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“Ter uma universidade de topo na mesma cidade onde cresci era um bónus que decidi aproveitar”


O que te levou à UMinho e ao curso de Tecnologias e Sistemas de
Informação?

Em primeiro lugar, o prestígio, tanto da UM
como do curso de TSI (na altura era Informática de Gestão), que naturalmente
garantiam uma entrada relativamente fácil no mercado de trabalho. Alem disso, o
facto da minha irmã, que sempre foi um exemplo para mim, estudar na UM nessa
altura ajudou bastante na minha decisão. Por fim, a proximidade, ter uma
universidade de topo na mesma cidade onde cresci era um bónus que decidi
aproveitar.

 

De que forma é que a tua escolha moldou o teu futuro profissional?

O curso de TSI abrange várias áreas de
conhecimento, desde Linguagens de Programação a Economia, o que permite criar
raízes que, à posteriori podem ser moldadas e aperfeiçoadas ao longo da vida profissional.

 

Como é que foram esses anos na academia minhota?

Espetaculares! Claro que houve momentos
difíceis em que tive de estudar muito, noitadas a fazer trabalhos de grupo, semanas
a estudar para os exames, no entanto muito mais foram os momentos de
divertimento, companheirismo e de grandes amizades que ficam para a vida!

 

Como é que se deu a tua entrada para o desporto na UMinho?

Sendo jogador de andebol, tinha muitos amigos
que já faziam parte da equipa de andebol da UM e as coisas aconteceram
naturalmente.

 

Que recordações guardas do desporto universitário, das atividades
desenvolvidas na Universidade e pela Universidade?

Apenas boas, mas é melhor não revelar detalhes
(sorrisos)! Apesar da UM não oferecer curso desportivo, investe bastante em
atividades desportivas e, durante o período que estudei lá foram imensas – campeonatos
nacionais, torneios, jogos, inúmeros eventos e outras atividades sociais – isso
tudo proporciona momentos para mais tarde recordar.

 

Qual foi o momento mais marcante que tiveste enquanto atleta da UMinho?

Foram muitos os momentos inesquecíveis. Mas
recordo especialmente os Campeonatos Europeus, em França (2006) e na Polónia
(2007). Houve uma mistura de emoções fortes, por um lado a tristeza de
perdermos duas finais – em França muito injustamente para a equipa da casa, a
segunda contra a equipa da Bieolorússia que tinha vários jogadores profissionais – por outro lado uma alegria enorme pelo caminho que percorremos até chegar la,
vencermos equipas que eram muito mais fortes do que nós, e mostrarmos que
apesar de sermos “baixinhos” sabemos jogar andebol de qualidade! Tínhamos um
grupo fantástico, penso que representávamos tudo o que Amizade, União e
Divertimento quer dizer, isso sim, foi o que mais me marcou.

 

Achas que foi importante (o desporto) no teu desenvolvimento enquanto
indivíduo?

Sim, certamente! Aprendi a ser melhor pessoa,
a ajudar os outros, a saber partilhar, a saber “cair” e levantar-me mais forte
e a saber trabalhar em equipa que, hoje em dia, é algo essencial no mundo do
trabalho.

 

Numa altura em que cada vez mais se fala de mobilidade e o mercado de
trabalho exige que hoje estamos aqui e amanhã do outro lado do oceano, como
avalias a importância do programa ERASMUS?

Penso que tem um papel fulcral. Além da
mobilidade, a maioria das empresas internacionais são multiculturais e, tens
que saber lidar com pessoas de costumes e culturas muito distintas. Nesse
aspeto o programa ERASMUS ajuda muito. Ainda numa fase de incerteza na tua
vida, mudas-te para um país diferente do teu, rodeado de pessoas de todos os
cantos do mundo e aos poucos começas a perceber e a aprender que realmente
existem maneiras diferentes de lidar com determinadas situações e que, algo
normal no teu dia-a-dia pode ser uma coisa impensável para a pessoa ao teu
lado. Claro, toda gente “sabe” isso, mas uma coisa é saberes outra,
completamente diferente, é viveres isso. O “ERASMUS” é algo que recomendo
vivamente!

 

A tua entrada no mundo profissional deu-se em 2008 na Bulgária. O que é
que te levou a emigrar?

É uma história um pouco estranha? Não foi o
trabalho ou a falta dele que me levou a emigrar. Quando acabei a licenciatura
na UM fui passar umas férias a minha terra natal (Bulgária) e gostei bastante,
então decidi que fazer mestrado lá. No entanto nesse ano não consegui
inscrever-me devido atrasos burocráticos e comecei a minha carreira
profissional numa empresa local em webdesign…

 

Foi difícil essa passagem do mundo académico para a realidade do mundo
do trabalho?

