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UMinho comemorou 42º aniversário com o tema da Sustentabilidade

A Universidade do Minho (UMinho) comemorou no
passado dia 17 de fevereiro o seu 42º aniversário, sendo o ponto alto do dia, a
uma cerimónia solene decorrida no pelas 10h15, no salão medieval da Reitoria,
no Largo do Paço, em Braga. Para esta celebração, a temática escolhida foi a
?Sustentabilidade?, reforçando o compromisso da Academia com os objetivos de
desenvolvimento sustentável.

António Cunha fez
questão de agradecer a presença do Ministro Manuel
Heitor,
o qual descreveu como ?um profundo conhecedor das problemáticas do ensino
superior e da investigação?, depositando nele ?uma esperança para instituições
e pessoas que acreditam que Portugal precisa de mais e melhor ensino superior?.
Reconhecendo também o papel do Ministro e do seu Governo, na aprovação do Decreto-Lei que
oficializou a passagem da UMinho a Fundação Publica de Direito Privado ?muito
obrigado, Ministro Manuel Heitor por todo o empenho que colocou neste processo?
disse.

A Fundação
Universidade do Minho foi um dos grandes temas desta cerimónia, tema sobre o
qual o Reitor informou sobre o seu desenvolvimento, referindo que, neste
momento, o Conselho Geral está empenhado na alteração dos estatutos da
Universidade para a sua conformação com a nova realidade. Após esta etapa,
decorrerá a nomeação do Conselho de Curadores e, só depois ?estaremos em
condições de operar completamento neste novo regime? afirmou.

Segundo este, o novo
regime trará várias vantagens, entre elas: a flexibilidade de gestão e a
libertação de vários dos espartilhos que condicionam a atividade da
Universidade; a criação de um fundo autónomo para suportar investimentos estratégicos
da Universidade que iniciará uma nova forma de interagir da sociedade com a sua
Universidade, nomeadamente dos seus antigos estudantes; a possibilidade efetiva
que vai trazer de diminuir muito significativamente situações de precaridade de
relações laborais com investigadores e pessoal não docente, mas sobretudo, para
o responsável, o quadro de maior autonomia traduzirá, sobretudo a evolução para
uma instituição ?mais responsável e mais transparente?.

Sobre a
sustentabilidade, António Cunha mencionou que na UMinho, é concretizada nas três
vertentes da sua missão: no ensino, na investigação e na interação com a
sociedade, sendo desta forma que a Universidade se reinventa e afirma a
importância do conhecimento na construção de um novo modelo de desenvolvimento.
O Compromisso da UMinho com a sustentabilidade é assim, um dos resultados
naturais do seu enunciado de missão e da sua cultura de responsabilidade, o
qual tem sido visível ao longo dos últimos anos, como referiu o Reitor
?valorizando práticas de desmaterialização?, bem como na adoção de princípios
de sustentabilidade no modo de pensar a Universidade e as suas infraestruturas, na renovação
dos seus espaços e dos nossos equipamentos, na relação com que comunica e
interage com o exterior.

 

O momento serviu
também, como é costume, para um balanço do ano transato. O responsável da
Academia disse que ?2015 foi, apesar das dificuldades, um ano bom para a UMinho, nas três
dimensões da sua missão?. A UMinho viu crescer, o número dos alunos de formação
inicial, dos estudantes internacionais e o ensino a distância. Sendo que houve
um decréscimo de alunos da pós-graduação, o que ?não deve deixar de constituir
fonte de alguma preocupação, urgindo compreender as causas que a podem
explicar? afirmou.

Em 2015, a Academia
Minhota recebeu
3356 novos estudantes de formação inicial; cresceu muito na oferta de ensino a
distância, contando hoje com quase 1000 estudantes; consolidou a sua oferta
pós-graduada, que corresponde a cerca de 42% dos estudantes da Universidade,
incluindo 2000 estudantes de doutoramento; premiou o desempenho académico dos
34 estudantes que tiveram bolsas de mérito e os 165 que obtiveram bolsas de
excelência; complementou as 5289 bolsas da Ação Social Escolar com subsídios
para mais de 100 estudantes do FSE e para os 70 que receberam bolsas de
entidades privadas.

