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“O meu segredo é treinar, continuar sempre a trabalhar para evoluir.”


Com que idade
iniciaste a prática competitiva do Taekwondo e onde?

Comecei a praticar Taekwondo em 2009, com 14 anos, no Clube de Taekwondo
Lobos Negros.

 

Achas que o taekwondo
ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?

Sim, o desporto em
geral ajuda bastante no desenvolvimento de cada individuo. O Taekwondo em
especial ajudou-me a confiar mais nas minhas capacidades, a ser mais
trabalhadora e dedicada. Fez-me também conhecer diferentes países e culturas, o
que me ajudou a crescer como pessoa.

 

Qual foi o papel da
tua família no teu percurso enquanto atleta de alta competição?

Foi praticamente graças ao meu irmão que descobri esta modalidade.
Levou-me para o ginásio para praticar exercício com ele, e nesse mesmo ginásio
existiam aulas de Taekwondo, que foi onde comecei a treinar. Os meus pais
sempre me apoiaram incondicionalmente, e com o passar do tempo começaram-se a
interessar ainda mais pela modalidade.

 

Quantas vezes treinas
por semana, e quanto tempo?

Treino seis vezes por semana, cada treino com a duração de duas horas.

 

Algumas pessoas
associam as artes marciais a comportamentos violentos. O que tens a dizer a
essas pessoas?

Acho que esse pensamento já mudou muito desde há uns anos atrás. As
pessoas começam a ter mais conhecimento e informação sobre as artes marciais e
percebem que fazem associações erradas e porventura até se interessam pelas
mesmas, ao terem noção dos benefícios que ganham ao praticá-las.

Para as pessoas que ainda têm esse pensamento, convido-as a experimentar.
Às vezes só quando fazemos as coisas por nós mesmos é que temos noção de como
são. Eu considero-me uma pessoa calma, tranquila, e o Taekwondo não afetou em
nada esse meu estado, nem me levou a ter comportamentos violentos.

 

A maneira como tu
lidas com a pressão e a ansiedade antes dos combates é algo que tu consegues
trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que
entras no tatami?

Sim, é algo que treino. Quando comecei a competir ficava muito ansiosa e
não lidava muito bem com isso. Com a participação em mais competições comecei a
tentar arranjar algo que me acalmasse nesse aspeto, para que isso não afetasse
o meu desempenho. Obviamente que agora ainda sinto um bocado, da adrenalina e
principalmente antes do primeiro combate da competição, mas já controlo muito
melhor do que no início. Ouço música, ou simplesmente converso com as pessoas,
dependendo de como me sentir no dia.

 

Qual foi para ti o
combate mais difícil que tiveste até hoje?

O combate mais
difícil que tive até hoje foi este ano, no Campeonato do Mundo. No meu segundo
combate da prova, combati contra a experiente atleta Húngara Edina Kotsis.
Nesse dia, o jogo imposto por esta atleta foi superior ao meu, e não consegui
responder de forma a ultrapassar as dificuldades.



 

És atualmente Campeã
Nacional Sénior e Vice-Campeã Europeia Universitária. Qual é para ti a grande
diferença entre a competição federada e a competição universitária?

A grande diferença é o número de competições e atletas em cada prova e o
nível. Na competição federada realizo mais competições ao longo da época, e com
mais atletas na minha categoria.

Algumas das atletas da minha categoria do top do ranking mundial e
olímpico são profissionais, daí não participarem em competições universitárias,
o que faz com que o nível seja superior nas federadas.

 

As Universiadas, onde
conquistaste a tua primeira medalha numa grande competição mundial, o que
representaram para ti?

A conquista da medalha de prata nas Universíadas foi
espetacular. Nessa prova venci a atleta Húngara que me derrotou no Campeonato
do Mundo e de seguida a atleta Sueca que me tinha derrotado nos primeiros Jogos
Europeus. Considero-as adversárias difíceis e com muita experiência, estão no
topo do ranking, e vencer a ambas nessa prova foi bastante gratificante porque
demonstrou que evoluí e corrigi erros cometidos nas competições anteriores num
curto espaço de tempo.   

 

Neste último Europeu
Universitário, que decorreu na Croácia, conseguiste a medalha de prata. Foi difícil?
Qual é a sensação de conquistar algo tão importante logo no teu primeiro
europeu universitário?

