.
Estes são os projetos mais marcantes para
2016/17, temos outros mais pequenos mas estes são os principais de forma a
consolidar os referenciais de excelência.
Há alguns projetos que ainda gostaria de
realizados até final do seu mandato?
Claro que sim, mas sei que devido ao
enquadramento político, à crise que temos estado a atravessar e à forma como
têm sido geridos os dinheiros públicos ao nível do financiamento comunitário,
será muito complicado.
Há realmente um que é estruturante e que nós
gostávamos de fazer que é o centro aquático aqui no campus de Gualtar, o qual
não temos capacidade financeira de o desenvolver, a não ser que seja apoiado
por algum programa comunitário.
Este seria um projeto estruturante pois ao
longo do tempo iria permitir aumentar a nossa disponibilidade financeira. É um
projeto que visa a atividade aquática na UMinho, mas ao mesmo tempo permitiria
oferecer serviços à comunidade envolvente, e que possibilitaria ter uma
rentabilidade financeira diferente da que temos, na área desportiva. Este é
realmente um sonho para qualquer SAS, digo sonho porque, à medida que vamos
perdendo orçamento de estado temos que criar infraestruturas para que possamos
gerar receita.
Se olharmos por exemplo para o alojamento,
não é uma área em que possamos prever crescimento, a não ser se criasse uma
infraestrutura para o 3º ciclo ou para professores, e estaria a falar em algo
mais relacionado com um hotel ou residência aqui no campus, que pudesse
oferecer serviços de alojamento para participantes em conferências, eventos
internacionais das várias escolas e da universidade, a preços baixos.
O estado tem investido cada vez menos na Ação
Social, o que faz com que os serviços fiquem estagnados e sem capacidade de se
expandir. Pois, se nós para atingir a autossustentabilidade aumentássemos os
preços, perdíamos claramente o rumo daquilo que é a nossa missão. Mas penso que
havendo uma ligação das três universidades do Norte, havendo objetivos comuns,
este caminho será um caminho mais natural, mas aqui e como costumo dizer, só
Deus sabe.
Qual a sua opinião sobre a passagem da UMinho
a Fundação?
Está a acontecer, é um processo que já não é
de hoje, mas um processo que tem anos. Está aí, vai acontecer até dezembro, é
um facto, só espero que traga resultados positivos.
Há visões diferentes na Universidade do que
deve ser a Universidade e do que será o regime fundacional. Uma coisa é clara,
as Fundações têm vindo a perder o seu grau de autonomia conforme o que estava
definido inicialmente. Há claramente aspetos positivos nesta vertente, agora
tudo vai depender da forma como forem implementados, ou seja, da forma como for
implementada a mudança. Qualquer mudança é sempre complexa e depende dos seus
atores, tudo vai depender de como se implementam as mudanças no terreno.
As universidades já passaram por muitos altos
e baixos nos últimos anos e por isso será difícil dizer se a passagem ao regime
fundacional é ponderadamente boa ou má. Apenas digo que um processo de mudança
depende sempre, e em muito, da fase de implementação, para ser boa ou má
dependerá dos seus atores.
Gostaria de deixar alguma mensagem para os
novos estudantes e restante comunidade académica?
Para os estudantes, digo que enquanto cá
estiverem aproveitem ao máximo a organização, façam o vosso curso superior e
tornem-se melhores elementos da sociedade, adquiram competências que não
tiveram oportunidade até agora. Aproveitem as estruturas que estão cá dentro,
seja a nível desportivo, alimentação e alojamento, experimentem novas
atividades nas mais variadas áreas.
À restante comunidade, que aproveitem a nossa
infraestrutura desportiva para se libertarem dos
problemas do dia-a-dia, usem ao máximo os nossos serviços e ajudem-nos a sermos
melhores.
Façam sugestões, a crítica desde que seja
construtiva é positiva pois ajuda-nos a melhorar e a crescer, sejam sugestões
ou reclamações, pois é uma forma de percebermos onde estamos e onde andamos. No
objetivo de excelência que temos, a opinião das pessoas é importante, e se as
pessoas fizerem isso, é um contributo fundamental para desenvolvermos o nosso
serviço.
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Out/2015)
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