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“…não temos desemprego nos nossos ex-alunos. É empregabilidade a 100%.”



Qual a sua formação e trajeto académico?

Licenciei-me
em matemática pela Universidade do Minho, no final da qual fui trabalhar para o
Instituto Politécnico de Viana do Castelo com um contrato de três anos, ao fim
de dois anos rescindi o contrato e fui para Inglaterra fazer um mestrado e
acabei por ficar oito anos?acabei por fazer o doutoramento, um pós-doc. e tive
um contrato de lecturer. Em 2008 apareceu uma oportunidade para voltar para a
UMinho e tomei a decisão de voltar para Portugal.

 

Como caracteriza a sua função de diretora de
curso?

Como
diretora, tenho uma ligação muito próxima com os alunos, ando sempre muito em
cima deles. Vejo esta função numa perspetiva de coordenar, juntamente com os
colegas (os docentes das UC’s), de forma a manter toda a gente atualizada ao
longo dos semestres, fazendo com que a informação circule por todos, tento
centralizar a informação de forma a saber quando são as avaliações para que os
alunos tenham as provas espaçadas. Com os alunos, tento estar sempre próximo
deles, como não é um curso com muitos alunos consigo ter essa ligação e um
maior controlo.

 

O que a motivou a aceitar “comandar” este
curso?

Teve que
ser (risos), estas funções têm de ser rotativas. Mas gosto muito de ser
diretora, também já fui diretora do mestrado em Estatística de 2010 a 2014 e
depois fiquei com a licenciatura.

 

As experiências anteriores têm-na ajudado no
cumprimento da sua função de diretora de curso?

Sim, o
facto de ter sido diretora do mestrado deu-me alguma prática e depois temos a
questão dos colegas, quem já foi diretor de curso vai transmitindo a sua
experiência, ajudam-nos, vão-nos tirando dúvidas e depois isto acaba por ser um
trabalho de grupo, as decisões são tomadas em comissão diretiva, o que torna
tudo mais fácil.

 

Quais são as maiores dificuldades no
cumprimento da sua função?

Como o
curso tem UC’s de várias escolas e, este é talvez o facto mais complicado pois
as escolas têm por vezes calendários escolares diferentes, os métodos de
avaliação são diferentes de professor para professor, ou seja, o facto de ter
que gerir um curso que tem pesos significativos de outras escolas, bem como o
facto dessas UC’s serem em partilha com outros cursos, ou seja, o curso tem
aulas juntamente com outros cursos e às vezes até de diferentes anos, penso que
é toda esta gestão que é a parte mais complicada.

 

No seu entender, porque é que um futuro
universitário deve concorrer à Licenciatura em Estatística Aplicada?

A
primeira coisa é que nós não temos desemprego nos nossos ex-alunos. É
empregabilidade a 100%. Temos muita procura pelos nossos recém-licenciados, por
exemplo, o curso tem uma UC de estágio curricular no 2º semestre do 3º ano,
este ano tinha 18 alunos para alocar e tive propostas de mais de trinta
empresas! É um curso muito abrangente, que dá para trabalhar em muitas áreas,
pois, em quase todas as áreas é preciso fazer estatística, são precisas pessoas
que saibam trabalhar os dados e, por isso, os nossos alunos são muito
procurados e requisitados.

 

Quais são, na sua opinião os pontos fortes
deste curso? E os pontos fracos?

Em termos
de pontos fortes do curso é sem duvida a sua empregabilidade. No que à formação
diz respeito, a primeira coisa é que não há muitos cursos de estatística em
Portugal, temos apenas um na faculdade de ciências em Lisboa. O nosso, em
termos de curriculum tem a grande vantagem de ter uma grande diversidade de
disciplinas, que vão desde o marketing à economia, álgebra, cálculo,
tecnologias da informação, bases de dados, ou seja, tem um “core” de matemática
e estatística, mas depois tem essa diversidade tão ampla de formação que lhes
permite contextualizar essas técnicas em contextos práticos e adaptar-se depois
às áreas em que vão trabalhar. 

Penso que
em termos de pontos fracos, talvez seja, o facto de o curso não ter “espaço” para mais disciplinas específicas de modelos estatísticos. Os alunos ficam a
ganhar se complementarem a sua formação com um mestrado. Por exemplo, o
mestrado em estatística.

 

O que caracteriza este curso da UMinho,
relativamente aos cursos de Licenciatura em Estatística Aplicada de outras
universidades?

Em termos
de estatística aplicada, o nosso concorrente mais direto é apenas o curso da
faculdade de ciências de Lisboa, a nível regional somos únicos. Existem sim,
depois, alguns mestrados mais específicos, mas com a abrangência que temos não
existe mais nada. Ainda assim, penso que temos alguma vantagem sobre o curso de
Lisboa, uma vez que o curso deles é bastante virado para as Bios, enquanto o
nosso para além das Bios é bastante mais abrangente, uma vez que focamos muito
a parte económico-financeira.

 

Existem hoje em dia excesso de profissionais em
determinadas áreas. O que podem esperar os alunos da Licenciatura em
Estatística Aplicada quanto ao mercado de trabalho?

Penso que
hoje, um recém-licenciado que vai para o mercado de trabalho tem que ser muito
mais pró-ativo em termos de resolução de problemas reais, penso que saem com
uma formação muito técnica, muito teórica e depois colapsam perante a resolução
de problemas reais que as empresas lhes apresentam. Penso que ainda são muito
pouco desenrascados. 

 

Quais são os maiores desafios de um
recém-formado da Licenciatura em Estatística Aplicada?

O maior
desafio dos nossos recém-licenciados, penso que é mesmo a adaptação da teoria à
prática. Eles aprendem a teoria, mas depois, perante os problemas não a sabem
usar, adaptar à vida real.

 

Quais são as prioridades do curso nos próximos
tempos?

A nossa
preocupação é sempre aumentar o número de alunos. Nos últimos quatro anos
preenchemos sempre o número de vagas, mas isto também é resultado de um
trabalho que tem vindo a ser feito ao longo do tempo, pois, o curso também já teve
anos maus! Por isso uma das preocupações é tentar sempre manter o curso num
nível elevado e se pudéssemos até aumentar o número de alunos. Assim, se nós
internamente conseguirmos demonstrar que durante um certo período de tempo
conseguimos sempre ocupar todas as vagas disponíveis, é também um indicador que
podemos abrir mais, é algo e uma prioridade que temos sempre em mente.

 

Quais os principais desafios do Curso?

Penso que
um dos principais desafios é continuar a manter sempre e cada vez mais a
ligação às empresas, potenciar sempre esta vertente do estágio curricular, da
ligação dos alunos ao mercado de trabalho, é uma coisa boa e que deve ser
fomentada. Só com esta ligação próxima com as empresas nos podemos manter
atualizados dos problemas reais e adaptando a nossa formação aos que os
mercados pretendem.

Outros
dos desafios é o Núcleo de Estudantes de Estatística da Universidade do Minho
(NEEUM), que eu, como diretora de curso pretendo que se tornem mais ativos, que
façam coisas, que organizarem atividades, que se envolvam mais na dinamização e
promoção do curso, etc. 

 

Texto:
Ana Coimbra

Fotografia:
Nuno Gonçalves

 

(Pub.
Jun/2017)

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