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Investigadores do ICVS/3B’s da UMinho vencem o Grande Prémio do Concurso Nacional de Inovação do Novo Banco



Este desenvolvimento
científico permitirá possivelmente vir a evitar mais de 240 mil intervenções
médicas por ano no mundo, dado o evitar-se uma segunda intervenção para remover
o
stent, reduzindo o custo do tratamento em cerca de 60%, e melhorando a
qualidade de vida dos pacientes. A cerimónia de entrega do Prémio é esta
terça-feira,
dia 1, às 11h30, no Espaço Novo Banco
, em Lisboa.

O projeto “HydrUStent”, já protegido por um grupo de patentes, baseia-se no
desenvolvimento de cateteres poliméricos produzidos a partir de uma combinação
de materiais de origem natural. Estes materiais plásticos têm vantagens sobre
outros utilizados atualmente para a produção deste tipo de stents, pois
são biodegradáveis, biocompatíveis e reduzem o risco de adesão bacteriana,
diminuindo o número de infeções e facilitando o processo cirúrgico que não é
alterado relativamente ao procedimento usado atualmente na prática clinica. Os
novos cateteres são produzidos à base de hidrogéis e constituídos em 94% por
água.
Os primeiros testes
de validação in vivo foram realizados com grande sucesso num modelo
animal. A equipa de investigação engloba um grupo de cientistas, com formação
em biomateriais, engenharia e em medicina, sendo coordenada por Rui L. Reis, e
contanto ainda com Ana Rita Duarte, Alexandre Barros, Estevão Lima e Jorge
Correia Pinto, todos do laboratório associado ICVS/3B’s da UMinho.

O projeto premiado
pretende desenvolver cateteres urológicos degradáveis, produzidos de forma a ir
ao encontro das necessidades dos pacientes e evitar uma segunda cirurgia, que é
neste momento obrigatória para a remoção do cateter. Os cateteres uretais têm
uma ampla gama de aplicações, sendo geralmente aplicados no uréter para
assegurar o fluxo de urina, que pode estar comprometido, por exemplo, na
presença de uma pedra no rim ou no uréter, com enorme dor para o paciente. Este
método é na maioria das vezes utilizado como uma medida temporária para evitar
danos no rim bloqueado até que as pedras sejam removidas. Os novos
stents,
devido ao processo único como são produzidos, são capazes de inchar de um modo
controlado, assegurando que o lúmen mantenha o diâmetro inicial.

No caso dos cálculos
renais, o tempo de permanência do cateter é tipicamente de 10 a 15 dias. A
utilização de uma metodologia de reticulação iónica, e de métodos de
processamento que incluem fluídos supercríticos, promove uma degradação
homogénea do material ao longo desse período de tempo que o diferencia de
outros cateteres degradáveis em estudo em outros locais. O cateter degrada-se
por dissolução do material na própria urina, mantendo o lúmen aberto (há uma
diminuição da espessura do mesmo ao longo do tempo).

Uma nova geração de cateteres urológicos

As principais
complicações dos cateteres ureterais prendem-se com a deslocação ou migração,
infeção e bloqueio por deposição de cristais ou incrustação. Praticamente 100%
das pessoas que têm um cateter urológico são propensas a desenvolver uma
infeção bacteriana em 30 dias, aumentando significativamente a morbilidade e
diminuindo a qualidade de vida. “As limitações e desvantagens dos cateteres
existentes são a nossa grande motivação para conceber novos sistemas urológicos
degradáveis com base em polímeros naturais, os quais apresentam
biocompatibilidade inerente, propriedades antibacterianas e podem ser
desenvolvidos de acordo com as especificações de cada paciente”, explica Rui L.
Reis. “As características de um cateter temporário ideal incluem, ainda, a sua
fácil colocação sob anestesia local, a redução de efeitos secundários locais e
um baixo risco de migração”, continua. O dispositivo também deve ser degradável
para reduzir a necessidade de uma intervenção cirúrgica posterior.

A versatilidade da
técnica e a possibilidade de incorporação de fármacos que possam ser libertados
de forma localizada no organismo alargam o mercado de aplicações deste
dispositivo médico. Esta nova geração de cateteres urológicos visa melhorar a
qualidade da terapia, reduzir o incómodo produzido nos pacientes e o número de
cirurgias, otimizar a utilização dos recursos médicos que hoje em dia estão
alocados às segundas cirurgias para remoção dos cateteres, bem como limitar os
respetivos custos hospitalares avaliados entre 700 e 1800 euros/paciente. “A
comercialização e implementação desta tecnologia traduz-se num avanço
extremamente benéfico para a comunidade médica, os pacientes e as empresas da
área. Estamos à procura de investidores, existindo já alguns interessados em
promover os ensaios pré-clínicos e clínicos que permitam a sua certificação e
introdução na prática clinica. Na fase de comercialização aprofundaremos
parcerias com grandes multinacionais que operam neste mercado”, realça Rui L.
Reis.

Esta não é a primeira
vez que o
Grupo 3B’s vence um prémio
BES ou Novo Banco Inovação. Em 2007 ganhou o prémio da fileira florestal com o
projeto “Novos Materiais Compósitos Cortiça-Polímero” e em 2010 arrecadou o
Grande Prémio com o trabalho “Aprender com a natureza para produzir partículas
esféricas carregadas com medicamentos ou células”. O Grupo esteve ainda
envolvido, em 2012, no projeto vencedor “Porto Knee System”, resultante da sua
constante colaboração com a Clínica Espregueira-Mendes (Estádio do Dragão).

 

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(Pub. Dez/2015)

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