Apesar de todas as
dificuldades, o ano correu bem, seja em termos da internacionalização do
ensino, seja na afirmação da investigação, no desenvolvimento social e
económico em parceria com autarquias, instituições e empresas e até mesmo a
nível do investimento em infraestruturas (destacando-se a construção dos
edifícios do IB-S, em Gualtar e Azurém; o Biotério da ECS; a nova
Biblioteca/Centro de Estudo do campus de Azurém; a construção do novo Arquivo
Distrital de Braga).

O ano ficou ainda
marcado pela criação do consórcio UNorte.pt que agrega as três universidades
(Minho, UTAD e UPorto) ?numa plataforma de articulação estratégica cujos
resultados já são visíveis?, pelo reforço da interação com o INL e pelo reforço
da cooperação com países do espaço da língua portuguesa.

Sobre o futuro, e
mais propriamente sobre o plano de investimento para a década 2015-25, António
Cunha desvendou alguns desafios e projetos que estão a ser construídos pelas
estruturas internas, Conselho Geral e Unidades Orgânicas, bem como com os
municípios de Braga e Guimarães e a CCDR-Norte. Um programa que caracteriza de
?extenso e ambicioso? e que abarca: a reabilitação e modernização dos campi; um
centro de Biomateriais Avançados Cidade de Guimarães; um centro para o
desenvolvimento de materiais e processos de fabrico inteligentes; o centro
multimédia; o centro de medicina digital; uma infraestrutura de supercomputação
e datacenter; os projetos MedTech e Innovation Arena, com a InvestBraga; os
projetos do Teatro Jordão e Garagem das Artes, com o Município de Guimarães;
várias Casas do Conhecimento e outras estruturas com vários municípios da
Região; a recuperação do edifício dos Congregados e do Museu Nogueira da silva;
a transformação deste complexo monumental do Largo do Paço num espaço de
fruição e desenvolvimento de atividade cultural.

Aproveitando a
presença de Manuel Heitor, e reforçando a ideia de que este ?é uma nova
esperança? para as áreas da ciência e do ensino superior, o líder da Academia
chamou a atenção para as questões do ?financiamento do ensino superior e
da sua libertação de conhecidos constrangimentos
administrativos? bem como relativamente ?à política científica?, destacando como
desafios para a nova direção da FCT: a redefinição do seu posicionamento
estratégico face à nova realidade nacional e aos novos desafios internacionais
da investigação e do conhecimento científico; restabelecimento da relação de
confiança com os diferentes atores do sistema científico, desde os
investigadores às instituições, normalizando o seu relacionamento com as
Universidades e as suas unidades de investigação; credibilização da sua
dimensão de entidade avaliadora, inequivocamente independente e competente.
Referindo face a isto, que é ?essencial que o posicionamento e a estratégia a
adotar pela FCT sejam desenvolvidos em estreita articulação com as
Universidades?.

Relativamente a este
tema, o Ministro considerou a aprovação da passagem da UMinho a Fundação como o
seu ?primeiro ato legislativo? qualificando este como ?o reconhecimento desta
Universidade, o reconhecimento ao Reitor António Cunha, mas é muito mais que
isso, é um grande desafio?. Destacando como principais: o papel crítico da
Universidade no relacionamento do ensino com a investigação; e a dignificação
das carreiras científicas, o qual o governante apelidou um ?bom problema? de
Portugal e das universidades portuguesas, pois mostra a capacidade do país na
formação avançada, a qual não tínhamos há 20 anos atrás. Face a isto, disse
ainda que está nas mãos da UMinho mostrar ao poder governativo que vale a pena
dar autonomia às universidades.

Manuel Heitor
informou ainda que foi aberto um processo de diálogo com as instituições de
ensino superior, com os reitores, com os investigadores, com os sindicatos, e
foi também criado um grupo de reflexão que irá ajudar a pensar sobre os
desígnios para a FCT. Com base nisso foi publicada a carta de princípios da FCT,
a qual ?garantirá a simplificação, a previsibilidade e a desburocratização dos
processos de financiamento e avaliação?. Para além disso informou da abertura
de um novo processo de avaliação, que segundo este ?só pode e só deve ser
baseado na discussão com os pares? de forma a que seja instruído pela própria
comunidade científica?, sendo que vai ser aberto também ?um novo processo de
avaliação das unidades de investigação?.

