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“Estamos a falar de uma Federação Internacional onde se chega quase a trabalhar 24h por dia”



Quem é
Roque Teixeira?

O Roque
Teixeira é uma pessoa nascida no Peso da Régua há 34 anos que teve a
oportunidade de moldar a sua personalidade através do contacto com diversas
pessoas, dos mais diversos quadrantes. Esta aprendizagem contínua permitiu-me
ter a possibilidade de desenvolver valências, abraçar desafios e obter
conhecimento que possibilitaram o meu crescimento não só como pessoa mas também
como profissional. Considero-me uma pessoa ativa, interessada e curiosa, sempre
pronta a abraçar novas oportunidades e desafios.

Descreve-nos
o teu trajeto académico e profissional?

Completei
o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Minho onde
entrei inicialmente em Engenharia de Sistemas e Informática (atualmente LEI).
Durante a minha passagem pela Universidade do Minho tive a oportunidade e o privilégio
de ser Presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (2005 e
2006).

Iniciei
a minha vida profissional na Administração das Pastelarias e Pão Quente Nobreza
em Braga, seguindo-se a oportunidade de ser Assessor do Secretário de Estado da
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do XVIII Governo Constitucional. Depois
voltei à Universidade do Minho, mais especificamente ao Departamento Desportivo
e Cultural dos Serviços de Ação Social tendo tido, entre outras, a
responsabilidade da organização dos Campeonatos Mundiais Universitários de
Futsal e Xadrez em 2012. Posteriormente assumi o cargo de Administrador dos
Serviços de Ação Social da Universidade da Beira Interior tendo, no final do
mandato voltado ao DDC/SASUM para a organização do Mundial Universitário de
Andebol 2014. Desde Agosto desse ano que sou o responsável de Marketing e Media
da Federação Internacional de Pentatlo Moderno.

O que
significou para ti seres Presidente da Associação Académica da Universidade do
Minho (AAUM)?

Tive a oportunidade
de até agora ter abraçado projetos fantásticos mas sem dúvida que um dos mais
marcantes até ao momento foi o facto de ter tido o privilégio de ser Presidente
da AAUM. Não só pela experiência em si mas também pela responsabilidade
inerente ao cargo. Uma Universidade jovem que tinha e tem na sua Associação
Académica um interlocutor ativo na procura do bem-estar dos seus estudantes
obriga ao desenvolvimento pessoal dos seus dirigentes em todos os instantes. E
isso, passa não só pela gestão corrente, quer administrativa quer financeira,
mas também por coisas simples como a forma de estar, falar ou até escrever. É
sem dúvida uma experiência que todos os estudantes deveriam ter.

Esta passagem
pela AAUM moldou o teu futuro enquanto pessoa e profissional?

Sem
dúvida. Como disse anteriormente, coisas simples como a forma de estar, falar,
reagir às contrariedades e ao stress fazem com que a nossa personalidade se
adapte. Em todo o meu percurso profissional tentei sempre levar para os locais
seguintes algumas das boas experiências que tive. Por exemplo em relação à
AAUM, algumas das folhas de cálculo usadas na parte orçamental serviram de base
para aquelas que uso ainda hoje.

Fizeste
parte do XVIII Governo Constitucional de Portugal. Como descreves essa
experiência?

Trabalhar
num Governo, seja ele de qualquer País, é sempre uma experiência onde o
espírito de missão e de procura pelo bem geral tem de permanecer no nosso
dia-a-dia. Juntando a isso o facto de ter tido a oportunidade de trabalhar com
o Ministro Prof. Mariano Gago, com o Secretário de Estado (e agora Ministro)
Prof. Manuel Heitor e com um conjunto fantástico de pessoas com os mesmos
ideais de responsabilidade tornou a experiência ainda mais completa e
enriquecedora. Tudo o que é feito num Gabinete Ministerial tem impacto no
dia-a-dia de uma sociedade o que só por si torna a experiência única.

Como
surgiu a tua ida para a Federação Internacional de Pentatlo Moderno?