Foi uma honra representar a Universidade do Minho neste meu primeiro
Europeu Universitário. Fiquei feliz por ter conseguido conquistar a medalha de
prata, de forma a recompensar a ajuda que a UM me tem dado e pela confiança que
depositaram ao convocarem-me.

Este Europeu Universitário teve umas regras diferentes das normais, em
que cada categoria estava dividida por grupos e tinha-se de combater uns contra
os outros (no mesmo grupo), passando para as meias-finais quem tivesse mais
vitórias, o que me permitiu realizar mais combates.

Com os excelentes resultados individuais de todos os atletas da equipa, a
UM venceu o troféu de melhor universidade.

 

Sei que este não foi
a tua primeira grande conquista em termos de europeus, pois já arrebataste o
ouro no Europeu de Sub-21. Ainda te recordas de como foi esse dia e o que
significou para ti?

Sim, foi um dia de muitas emoções. Foi a primeira vez que subi ao pódio e
escutei e cantei o Hino Nacional, é um orgulho enorme representar o nosso País
e terminar o dia de competição desta forma. É um título muito especial para
mim, porque fui a primeira mulher Portuguesa no Taekwondo a conquistá-lo.

 

Qual é o teu segredo
para tantos sucessos desportivos?

O meu segredo é
treinar, continuar sempre a trabalhar para evoluir. Tenho a sorte de ter pessoas
magníficas na minha vida que me ajudam diariamente para que isso seja possível.

 



Os Jogos Olímpicos de
2020 são o teu grande sonho?

Os Jogos Olímpicos são o meu grande sonho. Neste momento, são os Jogos
Olímpicos de 2016. Em Janeiro do próximo ano ocorrerá o Apuramento Europeu para
o Rio 2016, em que os dois finalistas de cada categoria são apurados para os
jogos, e estou a trabalhar para ser uma delas. 

 

O que te levou a
escolher a UMinho e o curso de Gestão? Está a correr tudo bem?

Escolhi a UMinho porque tenho amigos que estudam cá e sempre me falaram
muito bem da Universidade, nas condições que têm de estudo e de treinos, e
Gestão porque é um curso com boa saída profissional, na qual a UMinho está bem
classificada e é uma área que me suscita interesse e curiosidade.

 

Para muitos atletas
de alta competição torna-se difícil conciliar os estudos com a prática
desportiva. Como é que tu consegues gerir esta nem sempre fácil
“relação”?

Aproveito os tempos livres entre as aulas e os treinos para estudar.
Quando tenho de faltar para ir às competições, tento estudar durante as viagens
e quando chego peço os apontamentos das aulas aos meus colegas.

 

A UMinho iniciou em
Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta
competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?

É um programa muito importante para todos os atletas de alta competição
conseguirem conciliar os estudos com a prática desportiva, que sem a existência
do mesmo, tornar-se-ia mais difícil.

 

Já recebeste apoio
através do TUTORUM? Se sim, em que áreas?

Sim, quando fui para o Campeonato Europeu Universitário faltei a um
exame, e através deste apoio consegui marcar uma nova data para o realizar.
Como só estou na UM desde Setembro, ainda não necessitei de apoio noutras áreas.

 

Os teus objetivos
pessoais passam por uma carreira profissional no taekwondo ou os estudos vêm em
primeiro lugar?

Ter uma carreira profissional no Taekwondo como atleta é difícil. Vou
fazer os possíveis para continuar a conciliar o Taekwondo com os estudos, concretizar
o meu sonho, e quando concluir os estudos, arranjar um emprego na área.

 

Descreve-me um dia na
vida da Joana.

Durante a semana, o que faço durante um dia é
basicamente o seguinte: acordo, tomo o pequeno-almoço, vou para as aulas,
regresso a casa, almoço, estudo, vou para o treino, janto, estudo e quando o
cansaço já não permite mais, vou dormir. Ao fim-de-semana, depois do treino de
sábado, regresso a casa (Mozelos, Santa Maria da Feira) para passar algum tempo
com a minha família e amigos e ao fim do dia de Domingo regresso a Braga.

 

Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves

 

(Pub. Dez/2015)

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