Terminando, anunciou
que novo Orçamento de Estado ?será um orçamento de mudança, que consagrará três
linhas de ação, com direto impacto no ensino superior: reforço da autonomia
universitária; reforço do investimento no ensino superior e reforço na ação
social escolar. Mas isto vai exigir das instituições de ensino superior a
capacidade de atração de receitas próprias, pois vai crescer o investimento do Estado,
mas ?é preciso coresponsabilização das instituições?. Assegurando estar certo
que a UMinho, agora com o novo estatuto ?poderá cumprir o desígnio público de
transformar Portugal num país com mais conhecimento e mais ciência?.

Já o Presidente da
AAUM focou o seu discurso no atual momento vivido pelo ensino superior ?um
quadro asfixiante e de dificuldades?, aproveitando a presença do ministro,
exigiu ?um reforço do financiamento das Instituições de Ensino Superior?. Sobre
a conversão da UMinho em Fundação afirmou que esta beneficiará agora ?de maior
autonomia universitária, com ganhos na autonomia da gestão, favorecendo o
desenvolvimento do contexto da Universidade?.

Sobre o programa do
governo, Bruno Alcaide mostrou-se satisfeito com o anunciado reforço da Ação Social
Escolar direta e da ação social indireta, saudando o desenvolvimento do processo
de constituição do Conselho Coordenador do Ensino Superior. O líder estudantil
exigiu ainda ?a Revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a
Estudantes do Ensino Superior? pretendendo-se com isto ?a contabilização de rendimentos
líquidos, ao invés da contabilização de rendimentos brutos?.


O
Presidente do Conselho Geral destacou a passagem da UMinho a Fundação Pública
com Regime de Direito Privado como ?o acontecimento mais relevante deste último
ano?, apelando a que ?toda a Academia se envolva, de forma empenhada, no
sucesso da opção realizada? e chamando a atenção, que mesmo os que não
estiveram de acordo com a opção, devem ter o seu ?espaço de autonomia crítica,
de manifestação de opinião, de direito de resposta às suas proclamações e de
garantia de que estas não deixarão de ser levadas em conta nas tomadas de
decisão?. Convidando assim, os membros da Academia a fazerem chegar ao Conselho
Geral ?todo o tipo de pontos de vista que julguem merecer a apreciação do
Conselho, em matéria de acompanhamento da implantação, a todos os níveis, do
regime fundacional?.

A cerimónia contou ainda com a atribuição do doutoramento
honoris causa ao Professor Gene M. Grossman, um dos economistas mais influentes
do mundo, atualmente a lecionar na Universidade de Princeton (EUA), uma distinção que foi uma solicitação da Escola de
Economia e Gestão.

Nascido em Nova Iorque em 1955, o Professor
Grossman tem contributos excecionais nas áreas do comércio internacional e
crescimento económico da economia política do comércio internacional do
crescimento económico do ambiente, e mais recentemente da teoria do comércio e
da organização internacional das empresas.

Algumas das suas importantes contribuições
recentes relacionam-se com a construção de novos modelos matemáticos com
agentes heterogéneos que orientam a análise dos novos dados que vão ficando
disponíveis.

Para além do vasto trabalho científico e
académico, Gene Grossman está fortemente empenhado no aconselhamento científico
a governos e organizações internacionais.

Foi ainda galardoado com o Prémio de Mérito Científico 2016, o Professor
Moisés de Lemos Martins, professor Catedrático do Departamento de Ciências da
Comunicação da Universidade do Minho e Diretor do Centro de Estudos de
Comunicação e Sociedade (CECS), que fundou em 2001. Um investigador com grande expressão
internacional, sobretudo nos espaços lusófono e ibero-americano, com
publicações no âmbito da Sociologia da Cultura, Semiótica Social, Sociologia da
Comunicação e Comunicação Intercultural.

Um
prémio que pretendeu sobretudo enaltecer e reconhecer o papel importante que as
ciências sociais e humanas têm no mundo atual.

 

Ana
Marques 

(Pub. Fev/2016)

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