Como em
tudo na vida é necessária alguma sorte. Na altura em que estávamos a preparar a
organização do Mundial Universitário de Andebol, a Federação Internacional de
Pentatlo Moderno (UIPM) estava a encetar os contactos para que o Pentatlo
Moderno fosse mais uma modalidade no quadro dos desportos dos Mundiais
Universitários, através do contacto com o Paulo Ferreira (ex-aluno da
Universidade do Minho e Diretor dos Campeonatos Mundiais da FISU). No meio de
algumas conversas foi-lhe falada da necessidade da UIPM encontrar uma pessoa
jovem para tratar de toda a área de marketing e de uma nova imagem do desporto.
A partir daí foi um processo relativamente rápido com entrevista, alguns
projetos onde apresentei as ideias que tinha, até ser aceite. Se essa conversa
tivesse sido com outra pessoa, talvez nunca tivesse tido esta oportunidade.


Em que se alterou a tua vida ao abraçares este
projeto?

Foi uma volta completa de um dia para o outro.
Finalizamos o Mundial Universitário de Andebol num domingo e na 2a
feira estava a começar uma vida nova em França (Nice). Tive de mudar de
hábitos, horários, passar a ter contacto com família, namorada e amigos através
da internet e abraçar os poucos fins-de-semana que tenho oportunidade de ir a
Portugal como se fossem as férias do ano.

De todas
estas experiências profissionais até ao momento, qual foi para ti o maior
desafio?

Como já
referi, tive a oportunidade de passar por diferentes responsabilidades e
trabalhos até aos 34 anos. Todas elas enriquecedoras e de todas trouxe um
conjunto de experiências e amigos que ficarão para a vida. Mas sem dúvida que a
experiência atual é a mais exigente, não só pela distância de casa mas também
por todas as diferenças em relação aos trabalhos anteriores. Estamos a falar de
uma Federação Internacional onde se chega quase a trabalhar 24h por dia devido
aos diferentes fusos horários das Federações Nacionais. Junta-se a isso o
contacto com pessoas de todo o mundo com diferentes personalidades e o facto
de, sendo uma modalidade Olímpica desde 1912, ser pouco conhecida. O trabalho
de melhorar essa imagem neste desporto é muito exigente mas também desafiante e
cativante.

O que é
o Pentatlo Moderno?

O
Pentatlo Moderno é um desporto criado pelo fundador dos Jogos Olímpicos
Modernos, Barão Pierre de Coubertin, com o objetivo de encontrar o atleta mais
completo dos Jogos Olímpicos. Faz parte do programa olímpico desde 1912 e
conjuga 5 modalidades completamente distintas que são praticadas por cada
atleta durante um dia. Começam o dia com 200m livres de natação, passando
depois para a esgrima onde combatem entre todos num toque único e depois entram
no percurso da equitação onde encontram 12 saltos. Um dado curioso é que, ao
contrario das provas normais de equitação, os atletas só conhecem e têm contacto
com o cavalo com que saltarão 20 minutos antes de entrarem na arena.

Por fim
os atletas fazem um evento combinado onde correm 800m e têm de atingir um alvo
de 6cm a 10m de distância. Este procedimento é repetido 4x e o primeiro a
cruzar a linha de meta é o vencedor.

Qual a
tua função e o que fazes exatamente?

Sou o
responsável de Marketing e Media da Federação com a responsabilidade de toda a
imagem e apresentação da Federação. Para além de todo o contacto com
organizadores e responsabilidade pela imagem diária da Federação, em todas as
provas é necessária a preparação da imagem do evento que passam por banners, pódio, medalhas, música e
apresentação dos atletas. Para além disto é necessário todo o contacto com as
equipas de televisão, acordando desde a posição câmaras até ao contacto com
atletas. Por fim, todas as redes sociais e informações que a federação
transmite é também da responsabilidade deste departamento que tem mais 1
pessoa.

Relativamente à tua
experiencia atual, que balanço fazes até ao momento?