Na realidade não foi tão complicada como
esperava! Quando terminei o curso tinha a sensação de que não estava minimamente
preparado para começar a trabalhar mas, tanto nessa empresa como nas outras que
trabalhei, tive formação e algum tempo para me adaptar à cultura, aos valores e
à maneira de trabalhar da empresa. Aliando isso ao conhecimento que adquiri na
Universidade, as coisas aconteceram naturalmente.

 

O salto para a IBM, como se deu? Como foi essa experiência numa das
maiores empresas do mundo na sua área?

O salto para a IBM foi por acaso, talvez
ironia do destino. Nessa altura já estava com o pensamento de voltar para
Portugal, entretanto apareceu uma oportunidade de trabalhar na IBM. Candidatei-me
para ver o que acontecia e, passados dois meses já estava a trabalhar num edifício
com mais de 400 pessoas de 15 diferentes nacionalidades. Foi uma experiência
incrível e tive a sorte de poder mudar de posição várias vezes durante os cinco
anos que permaneci lá e ver como funcionam as coisas nos diferentes níveis da
organização.

 

Neste momento estás na Louis Dreyfus. O que é te levou a sair da IBM e
quais são as tuas atuais funções?

Sim, há quase 3 anos decidi mudar-me para a
Louis Dreyfus Company, um tipo de empresa bastante diferente da IBM, no entanto
uma das maiores empresas de “commodities” do Mundo. Quando me convidaram, nem
hesitei em aceitar, fiz parte de um projeto aliciante em que tivemos de criar
três “Financial Shared Services Centers”, em três continentes diferentes, para
suportar as operações da empresa. Nessa altura o meu cargo era de Project
Management Officer, agora desde Maio deste ano, sou Global Financial Controller
e como principal função tenho que verificar que os nossos gastos de Operação
estão dentro daquilo que foi planeado.

 

Na tua área de conhecimento, como é que está o mercado de trabalho?

Neste momento aqui na Bulgária há muita
oferta, tanto na área das Finanças como em Sistemas de Informação
.

 

Onde é que te vês daqui a 10 anos?

Durante os últimos 10 anos aprendi que o mundo
é muito pequeno e dá muitas voltas… por isso não sei. Quem sabe de volta a
Portugal e a trabalhar para a UM (sorrisos)?

 

Achas que Portugal está a produzir mão-de-obra qualificada a mais ou os
jovens licenciados estão apenas a pagar a fatura de uma crise que levou muitas
empresas à falência?

Penso que em Portugal existem imensos jovens
com talento incrível, infelizmente nem sempre as empresas conseguem explorar o potencial
todo dessas pessoas, especialmente nesta geração “Y”! Uma geração especial com
uma mentalidade muito mais aberta, sem medo de arriscar e de questionar, o que
nem sempre cai bem junto das gerações mais velhas. Aliando isso à crise mundial
– que levou muitas empresas a falência, outras a mudar localização e ainda aquelas
que se aproveitam da crise para “explorarem” os jovens licenciados – tornando
assim, o mercado de trabalho para jovens de grande talento, mas sem experiência
(obviamente) menos acessível. Assim muitos são quase obrigados a emigrar ou a
procurar algo diferente daquilo que se especializaram.

 

Como é o dia-a-dia do Gueorgui Nikolov?

Rotinado… no entanto tento balancear a parte
pessoal com a profissional, evito levar trabalho para casa. Durante a semana, naturalmente
passo a maioria do tempo no escritório, depois disso, faço desporto, vou ao
cinema, teatro e também gosto de cozinhar. Tento passar o mais tempo possível
com a minha mulher e os meus amigos. Durante o fim-de-semana procuro dar sempre
umas escapadelas para a montanha ou praia.

 

Sentes saudades de Portugal?

Sim, muitas Adoro Portugal! Sinto muita falta da minha família e dos meus
amigos. 
Hoje em dia é muito mais fácil viajar e, graças
às tecnologias de comunicação existentes esse sentimentalismo é ligeiramente
atenuado.

 

Que conselho deixas aos milhares de estudantes da UMinho que procuram um
futuro mais risonho através de um curso superior?

Que não desistam, que não tenham medo de arriscar, sejam positivos e não
se esqueçam que, sempre que uma porta se fecha, outra se abre. Além disso, é
muito importante perceberem que, cada coisa a seu tempo. Não tenham pressa em “crescer” e terem sucesso a todo custo. Aproveitem ao máximo a vida
universitária, viajem, vejam que existe um outro mundo por aí fora e concentrem
as vossas energias naquilo que realmente é importante!

 

Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Set/2017)

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