O
balanço só poderá ser feito depois dos Jogos Olímpicos. Tem sido muito exigente
e interessante tentar adaptar a realidade de uma Federação que tem os hábitos
muito enraizados. A imagem da Federação e dos eventos tinha de ser uniformizada
e esse tem sido a base do trabalho que tem sido feito. Em conjugação com isso
toda a apresentação do evento desde a entrada dos atletas, passando pelas câmaras
de televisão e fotógrafos até às músicas tocadas foi revisto e está a começar a
ter um feedback bastante positivo. No entanto trabalhar com diferentes
organizadores, diferentes países e diferentes culturas torna tudo mais difícil
mas também mais desafiante.

Estudaste
e trabalhaste na UMinho. Mantens alguma ligação à Universidade?

A UMinho
continua ligada ao meu dia-a-dia como continuará sempre. Foi onde tive a minha
formação, é a Universidade da cidade onde tenho a minha casa e onde tenho a
maior parte dos meus amigos. Embora à distância, tento sempre estar a par do
que se vai passando e continuo a sofrer com os resultados das equipas da UMinho
e com a equipa de Futsal do SCBraga/AAUM.


Que memórias guardas da tua passagem por esta
academia?

Diz-se que a melhor fase da vida de qualquer
pessoa é a vida Universitária. Eu afirmo, sublinho e ponho a
bold essa
afirmação. Tive a oportunidade de estar numa Universidade jovem, dinâmica e
acima de tudo uma Universidade de Futuro. Poderia enumerar imensas memórias
boas que partilho com tantas pessoas quando estamos juntos mas escolhendo um
momento terá de ser obrigatoriamente o discurso de fim do meu segundo mandato
como Presidente da AAUM. Por tudo… pelo fim de um ciclo na minha vida, pela
emoção, pelo sentido de dever cumprido, por todos os que me acompanharam
naquele percurso, pelo grupo fantástico de pessoas que fez parte das direções
das quais fiz parte e acima de tudo pelos estudantes que tive a honra de
representar.

Sempre
ambicionaste ter este tipo de experiência no estrangeiro? O que mais te
fascina?

Com a
oportunidade que tive de fazer parte da organização de vários eventos
internacionais, começas obrigatoriamente a imaginar que poderias e gostarias de
ter uma experiência no estrangeiro. Se estava à espera que acontecesse como
aconteceu, não estava! Mas sair da zona de conforto, para um País e cultura
diferentes e acima de tudo para um desporto que me poderia dar uma abrangência
enorme era um desafio que não poderia recusar.

Quais as principais exigências deste tipo trabalho?

Acima de tudo é muito exigente a nível pessoal.
Estar longe da família, da namorada, dos amigos é algo muito difícil. Tudo o
resto é uma questão de hábito que nos fortalece.

A nível profissional uma das maiores exigências
é o facto de contactar com diferentes formas de trabalhar e diferentes
culturas. É necessária muita adaptação na forma de apresentar os desafios
dependendo de quem está à nossa frente. Tudo o resto, com dedicação e empenho é
conseguido.

Gostarias
de voltar a Portugal?

Sem
dúvida que é o meu objetivo. Nunca deixou de o ser desde o dia em que saí do
País. É o meu País e por mais dificuldades que Portugal tenha é a minha casa e
o que quero levar desta experiência é a possibilidade de voltar e trazer algo
de bom para o que seja o meu futuro.

Queres transmitir alguma mensagem aos alunos e futuros graduados
da UMinho?

Gostaria
de lhes garantir que estão na realidade numa fantástica Universidade de onde
sairão com valências que lhes serão essenciais para o futuro. Nos dias de hoje,
o quadro da formação de base não é tão essencial como no passado mas a
adaptabilidade da formação ajuda a que os desafios do mercado de trabalho sejam
abraçados de forma mais simples. A UMinho, por tudo o que tem no seu quotidiano
permite isso. Seja através do tipo de formação, seja através de atividades extracurriculares
como o desporto ou através das atividades da Associação Académica. Aproveitem
os anos na Universidade. São sem dúvida os melhores anos da nossa vida!


Texto: Ana Coimbra

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Mai/2016)

 

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